sexta-feira, 30 de novembro de 2018

(RE)VISTO #72













AINDA TENHO UM SONHO OU DOIS
A HISTÓRIA DOS POP DELL'ARTE
de Nuno Duarte e Nuno Galopim, RTP/Antena3, 2018
RTP2, 28 de Novembro de 2018
Mesmo fazendo parte do festival Porto/Post/Doc por onde passou no passado sábado, foi via serviço público televisivo que acabamos por ver este documento.
Se há banda portuguesa que merecia uma distinção retrospectiva em forma de filme, essa era os Pop Dell'Arte, uns mais que injustiçados ao longo de trinta e cinco anos de actividade o que sempre nos causou estranheza e, por isso mesmo, muito respeito. Sem constrangimentos quanto a rótulos, tendências ou ondas, a banda de João Peste fez sempre o que muito bem quis das suas canções e discos, promovendo uma liberdade criativa invejável e até arrojada que o filme aborda ao de leve e que talvez fosse digna de uma exploração mais profunda e intencional. A matriz adoptada, que não foge à tradicional "chapa3" - entrevista+capa de disco+actuação ao vivo - é talvez um guião ao qual não se pode (deve?) fugir mas atendendo ao vanguardismo criativo que os Pop Dell'Arte sempre evidenciaram, o filme redunda numa redutora abordagem quanto à sua sonoridade e estética tão marcantes. Certamente, como sempre, os prazos foram curtos e os orçamentos irrisórios e, assim, o trilho cronológico da viagem foi o caminho mais fácil escolhido como guião principal, sendo, a esse nível, um exemplo irrepreensível de recolha documental que vai desde os anos oitenta lisboetas até aos mais recentes pára/arranca, uma postura natural dos seus músicos que é, afinal, o modus operandi de um projecto artístico não sujeito a pressões e contra-golpes. No fundo, esta pode não ser a homenagem definitiva nem o melhor dos documentários do género realizados entre nós, mas deveria dar direito a visualização forçada para todos os que hoje se queixam que em Portugal é muito difícil fazer música, ainda e sempre, de qualidade!           

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