segunda-feira, 9 de junho de 2008
SERRALVES EM FESTA, Porto, 7 e 8 de Junho de 2008
Torna-se já lugar um comum falar do êxito desta iniciativa. De ano para ano e mantendo a estratégia e excelente organização, o Museu de Serralves ganha a cidade, o país e até turistas que já marcam a visita ao Porto na data da Festa... Sábado à tarde, numa mistura salutar de idades, línguas e tribos, o enorme palco gigante ao ar livre permite a descoberta, o repouso e a experiência, numa paleta de actividades lúdicas e educativas inigualável. Gratificante apreciar os olhos arregalados de um míudo na presença de músico com o seu alaúde ou a curiosidade de um avô a ser puxado pelo neto para junto dos grafittis. A esta hora, contudo, todos os caminhos iam dar ao prado. Aproximava-se a hora do Portugal x Turquia e mesmo Serralves não lhe pode passar ao lado. Na oportunidade, a organização aproveitou para ganhar adeptos para a música: ao mesmo tempo que decorria o jogo, um grupo de músicos – o Space Ensemble - com uma televisão à sua frente, improvisaria sons e tons em jeito de banda sonora emocional, plena de crescendos, desilusões, tensões e, obviamente, euforias. A surpresa foi a “contratação” de Gabriel Alves (excelente ideia!) para, em directo, realizar os comentários especializados... Já tinhamos saudades da catadupa de adjectivos sobre o peso, idade ou técnica de cada jogador e daquelas tiradas por vezes contraditórias e mordazes (a propósito, lemos hoje que já corre uma petição para que Gabriel Alves volte à RTP para fazer os comentários do Euro2008)! Foi e é o maior! Ponto (vejam os videos cortesia do Expresso e HugTheDj).
Quanto aos músicos, depois de um começo naturalmente à defesa, arrancaram para uma exibição bem conseguida, assente na experiência e destreza técnica, que culminaria num saboroso “gran finale” que o golo nos últimos segundos serviu às mil maravilhas. Resultado, a todos os níveis execelente!
Sem tempo a perder, passamos para outro recinto de jogo. No ténis do parque, tinha já começado a competição dos Clube dos Nadadores de Inverno, mesmo sem piscina... O colectivo de músicos junta, no fundo, três equipas: na bateria está João Pedro Coimbra dos Mesa, no contrabaixo e guitarra o duo Dead Combo, na outra guitarra Alexandre Soares e na voz, Ana Deus, ou seja, os Três Tristes Tigres. As letras das canções são facilmente reconhecidas como de Regina Guimarães e o resultado não anda muito longe da sonoridade marcante dos Três Tristes Tigres. Sobressai a guitarra prolongada de Alexandre Soares, adornada agora com complementos em riff característicos dos Dead Combo. Esta primeira apresentação pública do projecto, apesar de não trazer grandes novidades, deu o mote para que o disco não tarde! (video HugtheDj)
Por falar em discos, tempo ainda para uma volta pela recomendável exposição "Vinil - Capas de Artistas" antes dos Wire. Activos desde 1976 e depois de contínuos realinhamentos e paragens, a banda tem álbum novo em 2008 e decidiu voltar à estrada. Notou-se a presença de fãs ferrenhos e conhecedores, o que não é o nosso caso. Apesar da fama e das eternas referências, são, inexplicavelmente, uma banda que sempre nos passou ao lado... O concerto, contudo, foi musculado, salientando-se o baixo perfeito de Graham Lewis e a guitarra irrequieta de Colin Newman, em atitude irreverente. No fundo um bom concerto. (video HugtheDj)
Seguiu-se uma daquelas sessões dj para esquecer a cargo de uma tal dupla Ronnie Darko & Pase Rock. Tiques em desuso, escolhas mais que ultrapassadas e sofríveis a que a maior parte da multidão presente, já sem pachorra, rapidamente se alheou. Um erro de casting!
Dia de domingo agradável e recinto de ténis a abarrotar. Enorme expectativa na apresentação dos Dirty Projectors, mais uma banda em alta vinda de Brooklyn. Em tons de verão, que a prévia música dos Beatles ajudou a ambientar, a banda apresentou melodias do álbum “Rise Above”, justificando o brilho do sol durante todo o concerto. Foram servidos “refrescos” de fim de tarde, numa mistura de vozes de sabor africano (o afrobeat é decisivamente uma marca 2008) e até soul. No centro das atenções esteve Dave Lonsgstreth, esguio guitarrista e vocalista e principal mentor, mas com a ajuda preciosa das duas vozes femininas. Não faltou à “festa” os parabéns ao aniversariante baterista, cantados em coro pelos presentes. Notou-se muitos menos desistências que o ano passado, aquando do concerto de Panda Bear e foi lindo ver pequenos e graúdos, velhos e novos sorridentes e perfeitamente supreendidos. A banda ganhou certamente muitos fãs, bastava ver a quantidade de discos que os próprios elementos simpaticamente venderam no final. Lucramos todos! (video HugtheDj)
Para terminar a festa, os Neung Phak, ou seja e traduzindo do tailandês, Mono Pause. À frente do grupo está um louro personagem que ainda há poucas semanas esteve em Serralves no papel de narrador dos Nagativland e que comanda, sempre que se aplica a função, o colectivo. Misturam-se sons indonésios, vietnamitas e cambodjanos de cariz, por assim dizer, retro-chunga-fixe ou melhor, Thai/Lao pop! As letras são, claro, impreceptíveis, excepção para o tema, já no encore, “Fucking Usa”, single que saiu em versão 7” (atenção HugTheDj...). Em poucos minutos a frente do palco foi tomada pela dança e movimento em contínua desbunda controlada, fechando da melhor forma mais uma festa de Serralves. Para o ano há mais. Viva a “democracia” cultural. Viva!
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