sexta-feira, 5 de setembro de 2014
(RE)LIDO #60
UP AND DOWN WITH THE ROLLING STONES
MY ROLLERCOAST RIDE WITH KEITH RICHARDS
de Tony Sanchez. London: John Blake Editions, 2010
A fotografia da capa não engana. Olhos vidrados e cigarro na ponta dos lábios, uma imagem de marca de Keith Richards que o tempo nunca há-de apagar. Dependente e truculento, o próprio tratou de explicar-se na biografia oficial para quem, como nós, quis acreditar. Muito antes (1979), contudo, já um tal Tony Sanchez tinha posto a boca no trombone com a edição deste livro revelador da sua íntima ligação a Richards desde os anos 60 no papel principal de dealer mas onde acumulou funções de guarda-costas, intermediário, motorista, mecânico ou enfermeiro... Filho de emigrantes espanhóis, Sanchez conhecia o sub-mundo de Londres como ninguém e cedo se viu envolvido pelas taras e manias de toda a entourage dos The Rolling Stones, iniciando uma amizade com Brian Jones rapidamente permeável aos The Glimmer Twins (Richards/Jagger), tendo presenciado, supostamente, todos os altos e baixos da banda, da noite negra de Altamont à mítica estadia em rodopio no Sul de França, passando pela suposta transfusão de sangue de Richards por terras suiças para limpar vestígios inadequados ou as atribulações do célebre concerto no Hyde Park. E depois há as mulheres, qual delas a mais bonita, qual delas a mais alucinada: Bianca Jagger, Marianne Faithfull, de quem foi amante e fornecedor e Anita Pallenberg, personagem chave em toda a história e com papel decisivo nos altos e baixos dos próprios Stones. Acredite-se ou não, o certo é que a sequência e teor dos factos relatados permite-nos penetrar numa montanha-russa de acontecimentos quase irreais que o próprio Richards classificou como exagerados sem os desmentir e que, ao que parece, teve ainda capítulos censurados. Diversas vezes reimpresso e alterado, o livro continua a fazer as delícias de uma grande maioria de fãs (basta conferir os comentários na página da Amazon inglesa) e na versão aqui em destaque a história prolonga-se até 1989, ano decisivo para reunião tremida da banda. Tony Sanchez, falecido em 2000, pode ter sido ajudado pelo próprio editor John Blake a escrevê-lo, pode ter sido vagamente biografado, pode até dar nome a uma banda espanhola (Spanish Tony Sanchez, como era também conhecido) e onde o livro foi traduzido o ano passado, mas o seu nome estará para sempre gravado, para o mal e para o bem, numa aventura ainda não terminada e onde a culpa involuntária tem o nome de "Brown Sugar" ou de "Dead Flowers", vulgo papoilas...
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