domingo, 31 de dezembro de 2017

sábado, 30 de dezembro de 2017

PRIMAVERA SOUND 2018, UAUU?

Há, pelo menos, dez almas boquiabertas que já sabem o alinhamento do Primavera Sound Barcelona de 2018... Seria bom que o do Porto também fosse de cair o queixo!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

SUFJAN STEVENS, O GUARDADOR DE PÉROLAS!

A veia de mestre da composição de Sufjan Stevens há muito que palpita de forma salutar a cada disco editado. Se último devaneio, a tal canção homenagem à patinadora Tonya Harding, já nos parecia imbatível por este ano, eis senão quando deparamos em boa hora com dois pedacinhos do mesmo nível que fazem parte da banda sonora original do filme "Call Me By Your Name" (estreia em Portugal a 18 de Janeiro) a que se acrescenta uma versão ao piano de "Futile Devices" do álbum "The Age od Adz" numa mistura singular de Thomas Bartlett aka Doveman. São pérolas...





SHANNON LAY NOS MAUS HÁBITOS!





















Uma das revelações do ano que agora termina é o segundo disco da menina de cabelo laranja Shannon Lay chamado "Living Water", uma pérola que tem apresentação ao vivo já marcada por perto - 23 de Março nos Maus Hábitos como consta do cartaz oficial!

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

LAURA MARLING, CHUVA FORTE!

A britânica maravilha Laura Marling, uma das perdições aqui da casa, gravou uma versão de "A Hard Rain's A Gonna Fall" de Bob Dylan para o episódio final da última (4ª?) série de "Peaky Blinders", a excelente novela que passa na BBC Two de extremo bom gosto musical e não só. Antes, tinha aproveitado a ocasião para registar uma cover de "Red Right Hand" de Nick Cave destinada à cena inicial de um outro episódio, tendo o seu original "What He Wrote" sido usado anteriormente para o mesmo fim. Ficamos ansiosamente à espera do respectivo single de vinil e, já agora e exceptuando o Netfix, de um canal português que atine na programação... 




UNKNOWN MORTAL ORCHESTRA, SB-05!

Como é habitual em época natalícia, os Unknown Mortal Orchestra oferecem à comunidade uma mistura instrumental completamente inédita de cerca de trinta minutos de devaneios e experiências sonoras e que recebeu o título de "SB-05". Trata-se de uma série iniciada à cinco anos atrás e que serve para desgastar as calorias ganhas nos últimos dias... 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

SINGLES #44









































PULLOVER - Holiday/Last Christmas 
Inglaterra: Fierce Panda, NING20A, 45RPM, 1996
As versões de clássicos de Natal são, por esta altura, obrigatórias! Na fila do hipermercado, no rádio do carro ao lado em plena fila de trânsito, a registar o totoloto ou simplesmente a atravessar uma passadeira, só mesmo tapando os ouvidos ou pondo os auscultadores é que as habituais melodias a falar de neve branca e muitos "santas" nos podem passar ao lado. Há, contudo, dois originais de época que, sem razão aparente, não resultam em massacre - no nosso caso, o "All I Want For Christmas Is You" da Mariah Carey e o "Last Christmas" dos Wham fazem-nos sempre cantarolar a letra mais que sabida e esboçar um sorriso, talvez porque sabemos bem que só os ouviremos em catadupa no próximo ano e porque são, sem dúvida, grandes canções pop muito difíceis de bater. Quando em 1996 os Pullover, uma banda de Manchester, colocaram no lado B do seu terceiro e último single "Holiday" uma versão do tal "Last Christmas" em toada eighties com muita piada, o futuro parecia risonho mas a realidade acabou por ser bastante traiçoeira. Já com dois grandes singles no ano anterior pela Fierce Panda inglesa, grandes capas e design e brilhantes actuações ao vivo, o grupo liderado por Carol Isherwood arriscou uma nova versão desse "Holiday" sem o clássico dos Wham para assinar por uma nova editora - a Starfish Records - com o contrato melhorado e a gravação de um álbum há muito esperado. As promessas, goradas, haveriam de desfazer todas as esperanças e dos Pullover não reza a história (não confundir com bandas brasileiras, polacas ou norte-americanas com o mesmo nome), tendo a sua líder aprendido bem a lição encetando, então, uma carreira de advogada de sucesso especializada em fazer respeitar os direitos autorais e aspirações dos músicos e artistas. Now, I Know what a fool I've been...




AGNES OBEL, PRENDINHA!

Para compensar a falta a vermelho à aula de bom gosto que Agnes Obel certamente proferiu no Tivoli lisboeta em Junho passado, aqui fica uma prendinha de Natal cortesia do canal francês CultureBox.


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

3X20 ESPECIAL 2017













20 CANÇÕES X 20 ÁLBUNS X 20 CONCERTOS
+ 10 Low + 10 High 2017
É este o nosso deve e haver anual!

20 Canções:
1. PERFUME GENIUS - Valley »»
2. MANUEL FÚRIA E OS NÁUFRAGOS - Canção Infinita »»
3. RANDY NEWMAN - Lost Without You »»
4. WILL JOHNSON - Filled With A Falcon's Dreams »»
5. SUFJAN STEVENS - Tonya Harding  »»
6. TENNIS - Baby Don't Believe »»
7. JOAN SHELLEY - Where I'll Find You »»
8. WILL STRATTON - Some Ride »»
9. ARCADE FIRE - Everything Now »»
10. SLOW DANCER - Bitter »»
11. PARCELS - Overnight »»
12. THE WAR ON DRUGS - Thinking of a Place »»
13. TOPS - Petals »»
14. LAMBCHOP - The Hustle Unlimited »»
15. MARK EITZEL - The Last Ten Years »»
16. SUN KILL MOON - I Love Portugal »»
17. MY BRIGHTEST DIAMOND - Wish For The Moon »»
18. POND - Paint Me Silver »»
19. RYUICHI SAKAMOTO - ubi »»
20. REAL ESTATE - Darling »»

20 Álbuns:
1. LAURA MARLING - Sempre Femina
2. ALDOUS HARDING - Party
3. PROTOMARTYR - Relatives In Descent
4. JOAN SHELLEY - Joan Shelley
5. WILL STRATTON - Rosewood Almanac
6. BIG THIEF - Capacity
7. KAMASI WASHINGTON - Harmony of Difference
8. RANDY NEWMAN - Dark Matter
9. JEFF TWEEDY - Together At Last
10. SLOW DANCER - In a Mood
11. PERFUME GENIUS - No Shape
12. KING KRULE - The Ooz
13. MARK EITZEL - Hey Mr Ferryman
14. RYUCHI SAKAMOTO - async
15. DIRTY PROJECTORS - Dirty Projectors
16. FLEET FOXES - Crack-Up
17. HAND HABBITS - Wildly Idle (Humble Before The Void)
18. FIONN REGAN - The Meetings Of The Waters
19. REAL ESTATE - In Mind
20. KOMMODE - Analog Dance Music

20 Concertos:
1. BON IVER, Primavera Sound Porto, 9 de Junho »»
2. THE DIVINE COMEDY, Theatro Circo, Braga, 3 de Fevereiro »» 
3. EMMA RUTH RUNDLE, Teatro Rivoli, Porto, 21 de Abril »»
4. PERFUME GENIUS, Theatro Circo, Braga, 17 de Novembro »»
5. RYLEY WALKER, GNRation, Braga, 13 de Abril »»
6. TOPS, Maus Hábitos, Porto, 3 de Novembro »»
7. GARETH DICKSON, Armazém 22, Gaia Todo Um Mundo, 16 de Junho »»
8. MARK EITZEL, Auditório de Espinho, 28 de Outubro »»
9. YUSSEF DAYES, Milhões de Festa, Barcelos, 22 de Julho »»
10. ARAB STRAP, Primavera Sound Porto, 8 de Junho »»
11. CAETANO VELOSO, Coliseu do Porto, 25 de Abril »»
12. JOHN MAUS, Maus Hábitos, Porto, 31 de Outubro »»
13. LAMBCHOP, Auditório de Espinho, 18 de Janeiro »»
14. KING GIZZARD & THE LIZARD WIZARD, Primavera Sound Porto, 9 de Junho »»
15. NADINE KHOURI, Maus Hábitos, Porto, 16 de Fevereiro »»
16. NELS CLINE, Festival Jazz de Guimarães, CCVila Flor, 8 de Novembro »»
17. MATT ELLIOTT, Auditório de Espinho, 6 de Maio »»
18. DOUGLAS DARE, Theatro Circo, Braga, 12 de Maio »»
19. SONGHOY BLUES, Primavera Sound Porto, 12 de Junho »»
20. CASS McCOMBS, Centro de Arte de Ovar, 1 de Fevereiro »»

10 Low:
. um ano inteiro sem pôr os pés na Casa da Música;
. os incêndios e os capotes com muita água para sacudir;
. uma Catalunha utópica num país perigoso;
. os assédios destapados e a novela Matt Mondanile;
. o Rufus a meter "pregos" à guitarra... e ao piano;
. o "onde/quando é que isto vai parar" da Invicta;
. o "estou-me cagandismo" nos outros de Trump e King Jon-un;
. mais um ano sem A Girl Called Edddy, Tobias Jesso. Jr e These New Puritans;
. a corrupção e a roubalheira em modo epidémico e calamitoso;
. a imprevisibilidade crescente do planeta Terra ainda e sempre a saque.

10 High:
. o Salvador Sobral na "dele" como se tivesse ganho um concurso de escola;
. a promessa, quase cumprida, de cinco discos num ano dos King Gizzard;
. o aparente declínio da tirania angolana, a confirmar;
. a notável resiliência do nosso interior, das suas gentes e instituições;
. as festas do TUP-Teatro Universitário do Porto;
. o regresso do Portal Pimba em jeito de serviço público;
. o encontro, al last, com o simpático Neil Hannon;
. a baterista dos Metronomy a iluminar o Parque da Cidade;
. o "Sexta às 9" na RTP, uma semente que parece começar a reproduzir-se;
. o sumiço de Marine Le Pen.

SUFJAN STEVENS, NOTA DEZ!





















É tão bonito o tema inédito que Sufjan Stevens editou recentemente como homenagem à patinadora norte-americana Tonya Harding que até arrepia! A vida atribulada da desportista inspirou já um filme estreado nos Estados Unidos e Stevens, um apaixonado confesso, andava já há trinta anos para concretizar a canção tributo. Decidiu que para tal haveria duas versões - uma em "Ré Maior", a que se reproduz abaixo e uma outra, em "Mi Bemol", mais despida e ainda assim brilhante! Aqui fica um punhado de "Axels triplos" e uma das canções do ano... nota dez!

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

GONZALES, FALTAVA UM CONSERVATÓRIO!















O irrequieto Chilly Gonzales lançou mais um desafio a todos os potenciais talentos do universo! Chamou-lhe "Gonzervatory" e da totalidade de concorrentes de composições, canções, instrumentais originais ou qualquer outra, seis terão direito a viagens pagas para Paris onde, durante uma semana, o próprio estará ao comando de uma inédita residência artística. O programa incluirá intensos ensaios e práticas numa experiência que culminará com um concerto público no dia 26 de Abril no Le Trianon parisiense sob a sua direcção e que será certamente uma festarola transmitida em streaming e quejandos. O júri, como se pode comprovar, já reuniu para escolher os seus estudantes ao jeito do The Voice e os professores e amigos Peaches, Jarvis Cocker, Socalled e Liza Kainde Diaz das recomendáveis Ibey terão que anunciar os finalistas já no próximo dia 10 de Janeiro depois de uma primeira triagem entre as centenas de candidaturas recebidas. A brincar, a brincar, a coisa é séria!





UAUU #408

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

CÍCERO É COM ALBATROZ

O quarto disco do brasileiro Cícero saiu no final do mês passado e tem desta vez uma co-autoria assumida e justa no próprio título - "Cícero & Albatroz" junta-o, assim, aos Albatroz, banda que o acompanhou no álbum "A Praia" e respectiva digressão que passou o ano passado por Portugal. Os sons sugerem mais risco e rugosidade e uma forte presença dos metais mas a onda continua segura e perfeitamente consistente só que, desta vez, o ambiente respira cidade, cimento e ruas. Há já um video realizado por Artur Miranda para o tema "A Cidade" mas os trinta minutos do trabalho podem ser já escutados na totalidade...

RANDY NEWMAN, APERTA!

Isto de andar à procura das canções que mais gostamos em 2017 começa e acaba sempre que este senhor nos faz este apertão...



quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

KING KRULE DE SECRETÁRIA!

SAKAMOTO, IMAGENS E MISTURAS

O regresso este ano aos discos a solo de Ryuchi Sakamoto com "async" sendo um privilégio sonoro é também, como sempre, um fervilhar de desafios em crescendo. A partir dele foram já lançados dois projectos paralelos que se multiplicaram rapidamente, sinal do respeito e veneração que o artista mantêm intactos e robustos. Assim, o próprio organizou um concurso internacional de curtas-metragens a partir dos temas do disco que recebeu centenas de participações e cujos resultados serão divulgados na próxima sexta-feira. Entre elas escolhemos dois exemplares cintilantes - as propostas do brasileiro Eduardo Ávila para "solari" e do galês Siôn Marshall-Waters para o inesquecível "ubi".
Tomando partido das inúmeras colaborações que tem realizado ao longo da sua carreira artística, Sakamoto convidou ainda uma série de amigos para promoverem remodulações para os temas de "async". Através da Milan Records, há, por agora, dez reinterpretações disponíveis contando uma, a primeira, da responsabilidade de Oneohtrix Point Never para "andata" e outra, a última, de Andy Stott para "Life, life". Pelo meio, não falta a ajuda de Alva Noto, parceiro de seis álbuns desde 2002, estando já prometido um novo disco do duo para Março chamado "Glass".





UAUU #407

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

NADINE KHOURI, É COM OU SEM?

A sedutora Nadine Khouri vai regressar ao Porto para um concerto no dia 9 de Fevereiro, sexta-feira, no Passos Manuel. Atendendo que a menina vai realizar na véspera a primeira parte de Adrian Crowley marcada para o MusicBox lisboeta, o que acontece durante todo o primeiro mês do ano e início do segundo, isto quererá dizer que Adrian Crowley também toca na Invicta naquela data? Seria bom que sim...



sábado, 9 de dezembro de 2017

THOMAS FEINER, ÉS GRANDE!

O regresso de Matt Johnson/The The às canções, discos e concertos já por aqui foi saudado mas, como na altura realçamos, há uma colaboração com Thomas Feiner que queríamos muito ouvir na totalidade. Ela aqui está, finalmente, a cover de "This Is The Day" do principio até ao fim... do mundo! 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

É TEMPO DE NATAL!





















Na sequência de um primeiro volume lançado em 2012, emerge agora o regresso da compilação "Christmas Rules" na Europa ou "Holidays Rule" nos E.U.A. através da Capitol RecordsRepetem a adesão os The Decemberists e Sir Paul McCartney que surge, entre outros, ao lado dos The Roots e Scarlett Johansson numa curta versão a capella de "Wonderful Christmastime", original escrito em 1979 e aqui registado há um ano no incontornável programa de Jimmy Fallon, mania que vem já de 2015 e uma parceria que mereceu até uma rábula mais antiga! Mesmo não sabendo qual vai ser a surpresa deste ano, o certo é que o tema saiu já em single de vinil encarnado que já cá canta e tem ainda no lado B uma outra pérola de Horace Silver chamada "Peace" na voz de Norah Jones.



UAUU #406

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

YES, NOVO DISCO DE JONATHAN WILSON!





















Não foram poucas as vezes que por aqui tecemos loas ao mago Jonathan Wilson. Em cima do palco, nos discos em nome próprio ou como produtor de inúmeros outros artistas, Wilson espalha competência e sabedoria em todos eles, resguardando-se o suficiente de alaridos para só aparecer na hora certa. Pois bem, esse tempo está agora a chegar com um álbum novo de nome "Rare Birds" e cuja edição está marcada para Março pela Bella Union mas já com encomendas disponíveis. Como convidados há, entre outros, Lana Del Rey, Lucius e John Tillman aka Father John Misty, rendidos certamente ao talento do produtor e parceiro de estúdio e que nesta investida recorreu pela primeira vez a sintetizadores e drum machines, muito por culpa da influência de Roger Waters a quem ajudou no último "Is This The Life We Really Want", álbum entretanto nomeado para um Grammy. Aqui fica "Over the Midnight", o primeiro avanço onde são notórias as "novas" máquinas... 


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

ABBA, É UM MONOPÓLIO!



































A procura de presentes inesperados e diferentes levou-nos a isto - o célebre jogo do "Monoploy" em versão ABBA em que as ruas e as propriedades foram substituídas por canções/singles da banda sueca e onde não se pode construir casas mas sim estúdios! Os seis "mequinhos" são todos diferentes e, obviamente, relacionados com a banda, a saber, um chapéu de Napoleão, um disco de vinil, um telefone, um saco de dinheiro, uma guitarra e uma bota de tacão largo. Qual será a "propriedade/single" mais valioso? O "Dancing Queen" ou o "Money, Money, Money"? Must be funny...


FAROL #126











A lindíssima Joan Shelley, que tem no disco homónimo deste ano um exemplar raro de bom gosto e claridade parafinado por Jeff Tweedy, gravou duas versões à guitarra para as já célebres "Lagniappe Sessions" do mais que recomendável Aquarium Drunkard. A primeira, "I Would Be In Love (Anyway)", faz parte originalmente de um dos grandes discos esquecidos de Frank Sinatra chamado "Watertown" gravado em 1970; a segunda, "Night Comes On", funciona como homenagem a Leonard Cohen e tem a ajuda de Will Oldham. É por aqui...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

VAN MORRISON, INTEMPORAL!

Agora que chegou o mês do Natal, do stress das compras e do tempo frio, nada como um disco inteiro para pôr a rodar sem freio e preocupação - trata-se do trigésimo oitavo álbum de estúdio da carreira de Van Morrison chamado "Versatile" e nele podem ouvir-se dezasseis daquelas melodias "swingantes" que ficam sempre bem nesta época ou em qualquer outra e que vão de canções que adoramos na voz de Sinatra, Nat King Cole, Tony Bennett ou do aveludado Chet Baker a que se juntam quatro novos temas ("I Forgot That Love Existed", " Start All Over Again", "Only a Dream" e o clássico instantâneo "Broken Record"). Três meses depois de um outro grande disco, este de blues intitulado "Roll With Punches", não há enganar quanto ao efeito e perfume de tanta classe!





domingo, 3 de dezembro de 2017

(RE)VISTO #68





















GRACE JONES: BLOODLIGHT AND BAMI
de Sophie Fiennes, BBC Films, 2017
Festival Porto/Post/Doc, Teatro Rivoli, 2 de Dezembro de 2017
A mania dos documentários sobre figuras icónicas do mundo da pop tem no recente exemplo de Grace Jones um assinalável contraditório. Preparado ao longo de cinco anos, a entrevista e a narração habituais foram totalmente dispensados pela realizadora, apostando-se em contar uma história de vida simplesmente pelas imagens e diálogos. Entre concertos, caóticas sessões de estúdio, ou estadias luxuosas em suites de hotéis, é a viagem que Jones faz à Jamaica para conviver e recordar a sua infância em família junto da mãe que nos agarra pelo inesperado das situações, das paisagens e de algumas confissões polémicas de insegurança, abuso e medo. Mas Jones, em cima do palco, sempre foi uma performer incomparável quer na intensidade teatral quer nas coreografias e figurinos que usa e abusa de forma vistosa e atraente e que, ao vivo, se afigura um espectáculo intenso a todos os níveis - impossível não notar na segurança e brilhantismo da banda que suporta as suas canções. Tal como muitos artistas, atrás desta aparente fortaleza surge uma mulher vulnerável e sentimental que sempre seguiu, para o mal e para o bem, as suas ideias e vontades no mundo difícil e frágil da moda, dos filmes e da música e que uma versão disco de "La Vie En Rose" (a gravação do tema para um programa televisivo francês é no filme uma parte hilariante...) haveria de catapultar para a fama. Talvez o rosa, como confessado, tenha algumas vezes sido substituído pelo negro, uma mutação natural tendo em conta as sete vidas sem fôlego de Grace Jones que o filme, bem feito, aborda sem preconceitos ou tabus e que deverá ser um contributo decisivo para a reposição da justiça quanto à grandeza de uma artista tantas vezes desprezada.   



quinta-feira, 30 de novembro de 2017

ZÉ PEDRO (1956-2017)















Desde que "O Cerco" começou a fervilhar, fomos um dos muitos que ganhámos asas num qualquer concerto dos Xutos & Pontapés. Depois, como já por aqui explicamos, recolhemos o lanço e mantivemos a distância. O Zé Pedro foi sempre o espelho da nossa satisfação ou delírio no sorriso quase contínuo com que, em cima do palco, recebia tamanha vibração, fosse num pequeno espaço de uma discoteca fosse em pleno Rock & Rio lisboeta, a última e quase involuntária vez que vimos os Xutos e onde acabamos a cantarolar a maioria das canções. Zé Pedro é, por cá, sinónimo de Rock & Roll e a sua paixão pela música - notória nos set's de Dj que presenciamos ou na procura incessante de mais uma palheta de um qualquer guitarrista para a colecção - deverá merecer de todos um imenso e eterno respeito. Paz!   



UAUU #405

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

MEMORABILIA #19
































Há mais de dez anos (!) quando começamos uma rubrica neste blog sobre memórias físicas da nossa paixão musical escolhemos, como tiro de partida, uma capa de argolas decorada com algumas das nossas bandas ou discos de eleição dos tempos de estudante pelo Liceu Rainha Santa Isabel em plenos anos oitenta. Tínhamos a certeza que a essa se juntava uma outra de recortes mais pequenos e muito mais variados e que só no passado fim-de-semana reencontramos em perfeito estado de conservação entre discos de vinil que tiramos de um armário. As explicações são as mesmas dadas nesse primeiro post sobre a dita Memorabilia... maluqueiras! Para que conste, aqui ficam duas das nossas predileções dessa época. 



ANNA ST. LOUIS, MISTÉRIO!






















A estreia da jovem Anna St. Louis está rodeada de uma série de mistérios de que é exemplo a existência de um canal de youtube mas sem videos! Vinda de Kansas City, onde se juntou a diversas bandas punk mas a viver em Los Angeles desde 2014, foi a beleza das suas canções registadas para um EP de demos em 2015 que chamou a atenção da recente editora de Kevin Morby, a Mare Records, uma subsidiária da Woodsist (Little Wings, Hands Habits, Woods). A delicadeza dos temas à guitarra foi agora registada para uma cassette (o único suporte físico disponível) de nome "First Songs", um conjunto magnífico de simplicidade folk ao jeito clássico que impressiona à primeira audição. Entrevistas, digressões ou páginas de facebook, isso são pormenores... 





Ainda na mesma editora, aproveitamos para chamar a atenção para o disco "Living Water" de Shannon Lay, álbum que marcou a estreia da tal Mare Records e uma paixão do próprio Morby contada na primeira pessoa. Lay, que é também guitarrista na banda Feels, não engana ninguém e é obrigatório ouvi-la de fio a pavio neste seu segundo trabalho!



terça-feira, 28 de novembro de 2017

PORTO/POST/DOC, JÁ ESTÁ A DAR!















A edição deste ano do festival Porto/Post/Doc teve início ontem e decorre até ao próximo Domingo pela baixa da Invicta, vagueando entre o Rivoli, os Maus Hábitos, o Passos Manuel e a FBAUP. Mantendo uma programação abrangente mas contida, da selecção destacamos a variante "Transmission" onde a música assume a atenção devida e que contempla, entre filmes, dj sets e concertos, uma inédita visão sobre o Festival Paredes de Coura chamada "Long Way From Home (How Did We Get Here?)" ou o recente documentário sobre Grace Jones. É ir!


sábado, 18 de novembro de 2017

NOISERV + PERFUME GENIUS, Festival Para Gente Sentada, Theatro Circo, Braga, 17 de Novembro de 2017

A primeira noite do festival minhoto teve ontem um final arrebatador. Começou light em versão descontraída com o projecto Noiserv de David Santos, um miúdo agora graúdo que vimos florescer num tarde soalheira de Serralves e cujo crescimento se faz notar na sofisticação dos instrumentos e recursos. Pena que tamanha parafernália, que uma câmara cimeira fez o favor de registar na plenitude no ecrã traseiro, tenha servido para tão pouco pois, apesar da boa-disposição, destreza e domínio demonstrados, as canções parecerem-nos algo desgarradas e, sem ofensas, distractivas ou não tivesse a tal transmissão instantânea contribuído para isso mesmo, entreter!
Bem mais intensa foi a perfomance de Mike Hadreas, o pequeno grande artista que encarna os Perfume Genius. Aguardávamos há muito a oportunidade perfeita para confirmar ao vivo a sua aura de genialidade e o centenário recinto bracarense serviu como uma luva de veludo para a cerimónia de apresentação do seu conjunto notável e sofisticado de canções. A primazia teve óbvia escolha em "No Shape", o último de originais que, desde o início, conduziu Hadreas para a frente de palco, o espaço ideal para um género de patinagem e coreografia onde o corpo flexionável e torcido jogou com o microfone numa dança contemporânea inventiva e muito própria. Destacamos "Just Like Love" e, principalmente, "Valley" um daqueles pedacinhos de pop eternos que, embrulhado de qualquer maneira, só alguns conseguem fazer cintliar mas outras canções como "Wreath" foram interpretadas pela banda de forma surpreendente e vibrante. À fragilidade de "Normal Song" ou "Die 4 You", inesquecíveis, juntou-se por exemplo a tenebrosidade mágica de "All Waters" e o epílogo lógico em "Slip Away" fez do teatro uma verdadeira catedral em cerimónia apoteótica. A canção, aliás, mereceria a primazia de um single de vinil a condizer de forma a que o serão de ontem acabasse entre a nossa colecção devidamente benzida/assinada... No encore mais que esperado e ao piano, à boa surpresa da versão de "Kangaroo" dos Big Star que os These Mortal Coil eternizaram juntou-se uma intimidante "Learning" a quatro mãos com a ajuda do parceiro Alan Wyffels e, já com a banda em pleno, seria "Queen" a finar um grande concerto para gente de pé e feliz!

UAUU #403

FAROL #125












Era só para lembrar que os King Gizzard & The Lizard Wizard pedem a todos para descarregar de borla o seu novo álbum "Polygondwanaland", o quarto com data de 2017! A dádiva está, por isso, pronta para ser gravada e registada devidamente em vários formatos à escolha, inclusive vinil! Oupa... 

terça-feira, 14 de novembro de 2017

SHARON VAN ETTEN, REGRESSO AO FUTURO!

Não, não é um álbum novo de Sharon Van Etten mas é quase como se fosse... Sexta-feira próxima estará cá fora, outra vez, o disco "(It Was) Because I Was In Love" em versão melhorada, uma prenda pré-natalícia que serve, entre muita coisa, para confirmar que as suas canções desse álbum de 2009 são maravilhosamente eternas e poderiam, sem desgaste, ter sido escritas hoje, para o ano ou em qualquer tempo futuro. Para além da via digital, a reedição terá formato físico somente em vinil e é, desde logo, uma peça de colecção que inclui um exclusivo sete polegadas! O disco pode ser na totalidade escutado por esta via, mas aqui deixamos duas das tentações.




sábado, 11 de novembro de 2017

CASPER CLAUSEN, Café Au Lait, Porto, 10 de Novembro de 2017

A atracção pela capital portuguesa para desfrutar da vida e do infindável sol não é só para grandes celebridades. Não que o dinamarquês Casper Clausen seja um desconhecido pois a fama longínqua dos Efterklang ou a mais recente experiência Liima têm na sua inconfundível voz um toque de muita classe, mas a sua estadia em Olho de Boi, Almada, nos últimos tempos tem servido para se distender a solo na composição de novas canções e sonoridades sob a capa de um tal Captain Casablanca. A ideia de trazer gratuitamente até ao Porto os primeiros resultados de tamanha aventura teve estreia num Café Au Lait cheio e pronto a sorver a partilha, um serão bem disposto e informal e onde Clausen confirmou a sua larga experiência no contacto próximo com o público e no meio do qual, microfone na mão, foi apresentando as boas novidades de teor essencialmente electrónico, tudo culminado numa agitada pista de dança. Prometedor! A tal partilha repete-se amanhã pela baixa...





quinta-feira, 9 de novembro de 2017

UAUU #402

UAUU #401

NELS CLINE com ORQUESTRA DE GUIMARÃES, Centro Cultural Vila Flor, 8 de Novembro de 2017

A abertura da 26ª edição do Guimarães Jazz contou este ano com um espectáculo inédito entre nós. O magistral guitarrista Nels Cline trouxe parte do seu quinteto a que se juntou o guitarrista português Eurico Costa e a Orquestra de Guimarães para a reprodução parcial e ao vivo do álbum "Lovers". Ao comando esteve o maestro, mas também trompetista, Michael Leonhart e o serão foi uma lição calma e quase hipnotizante de variação musical sem data nem validade, um efeito que o referido disco contempla e que, a partir da apresentação de ontem, faz ainda mais sentido e explica a atenção, por exemplo, da ecléctica "Blue Note". Não houve, obviamente, deambulações rockeiras nem sucessivas trocas de guitarras como nos habituamos a ver nos concertos dos Wilco mas Cline, mesmo sentado e espartilhado pelas pautas, demonstrou toda a sua mestria e destreza. Bons exemplos, entre outros, foram "Snare Girl" dos Sonic Youth ou o inebriante "Lady Gabor" do húngaro Gabor Szabo, peças que parecem aleatórias na escolha mas que confirmam um free-spirit talentoso só ao alcance de alguns predestinados. Um excelente concerto, que nos obriga, como se deseja, a matutar sobre o que é isso do jazz, do rock ou da improvisação e que foi o ponto de partida certeiro de quase quinze dias que se adivinham de grandes transversalidades sonoras no ano em que se comemoram cem anos sobre a gravação do primeiro registo dito jazzistico!         

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

BADBADNOTGOOD & SAM HERRING, E VÃO TRÊS!














A parceria entre os miúdos BADBADNOTGOOD com Sam Herring dos Future Islands parece ser um filão infindável. Há agora uma nova "pepita" de nome "I Don't Know" com uma orquestração tão old-school que tem tanto de clássico como de glamoroso e que nos faz suspirar por um álbum inteirinho que, no fundo, prolongue o efeito. Aqui ficam as colaborações conhecidas... para já!   





KAMASI WASHINGTON, GRANDE!















Embora não parecendo, os trinta e seis anos do saxofonista norte-americano Kamasi Washington são desde 2015, com o primeiro álbum "Epic", uma garantia de maturidade e arrojo. O jazz bem lhe pode agradecer pelo retorno carimbado do chamado "cool jazz" que atinge no novo EP "Harmony of Difference", editado pela The Young Turks em Setembro passado, um destaque e uma dependência que, nosso caso, se tornou viciante - o disco, que em vinil já virou raridade, é um portento de géneros que vai da bossa nova ao funk orquestral ou quase kitch, sempre, mas mesmo sempre, sedutor e apaixonante. As seis peças foram pensadas e compostas como uma instalação multimédia destinada à bienal do Museu Whitney de Nova Iorque, tendo a parte principal de nome "Truth" recebido a colaboração fílmica do catalão A. G. Rojas. Um hino à tal harmonia da diferença mas, acima de tudo, à paz. Grande!


sábado, 4 de novembro de 2017

TOPS, Maus Hábitos, Porto, 3 de Novembro de 2017

O tão esperado serão super-pop a cargo dos TOPS teve ontem confirmação efusiva. Em pouco mais de uma hora de grandes canções, a banda mais que rodada e bem disposta conduziu o plateia numa viagem por temas dos três álbuns até agora lançados, um compêndio assinalável de perfeição sonora que atinge no último "Sugar At the Gate" um nível sublime. O alinhamento deu-lhe primazia óbvia mas faltou, no entanto, uma das nossas perdições chamada "Seconds Erased", lacuna que talvez se possa explicar por ser dos poucos temas que não tem na guitarra a trave mestra da sua composição. Essa prioridade exagerada foi, aliás, dos poucos reparos que podemos apontar ao concerto, não deixando respirar melhor quer o baixo quer mesmo os teclados, o que não belisca, de todo, o assinalável resultado final. A simpatia dos canadianos espelhados na voz e beleza da vocalista Jane Penny ficará, por muito tempo, bem gravado na memória de todos e teve na grande versão de "Brass in Pocket" dos Pretenders a cereja em cima, ou seja, no top do bolo delicioso!







Antes, houve ainda tempo para cerca de quinze minutos de aquecimento onde Jackson MacIntosh, o baixista da banda, estreou quatro temas do álbum a solo que chegará em Janeiro e que contou em palco com a ajuda de alguns dos parceiros. Há por aqui talento de sobra que podem desde já começar a descobrir, basta só experimentar este pedacinho... 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

UAUU #400

BOWIE, UM MUNDO MODERNO!

































Estas maravilhosas fotografias foram obtidas por Denis O'Regan em 1983, ano em que David Bowie realizou a sua mais bem sucedida digressão mundial, a "Serious Moonlight Tour". Ao longo de nove meses realizaram-se noventa e nove concertos em sessenta cidades diferentes de quinze países e foram vendidos mais de dois milhões e seiscentos mil bilhetes. Em Maio de 2018 será publicado um livro de edição limitada com uma selecção destas icónicas imagens aprovadas oficialmente e que receberá o nome de "Ricochet": David Bowie 1983". Com a chancela da Penguin Random House, casa que recentemente lançou uma biografia do artista a cargo de Dylan Jones, haverá uma edição exclusiva de grande formato com o preço insano de três mil libras esterlinas! Neste nosso mundo moderno, quem se chega à frente?

JAPANESE BREAKFAST DE SECRETÁRIA!

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

JOHN MAUS, Maus Hábitos, Porto, 31 de Outubro de 2017

A aparente estreia de John Maus no Porto (ok, fica a dúvida de anteriores passagens como músico do amigo Ariel Pink ou até com os Panda Bear) teve, como seria previsível, lotação esgotada. Sem conversas ou pausas, a catadupa de canções rapidamente pôs a plateia a mexer e o suor a correr, muito por culpa do forte baixo a cargo do mano Joe Maus, de um teclado gingão, da bateria certeira e da voz singular de John Maus, braços no ar incentivando ao motim. A resposta não foi das mais agitadas, mas notou-se o agrado do público perante o momento e pela proximidade proporcionada, talvez uma última oportunidade de ver o artista tão de perto antes de voos maiores que se adivinham e que, a confirmarem-se, serão inteiramente merecidos. Um concerto na hora Maus e no sítio Maus certos e onde, entre novas e velhas canções, se confirmou a força e futurismo de uma receita que contêm as doses adequadas de tradição pop e ambição sonora. Valeu!     



terça-feira, 31 de outubro de 2017

MACKAY & WALKER, SEGUNDA TENTATIVA!





















A amizade entre Bill MacKay e Ryley Walker, que tem a cidade de Chicago como terreno fertilizador, deu um primeiro fruto sonoro num disco onde o fingerpicking das guitarras assumia o comando da viagem. Entre baladas, blues e algumas trips psicadélicas, o álbum de 2015 chamado "Land of Planty" passou um pouco ao lado mas a dupla decidiu insistir na receita e, assim, um novo trabalho saiu já pela Drag City este mês de Outubro e do qual não se deve perder o rasto. Aqui ficam dois exemplos saídos de "SpiderBeetleBee", uma prova instrumental plena de tradição e talento.  



domingo, 29 de outubro de 2017

MARK EITZEL, Auditório de Espinho, 28 de Outubro de 2017

De regresso ao local do crime três anos depois, Mark Eitzel tem em Espinho um porto de abrigo notoriamente acolhedor e, certamente, inspirador. Recinto cheio e imaculado, público conhecedor e afável, praia, sol e gastronomia, incluindo as bebidas, de eleição, configurando talvez um dos poucos locais no mundo de teor tão perfeito e onde o artista se sinta "tão lá de casa" e preparado para que a sua música cumpra os desígnios certeiros de agrado, emoção e partilha. As canções foram, muitas delas, do novo e brilhante "Hey Mr. Ferryman" mas, claro, houve clássicos dos tempos dos American Music Club, principalmente a trilogia imprescindível reservada para os encores - "Blue and Grey Shirt", "Western Sky" e "Firefly". Não faltou, obviamente, a dose de sarcasmo e auto-comiseração obrigatórios em apartes, tiradas e gestos desconcertantes e humorísticos mas que por vezes roçam o incómodo e o indizível e que nos conduzem, sem o querermos, à risota sobre assuntos sérios como a morte, a doença ou a dependência, algo a que nos fomos, mal ou bem, habituando de forma inconsciente ao longo dos anos nos inúmeros concertos a que religiosamente nunca quisemos falhar. Não faltou, também, algum desacerto na afinação e entrosamento da guitarra com o restante trio instrumental, mas este é, desde sempre, um daqueles clássicos factos que Eitzel ignora e que só tem desculpa na intensidade e tensão com que se entrega ao espectáculo. Não faltou, mais uma vez, o vozeirão que engrossa e fermenta cada canção e que é, por si, só uma dádiva de rareza fina que continua a agarrar-nos, sem contemplações, a cada momento de cada serão como o de ontem. Cá o esperamos da próxima vez como se fosse a primeira...       











sexta-feira, 20 de outubro de 2017

PROTOMARTYR, IRRESISTÍVEIS!





















Lembramos bem a surpresa de ver e ouvir os norte-americanos Protomartyr em plena noite do Primavera Sound portuense do ano passado, uns impressionantes quarenta e cinco minutos de rudeza e força sonora fora de moda para alguns, mas cuja validade, para a maioria absorvente, deixou marcas. No novo álbum, o quarto, que saiu em Setembro sob o nome de "Relatives In Descent" não há surpresas quanto à receita escolhida - chamam-lhe sempre pós-punk - mas o paladar e consistência são agora, como alguém fez notar, ainda mais entranhantes! Pena que a futura digressão europeia de Novembro não chegue até cá. Para quem cresceu, como nós e por exemplo, com os The Sound ou os The Wedding Present, não há forma de resistir... 





Por falar nos The Wedding Present, o mítico disco de estreia "George Best" foi regravado sob o comando do mago Steve Albini em 2008, ficou a marinar à espera dos retoques até 2012 e surge agora em pleno passados trinta anos para continuar a bater forte!



quarta-feira, 11 de outubro de 2017

NICK GARRIE, CELEBREMOS!





















Os sinais dados nos últimos tempos têm agora confirmação - há um novo álbum de Nick Garrie chamado "The Moon & The Village" a sair em Novembro na Tapete Records, casa com sede na Alemanha e um exemplar melting pot artístico. O disco está, em partes pequenas, disponível para fruição aqui abaixo e nele estão incluídas pelo menos duas canções que o artista tinha feito sair em anos transactos - é o caso de "My Dear One" e "Got You In My Mind" - tendo ficado de fora uma outra entretanto registada de nome "Lone Ranger In The Sky". Ainda a suspirar com o excelente concerto que Garrie trouxe até aos Maus Hábitos em 2014, fica a nota da sua próxima passagem a 2 de Novembro pela cidade de Vic na agora tão badalada Catalunha, um regresso a Espanha depois de ter dado um concerto para alguns sortudos nas Grutas de San Josep (Castellón) em Julho. É o que se pode chamar a verdadeira Nick cave...


UAUU #398

terça-feira, 10 de outubro de 2017

11 ANOS DE TOQUES!

















A aventura que constitui este blog faz hoje onze anos! Quatro mil cento e quarenta e um posts depois, cá vamos arrastando, com gosto, a carroça... Abraço!

UM SÓ KISS!





















O duo californiano Kisses pode passar despercebido, mas aqui na casa sente-se há muito a sua falta. O último discos de originais já têm três anos e o gostoso sabor de bombons sonoros com este recheio ou ainda este, aumenta a salivação e consequente saudade. Mas a espera parece, em parte, ter terminado. O vocalista e principal mentor Jesse Kivel, sem sabermos sequer se a banda é coisa do passado ou se está em pousio criativo, avançou para um EP a solo a que chamou "Content" e que, segundo o próprio, aborda a lado errado de ter trinta anos (!) numa homenagem cruzada a Donald Fegan e Bob James (!!). O melhor é ouvir.




segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PVC - PORTO VINIL CIRCUITO #20





















Em plena Rua de Santa Catarina, mesmo em frente ao Café Majestic, abriu em 1956 a Arnaldo Trindade e Cª Lda, casa onde se misturava, na altura e como era tradição, a venda de electrodomésticos e discos das principais editoras europeias e até da mítica Motown americana. Mas o empresário que deu nome à empresa, nascido em pleno Bonfim, tinha outros sonhos para o negócio - a produção musical e um selo próprio que agregasse artistas nacionais e assim, desde cedo, a Orfeu haveria de fazer história no panorama da edição em Portugal. 

A lendária editora teve este ano direito a uma excelente exposição retrospectiva que decorreu até ao início de Setembro na Casa do Design em Matosinhos e onde, para além do destaque óbvio aos muitos artistas que por lá registaram as suas composições, foram homenageados uma série de designers ou fotógrafos que contribuíram para a afirmação e consistência do selo da Orfeu visível nas capas dos muitos discos editados. Pena que da mostra não tenha resultado um catálogo notoriamente obrigatório... 

O envelope que acima reproduzimos talvez tenha o dedo de algum desses "gráficos" saídos da Faculdade de Belas Artes da cidade, concebido a pedido do empresário visionário em plenos finais dos anos cinquenta já que o disquinho que estava lá dentro quando o adquirimos esquecido numa loja de amontoados diversos em plena Rua do Almada data precisamente de 1959 e é um raro EP de Carl Dobkins Jr. onde estão pérolas do rockabilly como "Lucky Devil" ou "Class Ring"! 

O lindo prédio é hoje ocupado ao nível da rua por mais uma seta avançada do império espanhol Inditex com uma solução moderna de recuperação, no mínimo, questionável, mas, pelo menos, o restante edificado apresenta-se vistoso e com uma brancura luminosa que contrasta com a negritude de muitos dos prédios vizinhos. O local, onde a Orfeu se manteve aparentemente até 1983, mereceria, por tudo isto, mais atenção patrimonial e talvez um dia alguém se lembre de lá afixar uma placa evocativa que prestigie uma história mítica e, principalmente, faça justiça eterna ao seu promotor e mentor Arnaldo Trindade!     

Arnaldo Trindade & C.ª. L.da, Rua Santa Catarina, 117, Porto 

Arnaldo Trindade & C.ª. L.da, Rua Santa Catarina, 117, Porto 


sábado, 7 de outubro de 2017

PHENOMENAL HANDCLAP BAND, FENOMENAL!





















Já lá vai tanto tempo que, muito sinceramente, tínhamos os Phenomenal Handclap Band dados como extintos! O colectivo americano, que em 2010 fez furor numa noite quente de verão em pleno relvado do C.C. Vila Flor em Guimarães, regressa, aparentemente, em formato duo: faz-se notar a presença de um dos seus principais impulsionadores, o luso-ascendente Daniel Collás (lembram-se de uma trip maravilhosa chamada "The Journey To Serra da Estrela"?), acompanhado de nova (?) parceira tal como surgem no facebook oficial. Por aí anunciaram a saída de um single de dois temas sob alçada da Daptone Records e que é um primeiro avanço de um álbum sustentado numa campanha de apoio público concluída com êxito. Mantêm-se uma sonoridade ecléctica numa mistura sedutora de soul, funk e psicadelismo que absorve influências sem limites como fazem questão de continuar a mostrar num blog cheio de surpresas. Fenomenal!



quarta-feira, 4 de outubro de 2017

DUETOS IMPROVÁVEIS #203

FIONN REGAN & THE STAVES
Euphoria (Regan)
Michelberger Music/Hotel, Hallway, Funkhaus, Berlin
Outubro de 2016

terça-feira, 3 de outubro de 2017

KOMMODE, MÚSICA À MODA ANTIGA!





















Entre a torrente de música nova do pós-férias vai-nos escapando aqui e acolá um disco ou artista que mereceria uma outra atenção e detalhe. Aconteceu no passado, vai continuar a repetir-se no futuro e não há nada como dar pela lacuna ainda a tempo de se fazer justiça. É o caso notável do disco "Analog Dance Music" dos noruegueses Kommode, ou seja, Erik Boe, o rapaz bem comportado que com Erlend Oye forma os Kings of Convenience. O projecto paralelo, que fez há mais de uma década as primeiras partes dos Whitest Boy Alive (o outro grupo do próprio Oye) em alguns concertos, regressou em Agosto com um segundo disco irresistível. Optimismo q.b., canções solarengas imaginadas no conforto do lar com instrumentos verdadeiros e que horas em estúdio transformam, milagrosamente e sem truques, em música polida à moda antiga. Como dizia a canção, "let your hips do the talking"... simplesmente!