quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

UAUU #176

(RE)LIDO #58





















FIVE LEAVES LEFT
de Courtney Seiberling. California: The Antar Press, 2010
Um livro de bolso, tamanho postal, com setenta páginas tem algumas vantagens. Lê-se num ápice, leva-se para todo o lado e não ocupa muito espaço nas estantes. O tamanho da letra terá que ser obviamente pequeno, o que neste caso assume proporções microscópicas de leitura proibitiva em ambientes pouco iluminados, correndo-se ainda o risco de lhe perdermos o rasto no meio dos cobertores, nas frinchas dos sofás ou... num bolso de um casaco. Se o tamanho não importa (ups!), as capas e títulos ajudam a chamar a atenção. Courtney Seiberling parece que recebeu de prenda do namorado os três discos de Nick Drake e, claro, gastou-os até à exaustão, mordeu os lábios muitas vezes e imaginou cenários para as canções. Para o seu primeiro livro escolheu, então, o também primeiro álbum de Drake como fonte inspiradora, dando-lhe o mesmo nome e uma capa de motivos e cores indisfarçáveis. As histórias que decidiu contar são tantas como os temas do álbum, os mesmos títulos e sequência, chegando ao pormenor de separar o livro um (Lado A) do livro dois (Lado B)... Há personagens como Betty em "River Man", Mary Jane em "Thoughts of Mary Jane", um Jeremy em "Three Hours" e cada narrativa vale por si, sem implicações ou conexões, de geografia variada que pode ser Londres, Paris, Pensilvânia ou Bled (Eslováquia)! Como no disco, transpira algum sentimento de tristeza e desalento, não havendo nenhum final feliz para nenhum dos relatos e embora, como notado, não se queira (nem podia) explicar as canções, o resultado é titubeante. Ou seja, uma boa ideia impressa, ao que parece, no vale da morte californiano e onde ela, a morte, é mesmo a indesejada personagem principal. Mas essa, o próprio Drake cantou-a como ninguém!       


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

CAETANO VELOSO, UNS REPAROS













Já repararam que o cartaz do Primavera Sound de Barcelona é fabuloso?
Já repararam que Caetano Veloso está lá?
Já repararam que Caetano marcou concerto para Abril em Lisboa?
Já repararam que não marcou para o Porto?
Já repararam que o Primavera do Porto repete artistas de Barcelona?
Já repararam que às tantas teremos o Caetano no festival portuense?

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

SORTUDOS!















Uma plateia em reboliço com McCartney, Ringo ou Yoko Ono a "abanar o esqueleto" e no palco, meu deus, Nile Rodgers com pedacinhos de "Le Freak" e Stevie Wonder com mais pedacinhos de "Another Star"... Na cabine, os responsáveis e vencedores da noite dos Grammys, os maiores, os Daft Punk! IMPERDÍVEL!

CUCURUCU!





















Quando Nick Mulvey decidiu deixar para trás os grandes Portico Quartet a aposta era clara - uma carreira a solo como escritor de canções de um brilhante instrumentista de hang como tivemos a sorte de presenciar aquando da digressão nortenha de 2010. A partir da separação no ano seguinte, Mulvey publicou entretanto dois EP's, tocou com diversos artistas, chegando a abrir espectáculos para Laura Marling na tour do verão passado. Aproxima-se agora a edição de um novo single chamado "Cucurucu" inspirado no poema "Piano" de DH Lawrence que terá uma primeira tiragem de vinil assinada pelo artista e para o qual há agora um assinalável video ilustrativo de uma grande canção! 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

CAETANO MULTISHOW!





















O grande disco "Abraçaço" de Caetano Veloso tem agora uma nova versão ao vivo quer em DVD quer em CD captada em 2013. Recriam-se antigas canções e apresenta-se o novo e consistente reportório, surpreendente até para o próprio! Desde ontem, o alinhamento de 24 temas ficou disponível no Vevo oficial e foi de lá que escolhemos estas três pérolas. Mas há mais, muito mais... 





PVC - PORTO VINIL CIRCUITO #3





















Não temos a certeza se a Peggy foi a primeira discoteca do Porto a ser instalada num centro comercial, embora seja o mais provável. O Shopping Centre Brasília inaugurado em 1976 é ainda o mais antigo da Península Ibérica, mas a memória de lojas de discos no centro comercial pensamos ser mais recente. Sem explicação, sempre associamos a Peggy a uma "dissidência" da Tubitek da baixa e o que nos lembramos é de um espaço agradável com discos que não se encontravam facilmente e de sermos atendidos por uma simpática senhora. Da loja com nome de cantora country resta hoje no Brasília o número, o 49, transformada que está num género de "tem tudo" barato com nome asiático e ainda com alguns clientes... Da Peggy, para a história, ficaram pouco discos trazidos para casa já que os preços eram claramente mais caros, mas recordamos a felicidade de "embolsar" o álbum homenagem a Woodie Guthrie & Leadbelly e onde estava esta maravilha.... Jesus Cristo!

Peggy, Shopping Center Brasilia, Porto
Peggy, Shopping Center Brasilia, Porto
Peggy, Shopping Center Brasilia, Porto



GOLDFRAPP NO GRANDE ECRÃ
















A noite do próximo dia de Carnaval, 4 de Março, promete ser especial: está marcada a transmissão simultânea em cinemas de todo o mundo de um filme inspirado nas histórias que Goldfrapp conta em cinco das canções do último "Tales of Us", a saber, "Stranger", "Laurel", "Jo" e os já previamente conhecidos "Drew" e "Annabel". A película foi criada pela própria Goldfrapp com a contribuição da escritora Lisa Gunning responsável, por exemplo, pelo argumento de "Nowhere Boy" que conta a história de John Lennon. Prometida está também, na mesma sessão, a transmissão de um concerto que incluirá algumas destas canções e uma selecção de clássicos da artista. A lista de locais aderentes ainda não foi divulgada e poderá ser confirmada muito em breve no site do evento.   
   

domingo, 19 de janeiro de 2014

CASS McCOMBS, Casa das Artes, Vila Nova de Famalicão, 18 de Janeiro de 2014
















Para início de ano no que aos concertos ao vivo diz respeito, não haverá certamente muitas reclamações a fazer. Cass Mcombs e companhia quase brincam com o reportório e por isso as escolhas das canções vão-se diferenciando noite após noite pelo estado de espírito e o... feeling! Sendo assim, não houve, como em Lisboa, o "County Line" a abrir, guardado ocasionalmente para mais tarde, mas não faltaram peças de calibre para que a rendição fosse quase imediata. Do pedregulho "Love Thine Enemy" até ao inebriante "Buried Alive" e aquela incrível slide guitar, passando pelo já clássico "Morning Star" ou a boa surpresa "That's That", antes da saída de palco, seria penoso escolher um alinhamento perfeito. Entre as faltas notamos a recente "Brigther" mas tocou-se "Dreams Come True Girl", mais antiga e, que mesmo sem a colaboração original de Karen Black, surgiu por aqui numa portentosa lentidão respondendo, ao que sabemos, a um pedido de véspera de uma fã que em Aveiro reclamou, e bem, a pérola! Faltou ainda para alguns, mais simpatia e interacção com a plateia, mas a postura do artista é clara - são as canções que devem falar. Nem mais e por isso mesmo, o "County Line" já no encore merecia (isto é uma reclamação) uma versão um pouco mais apurada e cuidadosa, nada que belisque, contudo, uma noite de excelência.     



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

UHMMMM!

























»»»»

MEMÓRIAS #12

Foto: Camera Viajante















A longa espera por um concerto ao vivo de David Sylvian acabou em Setembro de 2001. Vivia-se a fase da colectânea "Everything And Nothing" mas foi o magnífico "Dead Bees on a Cake" que serviu de fio condutor de uma noite memorável sentadinho numa tribuna do Coliseu. O bocadinho abaixo, do tempo em que os telejornais ainda se davam ao trabalho de fazer reportagem, apresenta imagens do Coliseu de Lisboa mas os testemunhos de músicos portugueses perfeitamente rendidos, tal como nós, foram captados no átrio do Coliseu do Porto...           

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

APRESENTAM-SE OS SCHOOL OF LANGUAGE

Os manos David e Peter Brewis, que nos habituamos a venerar quando se juntam nos Field Music, não gostam nada de ficar parados. Depois do magnífico "Plumb" de 2012, houve já tempo para uma misteriosa banda sonora para "Drifters", um documentário mudo do escocês John Grierson datado de 1929 com apresentações ao vivo para breve e ainda uma digressão com Eleanor Fridberger que tivemos a felicidade de ver e ouvir na Casa da Música em Outubro passado. Mesmo assim e em paralelo, há ainda os projectos a solo - o do guitarrista David Brewis de nome School of Language tem sequência prometida para Abril com "Old Fears", o segundo álbum de originais desde 2008. Até lá, podemos ir ouvindo e guardando "Between the Suburbs" com a promessa de que um 7" de vinil com mais cinco temas extra estará, na altura, à nossa espera...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

DUETOS IMPROVÁVEIS #185

BRUCE SPRINGSTEEN & JIMMY FALLON
Born To Run (Springsteen)
Late Night With..., 14 de Janeiro de 2014 

UMA CANÇÃO BRILHANTE

















A parceria fantástica de Cass McCombs com Karen Black no tema "Brighter!" incluída no último "Big Wheel And Others" serviu, infelizmente, de homenagem póstuma do músico à actriz entretanto falecida em Agosto passado. Agora há um video para a posteridade que marca uma das canções do ano aqui para a casa! Ficamos ansiosamente à espera de um sete polegadas mais que merecido e também do concerto que se aproxima em Famalicão!     

UAUU #172

3X20 JANEIRO












terça-feira, 14 de janeiro de 2014

RICK, O BARBA RUIVA





















Andamos há meses a ouvir "No Selfish Heart" com a pulga atrás da orelha... Aquela voz, onde é que raio ouvimos aquela voz de um tal Rick Redbeard? Não foi difícil responder e em três segundos o google dava a resposta - trata-se da estreia a solo de Rick Anthony, frontman da escocesa Phantom Band entretanto desaparecida desde 2009. Nesta maravilhosa versão solitária e melancólica, com Cohen, Springsteeen, Cave ou Cash como fonte inspiradora, há nas paisagens sonoras e ambientes outros nomes como Gordon Lightfoot e até John Denver para nos toldar o encantamento. De princípio ao fim, um trabalho enorme que escapou aos eleitos do ano passado, mas que de tão tocante se tornará, merecidamente, glorioso e intemporal!    
           


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

BOWIE, O REBELDE





















Enquanto aguardamos a oportunidade de deitar a mão a "Sorrow", mais um picture disc de sete polegadas evocativo do "40th Anniversary" de David Bowie, a Parlaphone Records anuncia já um outro para Março, o sétimo da série iniciada com "Starman"! Trata-se de "Rebel Rebel", editado originalmente a 15 de Fevereiro de 1974 e que tem duas fotografias da sessão mítica que passou esse mês pelo programa Top Pop gravado em Amesterdão. Rebel rebel, you've torn your dress...



quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

UAUU #171

(RE)LIDO #57





















GEORGE HARRISON 

LIVING IN THE MATERIAL WORLD 
de Olivia Harrison. New York: Abrams, 2011
Entre a infindável bibliografia sobre os Beatles antes e depois da separação e imaginando nós um corredor de estantes virtuais sobre o assunto, as publicações sobre George Harrison não ocupariam certamente muito espaço. Os restantes Fab Four sempre foram mais badalados e atraentes como fonte inspiradora de biografias, análises e pesquisas reveladoras de pormenores e episódios e muito estará eternamente por contar. A palavra "definitivo" é um epíteto proibido no que aos Beatles diz respeito, mas ao folhear este volume foto-biográfico de Harrison quase que arriscamos dizer que, sobre ele, este será "o" livro por onde se deve começar e acabar. Um arquivo pessoal de imagens da sua autoria a que se acrescentam comentários, cartas, diários e alguma memorabilia, tudo numa seleccão carinhosa e de bom gosto da sua esposa Olivia Harrison, permitem uma viagem visual convincente e abrangente sobre as suas paixões, projectos ou cumplicidades - a obsessão pela guitarra em Liverpool, os anos com os Beatles, a Índia e Shankar, o concerto percursor a favor do Bangladesh, as corridas e os bólides, passando pelos Travelling Wilbury, os Monthy Pyton ou a aposta quase mecenática na Hand Made Films, há neste volume uma riqueza tocante e até comovente que ressalta em contínuo da primeira à última página. Sobra, mesmo assim, um mistério intrínseco que, nas suas palavras, se confirma talvez intencional e sedutor: "I play a little guitar, write a few tunes, make a few movies, but none of that's really me. The real me is something else." (p.380). Algo no caminho...  

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

MEMÓRIAS #11





















Corria o ano de 1994 quando ouvimos na rádio a Kate Bush a cantar o clássico "The Man I Love" no que parecia uma versão de estúdio bem gravada e superiormente produzida. A curiosidade levou-nos ao disco "The Glory of Gershwin", uma demanda arriscada que reuniu artistas famosos dessa época para livremente escolherem canções do famoso compositor destinadas a um álbum evocativo dos oitenta anos de Larry Adler, um amigo dos próprios Gershwin's. A aventura, produzida por Sir George Martin, era uma saborosa surpresa que, para além de Bush, tinha nomes como Elvis Costello, Peter Gabriel, Courtney Pine ou Sting, embora Meat Loaf ou John Bon Jovi também se tenham juntado sem desprimor à festa. Mais tarde, a RTP2 passou um documentário longo onde se contava a história íntima de cada um dos temas entre diversos depoimentos dos próprios George Martin e Larry Adler e dessa oportunidade conseguimos "salvar" dois momentos - o da jovem Sinéad O'Connor a sair brilhantemente de alguns apuros e o do experimentado Robert Palmer a acelerar, sem receio, o ritmo!      



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

CALLAHAN, DUB TOTAL!





















Se em Agosto passado já tinha parecido weird que o magnífico "Dream River" de Bill Callahan tenha sido antecipado por um 12" com duas versões dub de canções do álbum, maior será ainda a estranheza para a edição que se avizinha de "Have Fun With God", ou seja, o disco na sua totalidade reconvertido para o tal dub! A Drag City, a brincar (com Deus?), chama-lhe agora MC B.C.. Seja! 

UAUU #170

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

ED HARCOURT, NOVOS TEMPOS




















Está desde hoje disponível, por via digital, um inédito mini-álbum do magnífico Ed Harcourt. São pouco menos de trinta minutos e seis temas, entre os quais está "Parliament of Rooks", uma colaboração com Kathryn Williams, cantautora de Liverpool com um excelente disco, mais um, editado em 2013 chamado "Crown Electric" (ouça-se, p. ex. isto...) e onde Harcourt se apressou a participar. Assim, depois de "Back In The Woods" é tempo de "Time of Dust"...



DUETOS IMPROVÁVEIS #184

CHROMEO & TORO Y MOI
Come Alive (Chromeo)
single, álbum "White Women", 2014

domingo, 5 de janeiro de 2014

UMA INSPIRAÇÃO!





















»»»»»

EUSÉBIO (1942-2014)





















Crescemos com o Eusébio já como uma lenda viva que era sempre recordado pela família mais próxima com entusiasmo, fossem portistas, sportinguistas ou benfiquistas. Do herói do Mundial de 1966, esse momento de glória de um país cinzento, fomos admirando aquelas imagens a preto-e-branco com os sprints, os dribles, os golos. Mas há uma fotografia, esta acima, que julgamos saída da máquina de Nuno Ferrari, que diz tudo e sempre nos impressionou pelo que demonstra - humildade, ambição, querer! Tudo o que deve ser o desporto. Paz, Pantera Negra!        

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

NOVA DE THOMAS FEINER, SHHHHHHH PUM!





















Ainda agora começou 2014 e já temos uma nova canção do amado Thomas Feiner! Chama-se "The Gospels", tem a parceria de Fyfe Dangerfield dos Guillemots e é, segundo o artista, um hino à moda antiga com ecos de Tom Waits, Andrew Sisters e, possivelmente, dos Abba. Que estourem foguetes!