terça-feira, 31 de março de 2020

AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #09














A carreira de John Prine tem quase cinquenta anos a fazer do country folk uma arma de protesto sarcástica contra as desigualdades sociais numa postura por vezes obscura mas efectivamente activa e que em 2018, e ao fim de anos no silêncio, fez soar "The Tree of Forgivness", um álbum de inéditos de primeira água largamente reconhecido. Agora com setenta e três anos, o músico de Illinois vê, contudo, a saúde a fraquejar pela doença Covid-19 numa infecção inicialmente problemática mas que parece ter estabilizado de forma positiva.

Para aumentar a esperança no seu restabelecimento, muitas têm sido as mensagens de solidariedade e conforto traduzidas em homenagens de músicos influenciados pelas suas canções como são o caso de Colin Meloy (The Decemberits) ou Jeff Tweedy (Wilco) mas deixamos por aqui uma trilogia no feminino de elevado calibre e que, pela sua redenção e beleza, é o melhor e mais comovente dos ex-votos e augúrios. Força!





UAUU #529

MEMORABILIA #20


















A colecção de t-shirts "Rock & Roll" acumulada ao longo de mais de duas décadas já merecia uma atenção de carinho e resguardo. Muitas delas não foram sequer usadas e poucas são relativas a compras no local do concerto, um hábito quase sempre substituído pela aquisição preferencial de um disco ou cartaz. Acresce que a maioria resultou da participação em passatempos de imprensa que, por exemplo, o "Blitz" ou "O Independente" promoviam semanalmente juntamente com as editoras e, por isso, tem o estatuto de um recuerdo oficial mas há exemplares que nos trazem à memória a simpatia de alguns amigos que se moviam e trabalhavam no meio jornalístico ou radiofónico e que sabiam da nossa paixão descontrolada por estas coisas.

O processo de "musealização" que já tínhamos iniciado há umas semanas atrás teve agora um epílogo adequado a que acrescentamos uma série de outras t-shirts relativas a séries de televisão ou filmes e até um pequeno conjunto desses adereços da marca "Metal Puro", uma aventura comercial de extrema qualidade que marcou durante alguns anos uma tendência de moda e bom gosto alternativo e nos trás tantas, tantas memórias como estas... 









segunda-feira, 30 de março de 2020

THE MOUNTAIN GOATS EM TELETRABALHO!












Na tentativa de manter um barco antigo a flutuar de nome The Mountain Goats, é a partir de Durham na Carolina do Norte que Joe Darnielle auto-impôs um recolhimento de segurança que não impede, contudo, a inspiração e a rápida partilha. Para já são duas as canções inéditas - "Exegetic Chains" e "For the Snakes" - que acabaram por ser apresentadas de forma remota e em regime flexível de teletrabalho, um filão infindável de onde, certamente, se fará uma selecção natural aprovada e aplaudida pelos fãs a incluir num qualquer novo álbum a surgir depois da tempestade...



sábado, 28 de março de 2020

AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #08





















Nos últimos meses notava-se a azáfama de Scott Matthews em planear da melhor forma e com tempo a edição do sétimo álbum de originais. Mas a agrura causada pelo adiamento das agendadas digressões e correspondentes mais valias levou o inglês a acelerar a saída do referido disco para Outubro mediante uma pré-encomenda já disponível a preço razoável na tentativa de obter os fundos necessários para a sua conclusão e comercialização.

Mesmo sem título ou capa - a imagem de cima é provisória - e do qual somente se pode ouvir abaixo um curto trecho de canção, a consistência da sua discografia e o talento há muito comprovado certamente proporcionarão que o risco no escuro se transforme numa certeira e compensadora dose de canções, daquelas que nos habitamos a venerar. Um aposta ganha... e em vinil de 180g! 

#AJUDAR


PIANO DAY, CELEBRE-SE!














A data de hoje marca a celebração do Dia do Piano, uma insistência anual saída da teimosia da Nils Fraham e que desde 2016 se espalha um pouco por toda a Europa e América do Norte mas que, infelizmente, continua sem adesões por terras lusas. O músico alemão aproveita, entretanto, o momento para lançar um novo álbum de oito originais a solo com o simples nome de "Empty" e que foi composto como banda sonora de uma curta metragem solicitada por um amigo. Largamos aqui um primeiro momento.



Atendendo às circunstâncias, os eventos agendados que podem escolher no site oficial prolongam-se até ao dia de amanhã numa imensidão de artistas e locais em formato virtual e à distância. Sugerimos o directo já a decorrer promovido pelo Canal Arte que engloba diversos concertos já gravados ou um festival da clássica Deutsches Gramaphon previsto para se iniciar pelas 14h00 com a participação de dez pianistas em ambiente caseiro e que engloba uma perfomance da nossa Maria João Pires.



sexta-feira, 27 de março de 2020

AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #07















Inevitavelmente, o concerto de Bon Iver marcado para o Altice Arena no próximo dia 14 de Abril foi adiado para data incerta mas, atendendo ao reagendamento efectuado para a nossa vizinha Espanha, o final do mês de Janeiro de 2021 será o período mais provável para a sua actuação lisboeta.

Passaram dez anos sobre a edição de "Blood Bank", um disco de quatro temas que marcou o pós-traumático "For Emma, Forever Go" e que tem já disponível uma versão com nova roupagem em vinil translúcido onde cabem outras tantas variações ao vivo inéditas registadas em 2018. Entretanto, com a situação de crise pelos E.U.A. em fase de agravamento sério, Justin Vernon irá doar 10% das vendas de merchandising no seu site a algumas organizações solidárias do Wisconsin, estado da sua Eau Claire natalícia.

# AJUDAR
AJUDAR



BOB DYLAN, SURPRESA ÉPICA!

São quase dezassete minutos de piano e cordas, sem guitarras, que preenchem o embalo nasalado de Bob Dylan sobre o assassinato de Kennedy em 1963 e os anos seguintes vividos pelo próprio numa canção grandiosa chamada "Murder Most Foul" que agora submerge em plena crise mundial. Trata-se do primeiro inédito do cantor em muitos anos - mais precisamente desde "Treasure", álbum de 2012 - onde se referem os Beatles, Franklyn, Woodstock, John Lee Hooker, Carl Wilson ou Altamont e dá muito que pensar... Enigmático e, como sempre, épico!

UAUU #528

quinta-feira, 26 de março de 2020

AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #06




















Começou ontem uma campanha de apoio às lojas de discos independentes britânicas mas que terá aplicação a um qualquer outro país ou região acometidos pela impossibilidade de circulação e aquisição directa. Comparado com outros constrangimentos e anomalias, o problema não é, obviamente, premente ou prioritário mas somado às dificuldades que muitas delas já evidenciavam antes da crise pandémica não será difícil adivinhar que, sem um resgate massivo, uma maioria acabará por ter que fechar as portas.

O movimento Love Record Stores, liderado por Jason Rackman do grupo PIAS que agrega a Mute, a Bella Union ou a Heavenly e que tem o forte apoio de Paul Weller, Bobby Gillespie ou Brittany Howard, pretende encorajar todos os fãs e clientes a realizar compras online de forma a colmatar o já pouco apuro diário que permitia, no entanto, a continuação de tão nobre actividade a fazer-nos lembrar uma das várias memoráveis cenas de "Alta Fidelidade"...

#LoveRecordStores

AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #05





















No passado Domingo decorreu um live stream no Instagram promovido a partir da Austrália por Courtney Barnett e a dupla Lucius e que resultou numa maratona de mais de quatro horas de música e partilha onde colaboraram, entre muitos outros, Sharon Van Etten, Bedouine, Kurt Vile, War On Drugs ou até Sheryl Crow!

A façanha está desde ontem disponível via youtube a partir do qual se podem escolher precisamente os artistas que queremos ouvir e ver, muitos deles a arriscar versões inéditas de Bob Dylan, Velvet Underground, Wilco ou Leonard Cohen. A iniciativa visou promover e multiplicar as doações ao fundo solidário Oxfam's Covid-19 Relief Fund.

#AJUDAR


AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #04





















O cancelamento da digressão agendada para Abril ao lado de Eddy Kwon And Orchestrating Dreams prevista para Abril pelo território americano levou o sueco Jens Lekman a promover durante esta semana uma série de concertos caseiros via Skype a que chamou "Quarentine Songs". Uma canção por dia com dedicatória especial que já contemplou fãs de Santiago do Chile ou Birmingam (UK)  mas que foram desfrutadas em directo por aficionados um pouco por todo o mundo. A inscrição individual pode ser registada aqui.

Entretanto, Lekman lançou o apelo no apoio a uma revista de rua chamada Faktum, cuja última edição tem o próprio em destaque na capa, alertando ainda para a necessidade de, em cada país e sem gente nas ruas, não ser esquecido o suporte a este tipo de publicações solidárias com os sem abrigo agora impedidos de realizarem o necessário isolamento. Por cá, certamente a nobre revista Cais fará de tudo para os ajudar. Todos contam!

#AJUDAR
#AJUDAR




JOAN SHELLEY, O CÉU SERÁ SEMPRE AZUL!












Agora que a Primavera chegou e que, no conforto do lar e com a acalmia forçada nas ruas, podemos ouvir bem melhor o chilrear das aves e notar as cores sempre surpreendentes das flores, nada como duas novas melodias que só Joan Shelley sabe fazer para encantar.

Talvez para nos distrair destes tempos que nos apertam, na semana passada surgiu "Between Rock & Sky", um tema a capella mesmo à espera que se lhe juntem outras e múltiplas harmonias a que se juntou agora "Blue Skies", um pulverizador eficaz de paz, saúde e harmonia em tons de azul, sempre o azul! 




quarta-feira, 25 de março de 2020

FAZ HOJE (20) ANOS #23










































PERRY BLAKE, Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra, 25 de Março de 2000
. Diário de Notícias, por Fernando Madaíl, fotografia de Luís Carregã, 27 de Março de 2000, p. 48
. Público, por Vitor Belanciano, 27 de Março de 2000, p. 29
. Jornal de Notícias, por Dina Margato, fotografia CD/JN, 28 Março de 2000, p. 41



AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #03





















O projecto "Music For Gloves" reúne uma dúzia de editoras discográficas independentes da vizinha Espanha, país particularmente afectado pela pandemia, que pretende comprar luvas e máscaras médicas destinadas aos profissionais de saúde dos já massacrados hospitais espanhóis a partir da disponibilização de temas inéditos e raros das suas bandas e projectos. Aqui ficam duas dessas pequenas casas de discos à espera de serem descobertas e mais que prontas para o auxílio.

#AJUDAR



AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #02





















Disponível desde segunda-feira passada, "Off-Key in Hamburg" reúne vinte peças do já considerável songbook de Father John Misty gravadas ao vivo na Hamburg Elbphilarmonie em Agosto de 2019 ao lado da Nova Filarmonia de Frankfurt. Os proveitos da aquisição à distância revertem para o fundo MusicCares Covid-19.

#AJUDAR

terça-feira, 24 de março de 2020

AJUDA@MÚSICA@AJUDAR #01





















Multiplicam-se as iniciativas solidárias de ajuda no combate à pandemia global causada pela doença Covid-19. Por aqui tentaremos dar conta e nota de algumas que envolvem o mundo afectado da música e dos músicos que sugerem seriedade e, acima de tudo, urgência.

Os Dirty Projectors comandados por David Longstreth registaram uma nova versão da canção "Isolation" de John Lennon incluída no seu primeiro álbum a solo "Plastic Ono Band" lançado em 1970. As receitas obtidas através da aquisição do tema em formato digital serão directamente encaminhadas para o fundo MusiCares Covid-19 da Recording Academy norte-americana.

#AJUDAR

sexta-feira, 20 de março de 2020

THE RADIO DEPT., GUITARRAS SEM MEDO!





















O regresso dos The Radio Dept. anunciada no início do mês passado evidenciava o óbvio - o amor pelas guitarras continua a fazer efeito pegajoso muito mais sedutor que a arriscada tendência techno de "Running Out of Love", álbum de 2017. Há agora uma prova-dos-nove definitiva através de "You Fear the Wrong Baby", novo tema hoje lançado onde pairam riffs e linhas de guitarra à moda antiga que foram, desde sempre, a marca da dupla sueca. A imagem de capa não deixa dúvidas...

Apesar do título sugerir uma suposta resposta aos tempos confusos que vivemos, a coincidência remete simplesmente para a força que qualquer juventude deve fazer sobrepor a conservadorismos bacocos e retrógados que a espuma dos dias, mesmo por cá, tem arrastado de forma inconveniente. No fear guitars

quinta-feira, 19 de março de 2020

JFDR, O SONHO COMANDA A VIDA!





















No solarengo ano da graça de 2017 a misteriosa islandesa Jófriour Akkadóttir fez-nos duas visitas de cortesia em poucos meses para sorte dos nossos ouvidos e sensações. Em Espinho, na primeira das aparições em Março, desenvolveu com o projecto Pascal Pinon um género de estadia artística que resultou na estreia de alguns novos temas ao vivo com a colaboração de um jovem quarteto de cordas da academia de música espinhense e que teve em "My Work" uma pérola de calibre elevado à espera de ser polida apropriadamente num qualquer estúdio mas que já na altura nos "especou" na cadeira...  Voltaria no trimestre seguinte ao Convento Coprus Christi gaienese para mais uma sessão de magia em versão solitária sob o nome de JFDR e que mereceu também a privilégio na estreia de alguns inéditos (p ex."Dive In", uma canção então sem título conhecido). 

Ora, foi precisamente o estonteante "My Work" o primeiro dos avanços do novo álbum agora editado e que teve imediato e magnífico video a fazer jus à grandeza de uma canção/ilusão que deverá constar sem esforço nas listas de final do ano. É que não conseguimos parar de a ouvir!

O disco de assinalável beleza tem o título de "New Dreams" e incluiria uma suspirada apresentação ao vivo programada para o sempre recomendável Auditório de Espinho no dia 30 de Maio no âmbito de uma digressão pela Europa que foi hoje previsivelmente adiada. Só esperamos que o raio destes tempos estranhos e medonhos passem depressa para que seja possível remarcar o feitiço e pôr-nos a sonhar... Já chega de pesadelos!



FAZ HOJE (30) ANOS #22

























B. B. KING, Coliseu do Porto, 19 de Março de 1990
. O Primeiro de Janeiro, por Rodrigo Affreixo, fotografias de Carlos A. Tavares, 20 de Março de 1990, p. 32



quarta-feira, 18 de março de 2020

FAZ HOJE (32) ANOS #21

































LLOYD COLE & THE COMMOTIONS, Pavilhão Infante Sagres, Porto, 18 de Março de 1988
. Díário Popular, por Manuel Neto, fotografias de Fernando Oliveira, 19 de Março de 1999, p. 22 e 23
. O Primeiro de Janeiro, por Eduardo Corte Real, 20 de Março de 1988, p.?
. A Capital, por Ana Rocha, fotografias de Sofia Pinto Coelho, 22 de Março de 1988, p.?




sábado, 14 de março de 2020

VAMOS LÁ, FIQUEM EM CASA!

























Em casa é quase sempre onde estão os livros que mais gostamos, os filmes que mais gostamos, os discos que mais gostamos e, muitas vezes, as pessoas que mais gostamos. Por isso, fiquem em casa a gostar ainda mais deles e delas para segurança de todos. Não custa nada!
#STFH   

quinta-feira, 12 de março de 2020

O TERNO, A REINAR NA/NO PRIMAVERA!

No passado dia 7 de Junho, em pleno Parque da Cidade portuense, não foram poucas as vezes que encontramos o gigante Tim Bernardes e os outros dois comparsas ao nosso lado a assistir a concertos, na fila da cerveja ou no corre-corre entre palcos. O trio O Terno tinha estreia ao vivo no dia seguinte no arranque do último dia do Primavera Sound e aproveitou a estadia antecipada para reinar pelo festival e, confirma-se agora, registar em Super 8mm da câmara do amigo André Dip um conjunto de imagens que servem de suporte ao novo video para o tema "Eu Vou" do magnífico álbum "atrás/além".

O tal concerto haveria de correr beleza e teria depois até uma curta continuidade com a passagem pelo Gente Sentada bracarense de Novembro último e que pôs muitos a suspirar por uma dose mais reforçada desta toada paulista que não se cansa de crescer e entranhar. Alto astral... ouça-se, já agora, o inédito "Só Nós Dois" que Bernardes fez o favor de oferecer à galera no finalzinho de 2019! 



quarta-feira, 11 de março de 2020

UAUU #527

VANISHING TWIN, VAMOS PÁ PISCINA!





















O quinteto Vanishing Twin com sede em Londres é o exemplo perfeito dos actuais tempos sem fronteiras e onde nacionalidades distintas como a Bélgica, Itália, Japão, França e E.U.A. não constituem qualquer obstáculo a uma colaboração artística profícua iniciada em 2015 e que teve no álbum do ano passado, o segundo, o culminar saboroso de uma aventura especial. Com "The Age of Immunology", um título quase profano nos dias agitados que vivemos, afirma-se um experimentalismo psicadélico e arty de elevada penetração sonhadora que deve ser consumido sem receios e cujo o efeito, atendendo à fase de vigoroso florescimento, é imediatamente absorvido.

A jogar forte nessa disseminação benigna, a banda tem uma digressão pela América do Norte agendada para o final do mês para a qual pede a ajuda material na aquisição de um sete polegadas de vinil propositadamente azul com quatro novos temas e rotulado de "In Piscina!" como se confirma na imagem da capa e no título de um dos temas instrumentais a lembrar-nos o eterno e incontornável refrão de "Dá Fundo" dos GNR!
     
Atendendo a que a banda tem concerto marcado no festival Tremor açoriano para o dia 4 de Abril, isto é, se entretanto não se confirmarem adiamentos ou cancelamentos, talvez o mergulho nas águas tratadas de uma piscina qualquer de São Miguel venha a ser substituído por uma emersão térmica numa das reconfortantes caldeiras naturais das Furnas...

terça-feira, 10 de março de 2020

THE WHITEST BOY ALIVE, ELES VIVEM!















O notório pousio prolongado dos saudosos Kings of Convenience suscita óbvios "bichinhos carpinteiros" em Erlend Oye que não sabe estar parado. À anunciada digressão com novas canções e versões ao lado dos amigos sicilianos La Comitiva junta-se agora a confirmação de uma reunião do projecto The Whitest Boy Alive, projecto fundado em 2003 com uma dupla de músicos alemães responsável por dois excelentes álbuns separados por cinco anos de interregno e que chegou a actuar em Paredes de Coura em 2012.

A extinção e suspensão oficial da colaboração que aconteceu em 2014 tem, afinal, pernas para continuar a andar como o prova o reatar dos concertos ao vivo pela América do Sul em Novembro passado, período aproveitado para uma estadia de trabalho visível na fotografia de cima registada pelo produtor local Nicolas Btesh em pleno estúdio El Mar situado no bairro de Villa Crespo, centro da capital argentina, Buenos Aires. Assim, a editar na Bubbles Records nos próximos dias, aqui fica "Serious" como primeira amostra da retoma. Quem sabe, sabe...    

3X20 MARÇO
















segunda-feira, 9 de março de 2020

THE CLEMENTINES, DUETOS EM FAMÍLIA!





















Do casamento de Benjamin Clementine com Flo Morrissey, melhor, Flo Clementine, nasceram já um menino, Julian, e uma menina, Helena, no que parece ser uma família feliz a viver na casa de Ojai, Topanga, California, tal como se apresentaram publicamente aquando da uma reportagem da revista GQ no início do verão passado e que foi devidamente ilustrada por imagens ficcionadas então registadas com o patrocínio de uma afamada marca de luxo.

Notava-se nelas a emergência e cumplicidade de uma colaboração efectiva destes dois músicos de ascendência britânica que foi depois baptizada oficialmente sob o nome de The Clementines e de que em Fevereiro saltou o primeiro single "Calm Down", tema que parece fazer parte de um disco maior. Há agora um video curioso onde se confessam os artistas favoritos e a confirmação de uma digressão já com datas de estreia ao vivo marcadas para Abril pela West Coast e, quem sabe, com próximas extensões europeias...



sábado, 7 de março de 2020

POLIÇA, Casa da Música, Porto, 5 de Março de 2020

Ao projecto Poliça liderado por Channy Leaneagh associamos, desde sempre e involuntariamente, um misterioso manto de encanto. Quase uma década depois do início de actividade artística à volta de uma sonoridade apurada de pop sintetizada, nunca foram muitas nem as notícias nem as excentricidades de uma banda acarinhado por Justin Vernon e que, na sua essência, não pareceu nunca querer mais que escrever, gravar e tocar ao vivo as suas canções.

A oportunidade em estreia nacional afigurava-se, assim, a ideal para a percepção deste enigma dimensional e, já agora, funcional que pode ser obtido de duas baterias simultâneas e um baixo e onde as guitarras não entram para primazia de uma variedade de loops e overdubs. À convocatória para a sala vermelha respondeu uma bem preenchida plateia em pé, assumindo os riscos de um desconhecido território sonoro ao vivo mas, por isso mesmo, sedutor e atractivo e que teve na penumbra do palco das primeiras canções um inquietante preâmbulo preenchido somente pela força dos instrumentos e de uma voz ora adorável ora estranha que fez, por exemplo, de "Lime Habit" um irresistível momento de partilha.

Quando um céu de pequenas luzes caiu no fundo ondulado do recinto mesmo antes de "Driving" como que se acenderam as velas de uma cerimónia de tensão crescente e que, ao nosso gosto, teve em "Dark Star" um hino maior que, por si só, valeria e justificaria a presença. O hipnotismo haveria de se manter até ao fim num jogo alternado de "love songs" e convites à dança culminado com "Trash in Bed", um agitador variado de serpenteios e movimentos que, mesmo sem bola de espelhos mas com chuva de estrelas, nos fez lembrar muitas madrugadas trepidantes e tripantes por históricos bares da Ribeira. Valerá sempre a pena chamar a Poliça! 

quinta-feira, 5 de março de 2020

WILLIAM TYLER, MUGIDOS À GUITARRA!





















A audição prazenteira da música de William Tyler já por muitas vezes nos tinha sugerido o desabafo mudo "isto acentava como uma luva em tantos filmes!". A experiência, no conforto de uma audição sonolenta antes do descanso ou a três dimensões num auditório a preceito, acelera imagens e bons sonhos que talvez tenham despertado o interesse do realizador Kelly Reichardt para formular o convite ao guitarrista de Nashville para compor alguma música a incluir na película "First Cow" que estreia amanhã pelos E.U.A.. 

Dos oito andamentos à guitarra propostos por Tyler não se conhecem, para já, nenhuns dos acordes, tendo o trailer promocional da película usado um tema antigo - o magnífico "Highway Anxiety" do álbum "Moden Country" de 2016 - que desperta óbvia curiosidade sobre o resultado final de um enredo imerso na grandeza da América rural e que segue a história de um cozinheiro e de um imigrante chinês em acordo comercial na tentativa de enriquecer no território de Oregon pelo simples mugir do leite produzido por uma única e rara vaca... Não temos qualquer informação sobre uma data hipotética para a estreia do filme pelas nossas bandas mas sabemos que lá para o verão está prometida a edição em vinil desta música original pela nobre Merge Records

quarta-feira, 4 de março de 2020

UAUU #526

KEVIN MORBY, NA HORA!

Uma das peças de colecção do último álbum "Oh My God!" de Kevin Morby contemplava, para alguns sortudos que jogaram na antecipação das encomendas, a inclusão de um sete polegadas de vinil com mais dois temas inéditos, ambos de qualidade indiscutível mas só acessível em reduzido número e que implicava um gira-discos funcional...

Pois bem, esses pedacinhos - "I Was On Time" e "Gift Horse" - estão agora disponíveis digitalmente e, por isso, em vias de disseminação merecida e deleite compensador. Lembrete: Morby e companhia estarão no SBSR do Meco, Sesimbra, no próximo dia 17 de Julho. 



terça-feira, 3 de março de 2020

DAMIEN JURADO, O CONSISTENTE!





















Elevando a consistência na composição ao habitual nível de excelência, ora aqui está a notícia de um novo álbum de Damien Jurado, o terceiro nos últimos três anos só para manter as contas certas. Com "What's New, Tomboy?" a sair na bonita casa Mama Bird Recordings de Portland no próximo dia 1 de Maio, dia do trabalhador atarefado, há como um regresso a uma sonoridade mais descontraída, positiva e soalheira um pouco distante de alguma negritude e sofrimento que flutuava nos mais recentes trabalhos. Ouçam, como prova, o primeiro avanço "Birds Tricked Into the Trees".

Prevemos, entretanto, que a próxima notícia neste blog sobre Jurado será a confirmação suspirada do seu regresso ao vivo para o que adiantamos o mês de Julho como forte hipótese atendendo às datas europeias já confirmadas. Vai uma aposta?     

segunda-feira, 2 de março de 2020

KELLY FINNIGAN & THE ATONEMENTS, Auditório de Espinho, 29 de Fevereiro de 2020

O verdadeiro groove que emana de uma banda soul parece um desígnio fácil e banal mas, como em tudo, há sempre um melhor que muitos outros, o tal de casta genuína a tresandar a pureza vintage que já experimentamos em êxtase perante a eficiência e a fineza de Sharon Jones ou Charles Bradley e que, infelizmente, jamais se repetirá. Foi a pensar neles e no seu legado que nos sentamos na fila da frente para a estreia afortunada de Kelly Finnigan em Portugal.

Não demorou muito tempo a perceber o calibre, o tal, do colectivo espalhado de forma clássica em cima do palco e que responde pelo nome de The Atonements - a bateria motorizada bem no centro, os dois magistrais metais na lateral esquerda, o duo de cantoras imprescindíveis do lado direito escoltado por um trio eléctrico gingão de baixo e guitarras e onde se destacou a destreza de Joe Crispiano, só por si uma dádiva certeira que já vimos brilhar com os The Dap Kings noutras memoráveis ocasiões. Ao comando, sentado atrás do seu Korg, Finnigan teve desde logo a equipa em nítido controlo e esplendor de uma ondulante vibração ora soft ora rough de irresistível contágio, uma máquina imaculada de acelerar energias e emoções mesmo que o convite formal para a dança e agitação que se impunha tenha demorado uma boa meia hora...

Provou-se assim que, apesar de uma aparente estreia tardia nos álbuns a solo que se verificou em 2019 e que foi o fio condutor da celebração, o pedigree artístico (Kelly é filho de Mike Finnigan, teclista em álbuns de gente graúda como Joe Cocker ou Jimi Hendrix) e a experiência acumulada nos Monophonics desde 2012 deste jovem soul man quase quarentão resultam já num verdadeiro animal de palco de inatas capacidades vocais e, acima de tudo, com um zelo e vigor de quase duas horas que poderemos comparar com nomes célebres já desaparecidos e venerados. Finnigan pode não ser, para já, uma lenda viva mas que acertou no bom e estreito caminho para lá chegar, disso não temos dúvidas... Oh yeah!

JENNY LEWIS DE SECRETÁRIA!