quinta-feira, 1 de julho de 2010
(RE)LIDO #21
MR. S - THE LAST WORD ON FRANK SINATRA
de George Jacobs e William Stadiem. Londres, Pan, 2004
Séries de televisão, foto-biografias, biografias autorizadas ou à revelia, há uma imensidão de imagens, informações e rumores sobre o mundo "Sinatra". Há até o retomar do biopic da autoria de Martin Scorcese que, segundo o revelado, será adequadamente ao jeito de "Godffelas"! Este pequeno livro é, no entanto, especial. Depois de várias recusas e tentações, George Jacobs, que acompanhou Sinatra na intimidade de 1954 até 1968, decidiu, em 2004, contar, finalmente, o que sabia. Com a ajuda de William Stadiem, Jacobs confirma, com o seu testemunho, todas e mais algumas das peripécias e manias de uma das maiores lendas do século XX. São páginas seguidas de tricas, confidências, traições e esquemas de uma vida alucinada e que teve em Ava Gardner a personagem central. Quando em 1953, Gardner bateu com a porta, o tal mundo de Sinatra nunca mais foi o mesmo. Como seu confidente, criado ou cozinheiro, Jacobs esteve sempre perto das maquinações para a reconquista do tal amor, mas pelo meio há uma constante receita explosiva de sexo (Marlyn Monroe, Peggy Lee, Judy Garland, Laurence Bacall, Garbo e tantas outras) e política, com as famosas ramificações mafiosas ou a curta amizade com os Kennedy's. É um retrato de uma época de caça às bruxas, apimentada pela cor da pele do próprio Jacobs, numa América racista e plena de preconceitos, o que criou inúmeras situações embaraçosas que o próprio Sinatra ajudou sempre a ultrapassar. Ao longo do livro confirmam-se alguns dos seus ódios irredutíveis (a droga ou a homosexualidade p.ex.), mas impressiona o grau de ciúme ou raiva que uma alma tão obstinada pode alcançar. Em desespero de causa, o casamento com Mia Farrow em 1968 seria, como conhecido, a última das grandes auto-armadilhas que espantaram o mundo. Uma das vítimas foi o próprio Jacobs, despedido no auge de uma das tais neuras ciumentas. Um livro intenso, sarcástico e que dava um grande filme. Como convém...
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