quarta-feira, 5 de setembro de 2018

RON GALLO + THE BLACK ANGELS, Hard Club, Porto, 4 de Setembro de 2018

Faltavam ainda dez minutos para a hora marcada quando Ron Gallo e companhia entraram em palco, jogando numa antecipação que apanhou a maioria desprevenida. Qual era a pressa? Atendendo a que este era o último concerto da digressão pela Europa talvez fosse um esforço para tocar mais tempo ou, ao contrário, para acabar mais cedo... como se viria a confirmar! Sobraram, mesmo assim, quarenta minutos de inabalável consistência e puro rock, entre canções novas e "arranhões" mais antigos como "Put the Kids To Bed" ou "Really Nice Guys". Ao trio mais entrosado juntou-se um elemento num teclado a la Billy Preston que suavizou e muito bem alguma da rudeza dos temas num contributo particularmente saboroso em "Really Nice Guys" e no monumental "Young Lady, You're Scaring Me" com que se encerrou a festarola. Uma boa surpresa para muitos, uma confirmação para os mais atentos e um nome a que não falta fermento artístico para crescer nas medidas certas. Regresso, anunciado, obrigatório!



Desde a sua estreia em 2006, os The Black Angels cedo espalharam uma teia revivalista de psicadelismo arty cujas fontes facilmente se identificam mas de que nem sempre a pureza saiu certificada. Reconhecemos-lhes a coragem e a audácia de se passearem imaculados nas sombras dos Velvet Underground ou até dos Yardbirds mas os altos e baixos da sua não muito extensa discografia levou-nos, em muitos momentos, a votá-los ao esquecimento. Faltava a prova definitiva, o tal concerto ao vivo carregado de elogios e prognósticos que nos atirariam para um êxtase inesquecível. Não foi, contudo, o que aconteceu. Apesar da bravura e esforço do conjunto, onde a bateria de Stephanie Bailey situada lateralmente, como merece, na frente de palco ganhou um protagonismo condutor de assinalável recorte e do forte jogo de luzes e cores emergentes, notamos os tais desníveis entre canções que talvez um alinhamento mais acertado tivesse ajudado a disfarçar. A vibração ondulante pareceu, mesmo assim, do agrado da maioria sem que fossem notórios arrebatamentos espontâneos que só perto do único encore começaram a submergir. Um bom concerto, já não foi pouco!         

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