sexta-feira, 27 de junho de 2014

3 DIAS, UM BARCO, ÁGUA...





















e muita música! O Festival Sinsal na ilha de San Simón ao largo de Vigo, o tal sem cartaz e alinhamento pré-anunciado, tem regresso marcado para o final do próximo mês de Julho. Depois do cancelamento da edição de 2013 estão prometidas, como sempre, surpresas e as pistas dos artistas e bandas que lá irão actuar começaram já a ser divulgadas. Palpites aqui... 

terça-feira, 24 de junho de 2014

UAUU #202

MIDLAKE EM FILME













Os Midlake acabam de anunciar o lançamento de um inédito filme-concerto resultante de um espectáculo em Denton registado no Dan's Silverleaf, sala mítica daquela cidade texana. A película "Midlake: Live in Denton, TX", que tem projecção de estreia no Festival de Glastonbury marcada para a próxima quinta-feira, foi realizada pelos amigos Jason Lee e Eric Noren e tem no novo video para o tema "Aurora Gone" um apetitoso aperitivo. Os Midlake estão de regresso à Europa para datas acústicas com os Band of Horses e até uma primeira parte de um concerto de Neil Young com Crazy Horse marcada para 15 de Julho em Instambul!   


segunda-feira, 16 de junho de 2014

KEATON HENSON, ROMÂNTICO MAS NÃO TRÔPEGO





















De Keaton Henson só se esperam surpresas, das boas. Recluso praticante, misterioso no seu trabalho, deu o lamiré para que hoje estivéssemos atentos. Nem mais! Novo disco "Romantic Works" com nove pedacinhos ao piano na companhia do violoncelista Ren Ford e numa única audição ficamos rendidos. Romantices...



quinta-feira, 12 de junho de 2014

UAUU #201

MÚSICA DESUMANIZADA!













Foto e texto retirados do site do Theatro Circo:


"A mitologia da música islandesa encontra em Hilmar Örn Hilmarsson (HÖH) a sua figura suprema. Compositor de luxo, ligado a projetos lendários como Theyr, Psychic Tv, Current 93 ou Sigur Rós, HÖH é um mestre atuando pela primeira vez em Portugal. Sob o signo de “A Desumanização”, o livro de Valter Hugo Mãe situado na Islândia, HÖH apresentará o seu inusitado intimismo. O gelo e o fogo da Islândia feitos som. O concerto será acompanhado por imagens inéditas de Miguel Gonçalves Mendes (autor de “José e Pilar”) captadas naquele país da Escandinávia."

Eia! É já dia 18 de Junho...

quarta-feira, 11 de junho de 2014

PRIMAVERA SOUND PORTO 2014: UM BALANÇO
















10 mais:

1. o palco ATP-All Tomorrow's Parties que para além de ser o mais bonito foi, sem dúvida, o mais surpreendente e cativante. Bem dito programador, quem quer que seja...;


2. a variedade gastronómica foi um mimo - bifanas, sandes, francesinhas, peixe (!), vegetariano, pastelaria fina, etc., um notável cardápio a cargo de algumas das já míticas casas da cidade. Boa!

3. a melhoria considerável das casas de banho em maior quantidade e melhor qualidade. Os arbustos e restante vegetação agradecem;    

4. a simpatia da Polícia na entrada, durante a revista e até na zona de alimentação. Para além disso, como testemunhado, bastante atenta e zeladora durante as rondas;

5. uma edição do festival, pela primeira vez, sem cancelamentos! Todos compareceram e ainda bem; 


6. a St. Vincent em cima de um pedestal, sexy as hell, guitarra em punho a cantar o "Prince Johnny" e a arrastar-se, no fim, escada abaixo. OMG;


7. o Charles Bradley e o Caetano Veloso. São uns "senhores"!;

8. o Nic Offer e o respectivo baterista dos !!! a experimentar francesinhas e um verdinho fresquinho. Só faltou o Caldo Verde. E não é que adorararam!    

9. por falar nisso, o show Nic "Jagger" Offer. O que é que ele mistura na água?

10. nunca é demais frisar, o Parque da Cidade ou o local perfeito para um festival do caraças! 


10 menos: 


1. o som inconsistente e desequilibrado do Palco NOS, o principal, ou por culpa do vento ou por culpa... de alguém; 

2. o frio, principalmente o de sexta-feira, nada, mas mesmo nada, primaveril. Pelo menos não choveu;   

3. a proibição incompreensível e incontrolável de tirar fotografias com máquina durante o concerto quase às escuras dos Darkside, sim, porque com telemóveis já era permitido!

4. pena o Rodrigo Amarante não ter cantado com o Caetano ou o contrário. Oportunidade perdida...      


5. a sessão de autógrafos dos Pixies promovida pela FNAC no seu stand mas para a qual era preciso uma senha somente obtida na compra do último disco da banda. Bah!     


6. a Sky Ferreira, a tal de ascendência lusa, sabia que vinha cantar a Portugal e, mesmo assim, nem "obrigado" sabia dizer. Saiu-lhe um "ogado" ou ainda pior!   

7. os The National, o Charles Bradley e as Dum Dum Girls quase ao mesmo tempo a motivar escolhas e opções difíceis;  

8. ainda não foi desta que vimos o Neil Halstead mesmo em versão Slowdive mas outros valores mais PONDerosos se levantaram;    


9. também ainda não foi desta que fomos de bicicleta para o Parque da Cidade mas vontade não faltou. Fica para o ano.    


10. aqui para NOS, a ténue confirmação em cima do joelho sem datas nem nomes da edição de 2015 o que, Deus queira, não traga água no bico...
  

Balanço 2013

domingo, 8 de junho de 2014

HEBRONIX+LEE RANALDO & THE DUST+YAMANTAKA // SONIC TITAN+NEUTRAL MILK HOTEL+JOHN GRANT+THE NATIONAL+CHARLES BRADLEY+ST.VINCENT+!!!+TY SEGALL, Primavera Sound, Porto, 7 de Junho de 2014
















Com as pernas a pesar e o sono a fazer mossa, só mesmo o alto nível e a qualidade dos concertos nos manteve irresistivelmente despertos até ao dealbar do sol. Memorável dia... e noite!


Hebronix, Palco ATP
      
















Encostados à grade, como alguns, a pergunta foi imediata - mas o que raio é isto? Chamam-se Hebronix, são em palco um duo de violino e guitarra, num aglomerado de alguma intimidade noise que funciona como experiência instrumental e alguma voz. O projecto pertence a Daniel Blumberg, líder dos recomendáveis Yuck, e foram muitos os que não arredaram pé para planar até ao fim. Surpresa quase irreal (o disco chama-se, lá está, "Unreal") que urge descobrir.

Lee Ranaldo & The Dust, Palco Super Bock
O caminho a solo dos membros dos Sonic Youth tem em Portugal um reduto privilegiado. Não que isso seja mau e nos últimos anos temos assistido amiúde a regressos quase semestrais ora de uns ora de outros. Por isso mesmo, as novidades de Lee Ranaldo foram poucas ou nenhumas, apesar da competência, da simpatia, do Steve Shelley e da qualidade do som. Visto e revisto.

Yamantaka // Sonic Titan, Palco ATP
O palco ATP é uma caixinha de surpresas. Este colectivo baptizado de Yamantaka // Sonic Titan, trajado e pintado a rigor, devia motivar um campeonato de classificações mas podemos começar pela oficial - banda psicadélica de ópera noh-wave! É bom? Irresistível é com certeza, uma mistura de metal progressivo (o quê?) e um orientalismo cénico que tem sede em Montreal mas podia ser em Berlim ou em Lima. De dimensão sónica apreciável, as memórias vivas do Primavera deste ano vão passar pela pergunta "Viste as japonesas?" Resposta aqui da casa: de princípio ao fim!

Claro que tamanha aventura teve danos talvez irreparáveis - dez foram os minutos para estacar ao longe e sorver os Neutral Milk Hotel. Pela quantidade de palmas, pela satisfação de Jeff Magnum e companhia teremos perdido, certamente, um bom concerto. Paciência... próximo! 

John Grant, Palco Super Bock
Por falar em memórias, ora aqui está um dos momentos altos de todo o festival. O senhor John Grant trouxe os amigos irlandeses para engrandecer as suas canções e o resultado foi brutal. Som límpido e tratado (finalmente!), público conhecedor e um alinhamento que abanou todo o anfiteatro ("Black Belt"), soltou a cantoria colectiva ("GMF" ou "Vietman") e accionou múltiplos tremores ("Where Dreams Go To Die" ou "Glacier"). Mas foi com "The Queen of Danmark", a fechar, que Grant nos fez soltar ainda mais a garganta e fechar os olhos. Grandioso é pouco!      

The National, Palco NOS
Curioso, num comentário do amigo habitual, como os The National chegaram a esta dimensão ao fim de tantos anos de luta. Mereceram a imensa plateia, embora o som do palco principal, mais uma vez, não estivesse grande coisa. Ainda ouvimos não muito bem colocados, entre outros, o "Mistaken For Stangers", o "Sorrow" em dueto com Annie Clark/St. Vincent ou o "Bloodbuzz Ohio", mas um "chamamento divino" fez-nos partir colina acima para uma cerimónia com data e hora marcada...

Charles Bradley, Palco ATP
Ladies & Gentleman Mr. Charles Bradley! Imponente no seu fato e capa vermelha o fenómeno da soul arrebatou tudo e todos com uma banda clássica com os metais a gingar, duas guitarras ao desafio e um Hammond a olear a máquina. Depois há ainda o baixo fatal e a voz rouca e potente de um homem que todos descobrimos há pouco tempo mas que, sem sabermos, conhecemos há muito na sua sinceridade e amor pela música. Pena que tudo tenha terminado num ápice e foi mesmo bom ver os sorrisos nas caras e o brilho nos olhos de todos os que se renderam ao seu charme. Memorável! 

St. Vincent, Palco Super Bock
O mundo da pop não tem tido nos últimos anos muitos abanões. Uma das excepções chama-se Annie Clark escondida em discos atrás de St. Vincent, trabalhos consistentes e até arriscados. Ao vivo a depuração pode não ser tão notória mas o espectáculo de ontem teve tanto de vibrante como de carismático, com uma artista cativante na sua voz e inseparável guitarra, onde sem grandes arrebatamentos, é certo, não deixou ninguém indiferente. Clark concebeu um espectáculo sem mácula e onde a grandes canções ("Digital Witness", "Cruel" ou "Birth in Reverse") se aliam poses sedutoras e cenografias ensaiadas, numa receita visualmente sedutora e sonoridade requintada.     

!!! (Chk, Chk, Chk), Palco NOS
A festa dos !!! (Chk, Chk, Chk) não seria difícil de prever. Último concerto da noite, o último no palco principal e um Nic Offer, como sempre, sem rédea, resultou numa aclamada funkalhada de princípio ao fim. Incrível na sua dose energética, Offer partiu a loiça na frente, no fundo e nos lados do imenso palco e atirou-se para apertos e amassos entre o público para desespero da segurança e regozijo da trupe. A banda esteve uns dias no Porto a ensaiar novos temas em pleno Hard Club e, sendo assim, não precisou de muito tempo para carburar a todo o gás, desfilando temas em contínuo num alinhamento que privilegiou o último "Thr!!!er" e donde saíram pedradas como "Except Death", "One Girl /One Boy" e o mais que certeiro "Get That Rhythm Right". As pernas massacradas só pediam "pára, pára!" mas como resistir a tamanho balanço?
    
Ty Segall, Palco ATP
Mesmo de rastos, esta era uma oportunidade imperdível - Ty Segall, o puto do rock esgalhado e sem freio estava no palco ATP a acelerar e, por isso, bute... Irrequieto e explosivo, Segall comanda uma banda de bateria e outra guitarra e com um magnífico Mikal Cronin no baixo (!!!) que incendiou e atiçou a plateia sem grande esforço. O próprio não resistiu a elevar-se em intenso crowd surfing mesmo no final enquanto a banda o procurava lá bem no meio do público. Meia-hora de abanão para terminar uma maratona triunfante. Para o ano, está confirmado, há mais!

sábado, 7 de junho de 2014

MIDLAKE+WARPAINT+POND+COURTNEY BARNETT+PIXIES+DARKSIDE+SHELLAC, Primavera Sound, Porto, 6 de Junho de 2014



O segundo dia do Primavera Sound prometia um corre-corre entre palcos, nomeadamente o lindíssimo ATP-All Tomorrow Parties situado no alto da colina. O reforço energético fez-se com as saborosas sandes do Guedes, um dos sucessos da edição deste ano. Ala, que se faz tarde e sem chuva! 

Midlake, Palco Super Bock



Os fim de tarde parecem destinados aos Midlake e já em Coura, em 2012, aquando da sua estreia portuguesa foi a luz do dia que os recebeu. Ambiente, por isso, soalheiro, calmo e as canções, aquelas canções, a soarem perfeitas. Pena a pouca qualidade do som mas não há como não resistir a "Roscoe", "Antiphon" ou "Head Home" mesmo a acabar, uma das muitas pérolas sem tempo nem idade. Saboroso! 

Warpaint, Palco NOS


Parecendo que não, as Warpaint deram um dos grandes concertos do festival. Se o segundo disco homónimo levanta algumas interrogações, a actuação de ontem tirou todas as dúvidas subsistentes. Hipnótico, consistente, bem tocado, as de Los Angeles desfilaram um rock maduro onde o óbvio é o contrário do subtil. Não faltou o "Ashes To Ashes" de Bowie ou o "Undertow" soletrado por muitos como se fosse só seu. Muito bom.

Pond, Palco ATP

É bom sentir que há, como nós, muita gente precavida, avisada e com o "Hobo Rocket" a rodar no iPod. A multidão que se deslocou ao palco ATP para ver os Pond era um bom sinal e as expectativas confirmaram-se em pleno. Concerto enorme do colectivo australiano, pleno de vigor psicadélico com direito a intenso crowd-surfing e uma banda surpreendida pela adesão e reacção. Perfeito!   

Courtney Barnett, Palco Pitchfork
Em passo de corrida até à tenda do Pitchfork ainda a tempo de, pelo menos, confirmar os dotes de Courtney Barnett. Em modo power trio, percebemos instantaneamente a energia e raça de um rock talentoso e nomear "History Eraser" como uma das canções do ano. Que o regresso não demore.  

Pixies, Palco NOS
A enchente previsível para receber os Pixies sabia para o que vinha: um desfile de êxitos, aqueles que fizeram da banda um marco da história da música moderna. Não falhou quase nenhum, mas mesmo nesses ("Here Comes Your Man", "Monkey Gone To Heaven" ou "Where Is My Mind?" por exemplo) faltou chama, daquela que arrebatou, sem contemplações, plateias por esse mundo fora. O virtuosismo de Santiago está lá, a raça de Black também, a força de Lovering ainda se nota e até a nova recruta Lenchantin não deslustra, mas... e este "mas" talvez se explique ao ouvir o novo disco.

Darkside, Palco Pitchfork
Vai já longe uma noite da Casa da Música com uns Darkside ainda titubeantes mas, ainda assim, sedutores. Ontem a massa humana enchente da tenda logo cedeu a uma electrónica nocturna que Jaar sabe ritmar como poucos e onde a guitarra de Harrington serve como calafrio sonoro que agita e acelera, no momento certo, a dança. Misteriosamente elegante.    

Shellac, Palco ATP
A cátedra Shellac tem neste festival um lugar irremovível. De frequência obrigatória, o mais que galardoado trio está cada vez melhor e mesmo sendo madrugada alta não faltou público, humor-negro e energia rock para dar e vender ou não fosse Albini e companhia um estudo de caso fundamental. Honoris causa já!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

RODRIGO AMARANTE+SKY FERREIRA+CAETANO VELOSO+HAIM+KENDRICK LAMAR+JAGWAR MA, Primavera Sound, Porto, 5 de Junho de 2014

















O Primavera Sound portuense vai-se refinando ano após ano. Não há filas na entrada, não há congestionamentos prévios e os sorrisos nas caras da maioria dos que deambulam ainda com sol pelo recinto são sinónimo de um regresso feliz a um local e a uma cidade que deixa saudades. Saudades temos nós da Tubitek, discoteca mítica da Praça D. João I que forneceu gerações de melómanos e que agora promete regressar muito em breve ao mesmo local repleta de vinil. Uma boa surpresa de acolhimento!   
  
Rodrigo Amarante, Palco Super Bock

As canções que repousam em "Cavalo", disco lindo de Rodrigo Amarante, tiveram apresentação em primeira mão aquando da vinda de Devendra Banhart ao Porto em Agosto do ano passado. Nessa noite já as canções sugeriam uma beleza que, quase um ano depois, se transformou em magia. Perfeito no fim de tarde, perfeito na simpatia, perfeito no alinhamento, só faltou, como suspirado, uma "perninha" com o Caetano... Belezura!        

Sky Ferreira, Palco Super Bock
















Já com estômago aconchegado (obrigado, Guedes!) e que nos desculpem os Spoon, acampamos ao longe para testar a menina Sky Ferreira. Conhecemos o nome e a sua suposta ascendência portuguesa mas nunca ouvimos o disco ou sequer espreitamos qualquer video. Reparamos na capa do álbum por razões óbvias e fomos notando algumas maledicências nas revistas linguarudas. Ou seja, estávamos prontos para tudo. Resultado: gostamos, mas não muito! Há imenso potencial, a voz cativa, as canções, algumas, até que não envergonham a pop ("Heavy Metal Heart") mas alguns tiques de desleixo ensaiados não lhe ficam nada bem. Vamos, contudo, ficar mais atentos.    

Caetano Veloso, Palco NOS
















Isto de ver o Caetano Veloso num festival algum dia tinha que acontecer. Que esse dia fosse no Porto e no melhor evento do género do país não foi, com toda a certeza, por acaso. O espectáculo com a banda Cê está mais que rodado e, por isso, nada havia a temer pois a variedade da ementa satisfaria, como se confirmou, a diversidade de exigências. Do funk, ao puro rock, passando pelo samba, o "abraçaço" rapidamente se espalhou sem exageros de vedeta ou venerações pindéricas porque é de um lenda luminosa com os pés bem assentes na terra de que estamos a falar. Caetano é de outro mundo, Caetano é um mundo, Caetano é de todos NOS (ups!) e todos somos Caetano. Valeu!
   
Haim, Palco Super Bock
Ter logo a abrir o "Falling " e o "If You Could Change Your Mind" até que foi cool. Duas das melhores canções das Haim rapidamente puseram a plateia 
em alvoroço por arrasto de um contagiante corropio das irmãs em cima do palco. O fôlego parecia até irresistível, parecia... porque o concerto entrou em "modo controlado" apesar de um suposto momento jam e algumas malhas rock. Os discursos estudados em gritaria, as "f words" e quejandos evidenciam uma juventude artística traçada a régua e esquadro por uma indústria ávida mas suicida e que em poucos anos lhes vai tirar o tapete. Vão ser grandes, não foram?

Kendrick Lamar, Palco NOS
















Kendrick Lamar é um fenómeno? A pergunta teve resposta contundente na imensa plateia que ondulava, braços no ar, sob comando do artista com pinta de rapper. Uma sedutora base instrumental tocada ao vivo (baixo, bateria, guitarra e teclas!) e sem samples exagerados, conduziu o concerto a excelentes momentos, nomeadamente os mais calmos de travo r&b de fino recorte e a captar adeptos como nós. Curto, mas incisivo, Lamar prometeu voltar e público não lhe irá, seguramente, faltar.     

Jagwar Ma, Palco Super Bock

Luz, muita luz de frente que são já duas da matina e a festa não pode ser às escuras. Jagwar Ma, disfarçado num dos lados do palco, tem atrás de si um baixista e alguém a comandar uma parafernália de aparelhos que quando se juntam não deixam ninguém indiferente. Balanço obrigatório e mais umas cervejas a rodar com insistência, pois muitos tem em "Howlin", álbum de 2013, um agitador de músculos e até mentes. Como se não chegasse, houve ainda espaço para Stella Mozgawa, baterista das Warpaint, acrescentar força em quase metade do concerto a uma sonoridade que não disfarça influências de Manchester e arredores mas que, mesmo assim, cumpre a função - proporcionar a dança nem que seja a da chuva que acabou mesmo por começar a cair. Será um sinal?

quinta-feira, 5 de junho de 2014

CLÃ TWEEDY!















O ano de pousio do colectivo Wilco já resultou num novo disco dos Autumn Defense de John Stirratt e Pat Sansone ("Fifth"), num outro do guitarrista Nels Cline ("Macroscope") e até mais um do baterista Glenn Kotche ("Adventureland"). Faltava Jeff Tweedy! Pois a demora é só até Setembro quando "Sukierae" sair pela dBpm Records, casa do próprio Jeff, que incluirá 20 novas canções gravadas na companhia do filho Spencer que aparece atrás da bateria e que recebeu o singelo mas lógico nome de Tweedy. A experiência já passou por algumas datas ao vivo e continuará numa intensa digressão que se inicia este mês e onde se juntarão Jim Elkington na guitarra e Liam Cunningham nos teclados. Ou seja e nas palavras do pai Jeff, trata-se de um álbum a solo tocado por um duo! Aqui fica uma primeira amostra.  


JULIANNA BARWICK, NOVO EP DE MALTE!





















Música e cerveja! A casa Dogfish Head Brewing com sede em Rehoboth Beach no Delaware americano conhece bem a perfeição desta ligação, apostando na criação de diferentes cervejas com base em escolhas de músicos ou dos seus fãs, como foram já os casos de Grateful Dead, Dan the Automator, Pearl Jam, Robert Johnson ou até Miles Davis que teve direito a uma série especial obviamente chamada "Bitches Brew"... Surpreendentemente, chegou agora a vez de Julianna Barwick que se traduz numa nova e, certamente, refinada bejeca - a Rosabi! Mil packs de garrafas de 750 ml terão como bónus um 10" de vinil com quatro canções de títulos sugestivos - "Pure", "Meet You At Midnight", "Two Moons" e "Blood Brothers" - e onde são usados sons da própria destilaria, local onde a artista se apresentou ao vivo em final do ano passado. Já começamos a salivar... 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

SCOTT MATTHEWS CASEIRINHO!





















Como prometido no final do ano passado, está já disponível para aquisição e escuta na íntegra o novo disco de Scott Matthews. Ambiente caseiro e canções de arrepiar, seja o tema de abertura "Virgínia" ou o inebriante "86 Floors from Heaven", a fazer crescer a vontade  de "recolher as redes", fechar a porta e partir para um retiro espiritual... O melhor é que o disco chama-se "Home - Part 1" o que vaticina uma sedução prolongada. Para descobrir aqui.

terça-feira, 3 de junho de 2014

AVÉ AVI BUFFALO!

Já lá vão quatro longos anos desde que um ovni sonoro aterrou por estas bandas. Tratava-se do disco de estreia dos Avi Buffalo, monumento pop saído da mente de Avi-Zahner-Isenberg que mereceu a nossa imediata redenção, o melhor álbum de 2010 na humilde eleição aqui da casa. O miúdo Avi, na altura com 18 anos, juntou então os amigos da escola e partiu em digressão um pouco por toda a parte, inclusive Lisboa por onde passaram no Optimus Alive de 2011. O eclipse que se seguiu chegou a assustar, mas eis que hoje demos de frente com "So What", canção (e que canção...) que abrirá um segundo disco a editar pela Sub-Pop em Setembro e que receberá o nome de "At Best Cuckold". Avé, Avi!