terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

UAUU #677

SESSA, ESTRELA BRILHA EM MAIO!

















O brasileiro Sessa tem regresso marcado ao Porto para o dia 23 de Maio, embora a notícia do Público que o anuncia não seja esclarecedora quanto à definição do local - Plano B ou Auditório COOP? 

A visita servirá para a apresentação de muitas das canções do disco do ano passado "Estrela Acesa", um privilégio que teve já estreia antecipada aquando do concerto nos Maus Hábitos em Abril último. A insistência é bem-vinda! 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

RODRIGO AMADO, Understage, Teatro Rivoli, Porto, 24 de Fevereiro de 2023

O disco "Refraction Solo", a estreia a solo do Rodrigo Amado, tem na sua essência uma relevante exploração do saxofone pela insistência. A melodia, disfarçada na repetição, logo alcança uma camada robusta onde os dotes do instrumentista se marcam pela liberdade com que torneia as escalas ou as notas, uma respiração sonora que precisa de espaço, não muito, e de uma luminosidade medida pela subtileza e reflexo. Saber que o disco foi gravado numa igreja, a do Espirito Santo das Caldas da Rainha, palco de experiências e partilhas, reforça ainda mais essa qualidade de desassombro. 

O serão portuense, em estreia na cidade, teve por isso no sub-palco do Rivoli o local à medida para alcançar uma plenitude de fruição, apesar de algum desconforto de parte da plateia mais que meia-idade causado pela inexistência de cadeiras, mas que o sopro dos intensos quarenta e cinco minutos do concerto permitiram debelar. As quatro peças seleccionadas, sem discursos de apresentação ou justificação, valeram como um todo de informalidade jazzística a pairar, não num inexistente improviso mecânico, mas sim numa genialidade e versatilidade com cunho muito próprio e de terapêutica certeira. Imprescindível!  

NICK DRAKE, TRIBUTO NO VERÃO!

Ao longo do próximo verão será editado "The Endless Coloured Ways: The Songs Of Nick Drake", um tributo em formato de cinco singles e/ou um álbum duplo a cargo da Chrysalis Records com o beneplácito oficial do Estate of Nick Drake

Não são conhecidos muitos dos pormenores do projecto a não ser o nome de alguns dos artistas aderentes que pertencem ao catálogo da editora como Emeli Sandé e muitos outros de que destacamos Feist, Aldous Harding, John Grant, os Fontaines D.C. ou Craig Armstrong. É dele uma versão instrumental a la U2 de "Black Eye Dog" que enche o trailer hoje divulgado.



ACTUALIZAÇÃO, 1 de Março: 
"Cello Song" pelos Fontaines D.C. com filme da autoria do fotógrafo Bill Jackson.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

AFTAB IYER ISMAILY, TRIO SURPRESA!





















Um álbum de Arooj Aftab, Vijay Iyer e Shahzad Ismaily está anunciado para 24 de Março na clássica Verve Records com o título de "Love in Exile". São sete composições onde se mesclam a voz de Aftab com o piano de Iyer e uma multiplicidade de outros sons a cargo de Ismaily, afamado multi-instrumentista que se passeia pelos tradicionais banjo, flauta, guitarra ou acordeão mas que, neste projecto, parece assumir uma primazia pelos sintetizadores e loops

O trio fará uma intensa digressão a partir de Abril até Outubro, com datas pelos EUA e pela Europa (Maio) e "To Remain / To Return", a primeira das peças da surpreendente colaboração, confirma a misteriosa e vibrante negritude de um disco que aguardamos com expectativa.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

FAROL #150















As escolhas de Courtney Marie Andrews para as incontornáveis versões das "The Lagniappe Sessions" agora divulgadas sugerem alguma surpresa - "Did I Ever Love You" de Leonard Cohen, incluída em "Popular Problems", um dos seus úlltmos álbuns de originais (2014) e "You're Still The One", êxito de Shania Twain de 1997 que Andrews cantarolava de cor quando era miúda mas a que não perdeu a afeição. Experimentem!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

BLACK COUNTRY, NEW ROAD, FUTURO ASSEGURADO!



















Os miúdos britânicos Black Country, New Road, uma das maiores revelações de 2021 e que editaram o excelente segundo álbum "Ants From Up There" faz agora um ano, não ganharam para o susto. Uns dias antes, o vocalista e fundador Isaac Wood decidiu abandonar oficialmente o projecto (motivos de saúde), um inesperado contratempo que tinha dado origem ao prévio cancelamento da digressão e, consequentemente, dos dois concertos então prometidos para Lisboa. Mesmo assim, o colectivo decidiu perseguir a viagem e a estreia nacional está marcada agora para o Festival SBSR no Meco, dia 13 de Julho. Até lá, contudo, poderemos ouvi-los e vê-los ao longo de cinquenta minutos de concerto disponibilizado de forma gratuita e onde se podem escutar oito novas canções! 

O espectáculo "Live at Bush Hill", que foi registado em Dezembro passado ao longo de três noites esgotadas no espaço londrino, é dirigido por Greg Barnes com mistura de John Parish e posterior apuro de som de Christian Wright feita nos Abbey Road Studios. As imagens contemplam sequências filmadas pela audiência através de uma camcorder que circulou entre a plateia, envolvendo os fãs numa recolha diferenciada com posterior selecção feita pelos próprios músicos, agora reduzidos a sexteto. 

As três noites tiveram três diferentes cenários (uma pizzaria, uma sala de aula num último dia de escola, um ambiente rural), três diferentes vestuários, inclusive do público, e três diferentes backstages com a propositada intenção de apresentar, precisamente, os novos temas especialmente compostos para serem tocados ao vivo e que só se poderão ouvir no filme! As vozes principais pertencem agora à baixista Tyler Hyde, à pianista e acordeonista May Kershaw e ao flautista e saxofonista Lewis Evans. Aparentemente, Georgia Ellery, a voz principal do duo Jockstrap e que toca também violino e viola nos BC,NR, não tem direito a esse protagonismo. Seja como for, o futuro passa e vai passar por aqui. 

DAMIEN JURADO, DISCO DEZANOVE!

Só para manter as contas certas, isto é, um álbum a cada ano que passa, Damien Jurado anunciou que a Maraqopa Records, casa editora do próprio, fará sair no último dia de Março "Sometimes You Hurt The Ones You Hate", o décimo nono trabalho de originais e que se segue a "Reggae Film Star", publicado em Junho último

Para já, é dele que se pode ouvir "Neiman Marcus", canção com nome de cadeia de lojas americana (?) e que não terá disponibilização no Spotify, plataforma que abandonou em Janeiro em protesto com o tratamento indigno a que aí era sujeito como artista.

Jurado começa amanhã uma longa digressão pelos E.U.A. que o manterá ocupado até Junho. Depois, talvez haja aproximação desejada à Europa...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

JOSÉ GONZÁLEZ, TRÊS EM UM!

Para o sueco José González os problemas causados pelo transtorno psicótico parecem ultrapassados. No passado, separar a fantasia da realidade ou interpretá-la de forma muito diferente de todos os que o rodeavam, levou-o a terapias clínicas que conduziram a um controlo dos sintomas e, consequentemente, ao regresso a uma estabilidade no seu dia-a-dia. A felicidade obtida com o nascimento de uma filha em 2017, fruto da sua relação com a designer Hannele Fernström, determinou ainda mais rigor e perseverança das rotinas mas também mais dúvidas e incertezas sobre a doença que superou e a que não quer voltar. 

O problema tornou-se obsessivo e González decidiu expressar o que sentiu ou sente não só pelas habituais canções que vai gravando mas agora também através do filme "A Tiger In Paradise", um projecto escrito, produzido e dirigido por Mikel Cee Karlsson, seu prestigiado colaborador habitual, onde se penetra numa jornada visual pela criatividade, temores e fragilidades da sua música. O filme, de 75 minutos, será projectado ao longo da próxima digressão com o mesmo título onde González promete também tocar alguns dos seus originais e falar abertamente com o público sobre tudo isto, uma longa sessão que se prevê durar duas horas e meia! Estão já marcadas cinco eventos e um deles chega a Barcelona no final de Abril. 

TINY RUINS, AINDA MAIS FASCÍNIO!





















Os "desenvolvimentos" prometidos no mês passado quanto ao projecto Tiny Ruins confirmam-se agora num novo álbum chamado "Ceremony" em Abril com desenho de capa a cargo da artista Christiane Shortal

A banda da neozelandesa Hollie Fullbrook com os amigos Cass Basil, Alex Freer e Tom Healy regressa, desta forma, aos discos quatro anos depois do magnífico "Olympic Girls" e promete uma abordagem diferenciada a uma composição muito própria de elegância que vagueia entre a intimidade do primeiro single "The Crab/Waterbaby" até algum psicadelismo do novo tema "Dorothy Bay". O video recebeu imagens da região rural da península de Āwhitu a sul de Manukau Heads, Auckland, dirigidas pelo jovem Alexander Gandar. O fascínio continua!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

(RE)VISTO #108

















FREDDIE MERCURY: O ÚLTIMO ACTO 
de James Rogan. Reino Unido; Rogan Productions/BBC, 2021 
RTP2, Portugal, 4 de Fevereiro de 2023 
Por natural influência de um primo mais velho, os Queen fizeram parte da nossa adolescência como nenhuns outros. Primeiro, em K7's gravadas, depois, a muito custo e de trás para a frente, na compra dos álbuns originais ouvidos de fio a pavio. A mania foi-se alastrando a amigos mais próximos e o armazém traseiro da casa de uns deles tornou-se, entre jogatainas de ping-pong e suecada, o reduto contínuo para os ouvir bem alto como banda sonora de fundo ou, não poucas vezes, em simulações do quarteto em cima do palco, fazendo das vassouras as guitarras e dos baldes do poço a bateria. Não havia playback mas sim uma sobreposição anárquica do que saía das colunas com o nosso berreiro e barulheira, um reportório que ia dos incontornáveis "Bohemian Rapsody" e "We Are the Champions" até ao, então novo, "Radio Gaga". Ao comando e de microfone/cabo de madeira na mão, quase sempre o mesmo, conhecedor das letras sem falhas, imitava o maior, Freddie Mercury

Acompanhámos, por isso, a invejável festa esgotada de Wembley em dois dias seguidos de 1986 - sem certezas, ou pela RTP ou pela rádio - e as peripécias consequentes que confirmava o boato de que os Queen não tocariam mais ao vivo. As imagens impressionantes desses concertos, associados à anterior participação no Live Aid de 1985, tinham sido muitas vezes usadas sempre que o assunto passava, aos poucos, a ser falado mas onde não se explicavam os motivos, as razões ou as causas do abandono dos concertos. Só com a morte de Mercury, em 1991, a desistência ficou plenamente explicada mas sempre associada a preconceitos e segredos que uma nova doença tinha disseminado - a SIDA matava e muitos, não preparados para a nova realidade, disfarçavam a contaminação com medo da opinião pública ou da reacção de familiares e amigos. Em 1985, a morte do actor Rock Hudson com o síndroma foi o primeiro caso de verdadeiro impacto público e que alarmou a Europa e, consequentemente, o Reino Unido. 

É este o panorama de base deste documento que, longe de uma abordagem artística, traça a partir de Freddie Mercury a chegada da SIDA, os seus mistérios e implicações ou o clima de insegurança redundante em atitudes de desinformação, de disfarce e até de castigo divino. Quem viu o filme "Bohemian Rapsody" de 2018 sobre a vida de Mercury, notou que o assunto foi sempre tabu mesmo para os restantes Queen e que a sua homossexualidade, apesar de desconfiada, nunca foi assumida frontalmente. Não tinha que o ser e não há testemunhos de que esse facto tivesse condicionado a qualidade das canções ou dos concertos, mas nota-se algum arrependimento de Brian May e Roger Taylor (o baixista John Deacon não participa no filme) em não ter falado com Mercury sobre o facto, o que talvez tivesse ajudado a uma precoce prevenção. Difícil suposição, atitude que nem a irmã, também ela convocada para relatar o assunto, conseguiu confrontar ou obter uma resposta efectiva. 

O medo instalado da contaminação levou Mercury a adiar o inadiável e a mentira acabou por enredar o artista e muitos, à época, a viver a mesma situação. Os testemunhos paralelos aportados para o documentário são elucidativos da dor e transtorno que a comunidade gay viveu e que a imprensa "Murdoch" sensacionalista rondava de perto sempre que uma figura pública se refugiava na incerteza. A negação, apesar do acompanhamento médico, não impediu que a banda continuasse a gravar e a compor já com Mercury em nítido sofrimento mas o importante era não parar - impressivo o esforço por Montreux na gravação de "Miracle" cheio de canções agora sinalizadas como biográficas e reveladoras do embaraço a que se junta a versão inaudita de "The Great Pretender" dos The Platters e o seu irónico "just laughing and gay like a clown". 

O avanço rápido da doença tinha o condão de acelerar forças para continuar a fazer o que mais gostava, música para a qual a voz nunca falhou até finar. A catarse de "The Show Must Go On", um mês antes da morte, é como um último grito, não para que o ouçam, mas para que o compreendam. Por esta altura, confessamos, os Queen já pouca ou nenhuma preponderância tinham nos nossos gostos musicais e o que seguiu ao seu falecimento - homenagens, tributos, quezílias ou digressões mancas que o documento aborda na parte derradeira - haveriam de condicionar e desviar a nossa atenção mas não o nosso respeito e admiração por uma lenda maior da música popular. Com alguma tristeza e melancolia, foi bom recordá-lo e, sim, we'll keep on fighting till the end... como tantas vezes gritamos de vassoura nas mãos! 

À socapa, para rever aqui!


UAUU #676

sábado, 18 de fevereiro de 2023

THE DELINES, FIM DO SACRILÉGIO!

























Em 2021, para quem comprou o livro "The Night Always Comes" de Willy Vlauntin através da Rough Trade inglesa teve a hipótese de ser afortunado com uma prenda rara - um álbum em CD dos The Delines com o mesmo nome, um género de banda sonora do romance preparada com esmero pelo próprio Vlauntin e logo muito procurada pelos fãs. Foram 650 os sortudos. A peça tornou-se um coleccionável muito desejado e, na perspectiva de outros, um garrote incompreensível tendo em conta a qualidade habitual das composições. 

A partilha tem agora data feliz para se espalhar, como merecido, a um público bem mais amplo - no próximo Record Store Day de 22 de Abril o disco terá edição especial em vinil colorido mas, mesmo assim, limitada a 1250 cópias. Na capa, como nos outros álbuns da banda de Portland, uma fotografia de paisagem bem americana. O involuntário sacrilégio chegará, assim e em boa hora, ao fim!


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

(RE)LIDO #112





















LOVE ME DO! A ASCENSÃO DOS BEATLES
 
de Michael Braun. Lisboa; Guerra e Paz, 2022 
A chamada Beatlemania teve documentos cinematográficos que, da melhor maneira, expressam a extravagância vivida com a explosão dos The Beatles no Reino Unido, uma contaminação que se espalhou de imediato a outros países europeus e, logo a seguir, aos Estados Unidos. Quem viu "A Hard Day's Night" de 1964, realizado por Robert Lester, não tirou o sorriso dos lábios pela pantomina do enredo da própria banda a fugir de fãs, da imprensa ou da polícia... Se lhe juntarmos o documento ao vivo "Eights Days A Week" sobre o mesmo período bizarro em que a banda subia a um qualquer palco, desde o Cavern ao Budokan, o fenómeno alcança, a esta distância, laivos de incompreensão e difícil esclarecimento. 

Certo é que logo em 1964 foi editado um livro sobre o assunto, por sinal, o primeiro sobre os The Beatles. O seu autor, Michael Braun, era um escritor americano destacado para Londres para passar três meses com os quatro rapazes e respectiva entourage, desde a digressão de seis semanas pela Inglaterra de 1963, passando pela estreia em Paris e a primeira viagem aos E.U.A. (Fevreiro de 1964). 

Aproveitando o embalo e o sortilégio, reuniu sem cerimónias algumas memórias vivas sobre a ascensão dos Beatles com "Love Me Do", o primeiro single de sucesso e, logo depois, com "Please, Please Me" que se instala no primeiro lugar do top. A compilação dos eventos, dos corropios ou desabafos e das muitas facetas de um sintoma a que ninguém ficou indiferente foi descrita como "o melhor livro dos Beatles de todos os tempos" que a frase de Lennon de 1970 "um livro verdadeiro. Ele descreveu-nos como éramos, uns safados." acabaria por corroborar e fortalecer. 

Quase sessenta anos depois, o relato mereceu edição portuguesa e, sim, foram essas as frases que se estamparam na capa a sobrepor uma fotografia da época dos tais quatro safados em pose de borga, certamente, perante uma multidão de máquinas fotográficas. Confirmamos, desde já, o que Lennon sentenciou de forma sincera, e será muito difícil existir um outro livro que se possa ler que o ultrapasse. Mantem-se fresco, apurado e incisivo na escolha dos factos e circunstâncias a que se junta uma selecção frenética de incidentes, piadas ou conversas privadas que se vão interpondo com cartas verdadeiras das fãs, relatos dos jornais, comentários de corredor ou anúncios de rádio. Tudo ritmado de forma eficaz e em que os ambientes são quase sempre de euforia e festa mas também de troça, humor negro e muita pândega vigiada por agentes, managers, forças policiais ou até embaixadores. 

Os Fab Four eram, já aí, geniais e mesmo imbatíveis no avolumar de um novelo que não sabiam quando iria parar mas que queriam continuar a enrolar com prazer e satisfação. Não há por aqui lugar a tristezas, desgraças ou traições. O rolo compressor do relato é, de certa maneira, asfixiante e propositado ou não fosse a pressão vivida uma incontrolável alienação colectiva que, mesmo sem querer, mudaria muitas mentalidades, hábitos e padrões. Estamos, assim, perante um verdadeiro clássico da literatura, do rock e até da sociologia da cultura.. e da loucura. Obrigatório!


HANIA RANI, VOAR NO TEMPO!





















A vida do lendário artista suiço Alberto Giacometti (1901-1966) mereceu estreia em Janeiro de um documentário dirigido por Susanna Fanzun onde se traça o seu percurso, o papel da mulher Ottilia ou de outras mulheres num caminho intenso e pleno de polémicas que se associaram, desde sempre, à família Giacometti. Como banda sonora do filme alinhou-se uma colecção de temas maioritariamente ao piano da autoria de Hania Rani que agora os edita em disco pela Gondwana Records com o nome de "On Giacometti". 

Para uma efectiva inspiração, Rani viajou e estagiou meses entre as silenciosas montanhas e vales alpinos, o que transparece numa delicadeza instrumental com retoques de sintetizador mas onde não faltam duas peças de violoncelo com a ajuda da amiga e cúmplice Dobrawa Czocher. A composição assume-se como uma transcendente meditação sobre um dos seus artistas favoritos e uma oportunidade imperdível de compreender as suas opções estéticas reveladas por uma pintura e escultura surrealista e expressionista, penetrando, na companhia de Fanzun, nos locais por onde o artista nasceu, trabalhou e se inspirou. 

A temporada seguinte de isolamento e de alheamento permitiu uma concentração na tarefa para que foi convidada e que, nas suas próprias palavras, se assemelhou, na simplicidade e improvisação, com o método com que gravou o primeiro álbum "Esja" (2018) na Islândia. O resultado, audível desde hoje na totalidade, transparece numa habitual elegância e assinalável encanto para nos fazer voar...  

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

BENJAMIN CLEMENTINE RETRATADO!

O álbum "And I Have Been" de Benjamin Clementine, que tem apresentação marcada para o Porto a 23 de Setembro, tem agora um parceiro fílmico hoje disponibilizado com o nome de "Portraits of Lovelustreman (Part 1)". São vinte cinco minutos de coautoria com o realizador Curtis Essel onde se sobrepõem canções desse disco com perfomances cenografadas e aparentes reflexões solitárias num cenário de ruína monacal. 

Para perceberem melhor o projecto e nas palavras da dupla realizadora: 

“Portraits of Lovelustreman explores survival, marriage, courage, silence, reflections, friendship, self control and love. Filming in 35mm, ensured that most of the takes were shot in one. This created special moments of improvisation, giving freedom to the crew, and brought out a visceral level of authenticity in all of the artists’ performances. Allowing us to take in the questions along with the non-conventional responses to them.” 

Recorda-se que "Lovelustreman" é o nome de uma das canções do disco e está também incluída no filme. Ficamos à espera da segunda parte...


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

VISITA AO MUSEU JFDR!





















Sobre as novas canções da islandesa Jófríður Ákadóttir aka JFDR adiantam-se descrições à volta de supostos objectos emocionais, momentos monumentais ou fugazes esculturas experimentais. A tudo isto a artista chamou "Museum", fazendo questão de posar para a capa a preto e branco em jeito de estátua antiga que nos olha de frente, desafiadora. 

O álbum segue-se a um par de bandas sonoras e tem duas das peças já prontas para fruição do "visitante", ficando as restantes sete em "reserva" até final de Abril, temporada em que a Houndstooth londrina, a nova casa da artista, fará publicar a totalidade da colecção. 

Como complemento ou actividade paralela, que bem ficaria uma qualquer "visita guiada"/concerto de proximidade...   


KEATON HENSON, O OPTIMISTA!





















Apesar da habitual distância dos holofotes mediáticos, Keaton Henson assume uma contínua actividade que tanto pode dar fruto em canções avulsas, em projectos surpreendente como o de versões no tik-tok ou em novos discos de originais. 

Neste caso, trata-se de "House Party" que a Play It Again Sam fará sair no início de Junho e onde se afirma mais confiante e festivo apesar do tema tratado recaír, invariavelmente, na dicotomia entre a depressão e a solitária vida artística. Nota-se, mesmo assim, esse desanuviamento em "Envy", o primeiro single com a direito a video alusivo e de sonoridade mais pop. Óptimo! 

WILCO A UM PAZO!





















Aparentemente, está desfeita a dúvida! A estranha duplicação do concerto dos Wilco em Paredes de Coura, anunciada no cartaz oficial e já por aqui notada, tem uma explicação - a banda tocará no dia 19 de Agosto, sábado, em Paredes de Coura e no dia a seguir, dia 20, domingo, rumará à Galiza para um concerto irresistível. Ou seja, Galiza não é Portugal mas é como se fosse... 

O único concerto espanhol dessa digressão de Verão será, assim, em Nigrán, Pontevedra, no espaço exterior do Pazo de Urzáiz, belíssimo local de passagem de muitos peregrinos que fazem o Caminho da Costa português até Santiago de Compostela. O edifício, que remonta ao século XIV, será um dos cenários da terceira edição do Espazo Fest, festival que percorre vários dos pazos do município de Nigrán. Bilhetes em conta já disponíveis

I know where I'll be tonight, alright...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

AS MULTITUDES DE FEIST!





















Das doze novas canções que Feist anunciou hoje como fazendo parte de "Multitudes", álbum de regresso ao fim de seis anos, três podem desde já ouvir-se e sentir-se da melhor maneira. A rodela de vinil estará pronta para circulação em Abril.  

Para comemorar tão distinta data de São Valentim, está marcado um mini-concerto de acesso virtual semelhante a muitos outros momentos de intimidade e união após o lockdown que têm apresentado nos últimos dois anos e que receberam o mesmo nome, isto é, "Multitudes". 

Os temas floresceram durante essa digressão, uma presença selecionada em palcos canadianos e norte-americanos para sorte de poucos fãs e que serviram de inspiração e libertação para a composição das canções, como sempre, cintilantes. Que saudades!



UAUU #675

DRY CLEANING, LIMPEZA BÓNUS!





















Como é norma, do último disco "Stumpwork" dos Dry Cleaning ficaram de fora alguns temas gravados na mesma altura e que farão parte de um novo EP. 

Em "Swampy" agrupam-se cinco novidades, duas delas inéditas ("Swampy" e "Sombre Two"), duas remisturas ("Hot Penny Day" remix de Charlotte Adigéry & Bolis Pupuli e "Gary Ashby" remix Nourished By Time) e um demo de "Peanuts". Lançamento digital no dia 1 de Março e com exclusivo formato em K7 no site da banda. 

Os Dry Cleaning tocam em Agosto próximo no Festival Paredes de Coura.


 

Entretanto, um novo álbum dos Sleaford Mods chamado "UK Grim" a sair a 10 de Março tem colaboração de Florence Shaw, vocalista dos Cleaning, no tema "Force 10 From Navarone". Trata-se de um género de desafio vocal com Jason Williamson, autor da letra/manifesto de afronta a uma maioria silenciosa e inactiva contra, o que diz ser, um corrupto governo inglês...

JONATHAN BREE, NOVA ERA!




















O neozelandês Jonathan Bree não tinha nada a perder - enviar um email a Nile Rodgers, o maestro da disco, guitarrista e produtor lendário, e esperar por uma resposta cortês. Certo é que Rodgers acabou a tocar guitarra e a produzir o tema título do álbum "Pre-Code Hollywood", o quinto trabalho de longa duração que se segue a "After the Curtains Close". Com selo da Lil' Chief Records, terá edição de vinil já em Maio

O video correspondente brinca com o mítico Top Of The Pops invertido para "Radio Vision" com apresentação de Dick Driver, ele próprio o anfitrião do programa "Radio With Dick Driver" de assinalável êxito na Nova Zelândia, guião que tinha sido também aplicado ao tema "You Are the Man" lançado em Abril último. 

Esperam-se, por isso, sonoridades retro pop de algum vanguardismo orquestral mas que se cola de imediato a um goto de balanço nostálgico e cinemático que as máscaras enigmáticas confundem no mistério. Incluído no disco está "Destiny", dueto com a habitual parceira Princess Chelsea e que pretendeu comemorar o vigésimo aniversário da referida Lil' Chief Records, casa fundada com o amigo e colaborador Scott Mannion. Todos os temas foram masterizados no estúdio Abbey Road londrino pelo experiente Frank Arkwright.

Quanto a subidas aos palcos, a digressão começa também em Abril e chega a vinte cidades do centro europeu sem se esticar, para já, a sudoeste...



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

THE CHURCH, RELIGIÃO FESTIVA!





















Seis anos depois, os australianos The Church regressam aos discos com "The Hypnogogue", uma sonoridade imediatamente reconhecível que nesta casa se tornou religião há quase quatro décadas. A nova encíclica está já em pré-encomenda.  

Prometida estava uma aparição celebratória em 2020 mas a lesão de um dos músicos e a pandemia, depois, acabaram por anular a digressão pela Europa mas atendendo a que a banda regressa aos palcos nos E.U.A. já em Março, talvez a congregação se junte, finalmente, numa qualquer noite sagrada...



sábado, 11 de fevereiro de 2023

(RE)VISTO #107





















JOHN & YOKO: ABOVE US ONLY SKY
de Michael Epstein. Reino Unido; Eagle Rock Film Productions, 2018
Tv Cine Edition, Portugal, 5 de Janeiro (arquivo)
Num resumo injusto, a história do álbum "Imagine" de 1971 seria um simples relato da colaboração criativa entre John Lennon e Yoko Ono. Escusado será dizer que tamanha obra prima esconde óbvias e encastráveis circunstâncias que se multiplicam em cumplicidades profissionais, artísticas e ocasionais que uma ou mais câmaras de filmar registaram intencionalmente para memória futura. Muitos desses colaboradores foram entrevistados para este documentário numa selecção de testemunhos, obviamente, controlados e supervisionados por Yoko Ono, ela própria com participação activa no filme. São, no entanto, essas imagens nunca vistas do processo de gravação e revelação dos disco que nos apelaram ao seu visionamento. Só elas devem merecer, por si só, a vossa atenção. 

Estamos em Inglaterra dita rural onde John, Yoko e o filho Julian se refugiam numa espectacular propriedade de quarenta e cinco hectares chamada Tittenhurst Park, fugindo aos dias de finados e agitados dos The Beatles, vida boa de alguma preguiça e leitura para, sem pressas, ir compondo temas para um novo disco. Num dos anexos, montou-se um estúdio sofisticado, convidou-se Phil Spector para comandar a produção e, a custo, foi-se dando a ouvir proto-canções a alguns amigos entusiasmados. Ao local chegou a nata instrumental da época para se juntar ao processo, de Alan White na bateria, a Klaus Voorman no baixo, passando pelo parceiro George Harrison, sim, esse, nas guitarras, e o resto é história. São notáveis as sequências interiores do colectivo a uma mesa entre chã e tostas, a ouvir pela primeira vez o "Imagine" ou "Oh My Love" ou a ler as respectivas líricas que Yoko escrevinhava sentada. 

Tudo parece um descontrolo controlado, assente numa onda de partilha assumida perante jornalistas deslocados para o local sem saber ao que iam e de quanto tempo tinham para a descoberta ou para obter respostas a tantas dúvidas. Arrufos não são notados, a não ser indirectas a Paul McCartney na letra de "How Do You Sleep?" mas há inesperados momentos como a presença à porta de um ex-combatente no Vietnam à procura de explicações do ídolo para letras de canções ou opções filosóficas. Nada que umas bolachas e um copo de leite não tivessem resolvido!

Floresce do documento uma intencional alteração do mito de "bruxa má" que Yoko Ono sempre aguentou, uma estrangeirada que "separou os nossos Beatles", aproveitando-se para traçar uma abordagem nada inocente à sua vida artística e pessoal de forma a melhor se perceber muitas das raízes que brotaram em "Imagine", a canção, mas também em parte substancial do álbum e que, contrariando a imagem de esposa sempre sentada e silenciosa em estúdio, se revelou parte colaborativa importante no crescimento e colheita de um disco notável. 

Os incontornáveis "The bed-ins", a Plastic Ono Band, a estranheza das perfomances mas também a sua infância traumatizada pela II Guerra Mundial e consequentes privações, ajudam a que no documentário se assuma como importante, fundamental, o papel de Ono mas também a sua ousadia conceptual e visionária que, de imediato, chamou atenção de Lennon - o seu livro "Grapefruit" (1964) continua a ser hoje, como testado propositadamente, um ensaio de entendimento ou percepção enigmática, nonsense, mas a difícil e metafórica imagem da capa do álbum só ela a conseguiu.  

O poder das canções, a sua consequente apropriação como arma política de reivindicação em tempos conturbados de guerra e agitação social, leva a dupla inseparável para as ruas de Londres e depois Nova Iorque, cidade adoptiva, vibrante e, afinal, o palco de manifesto e intervenção consciente - "power to the people" ou "war is over / happy christmas" - transformada em casa-mãe de um amor sufocante, ilimitado e agrilhoado a uma outra canção-prima. Nas palavras de Ono, "Jealous Guy" poderia ser o motivo único porque se conheceram e se amaram, mas ela é a prova cimeira de um ser superior e de uma respiração espiritual nunca perceptível em nenhum dos outro Beatles. Mais de cinquenta anos depois, ver esse talento a trabalhar é, a partir deste proveitoso documentário, um enorme privilégio de que o próprio Lennon se orgulharia no legado e poder. Imaginem...         



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

BURT BACHARACH (1928-2023)














As centenas de canções que Burt Bacharach compôs na longa carreira artística não precisavam da chegada da sua morte, ocorrido hoje aos 94 anos, para se constituírem património colectivo terreno. Ao grau de sofisticação orquestral somou-se sempre uma notável simplicidade das harmonias, o tal easy listening muitas vezes desprezado que outros tentaram imitar sem sucesso. 

Venerado por uma infindável variedade de cantores, compositores ou bandas, será sempre difícil escolher um ou dois dos seus melhores clássicos que o tempo não desgastou. A dupla abaixo será sempre, no nosso caso, um exemplar pináculo do seu enorme e incomparável talento. Peace!


terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

DOBRAWA CZOCHER, SONHAR É PRECISO!



















O violoncelo da polaca Drobrawa Czocher deu-se a conhecer ao lado da amiga Hania Rani no álbum conjunto editado em 2021 e que mereceu visita ao vivo à cidade Invicta. Para trás, essa cumplicidade tinha já sido marcada por várias colaborações e sinergias que a encaminharam para uma aventura a solo que desperta agora com o trabalho "Dreamscapes". 

Em nome próprio, o álbum de estreia segue uma ordem natural que começa com um clássico "Prologue" e se abre, depois, em nove peças originais de travessia ilimitada pelo espaço, pela natureza ou por um subconsciente activado e sonhador. 

Para o confirmar a três dimensões há já concerto marcado para 25 de Maio na Casa de Cultura de Setúbal mas mais experiências performativas deverão ser extensíveis a outras cidades e paisagens... sonoras!  



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

WILCO, COURA A DOBRAR?

























Se um concerto dos Wilco em Paredes de Coura em Agosto próximo já nos parece um milagre abençoado, o que dizer de dois? 

No cartaz oficial da banda para a digressão europeia de Verão estão marcados para junto do Taboão os dias 19 e 20 de Agosto, o que aparenta ser simplesmente um erro ou um mal entendido, atendendo a que o festival decorre oficialmente de 16, quarta-feira, a 19, sábado, dia em que acontecerá o espectáculo, supostamente único, dos Wilco. Ou será que não e vai haver um daqueles showcases fora do lugar? 

Já podem, a propósito, pedir/sugerir uma canção para o alinhamento. O nosso foi este abaixo.

Os Wilco ganharam dois Grammy's, tendo o álbum "Yankee Hotel Foxstrot", na edição de 20º aniversário, sido considerado como "Best Historical Album" e com "Best Liner Notes".

Nota: foram acrescentados mais alguns nomes ao cartaz do Coura Paraíso e é sempre a somar - Black Midi, Squid, Sudan Archives, Domi & JD Beck...  

UAUU #674

TOBIAS JESSO JR., MR. GRAMMY!

















Em 2015 e aos trinta anos, o canadiano Tobias Jesso Jr. editou o álbum de estreia "Goon", clássico imediato de composição pop viciante. Ficamos ansiosamente à espera doutras peças do mesmo calibre mas, o que é certo, é que ele entrou em reclusão misteriosa e com poucos ou nenhuns sinais de regresso aos discos em nome próprio. Vê-lo ontem a receber um Grammy foi, por isso, uma grande surpresa! 

Nomeado para "Songwriter of the Year - Non-Classical", Jesso bateu outros candidatos como The-Dream, Amy Allen, Laura Veltz e Nija Charles com créditos de composição de temas para, entre outros, Adele, FKA Twigs, Harry Styles ou King Princess. A entrevista recente e as reacções a pronto na cerimónia ajudam-nos a perceber as suas motivações, opções e méritos. Parabéns!



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

WESTERMAN, TEMOS HOMEM!





















Chama-se "Confirmation" e foi uma das nossas canções preferidas de todo o ano de 2020 a merecer aquisição em 7" de vinil. Pertence ao disco "You Hero Is Not Dead", a estreia de Will Westerman, jovem inglês com estadia há muito prolongada em Atenas e que é dotado de qualidades testadas noutras sonoridades. O regresso, consistente mas duro, acontece em Maio. 

Em "Inbuilt Fault", título de aforismo dirigido sem contemplações ao desprezo dos meios de comunicação social pelo seu trabalho, há nove temas descravados a purgas pandémicas, isolamentos e receios contidos, como podem confirmar em "CSI: Petralona", o single mais recente com nome de bairro ateniense que, tal como os restantes, contou na produção com a ajuda de James Krivchenia, baterista dos Big Thief. 

Uma jornada solitária pela Grécia, assente na premissa de Tom Waits que todos os músicos deviam ter uma "gaveta de lixo musical" de ideias não utilizadas à sua disposição, serviu de libertação e fio condutor a todo o processo criativo deste segundo álbum com selo da Partisan Records. O exorcismo parece ter resultado!


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

PVC - PORTO VINIL CIRCUITO #31





















A discoteca Twist, de que já por aqui demos conta na sua filial de V. N. de Gaia (havia uma outra em Matosinhos), instalou-se no primeiro piso do Centro Comercial Parque Itália da Rua Júlio Diniz no Porto. Deve ter sido uma das lojas fundadoras atendendo ao calendário de 1985 ainda hoje à venda e onde se pode notar o tipo de instalação a ocupar as duas montras de esquina da loja 65 - vendiam-se discos em vinil, laser-disc e cd's importados mas funcionava também como video clube. Uma oferta tipicamente anos oitenta! 

A loja foi transformada nas suas duas frentes em negócio de estética, tendo desaparecido as tradicionais montras em madeira e vidro que caracterizam ainda os dois corredores. O espaço comercial tem movimento apreciável na hora de almoço no seu r/c já que por aí funcionam alguns restaurantes rápidos mas o espectro é desolador quando se sobe ao primeiro piso onde, curiosamente, do mesmo lado e logo ao cima da escada, ainda continua a funcionar a Piranha - Loja de Música, espaço resiliente na venda de discos que comemorou vinte cinco anos em Dezembro de 2020. Em 1995, quando abriu, o nome era Carbono, filial da casa mãe lisboeta mas, já como espaço independente, foi das primeiras a vender discos em segunda mão (gastamos por lá bom dinheiro). 

Na visita nostálgica ao centro comercial, não podíamos deixar de recordar as filas à porta do Swing, discoteca icónica do Porto que se situava na esquina exterior e que um incêndio em 2007 acabou por acelerar no seu definhamento apesar das tentativas de reabilitação. O local, abandonado, está supostamente à espera de novo investidor... de um twist!

                 Shopping Center Itália, Rua Júlio Diniz, Porto














  Twist, loja 65, Shopping Center Itália, Rua Júlio Diniz, Porto














                Twist, loja 65, Shopping Center Itália, Rua Júlio Diniz, Porto