de Adrian Shaughnessy. London: Laurence King, 2008
As capas dos discos são uma parte emotiva do mundo fascinante da música. Boas ou más imagens e desenhos resultaram em marcas incontornáveis no nosso crescimento musical e, ainda hoje, muitos dos impulsos na aquisição de vinil antigo ou moderno, ou até de cd's e dvd's, tem na capa e no embrulho uma das principais seduções. Com o advento da era digital, o saudosismo do suporte em papel cresceu a olhos vistos, mas o que é certo é que a importância de uma boa capa manteve-se inalterável, levando, cada vez mais, a um estreitar da colaboração entre o artista/banda e o criativo. O mundo da música continua, assim, bem atento a este fenómeno, basta para o efeito reparar nas já indispensáveis listas de melhores ou piores capas anuais promovidas por sites ou revistas mainstream. A obra de Shaughnessy, um experimentado professor, pretende, com sucesso, realizar uma revisão das actuais tendências utilizadas na concepção de capas de discos, numa década de advento do mp3. Recolhendo o testemunho de trinta designers de todo o mundo, mas onde a Europa tem a primazia, este livro apresenta cerca 400 exemplos pertencentes a pequenas editoras, onde o amor pela música é sinónimo de preocupação com a sua embalagem. Seguindo um inquérito não exaustivo, mas muito pertinente, as respostas dos envolvidos relatam as suas principais influências, estratégias e filosofias, bem como o gosto pelos materiais ou os principais desafios. Há, entre eles, alguns nomes mais conhecidos como é o caso do alemão Jan Lankisch da Tomlab ou Jason Kedgley da Tomato inglesa, conhecido pelas fabulosas capas dos Underworld. O mais fascinante, contudo, foi a descoberta de uma imensidão de editoras e respectivos criativos perfeitamente obscuros para quem, como nós, não acompanha de tão de perto este fenómeno profissional. Gostamos particularmente da Hapna, editora sueca onde Klas Augustsson faz uma cintilante associação do desenho antigo com alfabetos manuscritos, da Check Morris francesa responsável por algumas das capas dos Chin Chin e de Lily Allen ou arrojo de Bjorn Copeland, músico dos Black Dice, que desenha de forma irreverente as próprias capas da banda. Claro que ficará sempre a dúvida se à qualidade do design corresponderá igual qualidade da música, embora no caso apresentado dos Nouvelle Vague o embrulho da autoria Dylan Kendle (Tomato) seja, manifestamente, de nível superior. Neste excelente livro, de consulta obrigatória para quem aspira a ter a sorte de desenhar capas de discos, há, felizmente, muito mais por onde escolher e descobrir, provando-se que este é um campo de experimentação e inovação artística a que é, cada vez mais, difícil resistir.
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