sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
FAROL #89
UM FARTOTE!
Para quem vai ficar em casa na primeira madrugada do ano, tem na emissão da RTP2 um apetitoso menu musical. A partir das duas da manhã serão transmitidos, nada mais nada menos, que três concertos ao vivo - Paul MacCartney, U2 e Bruce Springsteen. O espectáculo do Boss refere-se à sua passagem pelo Festival de Londres em Junho do ano passado e foi editado em DVD em 2010 com o nome de "London Calling - Live at the Hyde Park". Do ex-Beatle far-se-á a apresentação de "Good Evening New York", também registado em 2009 ao longo de três espectáculos no She Stadium nova-iorquino. Quanto aos U2, a escolha recaiu em "Live from Chicago" referente à tournée "Vertigo" por terras americanas ao longo de 2005. A propósito...
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
LYNCH DELUXE
Uma das surpresas de final de ano é, sem dúvida, a aventura de David Lynch na voz em dois temas da sua autoria. Tal como os seus filmes, os originais "Good Day Today" e "I Know" vão-se entranhando após sucessivas audições e a estranheza inicial vai-se diluindo lentamente.
Mostrando que esta audaciosa proposta não é para levar a brincar, o realizador juntou-se a Vaughan Oliver, famoso designer de capas dos Pixies ou Cocteau Twins, para o registo cuidado das canções em formato luxuoso. Com o selo da Vinyl Factory, foi então concebida uma edição de capa tripla para guardar a sete chaves, onde, em dois vinis pesados (180gr) de 12", se apresentam, para além dos originais, uma meia dúzia de remixes a cargo de famosos conversores como Underworld, Diskojokke ou Boys Noize. No pacote, à venda a partir de dia 30 de Janeiro por 30 libras inglesas, cabe ainda um CD com todos os temas, para além de um impressão/litografia exclusiva assinada pelo próprio Vaugh Olivier.
Entretanto, o desafio lançado pelo próprio Lynch para a concepção livre de videos para as canções novas tem já uma vintena de finalistas conhecidos e os vencedores serão anunciados no próximo dia 3 de Janeiro, segunda-feira. Uma das propostas é esta...
DRAKE ON JAZZ
Do you like Nick Drake? Do you like jazz?
As respostas são mais que afirmativas! Por isso é com particular interesse que acompanhamos este projecto com base na cidade de Seattle que pretende homenagear o cantor britânico através da gravação, por inteiro, do seu primeiro álbum "Five Leaves Left" (1969) em versão jazz. A ideia é do músico Jason Parker e do seu quarteto e o registo deve estar estar a acontecer em estúdio ao longo desta semana. Para o efeito, foi solicitada a ajuda de amigos e simpatizantes e os 5000 dólares necessários foram alcançados, sem grandes dificuldades, devido à generosidade de quase 150 apoiantes! terça-feira, 28 de dezembro de 2010
LISBOA?
Como é sabido, os norte-americanos The Walkmen inspiraram-se na capital portuguesa para construir e gravar "Lisbon", mas no álbum muito dificilmente se nota qualquer traço sonoro de lusitanidade. Pelo contrário, no design do diverso material promocional e em algumas edições de vinil, foram utilizados motivos bem portugueses como azulejos do Cais de Sodré ou a nossa famosa cortiça. Para o efeito a banda juntou-se em Agosto passado ao colectivo de artistas Etsy, tendo os referidos materiais ajudado a desenvolver um pacote triplo de tiragens limitadas do álbum.
No seu novo single em vinil "Angela Surf City", publicado pela Bella Union, há um capa interior com duas imagens nocturnas que parecem ter sido captadas numa avenida lisboeta, localização ou autoria que não são nomeadas. Seja pela tipologia dos automóveis ou pela típica decoração natalícia, arriscamos que as fotos datam de Dezembro de 2008 quando os The Walkmen tocaram no Tivoli, situado em plena Av. da Liberdade. Será esta a artéria das imagens?
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
LUNARIDADES #111
. a prendinha que por aqui deixamos de Owen Pallett tem no seu "Export 3" uma verdadeira pérola: Sarah Worden (My Brightest Diamond) a dar voz a "The Great Elsewhere", um dos grandes temas do álbum "Heartland". Mas há mais quem goste...
. cumprida a tradição - 10 km a correr a São Silvestre = Francesinha, uma amiga estreante na prova lançou novo desafio para corrida semelhante em VNGaia já no próximo dia 9. Qual será, então, o prémio? Cabrito assado ou umas costelinhas em Espinho?
. "Já Não Há Pachorra" nº 11.
DUETOS IMPROVÁVEIS #160
JOHNNY CASH & JUDY COLLINS
Turn, turn, turn (Pete Seeger)
"The Johnny Cash Show", ABC, E.U.A.,15 de Abril de 1970
GOSTOS NÃO SE DISCUTEM, MAS...
A lista de melhores 20 discos de 2010 do Ipsilon/Público é só mais uma lista. Vale pela abrangência e pela coragem em não eleger "Suburbs" dos Arcade Fire, escolha que respeitamos e até concordamos. Mas custa ver de fora o álbum de estreia dos Avi Buffalo, não porque foi a nossa escolha número um, mas porque o jornal teceu nas suas páginas e em diversas ocasiões, elogios diversos que vão de "uma luminosa adolescência" até "uma pequena maravilha". Mesmo assim, não chegou para ultrapassar, com todo o respeito, o Cee Lo Green ou o Camané... Infelizmente, uma incongruência a que o Ipsilon já nos habituou.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
A ARTE DO VINIL
A ligação da arte ao disco de vinil continua a merecer uma atenção e pesquisa constantes. No país vizinho, o autor José António Sarmiento publicou, através da Universidade de Castilla-La-Mancha, o resultado de uma investigação intitulada "La Música del Vinilo" e que teve, no corrente ano, direito a uma exposição em Cuenca. Trata-se de uma obra atractiva onde se traça uma panorâmica da utilização do vinil como objecto de difusão artística e de pensamento, mas, acima e tudo, como um novo suporte de criação utilizado por inúmeras correntes vanguardistas. Entre os autores e artistas representados no livro de quase 400 páginas, estão músicos como Lee Ranaldo, Velvet Underground/John Cale ou Yoko Ono/Jonh Lennon. Todos os exemplares são acompanhados por um single aleatório de 45 rpm que tanto pode ser do vanguardista Ben Vautier ou Kyle Minogue e que servirá para cada leitor realizar, ele próprio, uma experiência de homenagem a John Cage. Um livro que, neste Natal, ficaria bem em qualquer sapatinho...
LUA ROSA EM MARÇO
Em 1995, quando descobrimos a música e o talento de Nick Drake, o nome de Jason Creed era, então, referência obrigatória em todas as buscas bio-bibliográficas. Mentor e editor do fanzine "Pink Moon", publicado em Inglaterra entre 1994 e 2000, o seu esforço e dedicação formaram um conjunto de 19 números essenciais para perceber e clarificar a vida de tão misterioso cantautor. Algumas dessas páginas chegaram a estar disponíveis para download via Internet e a sua consulta tornou-se indispensável para todos os autores de biografias posteriormente editadas.
Surge agora a notícia de que a totalidade destas críticas, entrevistas, esclarecimentos quanto à técnica intrumental ou discussões sobre as influências do autor de "Pink Moon", vão ser compiladas em livro a editar pela Omnibus Press em Março próximo, casa especializada em música e que o ano passado publicou já um pequeno livro sobre Drake. Com o nome de "Nick Drake: The Pink Moon Files" este é, com toda a certeza, um compêndio apetecível e de rápida, mas atenta, leitura para todos os drakeanos.
Pink moon gonna get you all...
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
DUETO DE IMITAÇÃO
Em 1977 Bing Crosby recebeu David Bowie no seu programa televisivo "Bing Crosby's Merrie Olde Christmas" para um dueto de "Little Drummer Boy" e "Peace on Earth". A gravação foi até editado em single de vinil (reeditado agora pela Collectors' Choice Music) e constitui um daqueles incontornáveis clássicos de Natal, mas a aparição de Bowie tem, ainda hoje, algo de surreal, para o que contribuem os diálogos prévios e a pose... Pois bem, vejam só a paródia que os actores Will Ferrell e John C. Reilly decidiram realizar passados trinta e três anos!
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
SAUDADES DO VERÃO
Os Jonkil, banda inglesa de Oxford, passaram por Portugal em Setembro de 2008 para uma dose tripla de concertos. No Porto, foi um Mercedes pouco composto que os recebeu, mas quem lá esteve não deu o tempo por perdido. O grupo não esqueceu facilmente a viagem, particularmente o seu líder Hugo Manuel, que parece português mas é galês e afinal também se chama Chad! Pois bem, o tal Hugo é agora Chad Valley, nome onde se esconde para a edição de um novo EP de traços mais electrónicos e relaxantes. O tema "Portuguese Solid Summer" é uma das novidades e a inspiração, como confessado, resulta de um fim de tarde bem passado numa das bonitas praias de Aveiro...
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
DUETOS IMPROVÁVEIS #159
LITTLE WINGS & FEIST
Look At What The Light Did Now (Feist)
"Look At What The Light Did Now" DVD, 2010RE(LIDO) #28
COVER ART BY: NEW MUSIC GRAPHICS
A obra de Shaughnessy, um experimentado professor, pretende, com sucesso, realizar uma revisão das actuais tendências utilizadas na concepção de capas de discos, numa década de advento do mp3. Recolhendo o testemunho de trinta designers de todo o mundo, mas onde a Europa tem a primazia, este livro apresenta cerca 400 exemplos pertencentes a pequenas editoras, onde o amor pela música é sinónimo de preocupação com a sua embalagem. Seguindo um inquérito não exaustivo, mas muito pertinente, as respostas dos envolvidos relatam as suas principais influências, estratégias e filosofias, bem como o gosto pelos materiais ou os principais desafios. Há, entre eles, alguns nomes mais conhecidos como é o caso do alemão Jan Lankisch da Tomlab ou Jason Kedgley da Tomato inglesa, conhecido pelas fabulosas capas dos Underworld. O mais fascinante, contudo, foi a descoberta de uma imensidão de editoras e respectivos criativos perfeitamente obscuros para quem, como nós, não acompanha de tão de perto este fenómeno profissional. Gostamos particularmente da Hapna, editora sueca onde Klas Augustsson faz uma cintilante associação do desenho antigo com alfabetos manuscritos, da Check Morris francesa responsável por algumas das capas dos Chin Chin e de Lily Allen ou arrojo de Bjorn Copeland, músico dos Black Dice, que desenha de forma irreverente as próprias capas da banda. Claro que ficará sempre a dúvida se à qualidade do design corresponderá igual qualidade da música, embora no caso apresentado dos Nouvelle Vague o embrulho da autoria Dylan Kendle (Tomato) seja, manifestamente, de nível superior. Neste excelente livro, de consulta obrigatória para quem aspira a ter a sorte de desenhar capas de discos, há, felizmente, muito mais por onde escolher e descobrir, provando-se que este é um campo de experimentação e inovação artística a que é, cada vez mais, difícil resistir.
de Adrian Shaughnessy. London: Laurence King, 2008
As capas dos discos são uma parte emotiva do mundo fascinante da música. Boas ou más imagens e desenhos resultaram em marcas incontornáveis no nosso crescimento musical e, ainda hoje, muitos dos impulsos na aquisição de vinil antigo ou moderno, ou até de cd's e dvd's, tem na capa e no embrulho uma das principais seduções. Com o advento da era digital, o saudosismo do suporte em papel cresceu a olhos vistos, mas o que é certo é que a importância de uma boa capa manteve-se inalterável, levando, cada vez mais, a um estreitar da colaboração entre o artista/banda e o criativo. O mundo da música continua, assim, bem atento a este fenómeno, basta para o efeito reparar nas já indispensáveis listas de melhores ou piores capas anuais promovidas por sites ou revistas mainstream. A obra de Shaughnessy, um experimentado professor, pretende, com sucesso, realizar uma revisão das actuais tendências utilizadas na concepção de capas de discos, numa década de advento do mp3. Recolhendo o testemunho de trinta designers de todo o mundo, mas onde a Europa tem a primazia, este livro apresenta cerca 400 exemplos pertencentes a pequenas editoras, onde o amor pela música é sinónimo de preocupação com a sua embalagem. Seguindo um inquérito não exaustivo, mas muito pertinente, as respostas dos envolvidos relatam as suas principais influências, estratégias e filosofias, bem como o gosto pelos materiais ou os principais desafios. Há, entre eles, alguns nomes mais conhecidos como é o caso do alemão Jan Lankisch da Tomlab ou Jason Kedgley da Tomato inglesa, conhecido pelas fabulosas capas dos Underworld. O mais fascinante, contudo, foi a descoberta de uma imensidão de editoras e respectivos criativos perfeitamente obscuros para quem, como nós, não acompanha de tão de perto este fenómeno profissional. Gostamos particularmente da Hapna, editora sueca onde Klas Augustsson faz uma cintilante associação do desenho antigo com alfabetos manuscritos, da Check Morris francesa responsável por algumas das capas dos Chin Chin e de Lily Allen ou arrojo de Bjorn Copeland, músico dos Black Dice, que desenha de forma irreverente as próprias capas da banda. Claro que ficará sempre a dúvida se à qualidade do design corresponderá igual qualidade da música, embora no caso apresentado dos Nouvelle Vague o embrulho da autoria Dylan Kendle (Tomato) seja, manifestamente, de nível superior. Neste excelente livro, de consulta obrigatória para quem aspira a ter a sorte de desenhar capas de discos, há, felizmente, muito mais por onde escolher e descobrir, provando-se que este é um campo de experimentação e inovação artística a que é, cada vez mais, difícil resistir.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
SANTA WYATT
O disco "For the ghosts within" editado pela Domino Records é o resultado de uma colaboração de Robert Wyatt com o saxofonista Gilad Atzmon e a violinista Ros Stephen. Entre os originais, surgem algumas versões de clássicos, contando-se entre eles o tema "What a Wonderful World" celebrizado na voz de Louis Amstrong. Como já nada é sagrado neste mundo e aproveitando a época natalícia, a editora decidiu publicar a canção como single digital para download, não resistindo a colocar na capa o próprio Wyatt vestido de Pai Natal, figura que lhe assenta na perfeição... Um pouco mais a sério, o próprio Wyatt refere-se à versão desta forma: “Our ‘Wonderful World’ is not sarcastic, ironic or even just sentimental. It's Social Realism: not the whole truth, but nevertheless The truth.” Confirmem.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
3 X 20 ESPECIAL 2010
20 CANÇÕES x 20 ÁLBUNS x 20 CONCERTOS
+ 10 Low + 10 High 2010
Mantendo o hábito, aqui ficam as nossas escolhas anuais e também alguns desabafos.
+ 10 Low + 10 High 2010
Mantendo o hábito, aqui ficam as nossas escolhas anuais e também alguns desabafos.
20 CANÇÕES:
1. ARIEL PINK'S HAUNTED GRAFITTI - Bright lit blues skies
2. MGMT - Siberian breaks
3. ADMIRAL RADLEY - Ghost of syllables
4. AVI BUFFALO - Can't I know?
5. CARIBOU - Leave house
6. OWEN PALLETT - The great elsewhere
7. GONZALES - You can dance
8. BELLE AND SEBASTIAN - I want the world to stop
9. GYPSY & THE CAT - Jona Vark
10. THE DIVINE COMEDY - Indie disco
11. JANELLE MONÁE - Locked inside
12. WHITEY - And when the sun goes down you'll know
13. TRACEY THORN - Swimming
14. KISSES - Kisses
15. THE DRUMS - Let's go surfing
16. KONONO Nº 1- Konono Wa Wa Wa
17. EFTERKLANG - I was playing drums
18. RICHARD HAWLEY - There's a storm a comin'
19. JOHN GRANT - Queen of Danmark
20. GIL SCOTT-HERON - I'll take care of you
20 ÁLBUNS:
1. AVI BUFFALLO - Avi Bufallo
2. ARIEL PINK'S HAUNTED GRAFITTI - Before today
3. THESE NEW PURITANS - Hidden
4. OWEN PALLETT - Heartland
5. THE PHANTOM BAND - The Wants
6. JOANNA NEWSON - Have one on me
7. THE NATIONAL - High Violet
9. JOHN GRANT - Queen of Danmark
10. DEERHUNTER - Halcyon Digest
11. EFTERKLANG - Magic chairs
12. GET WELL SOON - Vexations
13. FIELD MUSIC - Field Music (Measure)
14. TAME IMPALA - Innerspeaker
15. BEST COAST - Crazy for you
16. MIDLAKE - The courage of others
17. AGNES OBEL - Philarmonics
18. CARIBOU - Swim
19. BEACH HOUSE - Teen dream
20. ALI FARKA TOURÉ & TOUMANI DIABATE - Ali & Toumani
20 CONCERTOS:
1. SONIC YOUTH, Coliseu do Porto, 23 de Abril
2. GIL SCOTT HERON, Casa da Música, 15 de Maio
3. BILL CALLAHAM, Festival Sinsal, Vigo, 19 de Fevereiro
4. JEFF TWEEDY, Vigo Transforma, 9 de Julho
5. ARIEL PINK'S HAUNTED GRAFITTI, Plano B, 28 de Junho
6. DEVENDRA BANHART, Vigo Transforma, 9 de Julho
7. OWEN PALLETT - C.Cult.Congressos, Aveiro, 12 de Março
8. CAETANO VELOSO, Coliseu do Porto, 29 de Julho
9. GRIZZLY BEAR + CIBELLE, Coliseu do Poto, 27 de Maio
10. PORTICO QUARTET, Esp.Cult. Pedro Remy, Braga, 23 de Março
11. THE PHENOMENAL HANDCLAP BAND, Manta, CCVF, Guimarães, 24 de Julho
12. THE DIVINE COMEDY, CAE, Guimarães, 27 de Novembro
13. HEATHER WOODS BRODERICK + NILS FRAHM, Braga, 20 de Outubro
14. BEACH HOUSE, C.C. Vila Flor, Guimarães, 18 de Março
15. RICKIE LEE JONES, Casa das Artes, VNFamalicão, 3 de Julho
16. VIJAY IYER TRIO, Serralves, 10 de Julho
17. ALICE RUSSELL, Teatro Sá da Bandeira, 3 de Junho
18. SHELLAC, Serralves, 27 de Maio
19. ANE BRUN, Casa das Artes, VNFamalicão, 6 de Março
20. GARY NUMAN, Casa das Artes, VNFamalicão, 28 de Maio
10 LOW:
1. A "Casa dos Segredos" ou a estupidez televisiva vs espelho do país;
2. Os 25% que ainda acreditam num Pinóquio socrático;
3. O fenómeno Lady Gaga e as comparações com Madonna;
4. A (in)definição de Cultura para a Câmara do Porto;
5. O conformismo português que nem uma ridícula greve geral disfarçou;
6. O nosso dito "super-ministro" das Finanças preso nas teias sujas da política;
7. O preço proibitivo dos bilhetes para a maioria dos grandes concertos;
8. O desaparecimento do Theatro Circo de Braga do circuito pop/rock/indie;
9. Os salários "chico-esperto" das chefias da Capital da Cultura vimaranense;
10. O excesso sufocante de comentários e comentadores políticos.
10 HIGH:
1. O encontro imediato com os Sonic Youth nas traseiras do Coliseu;
2. O abraço a Gil Scott Heron nos camarins da Casa da Música;
3. O projecto vencedor Time-Out Porto;
4. A perfeição do programa "Coyote" do Pedro Costa (Antena3);
5. Os pregos ao fim da noite da Cervejaria Martins, Guimarães;
6. As sandes de presunto e os finos do Fernando de Mindelo;
7. A água do mar e o sol da Zambujeira em final de Agosto;
8. O conseguir ligar, quase sempre sem problemas, o iPod no carro;
9. Os dois antigos discos desconhecidos do Justin Vernon/Bon Iver;
10. Haja saúde!
Especial 2009
UM MÚSICO COM NOME DE PROFETA
No final do ano passado ficamos particularmente rendidos às canções que um novo soul man de nome Jonathan Jeremiah decidiu compor. Uma delas ("See") foi, aliás, um das nossas favoritas de 2009 e viria a ser incluída num dos dois 10" de vinil que, na altura, chegaram a ver a luz do dia. Desde aí, ficamos sempre atentos a qualquer movimentação de tão grande talento, mas um misterioso silêncio abateu-se, prolongadamente, sobre o seu paradeiro. Até hoje! Neste dia é posto à venda (em sete polegadas!) o tal "See (It Does Bother Me)" como primeiro single de um álbum a editar em Março próximo e que receberá o nome de "A Solitary Man", o que, atendendo à sua atribulada vida, deverá querer dizer muita coisa. O artista realizou, entretanto, alguns concertos no Borderline de Londres, onde com a ajuda duma orquestra apresentou, para plateias esgotadas, maravilhas como esta...
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
O REGRESSO DOS ENTES QUERIDOS
Quase três anos depois, os The Dears dão, finalmente, notícias! O quinto álbum de originais está pronto, chama-se Degeneration Street e tem data de lançamento marcada para Fevereiro próximo via Dangerbird Records. O tema "Blood" que circula por aí em regime de oferta, tem já direito a uma video captado ao vivo no México em Maio passado, embora o primeiro single oficial seja "Omega Dog". A banda decidiu, entretanto, apostar num canal teste onde têm sido apresentadas em streaming as novas canções e a que chamaram Radio Degeneration. Continuamos, pacientemente, à espera de um concerto por perto.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
FEIST: A CULPA É DA LUZ
Foi hoje posto à venda na Europa o documentário "Look At What The Light Did Now" da canadiana Leslie Feist. O álbum "The Reminder" de 2007 é o fio condutor do filme que aborda o processo de gravação do disco e dos videos e as várias colaborações implícitas, de músicos, a designers, passando por entrevistas e actuações ao vivo de uma digressão que passou pelo Coliseu do Porto em Junho de 2008. Para além de mais alguns pequenos filmes e dos próprio videos, o DVD inclui um cd audio com treze temas onde se misturam inéditas perfomances em palco, um dueto com Little Wings e também canções de Feist ("1234", "Intuition", "The Water" e "Sea Line Woman") interpretadas em estúdio pelo amigo e colaborador Gonzales. Quatro dos temas podem ser, desde já, escutados por aqui. Aparentemente, uma grande prenda de Natal!
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
DUETOS IMPROVÁVEIS #158
THE DIVINE COMEDY & CATHY DAVEY
I Only Have Eyes for You (Harry Waven)
Ao vivo na Manchester Academy, Inglaterra
9 de Novembro de 2010
9 de Novembro de 2010
RICKIE LEE JONES EM DVD
Já em Janeiro e pela primeira vez, um espectáculo de Rickie Lee Jones estará disponível em DVD. Trata-se de um registo inicialmente realizado para televisão durante um concerto em Estocolmo no teatro Berns Salonger, um edifício histórico construído em 1862. Gravado a 7 de Março deste ano, o filme-concerto é dirigido por Ian McCrudden ("The Life of a Jazz Singer") e nele são apresentados a maioria dos clássicos que fazem parte dos trinta anos de carreira de Jones. Em palco a artista tem o acompanhamento magistral de Joey Maramba no baixo e Lionel Cole na bateria, numa digressão que passou por Portugal em Julho, numa data única em V. N. de Famalicão, mas onde o referido baterista, infelizmente, não compareceu.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
NOVO SINGLE DE IRON & WINE
Sai a 25 de Janeiro, mas podem tentar encontrá-lo nos restos da Black Friday/Record Store Day.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
QUE GRANDE BANDA!
Na imensidão de listas que classificam os melhores álbuns de 2010 não vai ser fácil encontrar a nomeação de "The Wants" dos escoceses The Phantom Band. Contudo, é nossa convicção que, mais cedo ou mais tarde, esta injustiça virá a ser corrigida atendendo à impressionante qualidade do registo, uma surpresa só ao nível daquilo que os These New Puritans gravaram em "Hidden". Trata-se do segundo trabalho para a Chemikal Underground, depois do promissor "Checkmate Savage" (2009) e do potential hit que continua ser "The Howling", onde as comparações são muito difíceis de apontar e onde, acima de tudo, não há uma canção que se possa destacar. Classificado como "the soundtrack to their own personal apocalypse", a unidade e consistência dos nove temas fazem de "The Wants" uma jóia indivisível de rock polvilhado de kraut, folk e psicadelismo que não podem ser ouvidas separadamente e que o transformam, rapidamente, num clássico moderno. Esperamos um dia ter a felicidade de o testar ao vivo.
O REGRESSO DO RAPAZ
Sempre acompanhamos a carreira de Daman Gough, ou seja Badly Drawn Boy. Desde tempos mais mainstream do início da década, até à mais recente aventura "Is There Nothing We Can do?" inspirada no filme "The Fattest Man in Brittain" que passou na TV inglesa, temos para nós que Gough sempre foi um grande compositor de canções. Um pouco de surpresa, foi lançado, em Outubo passado, o primeiro de uma nova trilogia de álbuns de nome "It's What I'm Thinking" que teve edição na sua própria editora, a One Last Fruit. Chama-se de "Photographing Snowflakes" e o single inicial "Two Many Miracles" anuncia o regresso aos grandes temas e também, neste caso, aos grandes videos. Ouvindo o álbum na totalidade, é notório um espírito mais positivo e alegre, depois de alguns tempos menos criativos e de indecisão, provando que Damon Gough sabe, como poucos, escrever pérolas pop de elevado calibre. Prometido está já um novo single ("I Saw You Walk Way") para Janeiro. Paralelamente, foi produzido o pequeno filme "Oxidizing Hexagons", resultado de uma colaboração com o velho amigo Andy Votel e com o realizador Tom Fitzgerald, traduzida numa aventura visual arrojada sobre as canções do referido "Photographing Snowflakes". Em dia de gelo e neve, ora aqui está um bom tópico...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
LUNARIDADES #110
. a passagem de Neil Hannon/Divine Comedy por Portugal é, para já, um assinalável êxito: destaques pouco habituais em jornais (no i e no DN), concertos esgotados e actuações a deixar saudades. Finalmente!
. já ouviram David Lynch a cantar, quer dizer, a experimentar? É melhor ouvir mais vezes.
. ainda vão a tempo de participar na leitura de "Dom Quixote" no Youtube. O desafio vai já em 1450 fragmentos dos 2149 previstos. Uma fórmula perspicaz de motivar a leitura e divulgar a língua... castelhana. Um exemplo a importar!
. organizado pela SPOT, o Flea Market ganhou outra vida com a aposta em feiras temáticas que ocupam espaços sempre diferentes. Depois do surf no Edifício Transparente, do street wear na Rua das Flores, decorreu no sábado passado uma edição dedicada à arquitectura onde se deu a descobrir o magnífico edifício Parnaso (Rua Nª Sª de Fátima) do Arqtº Carlos Loureiro que se econtra, infelizmente, abandonado. A recuperação é urgente.
. "Já Não Há Pachorra" nº 10.
(RE)VISTO #37
BRUCE SPRINGSTEEN - THE PROMISE
The Making of Darkness on The Edge of Town
de Thorn Zimny, RTP2, 27 de Novembro de 2010
Entre os múltiplos extras incluídos na apetecível edição comemorativa deste álbum mítico de Springsteeen, num total de mais de seis horas de filme (3 DVD's) e cerca de duas horas de música (3 CD's), destaca-se um documentário inédito que recolhe testemunhos actuais de todos os músicos e produtores envolvidos, bem como imagens captadas em estúdio em 1978. Ver esta peça de colecção escondida na programação de madrugada da televisão pública portuguesa parece um sacrilégio, mas foi precisamente o que aconteceu na passada sexta-feira na RTP2. Mesmo assim, atendendo ao adiantado da hora e ao peso do sono, o esforço valeu bem a pena. Dirigido por Thom Zimny, o documento torna-se obrigatório para os fãs de Springsteen, mas devia estender-se, como exemplo, a todos os que hoje lutam para se afirmarem no mundo da música. Persistência, abnegação e dedicação juntam-se ao talento do, então, jovem músico, numa epopeia difícil, onde foram registadas mais de 70 canções em diversas versões, numa historia recambolesca e suada que as magníficas imagens a preto e branco transpiram. Conflicto, tensão, mas também muita camaradagem e humor da verdadeira dream team que foi (é) a E-Street Band de, entre outros, Max Weinberg ou Steve Van Zandt, são igredientes que, mesmo hoje, como confessado, se tornaram decisivos no êxito do disco. Saber que (10) canções escolher ou qual a mistura adequada levaram o Boss quase ao desespero, mas o tempo haveria de lhe dar razão. Não cair na tentação do êxito fácil ("Born to Run" de 1975 mantinha a fasquia muito alta), nem em ascenções perigosas, foram estratégias incompreendidas na altura, mas que um humilde, mas sábio, Springsteen retratado para sempre na imagem da capa, soube, melhor que ninguém, fazer respeitar. Muito respeito, é, assim, o sentimento que todos, ao ver este documento, devemos prestar a um músico tão talentoso mas nem sempre compreendido.
THE DIVINE COMEDY, Centro de Artes e Espectáculos São Mamede, Guimarães, 27 de Novembro de 2010
Da anunciada primeira parte dos concertos portugueses dos Divine Comedy, a cargo de Cathy Davey, ninguém deu pela falta e também não houve muitas queixas. Foi assim que, um pouco depois da hora marcada, Neil Hannon entrou em palco de cachimbo na boca, mala e chapéu de coco como adereços de um fato preto a rigor, mas já de gravata torçida e se sentou ao piano mesmo ao lado de uma garrafa de vinho tinto. Ao jeito de aquecimento, já que a temperatura na sala era, tal como a noite lá fora, bem fria, desculpou-se pela demora no regresso a Portugal enquanto gozava, apontando para todos nós, com o fatal pedido de ajuda financeiro português antes do muito a propósito “The Complete Banker”. Quebrada alguma cerimónia, atirou o chapéu para trás do palco e anunciou “Everybody Knows”, um oldie como foi chamado a que acrescentou um irrepreensível “The Certainty of Chance”. A festa estava, então, lançada. Plateia em pé bem perto, palmas, compassos e letras sabidas de cor pela maioria, mesmo que seja “I Like”, tema recente, mas de irresistível balanço. Já à guitarra, onde notoriamente exige a si próprio mais concentração, atacou “Becoming More Like Alfie” e “Perfect Love Song”, dois exemplos cimeiros do que deve ser uma canção pop. Imitou, com a voz, solos de guitarra ou Hammond e mesmo com o da capo umas oitavas acima, um “pormenor” que só o ouvido atento do manager se deu ao trabalho de corrigir, entrando em palco para, ele próprio, alterar a posição do objecto num dos momentos mais hilariantes da noite, demonstrou excelente forma. De volta ao aconchego do piano, desculpou-se por não ter nenhum tema de nome “Portugal” e por isso escolheu o épico “Sewden”, mas com a “Indie Disco” de palmas e estalar de dedos colectivo a preceito, a noite estava já ganha. Como prémio, uma versão arrebatadora e inesperada de “Dont You Want Me” dos Human League e o cumprir de um pedido prévio (“The Plough”) dedicado a uma tal Helena que ele confessou não conhecer... De novo de guitarra em punho, não esqueceu “A Lady of Certain Chance”, tocante pedaço de lírica e composição e “Songs of Love” com o tradicional e afinado coro de assobios. Até ao final, um desfilar de clássicos ao piano: “Generation Sex”, “The Pop Singer’s…”, “Our Mutual Friend” (uaauu!) ou “Tonight We Fly”, momentos best of continuados já no encore com “The Frog Princess” e “National Express” com os seus “pa, parara, pa, parara” em coro. Claro que faltaram mais alguns hits (“The Summerhouse”, “Something For The Weekend”, “If…” ou “Your Daddy’s Car”) mas não houve tempo para mais. Um one man show que teve já direito a disco ("Live at Summerset House") gravado no verão passado (que foi pena que não estivesse à venda no local) e, como se fosse preciso, um espectáculo a solo que reforça e confirma Hannon como um dos grandes compositores da pop das últimas duas décadas. Cheers!
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
CLÁSSICO #21
THE DIVINE COMEDY - The Summerhouse
É motivo de culto aqui por casa há já longos anos. Neil Hannon e os seus Divine Comedy gravaram, ao longo da sua já alargada discografia, muitas das músicas da nossa vida. Para além de brilhante compositor, algumas das líricas da sua autoria resultam num surpreendente exercício de saudade e recordação doutros tempos de infância e juventude. É o caso de "The Summerhouse", tema incluído no álbum "Promenade" de 1994, onde repousavam outras pérolas como "The Booklovers", "Tonight We Fly" ou o arrebatador "When the Lights Go Out All Over Europe". Pois bem, Hannon está de volta a Portugal, onde sozinho promete algum humor britânico e um desfilar de clássicos à guitarra e piano. Amanhã em Guimarães ou Domingo em Aveiro, esperamos, num momento raro e com emoção, poder ouvir e cantar assim:
Do you remember the way it used to be?
June to September,
In a cottage by the sea.
Distant cousins, local kids -
We climbed every tree together,
And it never ever rained
'Til we climbed back on the train
That would take us so far away
From the village and the rain,
And the summerhouse
Where we found new games to play.
Do you remember Sunday lunch on the lawn?
Daring escapes at midnight,
And costumeless bathes at dawn.
You were only nine years old,
And I was barely ten -
It's kind of weird to be back here again...
Do you remember
The summerhouse?
MUITO LÁ DE CASA
São para já quatro os volumes (!) que Brad Cox oferece aos interessados no blog de um dos seus alter-egos, os Deerhunter. Gravados nos últimos meses em ambiente caseiro, os "Atlas Sound Bedroom Databank" misturam versões (Dylan e até Kurt Vile), jam's e experiências sonoras da sua autoria e onde executa todos os instrumentos. Há ainda um tema de infância de 1974 cuja história é, magistralmente, contada pelo próprio. O profícuo artista promete não ficar por aqui e, por isso, há que estar atento.
SABER ESPERAR
Temos por hábito coleccionar singles em vinil dos Arcade Fire, uma aposta numa banda de qualidade, que sabe o que faz e que, acima de tudo, se vai valorizando. Aquando da recente edição do terceiro álbum "Suburbs" logo procuramos novos 45 rotações, mas, excluindo um 12 polegadas de edição restrita, não vislumbramos qualquer movimentação. Posteriormente, no entanto, encontramos uma daquelas rodelas a ser oferecida com a aquisição do disco em algums lojas online, mas a todas elas chegamos, obviamente, tarde. Trata-se da edição promocional do tema "We Used To Wait" registada num só lado do vinil, limitada a mil exemplares e que recentemente foi já vendida por mais de trinta libras. Mas a espera forçada acabou por ser recompensada. A prenda estava mesmo aqui ao lado, na FNAC Portuguesa, que tem ainda à venda a parelha ("The Suburbs" digipack + single de vinil) por 17€. Sem dúvida um bom investimento.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
FAROL #88
O "Record Club" de Beck parece ter chegado a um primeiro fim. O último e estranho projecto consistia na recriação do álbum de Yanni "Live at the Acropolis", mas o músico confessou que era hora de parar devido a alguma falta de inspiração e incompatibilidade de datas com os restantes parceiros Thurston Moore e os Tortoise. Faltam, por isso, algumas faixas mas o que foi feito pode ser descarregado em diversas fases (1, 2, 3, 4). Entretanto, Beck pretende escolher as melhores covers entre os cinco "Record Club" já realizados para edição de um álbum e pede, para o efeito, a ajuda de todos.
Curiosa ainda a recente disponibilização de uma conversa de Beck com Caetano Veloso registada em 2009 e onde se fala de uma canção chamada "Girl from R.I.P.onema.”... Imperdível.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
(RE)LIDO #27
QUARTOS IMPERIAIS
de Bret Easton Ellis. Lisboa: Teorema, 2010
Para uma geração como a nossa que engraçou imediatamente com "Menos Que Zero", cuja edição portuguesa saída há vinte cinco anos tinha na capa um inesquecível desenho de Jorge Colombo, não há livro de Ellis que possa passar ao largo. O retrato, na primeira pessoa, das aventuras de um grupo de grupo de jovens ricos escondidos do sol e da lua californianos atrás de uns Ray Ban Wayfarer sob o efeito de droga, sexo e traição, produziu nessa altura uma receita inebriante que o autor não mais conseguiu alcançar. Mesmo assim, lemos todos os restantes (4) romances que Ellis, preguiçosamente, se deu ao trabalho de escrever e assitimos, penosamente e em versão televisiva, à adaptação de "Menos que Zero" e "Psicopata Americano". Antevendo o descalabro de que a maioria da imprensa deu conta, alinhamos uma lista em shuffle de temas dos anos 80 e em três horas de uma madrugada menos fria demos conta do recado.
Nesta nova tentativa finória de sucesso, Ellis regressa aos mesmos personagens de "Menos que Zero" e ao mesmo cenário, Los Angeles, mas grande parte da inocência e frescura, obviamente, que se perdeu. Não há agora lugar a meia dúzia de referências comerciais de roupa, perfumes ou bebidas por página como no original, nem sequer as múltiplas alusões a temas musicais típicos da época e que viriam a ser a imagem de marca de "Psicopata Americano". Bandas como Bat For Lashes, The Fray (!) ou artistas como Elvis Costello ainda aparecem tenuamente citados, mas a música já não é importante. O sexo descartável, a droga, a vingança e o vedetismo continuam em alta, mas a personagem central de "Quartos Imperiais" é a tecnologia e, sobretudo e irritantemente, o iPhone. Tudo funciona, assim, como um episódio gigante de "Californication" em versão hardcore, sem que a trama, ao contrário da série, nos faça ficar agarrados. Resultado, um realismo demasiado sujo que se mastiga e deita fora enquanto esperamos pelo próximo. Venha ele.
ABBA A NU
Não, não é uma fotomontagem nem sequer uma capa antiga da revista, mas sim o número da Inrockputibles que saiu hoje para as bancas em França, onde os ABBA põem, supostamente, quase tudo a nu sobre a sua eterna e polémica separação. Gostamos cada vez mais deste desempoeiramento editorial que se assume, frontalmente, sem medos e etiquetas. Watch out!
SÃO PÉROLAS...
Tentem, a todo custo, não perder um dos mil e quinhentos singles em vinil onde Laura Marling interpreta versões acústicas de "Blues Run the Game" de Jackson C. Frank (que nos habituamos a ouvir nos bootlegs de Nick Drake) e "The Needle Ant The Damage Done" de Neil Young. Trata-se de um gravação produzida por Jack White e editada na "Blues Series" da sua "Third Man Records" e teve uma tiragem especial tricolor de cem discos que desapareceram, em minutos, no passado dia 13 da Rough Trade East de Londres. Marling, de apenas 20 anos, é uma das novas vozes maravilha da folk britânica e tem em "I Speak Because I Can", o seu segundo álbum, um perfeito tesouro.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
(RE)VIST0 #36
ARCADE FIRE - MIROIR NOIR
THE NEON BIBLE ARCHIVES
de Vincent Morriset, DVD, Sonovox, 2008 Se não fosse uma tal cimeira da Nato, talvez hoje surgisse por aqui uma nota referente ao concerto dos Arcade Fire no Pavilhão Atlântico que deveria ter acontecido na noite de ontem. Jogando na substituição, um pouco mais barata mas, certamente, menos intensa, apagamos a luz da sala, pusemos os auscultadores e carregamos no "play all" de um documento editado no final da digressão de "Neon Bible", que chegou a mais de vinte países, incluindo Portugal, num total de 120 concertos. Numa dessas estadias, a banda foi convidada por Vincent Moon para gravar, em Março de 2007, um já mítico "Take Way Show/La Blogothéque" registado num elevador parisiense. A colaboração haveria de se estender a outras viagens e espectáculos, imagens utilizadas neste DVD sob a forma de um filme-concerto com o título principal de Miroir Noir e que tem, na sua edição de luxo em dois discos, um pequeno tesouro de design com direito até a regras de desembrulho! No primeiro desses discos e ao longo de setenta minutos, são intercaladas um conjunto de imagens e sons diversos que podem ser pedaços de canções ao vivo, em estúdio ou nos camarins, chamadas telefónicas dos fãs do tipo "confessionário" a propósito da edição de "Neon Bible" ou até os dez músicos apertados no tal elevador francês em versão acústica. Não há referências a locais ou datas e o ambiente, de tons sépia e necessariamente negro, resulta num quase filme experimental que acaba com um abraço emocional do casal Butler em plena rua numa madrugada citadina que bem podia ser a baixa lisboeta. Um documento interessante, bem produzido pela banda, mas que, apesar da sua sinceridade e qualidade, não deslumbra. Gostamos, pois, bem mais do segundo disco que reúne actuações em televisão e rádio, onde a banda é captada na sua principal essência e pureza - tocar ao vivo. Como testemunhado no SBSR de Julho de 2007, os Arcade Fire são um caso sério e electrizante em cima de um palco, como o provam as presenças incendiárias no Saturday Night Live e na BCC2 e que são, na sua totalidade, compiladas para a posteridade neste segundo disco. Aqui fica um desses exemplos gravado em Maida Vale, um auditório de pequena dimensão e que será sempre o cenário ideal para os Arcade Fire pegarem fogo.
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