O molho de papéis brancos fazia-se notar à distância. Daniel Knox colocou-os na estante do piano, sentou-se no banco e preparou-se para fazer com que o maço fosse, pouco a pouco, diminuindo. Nessas folhas estão letras das suas canções, pedaços de vida que, mal terminam, são imediatamente amarrotados e atirados para as suas costas. Cada gesto vigoroso pareceu um alívio, um suspiro partilhado com a audiência em jeito de prefácio, justificando ou não a história que vamos ouvir: pode ser sobre a sua primeira erecção, acidentes de carro registados em video ou, muitas vezes, amores e desamores que uma separação recente (?) torna mais viperino e mordaz... A nós, ali tão perto, absortos pela voz e piano que ecoaram no escuro da sala, restou-nos agradecer a partilha e a intimidade ao longo de duas horas sombrias tão misteriosamente saborosas, tonificadas por uma ténue luz vermelha e uma janela amarelada. Excelente!
(super-fotos em Luzimentos)
1 comentário:
Duas horas de música tão boa e uma grande, grande voz!
Da promessa feita pelo Daniel de nova vinda a Portugal, espero que o Porto seja contemplado :)
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