A estreia das Maiden Radio em Portugal tinha na noite cálida e serena de fim de verão um timing perfeito. Mesmo com a ausência forçada da violinista Cheyenne Mize por motivos burocráticos relativos ao seu passaporte e mesmo confessando algum desconforto com a inusitada situação, o duo Shelley e Purcell não deixou, desde logo, de espalhar encantos nocturnos de primeira água quer na escolha de um punhado de tradicionais americanos ou irlandeses de longínquo travo quer na simpatia e bondade emprestadas em todo o recital que inclui também algumas pérolas de autoria própria essencialmente contidas no disco "Wolvering" saído em 2015. Há por aqui muita da beleza que a música faz correr a partir das paisagens naturais, das montanhas ou do sol, mas também de quem nela trabalha e vive o que encerra quase sempre uma raiz salutar de felicidade que o som do banjo ou a harmonia das vozes deste calibre fazem vibrar sem contemplações. Atendendo ao trabalho de recolha, registo e divulgação de todos estes pedacinhos de mundo e de património, diríamos que as Maiden Radio são, simultaneamente, um caso raro de serviço público e talento artístico que interessa apoiar e fruir, sem contemplações, em todos as oportunidades. Em Gaia, a próxima e imperdível aparição estava marcada logo para o dia seguinte...
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