O toque de que haveria uma primeira parte de alto nível que aqui deixamos já em Setembro passado parece ter sido mesmo o único alerta quanto à passagem de Meg Baird e Mary Lattimore pelo Porto. Nas redes sociais do promotor e do local do concerto ou no cartaz oficial impresso e afixado pela cidade, as referências ao espectáculo de abertura foram literalmente esquecidas o que, acrescido a uma disparidade quanto ao horário do evento - notamos, pelo menos, três, 21h00, 21h30 ou 22h00 - conduziram a uma sala meio vazia, barulhenta e desinteressada quanto à presença do duo para meia hora de aquecimento. Mesmo assim, os poucos que tiveram vontade em assistir só podem é agradecer o convite e a benção mesmo que a fragilidade do momento requisitasse uma outra intimidade e, principalmente, uma maior disponibilidade para descobrir uma parceria registada no disco "Ghost Forests" e com direito, a terminar a aparição, a uma enorme versão de "Wrecking Ball" de Neil Young. Respeito!
Conservamos intacto há quase dez anos um orgulho inchado na estreia de Kurt Vile por palcos portuenses. Essa noite de vigorosa energia iluminava, sem rodeios, um caminho certeiro de sucesso que rapidamente se viria a tecer disco após disco, de palco em palco, de parceria em parceria, num trajecto consistente e justamente reconhecido. Ver a casa cheia com variadas gerações de apreciadores que durante esta última década Vile foi arrebanhando sem dificuldades, anunciava um festejo a preceito que a plateia soube merecer e que se vincou quer na bondade e simpatia vindas do palco quer num alinhamento que incidiu nos dois grandes álbuns mais recentes (ok, falta sempre "aquela" como foi o caso de "Rollin with the Flow"). As ovações foram ainda mais merecidas quando sozinho, de guitarra em punho, Vile nos aplicou alguns murrinhos sonoros como "Runner Ups" ou o indelével "Peeping Tomboy" a finar o serão mesmo que alguns desajeitados iluminados e, certamente, entornados, quase estragassem o gozo com umas palminhas inconvenientes abortadas, a tempo, pelo próprio Vile... Ora aqui está uma variação a solo que esperamos um dia experimentar pausadamente já que, quanto à parceria com os The Violators, ficamos saciados e em doses generosas. Tendo em conta a variedade de recursos, aptidões e virtudes de tamanho conjunto, a sua fruição só pode fazer bem à saúde!
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