Um concerto inteiro com a reprodução dessas variações era a inédita proposta de museu portuense, o que levou ao seu auditório uma alargada e quase esgotada plateia imbuída de curiosidade suficiente para o teste. A prova, que estava acordada desde 2020 mas que demorou quatro anos a ser marcada em definitivo, foi superada com distinção e aprovação, ou não fossem os dotes deste multi-instrumentista de um nível e classes superiores, uma capacidade há muito comprovada em nome próprio pela destreza no piano, violino, guitarra ou em acessórios digitais seleccionados a preceito.
Em forma robusta, Broderick teve também na voz um indispensável amparo de adaptação perfeita à variedade de estilos que Russell percorreu e imprimiu às suas canções, do folk à new wave, passando até pelo disco. Desse caldeirão de estilos e segmentos, que tanto surpreendem pela beleza da balada ao piano de "You Are My Love", pela veia folk-country de "Close My Eyes" ou no mistério-pop de "Losing My Taste For The Nightlife", emergiu uma vibração contínua e sem embaraços, ou não fossem já muitas as vezes que Broderick as deu, milagrosamente, a ouvir.
A partilha, que teve em Serralves uma última oportunidade de fruição completa, prolongada desde 2017 num mergulho contínuo, será, pois, motivo inspirativo mais que superlativo para, na certa, acrescentar ao seu já notável songbook mais uma série de temas e composições de que vamos ficar, com entusiasmo, à espera. E, não, não será preciso esperar durante quatro anos...
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