segunda-feira, 5 de julho de 2010
RICKIE LEE JONES, Casa das Artes de V.N. de Famalicão, 3 de Julho de 2010
Trinta anos de carreira, quinze álbuns e alguns Grammys fazem parte do intocável currículo de RLJ. Tamanha dimensão não é, contudo, sinónimo de popularidade e euforia, pelo menos em Portugal. Já na anterior e inesquecível passagem pela cidade minhota, em 2008, na companhia de Petra Haden, o auditório não encheu, mas esta segunda insistência teve ainda uma menor adesão. A artista acusou o toque e logo a abrir comentou o esforço da viagem para tocar para setenta pessoas, a mais pequena plateia da sua carreira, segundo a própria, ameaçando com um tímido “Portugal nunca mais”... Resignada, mas firme, arrancou para um adequado “Nobody knows my name” de “The Sermon on Exposition Boulevard”, disco esquecido há dois anos atrás, mas que noite de sábado, felizmente, recuperou. Ao seu lado esteve Jose Mari Maramba, baixista de infindáveis recursos e Wyatt Stone, um miúdo polifacetado mas ainda “verde”, que, em substituição do experimentado Lionel Cole, se desdobraria pela bateria, piano, guitarra, bandolim e até concertina. Os três, em ritmo informal e de sala de ensaio, mas sempre com uma Rickie comandante e de voz marcante, percorreram parte do seu enorme património de composição sem uma setlist aparente mas deversificada onde couberem "Satellites" ou o inesperado "Horses". Assim, do disco de estreia (1978) alinharam-se “The Last Chance Texaco”, “Weasel and The White Boys Cool” e “Young Blood” com Rickie na bateria (!), mas faltou inexplicavelmente (ou não, como castigo...) “Chuck E.’s in love”. Ao piano, os temas eleitos foram na maioria retiradas do grande álbum que é “Pirates” (1981), soando perfeitos os clássicos ”We belong together”, “A lucky guy” e “Living it up”, aqui numa longa, mas vibrante, versão quase ao jeito de remistura, muito por culpa de um baixo carregado e envolvente da autoria de Maramba. Já de volta à guitarra, tempo ainda para uma passagem pelo último “Balm in Gilead”, uma colectânea de canções antigas em bom tempo retomadas, donde se destacaram os magistrais “Bonfires, “Wild Girl”, dedicado à filha Charlotte e o espiritual “His Jewelled Floor”. Tudo terminaria, sem direito a encore, com a reza “Road to Emaus” do tal “The Sermon...”. Em dia de calor, a noite foi só agradável, quando tinha tudo para ser memorável. Faltou mais vontade e público para que o tesouro ficasse totalmente a descoberto.
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