Certamente surpreendido pela elogiada beleza da cidade, mas sob efeito mágico da incontornável SuperBock, foi um Ed Harcourt barbudo e bem disposto que se apresentou em Guimarães. Apesar da fraca adesão de público, o concerto foi, sem dúvida, o melhor dos três a que já assistimos (passagens anteriores pela Cinema Batalha e por Vila da Feira), facto a que não deve ser alheia a presença de um guitarrista e um trompetista. Solto, com piada, Harcourt iniciou o espectáculo sozinho com a ajuda de uma concertina de plástico, comprada na Penha a um qualquer vendedor ambulante, mas foi ao piano, como sempre, que se viveram a maioria dos melhores momentos. Entre novos temas recentemente gravados em Seattle, Harcourt e companhia percorreram discos mais antigos, com destaque para clássicos como “Something in my eye”, “This is not For You” ou o obrigatório “Born in the 70’s” e o incluso e desafiante refrão “We don’t give a fuck about you”… Brilharam, obviamente, pérolas como “Apple of my eyes” ou “Black Dress”, que um trompete a rigor conseguiu transformar num dos momentos mais planantes da noite. Memorável, ainda, mais uma brincadeira ocasional, neste caso, uma simples bisnaga de bolas de sabão disparada em contínuo sob o cintilante efeito das luzes do palco e também um saboroso “Like a Virgin “ de Madonna a terminar, ao piano, um dos seus originais. Do disco “The Beautiful Lie”, Harcourt não prescindiu, entre outros, do sublime “Lost Cigarette”, tocada e cantado à guitarra, sem amplificação, na frente do palco e de um “Until Tomorrow Then” já no encore, interpretado junto das cadeiras da primeira fila com um microfone em equalização, recurso que é uma imagem de marca do cantor. Para o fim, e mesmo depois das luzes da sala se terem acendido, Harcourt voltaria para, como sempre, nos fazer lembrar porque é que “Visit from the dead dog” é uma das melhores canções pop dos últimos anos. (Foto: Losterminator)
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