terça-feira, 31 de maio de 2011

O CANAL DA CAMPAINHA

Nas nossas idas a concertos temos recentemente captado momentos em video. A técnica de registo está longe de ser dominada, já que só aos pouco vamos percebendo os truques de uma máquina adquirida há já algum tempo, mas ainda com muita falta de uso. Se gravar já parecia difícil, disponibilizar as imagens no youtube seria, imaginávamos nós, uma aventura. Pois bem, a coisa demora algum tempo, mas é de uma simplicidade surpreendente. Assimilada a ferramenta, fomos aos poucos importando para o canal criado alguns videos, sendo o primeiro deles uma cover fixada em Dublin num glorioso dia do mês que hoje termina. Sempre que for possível, prometemos juntar às nossas impressões dos concertos um registo de uma ou mais canções ou um outro qualquer pormenor significativo, tal como podem verificar mais abaixo na crónica referente à passagem de Twin Shadow por Vila do Conde.  
That's all, folks!     

segunda-feira, 30 de maio de 2011

MOON DUO + EMERALDS + GANG GANG DANCE, Serralves em Festa, Domingo, 29 de Maio de 2011


Ao duo formado por Ripley Johnson dos Wooden Shjips e Sanae Yamada não faltou nem audiência nem estilo. Guitarra portentosa, óculos escuros e muito bright look ajudaram os Moon Duo a atrair uma verdadeira multidão ao espaço do ténis. Conhecedores e fãs misturaram-se com novos e velhos ouvintes de circunstância, um fenómeno pacífico e salutar a que esta festa já nos habituou. O som, um pouco baixo, ajudou a que as desistências não fossem muitas, mas o que é certo é que a sintonia aparentemente simples de um teclado e uma guitarra, formaram uma experiência sónica viciante que requer nova e rápida apresentação. Pena que tenha acabado tão depressa, embora a tempo de evitar a chuva que ameaçava cair cada vez mais forte. Uma estreia em cheio por estas bandas.






 













Os Emeralds tiveram sorte. Não é todos os dias que se tem oportunidade de tocar numa sala de exposições de um dos principais museus do país. A chuva milagrosa levou o concerto do ténis para a Sala 5 de Serralves, um espaço central lindíssimo onde se encontra patente parte importante da mostra "In Itinere" do artista português José Barrias. Em quarenta e cinco minutos, montou-se o sistema sonoro, improvisaram-se bancadas e lugares sentados. Quanto ao cenário, não foi necessário, obviamente, qualquer melhoramento e o mesmo se poderá dizer da qualidade do som e que som. Um rendilhado sonoro instrumental de cariz ambiental, mas de base potente, onde se sobrepõem sintetizadores e uma única guitarra poderosa. Aclamados por muita gente, os elogios são bem merecidos, já que ao fim de uma hora os fortes aplausos reflectiam a satisfação do público. Sem dúvida, um momento alto da festa.  




















A festa associada à última data da digressão dos Gang Gang Dance tinha no prado de Serralves o local ideal para estourar. Pena que a chuva insistente tenha levado à desistência de muitos, o que não impediu, no entanto, que umas centenas de resistentes tenham, em boa hora, comparecido. O gang da dança, apesar de algum indisfarçável cansaço, teve a proeza de por toda a gente a mexer, iniciando a contenda com o exótico "Adult Goth". Contudo, a voz da irrequieta vocalista Lizzi Bougatsos só ao fim de mais um tema se fez, finalmente, ouvir, muito por culpa do público que reclamou o aumento do volume do microfone. Para compensar a falha, Bougatsos em nítido estado aceso, decidiu descer para o meio do público acompanhada por um suposto rodie possuído que nunca parou de agitar um plástico ao jeito de bandeira! Enquanto a restante banda se mantinha em palco em versão instrumental ("House Jam"?), o duo passeou entre os presentes, tirou fotografias, meteu conversa e dançou em cima de cadeiras de plástico, num momento desopilante e até caricato. Normalizado o line up, a banda atirou-se de cabeça a "Eye Contact", o magnífico disco novo que serviu de inspiração a muitas das imagens projectadas em fundo de cenário. Destaque para as agitadoras "Chinese High", "Glass Jar" e "Mindkilla", esta última já com o anfiteatro plenamente agitado e rendido. Um furor de fazer parar a chuva que terminou, já no encore, com "Thru and Thru" em versão ainda mais endiabrada. Muito boa energia positiva...

ARBOREA + VICTOR HERRERO + CHICKS ON SPEED, Serralves em Festa, Sábado, 28 de Maio de 2011

 

























O Serralves em Festa, verdadeira jóia cultural do país, teve mais uma edição de peso. Quanto à música, a oferta foi variada e para todos os gostos, mas, como sempre, houve altos e baixos. Para o espaço do (desaparecido) campo de ténis estavam agendados alguns dos principais atractivos sonoros e a ementa não desiludiu. 

Na tarde de sábado, o pequeno palco recebeu o casal Curran, ou seja os Arborea, mas a chuva de tanto ameaçar decidiu aparecer em força. Apesar do incómodo e dos sobressaltos técnicos subtilmente resolvidos, o duo manteve-se confiante e encorajado pela plateia abrigada e persistente. Toada calma, sedutora, onde se destacou a voz límpida de Shanti, mas também a sua polivalência instrumental. Ao seu banjo e ukelele juntou-se a guitarra slide do marido Buck, um compromisso folk inscrito no mais recente disco "Red Planet" que pode e deve ser merecer a nossa atenção. Gostamos muito de "Spain", tema certamente obrigatório na digressão que se aproxima por terras vizinhas e onde terão a companhia de Victor Herrero. Com tamanho mantra, a chuva lá foi dando tréguas, poucas, mas atendendo à paisagem e ao nome da banda, a água até que soube bem.   






























O músico espanhol Victor Herrero, companheiro de jornada de Josephine Foster e com quem já andou em digressão por terras portuguesas (incluíndo uma visita a Serralves), foi uma agradável surpresa. O átrio da Casa encheu-se de gente curiosa e pronta a ouvir a sua proposta acústica, canções ainda em fase de acerto para um novo disco e outras, mais antigas, saídas do primeiro álbum "Anacoreta". Voz forte e versos em castelhano de inspiração poética e do dia-a-dia da natalícia Toledo envolveram os acordes vincados da sua guitarra espanhola, uma sonoridade não muito habitual por estas bandas, mas, por isso mesmo, a merecer toda a atenção. Pela quantidade de palmas e de pedidos de "mais uma", o género parece ter seguidores. 

     




























Começa a ser um hábito que a principal noite da Festa apresente um projecto desempoeirado ou burlesco. Os Bonaparte (2010) ou os Gravy Train (2009) são exemplos passados deste tique programático, embora de eficácia, quanto a nós, muito questionável. Este ano coube às Chicks On Speed assumir esse papel de interactividade e provocação, mas, sinceramente, o resultado ficou novamente muito aquém das expectativas. Bem se esforçaram as meninas por lançar desafios à imensa plateia do prado, mas os tiros saíram sempre ao lado. Começaram de forma séria, cobrindo "Revolution Will Not Be Televised" em homenagem a Gil Scott-Heron falecido na véspera e a partir daí ligaram o interruptor do electro, mas a corrente pareceu fraca e desinspirada. Salvaram-se as imagens de fundo, um assinalável e arrojado melting-pot visual merecedor de destaque e que espelha o interesse da dupla pelo universo da arte, moda e multimedia. Não faltou, é claro, o hit "We don't play Guitars", mas ficou por perceber, já agora, o porquê da presença dum desgraçado baterista no meio do palco completamente abafado pelos samplings e programações... Só mesmo "Wordy Rappinghood" dos velhinhos Tom Tom Club, com que terminaram o espectáculo, para animar um pouquinho a noite.     

CLOUD NOTHINGS + TORO Y MOI, Teatro Mun. Vila do Conde, 27 de Maio de 2011
























Os Cloud Nothings bem que podiam tentar entrar no Guiness! O feito constaria em tocar o maior número de temas em trinta minutos e o resultado final seria para aí umas vinte canções. O pior (ou melhor) é que ninguém lhes ligaria nenhuma importância. Resumindo, foi mais ao menos isto que se passou em Vila do Conde. Plateia sentada e entediada e quatro jovens em cima do palco em velocidade supersónica à espera de bater de frente. Um deles cantava e dizia sempre thank's. A pergunta, em pleno intervalo, fazia todo o sentido - gostaste dos Green Day? Não.   

Bem mais desperta, a mesma plateia sabia ao que vinha. O projecto Toro Y Moi liderado por Chazwick Bundick tinha já passado com sucesso pelo Plano B o ano transacto e muitos dos presentes eram, assim, reincidentes. O regresso, em boa hora, serviu para apresentação de "Underneth the Pine", álbum lançado no Inverno, mas de travo veraneante. Em palco esteve uma banda a brilhar, com um baixo e bateria perfeitos e uma guitarra excepcional, atributos particularmente reluzentes nos novos "New Beat", "How I Know" ou "Got Blinded" e em gelados de baunilha mais antigos como "Freak Love" ou "Low Shoulder". Resultado: uma barrigada docinha de chorar por mais e que teve em "Still Sound" o epílogo lógico, numa das grandes canções do ano. Se esta música fossem o tais sorvetes, ainda agora estaríamos a lamber os dedos!   


GIL SCOTT-HERON (1949-2011)
















Em Maio do ano passado, quase por milagre, vimos concretizado um sonho antigo: ver Gil Scott-Heron em concerto. Ali, em plena Casa da Música, o mito desceu à terra bem disposto, brincalhão, de voz rouca e humor refinado. Presença imponente e acolhedora, foi nos camarins do local que lhe demos um forte abraço depois de algumas fotografias, autógrafos e muita, muita humildade. Agora que o mito subiu ao céu, o abraço é o do mundo inteiro. Peace, brother!    

sexta-feira, 27 de maio de 2011

TWIN SHADOW, Teatro Mun. Vila do Conde, 26 de Maio de 2011


























O projecto "Estaleiro", que ao longo do corrente ano se propõe agitar culturalmente a cidade de Vila do Conde, teve ontem um dos seus primeiros grandes textes. A estreia da organização do Curtas na promoção de concertos internacionais recaiu em Twin Shadow e a escolha não podia ter sido mais acertada. Teatro cheio, banda nova e fresca com um disco orelhudo, trauteado de cor pela maioria dos presentes. Pena que os lugares sentados e a profundeza do palco tenham impedido uma maior proximidade física e emocional, apesar dos fortes aplausos desde o começo. O senhor George Lewis Jr., envergando um chapéu tipo porteiro de hotel (ou à Spirou, como perpicazmente alguém notou), foi acompanhado por um trio clássico (baixo, bateria e teclas) e muito anos 80, traduzido num som forte mas nem sempre fluído. Em destaque esteve a totalidade do disco "Forget" de 2010, cartão único de apresentação, o que originou um espectáculo curto mas, mesmo assim, saboroso. As canções são do melhor que a pop actual pode oferecer, um new wave de raizes óbvias mas que a produção de Chris Taylor (Grizzly Bear) ajudou a funcionar. A voz nem sempre esteve no ponto e o mesmo se poderá dizer de alguns arranjos de guitarra, demasiado deslocadas em relação aos originais, a roçar, por vezes, um som a la Simple Minds dos (maus) velhos tempos. Talvez a elogiada comida e a bebida nortenha do jantar tenha produzido algum efeito contrário a uma postura mais efusiva, tendo a banda mantido sempre um atitude contida e profissional. A distância para a plateia sentada também não ajudou à festa e somente no encore, com o estimulante "At My Heels", o público se levantou para a dança e movimento. O regresso a Portugal (Paredes de Coura) será, sem dúvida, bem-vindo e confirmará os Twin Shadow como mais um daqueles bons fenómenos pop. Aí já sem cadeiras...




quinta-feira, 26 de maio de 2011

ERLEND OYE, O ECO BOY
















Já vimos o irrequieto Erlend Oye, metade dos Kings of Convenience, a brincar às canções à entrada de um In-n-Out californiano, no meio de um parque francês, em plena praia de Ipanema, no metro de Amesterdão, na Praça Vermelha moscovita ou a aventurar-se ao piano numa de John Lennon. Um pouco mais a sério, o músico decidiu agora produzir um pequeno video onde recorre a "Imagine" do malogrado Beatle, para alertar os habitantes de Siracusa, cidade do sul da Sicília, sobre a ameaça que atinge Pillirina, um dos seus paraísos naturais, pela construção de um aldeamento turístico. É este o seu manifesto:

"I have spent quite a bit of time in Syracusa in Italy. A great city in the south of Sicily. But now one of my favourite places there, Pillirina, is supposed to become a touristic village, and no longer have public access to the sea. Very sad. I made this video with some friends of mine to show Syracuseans what they might loose forever. Wake up!"

Apoiado, dizemos nós! 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

UMA ILHA A BONS PREÇOS



















Os Efterklang apostaram na venda online do seu filme "An Island" dirigido pelo polémico Vincent Moon. A película de quase cinquenta minutos foi rodada durante quatro dias numa ilha da costa dinamarquesa e encontra-se agora disponível para download a preço incerto, ou seja, mediante a "doação" de uma quantia simbólica. Estreado em Fevereiro deste ano, o documentário foi já apresentado em diversas sessões que receberam o nome de "Private-Public Screeening" onde era obrigatória a entrada livre e um recinto, no mínimo, com capacidade para cinco pessoas...
A versão em DVD, disponível a partir de Setembro próximo, incluirá um link para a descarga gratuita de um novo EP gravado ao vivo no Festival de Roskilde de 2010.


AN ISLAND - 3rd TEASER - Vincent Moon & Efterklang from Rumraket on Vimeo.

VIGO TRANSFORMA-SE... NOVAMENTE!















A edição estreia do festival Vigo Transforma que decorreu em Julho de 2010, trouxe até perto de nós um lote de artistas interessante a preços apelativos: Jeff Tweddy, The XX, Devendra Banhart foram só alguns que por lá marcaram presença a um preço muito atractivo (25€). Ficou a dúvida se o evento teria continuação, mas a resposta aí está: haverá uma nova edição de 30 de Junho a 3 de Julho, data dos principais concertos. Para já, estão asseguradas as presenças, entre outros, dos The Pains Of Being Pure at Heart, Deus, Toro Y Moi, Yann Tiersen, Ron Sexsmith, Russian Red, os portugueses The Gift e, maravilha, os Junior Boys (foto). Esperam-se, para breve, novas confirmações e preços dos bilhetes. Se juntarmos a presença, mais a norte (Ferrol), dos High LLamas no dia 4 de Julho, está na hora de marcar férias e rumar para a sempre acolhedora Galiza...  

segunda-feira, 23 de maio de 2011

GRANDES IMPRESSÕES

Para os mais distraídos, relembra-se que o prometido EP de versões de Mayer Hawthorne de nome "Impressions" se encontra ainda disponível para download gratuito no site da Stones Throw Records. Entre as seis canções eleitas, está a cover inesperada de "Don’t Turn The Lights On" de Chromeo e originais dos Isley Brothers, Steve Salazar, Jon Brion ou The Festivals reinterpretados em estúdio, backstages ou sessões de rádio com a sua banda, os The County. O músico actua no dia 7 de Julho (Parque Marechal Carmona) em Cascais no âmbito da edição deste ano do Cool Jazz Festival.

A TERNURA DOS QUARENTA


















O épico disco "What's Going On" que Marvin Gaye gravou há quarenta anos na Motown (foi editado a 21 de Maio de 1971) vai merecer uma edição em caixa com direito a muitas raridades. Entre os dois cd's contam-se 14 faixas que nunca viram a luz do dia, jam sessions registadas no famoso Studio B após a edição do disco e muitas demos ou versões alternativas. Inclui-se o vinil na sua mistura original (Detroit Mix) e a reprodução fiel da capa da época. Há, obviamente, fotografias e ensaios inéditos, tudo disponível a partir de 7 de Junho via Tamla Records, uma subsidiária da casa mãe. A data foi já devidamente assinalada pelas principais rádios americanas e inglesas e tem um concerto tributo já marcado para Julho da responsabilidade de Stevie Wonder e Ricky Manor. Proféticos, mágicos, os trinta e cinco minutos do disco são, desde sempre, uma das nossas maiores devoções. Oremos...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

DUBLIN: ELE HÁ DIAS ASSIM...

e em duas horas, no fim da madrugada, levantamos voo, saímos da rotina e entramos em órbita. Deambulamos por ruas, reparamos nas estátuas, nas casas, nos jardins, nas pessoas e nalguma timidez das irlandesas. Havia uma estação de rádio num camião e sempre muita música e cerveja em bares e pubs de chancela James Joyce e onde se gosta mais de rugby que futebol. Tivemos vontade de jogar snooker, de nos sentarmos a ler o jornal e de ficar à conversa com gente simpática e curiosa. Ao fim de duas ou três half pint's, ainda a manhã ia a meio, notamos as estradas fechadas por causa de uma rainha inglesa que por lá andava quase incólume. Ruas limpas, muitas bicicletas, cores fortes nas lojas e fachadas, mas faltava pouco para que um azul-branco se espalhasse sem sobressaltos. Almoço bem servido em Grafton St. e o regresso ao pulsar da cidade em mercados de flores, lojas de cabeleiras ou de vinis a que, estranhamente, acabamos por resistir. Mais uma ou duas pint's para o caminho, agora no Temple Bar, entre cânticos ruidosos mas onde o convívio adiou rivalidades e uma canção dos U2, cantada ao vivo, uniu gargantas. Em Fleet St., a rebentar de festa, entramos no Oliver Cogarty ao som perfeito do "Brown Eye Girl" do Van Morrison entre danças e muitas palmas para a dupla simpática que por ali animava o recinto. Vimos o Trabant dos U2 no Hard Rock Café e uma casaca do Ike Turner, guitarras do Ron Wood e discos de ouro dos Beatles. Abrimos, finalmente, um jornal e ele lá estava, o Walsh dos velhos tempos e recordações do Salgueiros e do Boavista! O sol tímido espreitava entre nuvens, mas a hora era de holofotes. Um dia, voltaremos com mais tempo a estas ruas. Um jogo, um simples jogo, era afinal o motivo de tudo isto. O resto é, já hoje, história, a de sempre, a da vitória.    


 
 


 

terça-feira, 17 de maio de 2011

(RE)LIDO #31











 




KEEP ON RUNNING: 
THE STORY OF ISLAND RECORDS
Edited by Chris Salewicz. London: The Island Trading Co Ltd. 2009
Os 50 anos da editora inglesa Island Records foram comemorados em 2009 com pompa e circunstância. Entre concertos e raridades, destacou-se ainda a produção de um documentário alusivo por parte da BBC e uma magnífica exposição em Londres na loja da Phonica Records. Merece também realce a edição deste álbum ilustrado com contribuições de mais de uma dezena de especialistas e a reprodução de múltiplas capas de discos e fotografias inéditas. Contam-se diversas e saborosas histórias de lendas tão diferentes como Bob Marley, U2 ou Nick Drake, numa casa reconhecidamente mítica e uma das principais labels da história da música. A palmeira que lhe serve de símbolo é quase sempre sinónimo de qualidade, embora mais recentemente  os mais puristas se tenham sentido um pouco baralhados com a chegada das Sugababes, de Mika ou dos Keane. Para trás, os U2 já tinham detonado o sucesso mundial, o que permitiu à pink label diversificar o catálogo de artistas: Grace Joens, Tom Waits, Marianne Faithfull, B-52', Robert Palmer, PJ Harvey ou Tricky, mas também continuar a apostar em novas sonoridades, arriscando gravar King Sunny Adé, Salif Keita e Baaba Maal. A ZE Records, uma subsidiária da casa mãe e a ZTT Records, não são esquecidas e as capas reproduzidas trouxeram-nos inúmeras recordações de discos comprados na Valentim de Carvalho de 31 de Janeiro de artistas como Anne Pigalle, Art of Noise e Kid Kreole. Importante também o papel da editora na afirmação da chamada folk inglesa de setenta (John Martin, Cat Stevens, Sandy Denny, Richard Thompson, etc.) onde ganha particular importância o texto que Joe Boyd escreve sobre a descoberta de Nick Drake e o assumir da sua óbvia eternidade. Se pensarmos que hoje esta corrente é uma das principais "fontes" dos Fleet Foxes, Grizzly Bear ou Midlake não é difícil concordar com ele. Sem ser exaustivo, estamos perante um livro magnífico e de enorme qualidade gráfica, mas o peso e dimensão patrimonial da Island não poderia caber em 220 páginas. O que vale, aos poucos, outras historietas vão emergindo...        

segunda-feira, 16 de maio de 2011

3 X 20 MAIO











20 canções:
. JUNIOR BOYS - Banana ripple
. ARCHIECTURE IN HELSINKI - I know deep down
. BATTLES - Ice cream (feat. Matias Aguayo)
. PANDA BEAR - Last night at the jetty
. TORO Y MOI - New beat
. GIL SCOTT-HERON & JAMIE X - The crutch
. METRONOMY - Everything goes my way
. THE VACCINES - If you wanna
. THE STROKES - Machu Picchu
. THE KILLS - Baby says
. ACID HOUSE KINGS - There is something beautiful
. MEMPHIS - Wait!
. DAN MICHAELSON AND THE COAST GUARDS - Pickup
. THE MOUTAIN GOATS - Sourdoire valley song
. BILL CALLAHAN - Drover
. KURT VILE - Runner ups
. ALEX TURNER - It's hard to get around the wind
. ALELA DIANE - The wind
. DEATH CAB FOR CUTIE - Stay young, go dancing
. THE UNTHANKS - Last

20 versões
. DEBBIE HARRY & FRANZ FERDINAND - Live Alone (Franz Ferdinand)
. FRIENDLY FIRES - I'm good I'gone (Lykke Li)
. ACE REPORT - We used to wait (Arcade Fire)
. THE WEDDING PRESENT - Cattle & Cane (Go Betweens)
. GRANT MCLENNAN - If I Should Fall Behind (Bruce Springsteen)
. JAMIE WOON - Someone Like You (Adele)
. MAYER HAWTHORNE - Don't Turn The Lights On (Chromeo)
. RUSSIAN RED - Let It Be (The Beatles)
. SARA LOV - I Want to Vanish (Elvis Costello)
. MY BRIGHTEST DIAMOND - It's Over (Roy Orbison)
. WOLF GANG - Pyramid Song (Radiohead)
. AUSTIN! WHITE - One day (Juan McLean)
. FOL CHEN feat. SIMONE WHITE- I Walked (Sufjan Stevens)
. AIDAN MOFFAT & BIL WELLS - Cruel Summer (Bananarama)
. YELLOW OSTRICH - Don't Haunt This Place (The Rural Alberta Advantage)
. YOUNG THE GIANT - Rolling down the deep (Adele)
. ALB - On a train (Yuksek)
. STEFALLOO - Wake Me Up Before You Go-Go (Wham!)
. AGNES OBEL - Between the Bars (Elliott Smith)
. OH LAND - White Winter Hymnal (Fleet Foxes)

20 Remixes:
. HOLY GHOST! - Wait & See (CFCF Remix)
. YUKSEK - On a Train (The Magician Remix)
. FLEET FOXES - The Shrine (Hannes Fischer Remix)
. LYKKE LI - Sadness Is a Blessing (Gold Panda Remix)
. THE MIRACLES CLUB - Light of Love (Cut Copy Re-vision)
. GANG GANG DANCE - House Jam (Hot Chip Remix)
. CRYSTAL CASTLES - Celestica (Thurston Moore Remix)
. ARIEL PINK'S HAUNTED GRAFFITI'S - Round and Round (Pional edit)
. HOORAY FOR EARTH - Surrounded By Your Friends (Twin Shadow Remix)
. AGNES OBEL - Riverside (Lulu Rouge Remix)
. MY BRIGHTEST DIAMOND - Inside a Boy (Remixed by Son Lux)
. THE WOMBATS - Jump Into The Fog (Crystal Fighters Remix)
. THE KILLS - Satellite (Mixed by Mad Professor & Joe Ariwa)
. FUJIYA & MIYAGI - Cat Got Your Tongue (Ghost Eyes Remix)
. JAZZANOVA - I Can See (Vangel Remix)
. JUBILEE - El Perro Del Mar (Cool Mom Remix)
. MOBY - Pale Horses (Apparat Remix)
. RA RA RIOT - Too Dramatic (The Kids Are Radiocative Remix)
. GUITARO - Come Get Sums (Sinewave Remix)
. CUT COPY - Need You Now (Gavin Russom Remix)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

PRÉMIO OBEL!

















A estreia em disco de Agnes Obel com "Philarmonics", um dos grandes álbuns de 2010, continua a multiplicar paixões e a aquecer corações, o que não é nada surpreendente atendendo à beleza da música e da própria! Uma das últimas plateias rendida foi a parisiense, onde em Março passado a artista registou para a posteridade, via iTunes, um EP onde constam cinco das suas já clássicas canções e uma nova versão, por sinal uma fantástica interpretação de "Between The Bars" de Elliott Smith. Silêncio, que se vai cantar o...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

ANDA VER VANDAVEER


















Editado em 2009, o anterior disco de Mark Charles Heidinger na companhia de Rose Guerin sob o nome de Vandaveer, traduziu-se numa acutilante maravilha. O tema título "Divide & Conquer" era, então, um exemplo perfeito dessa magia sonora que algumas canções conseguem, para sempre, vincar e engrandecer. Há agora um novo trabalho, saído em Abril algures na Bandcamp e espera-se de "Dig Down Deep" o mesmo efeito retemperador só ao alcance de alguns... Aqui fica a primeira e fresquinha dose.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

ARBOREA NO PARQUE?


















Em Outubro passado o duo Arborea cancelou, para nosso desgosto, o concerto na altura agendado para o Auditório de Espinho. Prometeram, contudo, não falhar ao longo de 2011 e o que é certo, para já, é a sua presença na Festa de Serralves (28 e 29 de Maio). A estreia serve para apresentar o disco novo entretanto gravado que recebeu o nome de "Red Planet" e onde pousam suaves melodias folk e ainda uma versão de "Phantasmagoria in Two" de Tim Buckley. Ao casal Shanti e Buck Current calhava bem um fim-de-tarde solarengo de qualquer um dos dias, entre as muitas e frondosas formações arbóreas do parque e com direito a uma cerveja fresquinha...



quinta-feira, 5 de maio de 2011

MGMT, Parque da Cidade/Queima do Porto, 4 de Maio de 2011

O dia pós-cortejo, quarta-feira, costumava ser, no nosso tempo, o momento mais calmo da celebração semanal. A festa era, então, disputada e dividida por várias discotecas da cidade (Twins, Number One, Indústria...) e o acesso a alguma dose suplementar de alcool tinha preços proibitivos. Agora e desde que a queima se realiza em regime de concentração e quase de bar aberto, parece não haver dias "fracos" e a prova foi o mar de gente que se juntou na frente do palco do chamado "Queimódromo" para assistir ao milagre de ver os MGMT no Porto. Rock denominado de psicadélico para uma juventude efusiva parecia algo de arriscado, mas o concerto acabou por se revelar bastante interessante e positivo. Doseando e intercalando temas dos dois álbuns até agora gravados, a banda conseguiu, com competência e sem artifícios escusados (p.ex. palminhas, diálogos e comentários elogiosos à cidade ou ao país), agarrar uma multidão bem disposta e até conhecedora da maioria das canções. Claro que o som não foi o melhor, mas não se concretizaram os rumores antigos de que os MGMT eram ao vivo um flop técnico e sonoro. Nitidamente já bastante rodados, os cinco músicos em palco assumiram uma setlist escolhida a dedo para a ocasião festiva. Ao terceiro tema já "Time to Pretend" agitava os músculos e punha as gargantas a gritar em uníssono um mais que apropriado "This is our decision, to live fast and die young/We've got the vision, now let's have some fun", mas o delírio colectivo haveria de acontecer, já perto do final, quando os primeiros acordes de "Kids" se misturaram com o acabar do fantástico "Siberian Breaks" e os seus doze minutos psicadélicos e que foi apresentado, sarcasticamente, como uma canção para festivais. Percebendo a agitação, o núcleo duro da banda, o vocalista VanWingarden e o teclista Ben Goldwasser, desataram a correr para o fosso que os separava da multidão ruidosa, para celebrar condignamente o momento ("Control yourself/Take only what you need from it")... Para trás, "Electric Feel" tinha, na altura certa, preparado o terreno e o encore final, encerrado com "Brian Eno", levou a uma ainda maior, como se fosse possível, correria às barraquinhas / barracos de líquidos. Atendendo à relação qualidade preço (7€), um concerto que, este ano, será muito difícil de igualar. 

terça-feira, 3 de maio de 2011

PERFUME DE VERÃO


















O quinto álbum de originais dos Vetiver, colectivo liderado por Andy Cabic, sai já em junho pela Sup-Pop nos E.U.A. e pela Bella Union no resto do mundo. A recepção de "The Errant Charm" pela crítica tem sido, esmagadoramente, positiva e espera-se que este perfume sonoro se entranhe, como é hábito, ao longo de todo o verão que se aproxima. Pormenores por aqui e com direito a amostra gratuita.