FESTIVAL SBSR SUPERBOCK SUPERROCK Acto 2
Parque Tejo, Lisboa, 3, 4, 5 de Julho
Ufa! Terminada a maratona imposta por um cartaz imponente, é com enorme satisfação que aqui deixamos algumas impressões gerais sobre o evento. Depois, individualmente, seguem-se notas sobre os concertos. As fotografias são as possíveis, mas honestas!
LOCAL: já lá tínhamos estado aquando dos Pixies em 2005, mas o espaço está mais amplo, bem delineado e funcional. Vento e algum frio próprio da proximidade ribeirinha, mas a acessibilidade foi rápida e fácil. Múltipla oferta de bebida e alimentação, sem grandes filas ou confusões. Compreendemos que com 50 mil, aquando dos Metallica, o panorama tenha sido bem diferente;
PÚBLICO: 20 mil pessoas na terça, que desceu nitidamente na quarta, para ser ontem bem maior (40 mil?), talvez pelo efeito Interpol. Salvo alguns punks a rigor (sim, não é mentira) a tendência maioritária pareceu-nos vincadamente melómana, conhecedora e de atitude descontraída mas atenta.Todas a bandas tinham público a cantar os seus temas fossem os Clap Your Hands... ou os Magic Numbers, numa demonstração clara da globalização musical que a internet permite. Numa tendência imparável dos últimos anos, a presença feminina continua notoriamente em alta, em diversas perspectivas!
SOM/VISIBILDADE: o som em todos os concertos esteve bom, mesmo quase perfeito. Tal como deve ser, tentamos ver os concertos o mais perto possível do palco, nalguns casos com os apertos e moshes da praxe. Reparo para a largura imponente (exagerada?) do palco que levou à colocação das cameras de TV interna e respectivos operadores muito no centro do palco e a uma altura exagerada, dificultando a visão de todos os que lateralmente viam as bandas. Nalguns casos, ao olhar para o palco, a confusão entre vocalistas ou outros músicos com os "cameramans" era irritante. A rever.
Dia 3, Terça-feira
KLAXONS
Excelentes canções a que faltou uma maior adesão do público, talvez por ser ainda cedo e de tempo cinzento e inconstante. Resultaria certamente melhor em período nocturno e com o aquecimento já feito. Mesmo assim, bom desempenho e já muitos os fãs na plateia, o que adivinha um excelente futuro e nos faz pensar na anulação do concerto na Casa da Música, onde, num espaço mais pequeno, a celebração teria sido outra...
MAGIC NUMBERS
A surpresa do festival. Conhecíamos os seus discos de excelentes canções, até viciantes. Ao vivo a perfomance supera todas as expectativas, com um som límpido, bem executado, de empenho sincero e em crescendo. Pop sem data que caiu mesmo muito bem, em que cada tema é um potencial hit. Simpaticos, os dois casais de irmãos de aparência freak, conseguiram ser brilhantes!
BLOC PARTY
Em menos de um ano, esta era a terceira vez que víamos os Bloc Party! Três concertos, três experiências diferentes. Imbativel, contudo, a perfomance de Coura, a primeira. Aqui, apesar de bom, o concerto foi algo desapontante, talvez por a banda apostar numa certinha transposição dos temas, num rigor que ao vivo pode ser (é) fatal. Pede-se maior descontracção ou então mais descanso. Sim, pareceram muito cansados mas, mesmo assim, as canções são excelentes. Gostamos cada vez mais de “Like eating glass”...
ARCADE FIRE
O melhor do festival! Resultado esperado, mas sujeito a confirmação. Desde o início até ao fim, não há tempo para relaxamentos ou distracções. A adesão do público insuperável e surpreendente até para a banda, que nos convidou a todos para os substituir no palco. Música envolvente e penetrante que nos obriga a reagir, cantando, batendo palmas ou, pura e simplesmente, absorvendo... Indiferença é impossível acontecer e tanta energia e entrega são inesquecíveis. O colectivo transpira confiança a todos os níveis e distribui essa vitamina infalível a todos nós. Resultado – canções transformadas em hinos entoados em coro, abanar constante do corpo e sempre aquela sensação de que “melhor que isto é impossível”. Errado, porque uma nova e intensa dose se aproxima! Power out...Nunca!
Dia 4, Quarta-feira
CLAP YOU HANDS SAY YEAH
Com dois discos bem interessantes, foi com alguma curiosidade que encaramos este concerto. A voz e pose do vocalista são em, alguns momentos, irritantes mas a habituação permite diluir o incómodo e apreciar um espectáculo escorreito, sem falhas ou risco. O tema “The Skin of My Yellow Country Teeth" continua a ser a nossa preferida e foi sem dúvida um bom momento do concerto.
MAXIMO PARK
Em 2005 no Sudoeste os Maximo Park, apesar de enérgicos, sofriam de alguma dose de inexperiência. Os tiques exagerados do vocalista e teclista também não ajudavam. Agora, bem mais rodados e com uma atitude bem mais natural, a banda agarra o público com os seus temas rock indie de efeitos directos e sem rodeios. O vocalista não pára e essa vitalidade é importante para o sucesso da actuação.
THE JESUS AND MARY CHAIN
Talvez o pior concerto entre os melhores...Vê-los em 2007 nada tem a ver com os verdadeiros e intratáveis Jesus de 1988 no Pavilhão Infante Sagres. Escuridão, feedbacks, provocação, discussão e desafinanços. Nada disto aconteceu. Os JAMC regeneraram-se, têm contas para pagar e o resultado é insabido, encapotado e nada espontâneo. No entanto, foi bom ouvir velhos temas principalmente “Happy when it rains” ou “Some candy talking”, mas não chegou.
LCD SOUNDSYSTEM
Outro dos momentos grandes! Tal como os Bloc Party esta era terceira vez, mas podem continuar a ser muitas mais porque não vamos enjoar! A máquina LCD é imparável, o público é maioritariamente fã e conhecedor e o turbilhão é impressionante. Aos primeiros acordes de “Tribulations” ou “North american scum” a reacção é avassaladora. Murphy e companhia juntam-se no meio do imenso palco e dali são disparadas bombas contínuas que nos deixam de rastos... Um senão – terminar com “New York I Love You” foi algo decepcionante. Que tal o míssil “Disco infiltrator”?
Dia 5, Quinta-feira
THE GOSSIP
Beth Ditto é já uma figurona de peso da história do rock. Os cartazes/desafio de indole sexual provocatórios estavam espalhados um pouco por toda a audiência mas, tendo em conta o que já lemos e vimos, a moça até se portou muito bem! Trio electrizante de bateria baixo/guitarra e aquele vozeirão que não deixa ninguém indiferente. A excelente versão de “Carless Whisper” dos Wham recentemente gravada, revela-se, ao vivo, como um dos grandes temas deste festival! Claro que “Standing in the way of control” a terminar leva ao delírio os já imensos fãs. Love you, Beth!
TV ON THE RADIO
Sabíamos da qualidade deste projecto, mas ao vivo aconteceu a confirmação. São, sem dúvida, uma grande banda a merecer mais atenção. Depois de um primeiro disco prometedor e um segundo disco imenso, aqui está uma banda diferente, inovadora, musicalmente e tecnicamente irrepreensível. Carisma e simpliciade, sem artifícios ou exageros, o futuro passa por aqui. Surpreendente! Staring at the Sun!
SCISSOR SISTERS
Ora bem, toca a mexer! Dança, provocação e movimento. Let’s get physical! A quantidade de fãs no feminino que cantavam/gritavam de fio a pavio os já muitos hits dos Scissor elevam já a banda para fenómeno de culto. No meio de tudo isto, é contagiante a adesão popular, embora o espectáculo nos pareça demasiado encenado e rodado. A simulação de felllatio, entre ela e ele e ele e ela, cheirou a exagero, mas... Não falta muito e ainda vão terminar no Pavilhão Atlântico. Apesar de tudo, gostamos!
INTERPOL
O muito aguardado concerto dos Interpol dividiu e dividirá opiniões. De pose, para uns natural, para outros artificial, uma coisa é para nós evidente – classe não falta! Os temas, qualquer um deles, são mesmo muito bons o que arrasa com outro tipo de argumentos. A envolvente de tudo isto é negra, escura e a banda, nos seus clássicos trajes a rigor, tem já e desde sempre o público na mão. Aos primeiros acordes de “Slow-hands”, “Stella” ou outros, muitos não acreditam e deitam as mão à cabeça e fecham os olhos. Para todos os efeitos, um grande concerto. A espera tem destas consequências – elevamos as expectativas a valores inatíngiveis. O valor dos Interpol é cruamente este. E chega perfeitamente!
NOTAS -/+:
(-) faltaram na apreciação aos concertos as bandas portuguesas que iniciaram as hostilidades em cada um dos dias, já que só conseguimos chegar ao recinto a tempo das bandas estrangeiras;
(+) sendo um festival urbano, sem palcos secundários ou acampamentos de proximidade, todos os dias o público ia crescendo ao longo da noite. Excelente ideia a distribuição dos pequenos horários das actuações que foram sempre cumpridos;
(-) encaixadas a seguir umas às outras e com horários para cumprir, as bandas presentes eram todas por nós conhecidas e, nalguns casos, acabaram por não tocar “aquele” tema que tanto esperavamos... São exemplo os maravilhosos “C’mere” dos Interpol e “Neighborhood nr. 2 (Laika)” dos Arcade Fire. Fica para a próxima;
(-) a anulação de actuações é sempre negativa mas deve ser devidamente informada aos interessados – nós, o público. Soubemos pela rádio, meia hora antes de chegar ao recinto, que os Rapture não iriam tocar. No recinto tal informação não existia nem por via sonora ou outra... Era ouvir inúmeras pessoas “mas não eram os Rapture agora?!”;
(+) o SBSR vale pelas bandas que apresenta – pela MÚSICA - sem existir aquele efeito “Kate Moss”, largamente discutido ultimamente na imprensa, em que os festivais são montras sociais “eu estou cá mas não sei o que vim ver” presente em outros festivais de verão. Seria pertinente e importante a continuação desta aposta em bandas modernas, “alternativas” mas já firmadas no panorama musical.
O muito aguardado concerto dos Interpol dividiu e dividirá opiniões. De pose, para uns natural, para outros artificial, uma coisa é para nós evidente – classe não falta! Os temas, qualquer um deles, são mesmo muito bons o que arrasa com outro tipo de argumentos. A envolvente de tudo isto é negra, escura e a banda, nos seus clássicos trajes a rigor, tem já e desde sempre o público na mão. Aos primeiros acordes de “Slow-hands”, “Stella” ou outros, muitos não acreditam e deitam as mão à cabeça e fecham os olhos. Para todos os efeitos, um grande concerto. A espera tem destas consequências – elevamos as expectativas a valores inatíngiveis. O valor dos Interpol é cruamente este. E chega perfeitamente!
NOTAS -/+:
(-) faltaram na apreciação aos concertos as bandas portuguesas que iniciaram as hostilidades em cada um dos dias, já que só conseguimos chegar ao recinto a tempo das bandas estrangeiras;
(+) sendo um festival urbano, sem palcos secundários ou acampamentos de proximidade, todos os dias o público ia crescendo ao longo da noite. Excelente ideia a distribuição dos pequenos horários das actuações que foram sempre cumpridos;
(-) encaixadas a seguir umas às outras e com horários para cumprir, as bandas presentes eram todas por nós conhecidas e, nalguns casos, acabaram por não tocar “aquele” tema que tanto esperavamos... São exemplo os maravilhosos “C’mere” dos Interpol e “Neighborhood nr. 2 (Laika)” dos Arcade Fire. Fica para a próxima;
(-) a anulação de actuações é sempre negativa mas deve ser devidamente informada aos interessados – nós, o público. Soubemos pela rádio, meia hora antes de chegar ao recinto, que os Rapture não iriam tocar. No recinto tal informação não existia nem por via sonora ou outra... Era ouvir inúmeras pessoas “mas não eram os Rapture agora?!”;
(+) o SBSR vale pelas bandas que apresenta – pela MÚSICA - sem existir aquele efeito “Kate Moss”, largamente discutido ultimamente na imprensa, em que os festivais são montras sociais “eu estou cá mas não sei o que vim ver” presente em outros festivais de verão. Seria pertinente e importante a continuação desta aposta em bandas modernas, “alternativas” mas já firmadas no panorama musical.
(+) pela qualidade das bandas e respectivos concertos, sem tempo para beber uma cerveja ou para o “chi-chi” obrigatório, este foi, sem dúvida, um dos melhores festivais já realizados em Portugal e que será difícil de bater. Mesmo assim, esperamos um SBSR 2008 igualmente intenso!
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