segunda-feira, 25 de agosto de 2014

THE DODOS+KURT VILE & THE VIOLATORS+HAMILTON LEITHOUSER+THE GROWLERS+BEIRUT+JAMES BLAKE, Festival Paredes de Coura, 23 de Agosto de 2014

The Dodos, Palco Vodafone FM
















A dúvida sobre quantos anos precisos passaram sobre a estreia dos The Dodos em Coimbra assaltou-nos a memória logo que os primeiros acordes soaram na tenda. Dessa noite já com oito anos, está agora confirmado, é impossível esquecer a energia e agitação contagiante do então trio que, muito sinceramente, não tínhamos ilusões de tornar a testemunhar. Mesmo assim e apesar do nítido cansaço causado pela intensa digressão que encerrou em Coura, o duo agarrou de imediato e sem contemplações todos os presentes com velhos e novos temas e onde o clássico desafio bateria vs guitarra fez constante faísca ao longo de uns curtos (circuitos) mas intensos quarenta minutos.            

Ver Kurt Vile no palco grande a tocar para uma imensa plateia prova que há ainda neste mundo estranho da música um pouco de justiça. Mais uma vez, pomo-nos a fazer contas para recordar o serão memorável de estreia pelo Porto em tempos de ruidosas trips sonoras de travo stoogiano mas onde, como agora, o tio Neil Young é um dos principais “culpados”. Descontando a pobreza do som, as canções de Vile de solos extensíveis e moldáveis preencheram da melhor forma o fim de tarde soalheiro e de brisa fresca enquanto, colina acima, muito do público ainda em modo-zen e de óculos escuros se espreguiçava vagorosamente. A experiência pode e deve ser repetida virtualmente perante um qualquer pôr-de-sol atlântico ou viagem pausada de longa duração – é só preciso fazer soar suavemente “Wakin On A Pretty Daze” de princípio ao fim!

O disco solo de Hamilton Leithouser é um caso sério de composição. Para o provar bastou a sua curta passagem pelo palco secundário do festival replecto de fiéis seguidores. Do pré-hit “Alexandra”, ao swing de “The Silent Orchestra” passando pela perfeição de “I’ll Never Love Again”, pedrada que encerra o disco e que obrigou os mais esquecidos a recordar que os The Walkmen eram (são?) uma banda do caraças, houve muito por onde escolher. Depois há, milagrosamente, um vozeirão a alcançar níveis imbatíveis e arrebatadores e que levou o próprio Leithouser a arriscar, sem receios, versões únicas de Sinatra e Cohen já que a noite era de festa de encerramento de digressão. Um concerto surpreendente, vibrante e a deixar, desde logo, muitas saudades.     
        
Horário nobre, palco principal, plateia imensa. Temos dúvidas que os The Growlers merecessem tamanha distinção e o concerto acabaria por provar o risco (desnecessário?) da aposta. Bem que se esforçaram por “fazer a festa” ou não fosse a sua música uma combinação bem-feita de desordem sonora, líricas non-sense (ouça-se, por exemplo, “Use Me For Your Eggs”) e um vocalista nasalado e atrevido. Certo é que mesmo com as ondas à mexicana, da trupe de crocodilos vindos da frente do palco e da noite marcar o fim da tournée (mais uns!), o concerto nunca “levantou voo” efectivo, funcionando como um temporizador divertido para o acto seguinte…

Finalmente! Temos os Beirut à nossa frente prontos para fazer história ao fim de mais de uma década de espera infindável. Começar com "Nantes" e “Vagabond” logo assim, de rajada, deu para desconfiar, mas Zach Condon e companhia sabiam ao que vinham – estremecer muitas das almas, nós incluídos, com canções únicas e intemporais e cedo se percebeu a magia do momento. Muitos braços no ar, gargantas afinadas e um inusitado conjunto de metais onde o cornetim de Condon se mostrou imparável no comando da orquestra. Foi bom? Claro. Podia ter sido melhor? Óbvio, mas foi sem dúvida um privilégio ter lá estado. 

A resposta à questão se James Blake tem estatuto suficiente para encerrar Paredes de Coura pode não fazer sentido. A sua música já foi devidamente assimilada pela maioria e no Primavera Sound de 2013 em horário semelhante a receita acabou por funcionar. Mas ali, outra vez perante uma enorme plateia, a subtileza das suas canções perdeu-se por entre as árvores e muitos acabaram por desistir de participar, funcionando o longo alinhamento (uma hora e meia) como fundo sonoro para conversas sobre o frio da noite, a fila dos crepes ou desabafos do género “o gajo só mete a 1ª e depois não desenvolve”. O cansaço físico generalizado ao fim de quatro noites talvez merecesse um despertador e um isotónico de diferente espécie. Até pró ano!  

(videos de alguns dos concertos em HugTheDj)

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

domingo, 17 de agosto de 2014

ELEANOR FRIEDBERGER, Praça Central da Cidade da Cultura, Santiago de Compostela, 16 de Agosto de 2014



















Uma visita, várias vezes adiada, à Cidade da Cultura galega teve finalmente merecida concretização. Polémicas à parte sobre as virtudes deste "elefante branco" inacabado, um verdadeiro sorvedouro de dinheiros públicos (fala-se em 400 milhões de euros!), o espaço de perder de vista tem servido ao longo deste mês para uma série de concertos de fim de tarde de acesso gratuito na sua praça central. Com o monte Gaiás como pano de fundo, o espaço recebeu ontem Eleanor Friedberger para tocar canções para não mais de uma centena de privilegiados com direito a puf de aconchego, um pôr-de-sol magnífico, cerveja fresca a curta distância e até foguetório. A mana Friedberger brindou-nos com um excelente concerto de hora e meia (!) numa setlist entroncada nos seus dois discos a solo mas onde se intrometeram canções novas escritas na viagem de doze horas entre San Sebastian e Santiago e até o recitar de "Spaniolated", original do mano Friedberger nos Fiery Furnaces que fala em Sevilha e... São Tiago. Valeu! 

Video cortesia HugTheDj.

JULIA HOLTER, VERSÕES DOS SITXIES





















O álbum “Loud City Song” de Julia Holter, o melhor de 2013 aqui para a casa, respira uma magia absolutamente contagiante que obriga, quase sempre, ao carregar no botão de “repeat”. O tema “Hello Stranger”, descobrimos agora como sendo uma cover de uma canção de Barbara Lewis de 1963, é o exemplo perfeito dessa dependência e que mereceu por estes dias a sua inclusão numa pequena rodela de vinil de dupla face A ao lado de “Don’t Make Me Over”, versão de 1962, esta não incluída no disco, de Burt Bacharach e Hal David. Maravilha… e alguém faça o favor urgente de trazer a menina até uma salinha por perto!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

UAUU #214

NICK DRAKE, O LIVRO OFICIAL





















Já por aqui evidenciamos o nosso desagrado por algumas das opções comerciais de quem gere o legado de Nick Drake, neste caso, a sua irmã Gabrielle. O último dos lançamentos, a tal caixa de bolos com os CD's oficiais lá dentro, pareceu-nos mesmo despropositada. Mas eis que, com o consentimento e patrocínio oficial da família, surge a notícia do lançamento de um vistoso livro replecto de atractivos compilados precisamente pela irmã e que, na sua versão luxuosa, tem o acompanhamento de um 10" de vinil com cinco canções registadas na BBC para John Peel em 1969, sessão até à data dada como perdida. O "tesouro" estará disponível em Novembro mas aceitam-se desde já encomendas a um módico preço de 150£! Dá vontade de cometer uma loucura ou simplesmente antecipar a prenda de Natal...          

terça-feira, 5 de agosto de 2014

NICK DRAKE EM SUSPENSO













O aguardado leilão de uma fita com canções de Nick Drake na posse de Beverly Martin, uma história que já contamos por aqui, foi suspenso! Bem nos parecia cheirar a esturro...