quinta-feira, 31 de março de 2016

LLOYD COLE, É ANO DE RETROSPECTIVA!





















O rol de actuações ao vivo em Portugal de Lloyd Cole é certamente incontável. Nos últimos anos não deixou de marcar presença para vincar o lado mais rock de "Standards" editado em 2013 que apresentou no Mistyfest e, pouco tempo depois, por diversas cidades nacionais, mas a sua aventura electrónica valeu-lhe um amargo de boca com o cancelamento de dois concertos por cá em Setembro passado. Ora bem, tudo se encaminha para um regresso... Há já cinco datas marcadas para Espanha no final de Setembro e início de Outubro (29 de Setembro, Vigo) o que leva supor que, antes ou depois, a digressão acabe por chegar a solo português. Prometida está a obrigação de cumprir setlists retrospectivas somente com material gravado entre 1983 e 1996 onde terá a participação especial do filho Will Cole com quem, aliás, registou um excelente disco acústico em 2012 e também, em algumas datas, a companhia dos The Leopards, a banda que substitui os originais Commontions. Na peugada de uma primeira caixa retrospectiva - "Collected Recordings 1983-1989" - uma segunda dose a sair em Setembro incluirá material compreendido entre 1989 e 1996, ou seja, os primeiros quatro álbuns a solo, um famoso quinto "disco perdido" e uma imensidão de raridades, demos e videos. Prometido está também o regresso à série "Folksinger" cujo terceiro volume será registado em estúdio em Maio com pequenas audiências de 25 pessoas e tudo aponta para um Lloyd Cole em grande forma tal como como nos velhos tempos. Aqui fica esta brilhante sessão de rádio para o provar.  

JACK "GREEN" WHITE














O episódio final dos "Marretas" emitido nos E.U.A. no passado dia 1 de Março teve a participação especial de Jack White que, desafiado previamente pelo desesperado sapo Cocas a impressionar a amada Miss Pig, pegou em "You Are The Sunshine Of My Life" de Stevie Wonder e tocou-a à sua maneira e à maneira da marretada e a sua The Eclectric Mayhen Band... Pelo meio há nesta história outras canções como "It's Not Easy Being Green" e o impagável "Fell In Love With A Girl". O melhor é que a versão do clássico de Wonder terá edição em rodela pequena de vinil verde no próximo Record Store Day. O pior é que tamanho docinho só estará à venda nas lojas americanas da Third Man Records. Que raiva...verde!  




quarta-feira, 30 de março de 2016

KRISTIN McCLEMENT NO FINAL DE ABRIL



A cantautora Kristin McClement tem pelo menos duas datas marcadas para apresentações ao vivo no final do próximo mês de Abril: a 27, quarta-feira, estará em Bragança e no Sábado seguinte em Coimbra, havendo por aqui dois dias de intervalo para, eventualmente, outras cidades. Nascida na África do Sul mas há muito radicada em Inglaterra, McClement editou em 2015 o álbum de estreia intitulado "The Wild Grips", resultado lógico de uma maturação folk que teve a ajuda na produção de Christian Hardy dos Leisure Society para quem, alíás, assegurou algumas primeiras partes da digressão na primavera passada. Integrada no grupo Wilkommen Collective com sede em Brighton, é partir de lá que, aos poucos e com a ajuda de Joel Owens na bateria, a sua aura brilhante alcançou já a Itália e a França. Chegou a nossa vez!





SCOTT MATTHEWS, SOZINHO EM CASA 2

Tal como sugeria o título do último álbum - "Home Part 1" - surge agora a continuação prometida de sedução a que Scott Mathews nos habituou. "Home Part 2" estará em pré-venda já na sexta-feira via Shedio Records a que se seguirá uma intensa digressão britânica. Por agora, que tal uma amostra perfumada chamada "Drifter"?

terça-feira, 29 de março de 2016

UAUU #311

NILS FRAHM, RESTOS DE COLECÇÃO

Com a comemoração do Piano Day de ontem e cuja respectiva playlist conta já com 108 contribuições, Nils Frahm não desilude os fãs: nova oferta de quatro temas sobrantes ("Him", Son", "Vice Versa" e "Passing") das sessões de registo do álbum "Solo" editado, e também oferecido, em 2015 e que foi executado no maior piano do mundo, o M370 construído em 1987 pelo compatriota David Klavins. Com a venda das edições em vinil e CD deste inédito "Solo Remains" Frahm pretende ajudar o amigo Klavins a erguer um piano ainda melhor - o M450. O disco pode - deve! - ser obrigatoriamente descarregado aqui. Grandioso!







EXIT NORTH, UMA NOVA SAÍDA!

Feiner e Jansen





















Um segredo bem guardado anda em ensaios por Gotemburgo há alguns meses mas só agora alguém na imprensa sueca o descobriu: Steve Jansen (Japan), Thomas Feiner, Ulf Jansson e Charlie Storm (Hisings) vão gravar um álbum para sair no Verão sob o grande nome de Exit North. Não há, para já, qualquer vestígio sonoro do resultado de tamanha colaboração, mas não será especulativo adivinhar que vamos ter certamente um disco de apelo grandioso e catártico. Feiner tinha já colaborado com Jansen na gravação de "Slope", disco de estreia a solo do baterista dos Japan editado em 2007 pela Samadhi Sound do amigo David Sylvian. Siga para norte!

segunda-feira, 28 de março de 2016

WILCO A 300 QUILÓMETROS!





















No âmbito da digressão "Star Wars" que andará por Espanha no final de Junho e início de Julho, os maravilhosos Wilco confirmaram um concerto na Corunha no dia 29 de Junho, praticamente a 300 quilómetros do Porto. Será no Palácio de La Opera e os bilhetes estarão à venda a partir de amanhã por aqui. Desafiador!


quinta-feira, 24 de março de 2016

UAUU #310

PVC - PORTO VINIL CIRCUITO #17





















Nas férias escolares da Páscoa e com a chegada da Primavera, era certa uma ida à baixa do Porto para uma série de afazeres e compras da época na companhia da nossa mãe e, já agora, uma escapadela à Valentim de Carvalho da Rua 31 de Janeiro. Foi lá, afinal, que tudo começou com duas K7's dos The Beatles, uma história que já contamos por aqui e que nunca mais parou... Mantemos é uma dúvida sobre o efectivo local da loja que julgamos se ter situado, descendo a rua à esquerda, entre os números 210 e 220. Temos a memória de um espaço comprido e com um andar superior que os actuais e enormes vidros destes dois prédios sugerem, embora a Vadeca (as duas iniciais do nome da empresa) fosse um "acrescento" posterior da casa mãe situada mais abaixo no número 176, mesmo ao lado da vistosa Casa Vicent. Lá foi instalado um estúdio de gravação, como se comprova pelo anúncio de imprensa dos anos 40 recolhido pelo blog Restos de Colecção, mas não temos a certeza se funcionou também como espaço comercial. O famoso logótipo da empresa  - um V e um C embutidos num disco de vinil - é atribuído ao arquitecto Conceição e Silva e a empresa fundada em 1824 marcou a história de toda a música do país, um assinalável sucesso que teria um final trágico em 2009. Antes, a aposta forte na abertura de lojas - em 2001 eram 24 mas já em dificuldades- de oferta múltipla, de livros a instrumentos musicais, passando pelo DVD ou jogos de computador e espaços de cafetaria, seria uma fuga para a frente que o advento do mp3 haveria de ferir de morte tal como aconteceu a projectos quase paralelos semelhantes (é só lembrar os casos da Virgin, da Bulhosas ou a Megastore Roma no Bolhão). Nesta loja da baixa portuense compramos discos em vinil sem conta - o mais importantes dos Beatles, Pink Floyd e alguns Rolling Stones - e em plenos anos 90, aquando do definhar do formato, acabamos por adquirir uma imensidão de outros bandas e artistas cujos catálogos (da Island, nomeadamente) estavam ao desbarato (p. ex. John Cale). Fizemos, neste âmbito, algumas boas descobertas (os The Innocence Misson!), corremos riscos, cometemos gaffes e vasculhamos com êxito até em K7's VHS, mas rapidamente o monstro FNAC haveria de se instalar (1998) confortavelmente no negócio, aniquilando qualquer concorrência que só mesmo o Carrefour de VNGaia aguentou durante algum tempo.  

Vadeca (?), Rua 31 de Janeiro, 210 ou 220, Porto













Estúdio Valentim de Carvalho, Rua St. António, 176, Porto














quarta-feira, 23 de março de 2016

MATT ELLIOTT, CALMARIA MATURA!





















Já em álbuns anteriores Matt Elliott tinha ameaçado a perfeição. Com o recente "The Calm Before", o sétimo disco de uma obra assinalável, o inglês alcança uma maturidade luminosa que brilha do princípio ao fim em temas ofuscantes como "The Allegory of the Cave", "Wings & Crown" e o magistral tema título, quase quinze minutos de beatitude que deveria ser inquestionável em qualquer lista acertada de canções do ano. Mas, logo agora que foi tomado por tamanha inspiração, o regresso ao Porto não aconteceu na actual digressão sabe-se lá porquê (fomos "roubados" pelos amigos galegos), sendo exigível que o reencontro não demore muito tempo. Tendo em conta que Elliott já passou, salvo o erro, pelo Mercedes, pelo ténis de Serralves, pelos Maus Hábitos, pela extinta Jo Jo's ou pela Casa da Música, há ainda pelo menos meia dúzia de espaços e salas que ainda não foram experimentadas...



GLENN JONES EM ESPINHO













Era só para avisar que um senhor bem grande da guitarra primitiva americana estará em Espinho a 6 de Maio próximo, concerto que repete no dia seguinte em Bragança. Chama-se Glenn Jones, já por cá anda a fazer milagres à volta de meia dúzia de cordas desde 2004 e o seu sexto álbum "Fleeting", gravado na casa de um amigo em New Jersey (foto), foi editado pela Thrill Jockey na passada sexta-feira. Prometidos estão "tremores" como estes...



terça-feira, 22 de março de 2016

WILLIS EARL BEAL, NA PENUMBRA!

A promessa de um simples EP de Willis Earl Beal com data prevista de saída para dia 1 de Abril não deve ser levada a sério. É que o disco é quase um álbum, ou não fossem oito faixas mais que suficientes para, certamente, fazer magia sonora. O tema título "Through The Dark" agora divulgado é uma prova cabal dessa potencialidade resultante de um encontro imediato na via pública com um tal Nathan Gibson logo transformado em novo produtor e colaborador. Beal tem concerto marcado para Lisboa para o próximo dia 13 de Abril e só é pena que a viagem nocturna não se estique mais a norte...

segunda-feira, 21 de março de 2016

UM POEMA NOSSO!





















Há precisamente 40 anos a XIII edição do Festival da Canção que se realizou em duas datas de Fevereiro e Março de 1976 decorreu de forma inédita - o convite polémico da RTP a Carlos do Carmo para interpretar as oito canções seleccionadas mediante candidatura prévia dos compositores e letristas, resultou numa qualidade geral excepcional e talvez inigualável onde se destacam temas clássicos como "Estrela da Tarde", "Cantiga de Maio", "Novo Fado Alegre" e "Flor de Verde Pinho" que acabaria a eleita pelos votos do público. Todas viriam a fazer parte de um álbum curiosamente chamado "Uma Canção Para Europa" gravado ainda nesse ano e do qual existem em vinil, pelo menos, duas e raras versões. Seria, entretanto, reeditado em 2013 nos âmbito das comemorações dos 50 anos de carreira de Carlos do Carmo.

Mas há uma dessas canções que, no nosso caso, se tornou inesquecível. Classificada em terceiro lugar na tal votação pública, "No Teu Poema" é talvez o exemplo máximo do que deve ser um poema musicado, um legado de uma "portugalidade" sem tempo e que nos estremece sempre que o ouvimos. O autor de tal proeza chama-se José Luís Tinoco, um talentoso e multifacetado artista que foi devidamente reconhecido o ano passado com o Prémio de Consagração de Carreira pela Sociedade Portuguesa de Autores e que, sem se assumir como poeta, escreveu para todo sempre "o" poema que acaba por ser nosso e de ninguém. Merecia ser lido e proclamado em voz alta neste Dia Mundial da Poesia e em todos os outros dias...

No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida

No teu poema existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo

Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria

Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte

No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha

No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano

Existe um rio
O canto em vozes juntas, vozes certas
Canção de uma só letra 
e um só destino a embarcar
No cais da nova nau das descobertas

Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte

No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda me escapa

e um verso em branco à espera do futuro

(José Luis Tinoco, 1976)


UAUU #309

sexta-feira, 18 de março de 2016

MEMORABILIA #20
































A propósito da segunda edição do Piano Day, uma ideia de Nilhs Frahm que se celebra no dia 28 de Março um pouco por todo o mundo (imperdível a playlist resultante do evento de 2015!), fomos ao baú resgatar o nosso velhinho e maltratado piano de miúdo, uma prenda nada inocente dos padrinhos já lá vão mais de 40 anos! A peça em madeira com pouco menos de 40 cm estava, coitada, com mazelas difíceis de curar como alguns furinhos de infestação de caruncho (correctamente designado por Anobium puncataum, para que conste) e a falta de múltiplas cordas de metal, o que torna impossível a execução do instrumento. De resto, como se comprova pelas imagens, a madeira avermelhada adquiriu aquela patine que só o tempo consegue alcançar e que é quase um pecado tentar disfarçar, mantendo assim um aspecto milagrosamente saudável. O pequeno logótipo a verde no canto superior esquerdo refere-se à fábrica Claudio Reig, casa espanhola com sede em Alicante que ainda hoje produz brinquedos semelhantes e que ganhou notoriedade precisamente na construção e comercialização de instrumentos musicais em madeira, actividade que conta já mais de 75 anos. De tradição musical, a família mais próxima tentou sempre incutir-nos o gosto pela música e esta prenda de aniversário comprada, quase de certeza, no mítico Bazar Paris da Rua da Bandeira era só uma primeira e estratégica abordagem à aprendizagem do piano que, pouco tempo depois, haveria de começar. Sessões de solfejo, escalas repetidas, leitura de pautas que um dedicado avô paterno pacientemente nos ensinou, são hoje uma espécie de memória virtual já que dessa prática nada guardamos, sendo um teclado de um piano um quebra-cabeças indecifrável. Obviamente que o brinquedo servia para uma série infindável de tropelias que iam para além do simples carregar nas teclas: retirada a tampa frontal, o pequeno compartimento guardava "tesouros" como ovos de rola, escondia personagens de plástico como os terríveis Snorre ou o Tjure dos Vikings ou o local perfeito para uma garagem anárquica de carrinhos metálicos! Sendo assim, raramente nos sentamos no chão ao jeito do Schroeder que líamos e víamos nos álbuns do Carlitos/Charlie Brown para tocar seja o que fosse, mas também não tínhamos a companhia de nenhum Snoopy inspirador... Viva o piano!
(sugestão para hoje: Quentin Serjacq no Salão Brazil de Coimbra)                  


quinta-feira, 17 de março de 2016

SUSANNA, TRIÂNGULO DE 23 LADOS!















Um novo disco da norueguesa Susanna é sempre uma boa notícia. Desta vez a aventura incluirá 23 canções registadas em Oslo e Los Angeles e receberá o título de "Triangle", álbum produzido, composto, arranjado e totalmente tocado pela própria! O regresso aos originais, o que já não acontecia desde 2012, tem data marcada de saída para 22 de Abril na casa da artista também conhecida por Susanna Sonata. Aqui ficam os dois primeiros lados, um deles animado!




(RE)LIDO #70





















UMA RAPARIGA ENDIABRADA
de Nick Hornby. Lisboa: Porto Editora, 2015
Temos por Nick Hornby uma assolapada paixão literária enraizada desde "Alta Fidelidade" (1995), obra notável que o cinema cedo se encarregou de escolher para uma adaptação brilhante e um John Cuzack a todos os níveis memorável. Tamanha atracção tem no mundo da música e em tudo o que o rodeia o principal condimento que Hornby usa, quase sempre com êxito, como aglutinador de enredos e novelas, um recurso que domina e preza de forma perfeita e pertinente. Quando partimos para este "Uma Rapariga Endiabrada" já sabíamos do contexto "anos sessenta em Inglaterra", televisão a preto e branco e uma sitcom "marido/ mulher" - "Barbara (and Jim)" - como fio condutor, o que pressupunha, julgávamos, muitas conexões, lá está, à explosão pop-rock desses tempos de que os The Beatles foram o principal fenómeno. Mas, e esta é logo a principal desilusão, sobre essa expectável (?) abordagem o livro passa completamente ao lado, centrando-se no fenómeno televisivo de forma exagerada e desmotivante, acabando por transformar a sua leitura num tormento sem explicação. Claro que Hornby continua, mesmo assim, a demonstrar todo o seu talento na recriação difícil de um programa de TV que nunca existiu na realidade e que, cedo o percebemos, requisitou uma assinalável pesquisa. O esforço pode funcionar como "o tributo de Nick Hornby à idade de ouro do entretenimento", como se imprime na capa em jeito de sub-título, mas que não chega para elevá-lo ao estatuto de "o mais ambicioso romance até à data..." o que é quase um insulto a muitos das suas obras anteriores. Engraçado ("Funny Girl" é o título orignal...) mas sem ser sequer divertido, a boa forma de Hornby sofre aqui, quanto a nós, uma "lesão" momentânea e que, esperemos, seja rapidamente ultrapassada.      



quarta-feira, 16 de março de 2016

UAUU #308

MARK KOZELEK, SOZINHO EM MATOSINHOS!





















Ora bem, segundo a Pitchfork os Jesu & Sun Kill Moon tem concerto marcado para o Cineteatro Constantino Nery em Matosinhos para 9 de Julho próximo depois de no dia anterior visitarem o MusicBox de Lisboa. Isto, assim de repente, era capaz de ser um dos irresistíveis recitais de 2016 atendendo a que o álbum que publicaram em Janeiro tem, pelo menos, duas das grandes e longas canções do ano: "Exodus" e "Beautiful You". Agora, olhando ao sempre importante pormenor dos asteriscos, afinal o espectáculo será um solo de Mark Kozelek em palco, não havendo assim a presença dos amigos Justin K. Broadrick (Jesu), Steve Shelley (Sonic Youth) ou Neil Halstead (Slowdive/Mojave 3) com quem tem rodado e continuará a rodar tão fabuloso disco. É pena... mesmo assim, rápido à bilheteira!

terça-feira, 15 de março de 2016

(RE)VISTO #64














SHOW ME YOUR SOUL
de Pascal Forneri, França, Arte, 2013
Canal Arte, 12 de Março de 2016
Pode um programa televisivo de música essencialmente negra, do soul clássico ao funk, do disco ou r&b ao rap, entrar de rompante pela televisão americana e deixar um rasto indelével ao longo de 35 anos? A resposta é sim, chamou-se "Soul Train", nasceu em Chicago, transferiu-se para Los Angeles em 1971 e só parou em 2006 com a Internet. A ousadia e façanha coube a Don Cornelius (1936-2012), o mentor, produtor e apresentador cool de voz barítona e radiofónica que trouxe para a televisão uma verdadeira explosão musical onde James Brown, Tina Turner, Curtis Mayfield, Supremes ou Earth Wind & Fire arrebatavam audiências ao mesmo tempo que um conjunto dedicado e imprevisível de dançarinos aparecia perante as câmaras em roupas extravagantes. É essencialmente sobre essa história glamorosa do acto de desfilar ao som de uma canção soul que este documento aborda de forma quase sociológica, entrevistando os então famosos participantes e coreógrafos da "Soul Train Line", uma imagem de marca que tornou o programa um acto religioso para a comunidade negra americana em pleno período de muita conturbação sócio-política. Os testemunhos de Bobby Womack (foto) e de outros músicos compensam a falta óbvia de impressões do próprio Cornelius que haveria de se suicidar em 2012 depois de uma vida privada tumultuosa e perigosa a que o sucesso do programa rapidamente conduziu. Os convites a artistas não negros como Elton John ou David Bowie ajudariam, ainda mais, para que "Soul Train" atingisse comunidades jovens de todas as raças e credos, um êxito massivo que o groove explosivo do disco sound haveria de tornar imparável e que, curiosamente, só definharia com a chegada do hip-hop e do rap. O advento da MTV seria a estocada final... Um excelente documentário televisivo, simples e eficaz como é habitual neste canal cultural (repete dia 19 de Março e 4 de Abril) e que não pode nem deve ser visto sem uma prévia consulta a um outro programa concebido pelo VH1 em 2010 que aqui deixamos. Obrigatório. Peace, love and soul!              

quinta-feira, 10 de março de 2016

THE LAST SHADOW PUPPETS NO VERÃO?





















Apesar da desilusão quanto à não inclusão dos The Last Shadow Puppets no alinhamento do Primavera Sound Porto, voltamos à carga com novo palpite - que tal Paredes de Coura? A banda vai nessa altura andar pela Europa em intensa azáfama e há "vagas" nas datas de 17 a 20 de Agosto (a 19 tocam na Holanda). Vá lá... Certo é que dia 1 de Abril estará cá fora oficialmente o segundo disco "Everything You've Come To Expect" que na sua versão dita luxuosa incluirá, para além da habitual gramagem pesada, um livro de fotografias e um exclusivo 7" de vinil colorido com a canção "The Bourne Identity". Para já, além de "Bad Habbits", ficamos hoje a conhecer o prometedor tema título com direito a video, no mínimo, admiravelmente veraneante!  



GNR, Teatro Rivoli, Porto, 9 de Março de 2016



















Um irrecusável convite de última hora levou-nos ontem ao Rivoli... Esse monumento pop chamado "Psicopátria" que os GNR gravaram em 1986 faz trinta anos e a ementa para o serão anunciava uma execução de fio-a-pavio da totalidade do álbum que vimos "nascer" ali perto numa ante-véspera de Natal de 1986 no caótico e delirante Auditório Carlos Alberto. A nossa cortina sobre a banda fechou-se, com esforço e desilusão, depois do mega-concerto do estádio das Antas em 1993 para nunca mais se abrir até ontem, ou seja, passados vinte e três anos, já que os fracos apelos criativos e as guinadas sonoras de um dos principais projectos pop-rock portugueses conduziram-nos irremediavelmente à desistência. Valeu a pena o regresso? Sem dúvida. Apesar do som de sala sofrível, apesar de não haver um guitarrista à altura, apesar de algumas fífias vocais mais que habituais mas sempre desculpáveis, a noite valeu pelas canções que rapidamente cantarolamos de forma involuntária, pela boa-disposição do trio progenitor ou pelas sempre sarcásticas mudanças das letras ou apartes em que Reininho é rei, fosga-se! Deu muita vontade de levantar da cadeira e "abanar a estrutura" principalmente quando o alinhamento chegou a "Nova Gente" e "Choque Frontal", um dupla que no disco se tornou um clássico de agitação e que não fora a formalidade e, talvez, a idade do público, devia ter merecido uma invasão do palco a preceito tal como aconteceu naquele Dezembro de 1986. Seja como for, parabéns GNR!            


UAUU #307

quarta-feira, 9 de março de 2016

ADAM GREEN, UM ALADINO MODERNO!





















De Adam Green há que esperar sempre alguma ousadia. É disso que trata "Aladdin", uma película perto da estreia pela América do Norte e que terá versão digital em plataformas globais logo de seguida, onde Green se abalança na direcção e principal papel do personagem de "As Mil e Uma Noites", explorando de forma bizarra temáticas (sempre) actuais como o desenvolvimento tecnológico, a repressão, a ganância ou a pureza do amor. Esta nova aventura, certamente uma pouco mais profissional que a pioneira "The Wrong Ferrari" (inteiramente filmada com um iPhone!!), resulta de uma campanha de recolha de fundos através da Kickstarter, tem entre os actores parceiros o sempre miúdo Macauly "Sozinho em Casa" Culkin e uma banda sonora inteiramente original saída da inspiração acutilante de Green. O brilhante primeiro avanço "Never Lift A Finger" que já adiantamos por aqui prova, mais uma vez, a grandeza e subtileza da composição que motivará uma intensa digressão pela Europa já em Maio. Assim, apesar de ter já visitado Lisboa em 2006 e 2009, é já tempo de voltar para uma apetecível e desejável dose dupla - estrear o filme e, já agora, tocar algumas canções. Será preciso esfregar a lâmpada?



GEORGE MARTIN (1926-2016)














O que teriam sido os The Beatles sem George Martin? A pergunta, talvez inconsequente no dia que marca a sua morte, terá múltiplas respostas. Uma delas, contudo, será comum e abrangente - a música dos Fab Four tem na produção de George Martin (o quinto Beatle...) o condimento milagroso da eternidade, o saber dar a ouvir e a fazer invisível em cima de um palco mas decisivo atrás de uma mesa de mistura. Sir George Martin esteve no Porto em 19 de Outubro de 1995 para conduzir a Orquestra Clássica do Porto num Coliseu cheio, mas não esgotado, num evento patrocinado pela Presidência da República chamado "Beatles Pela Paz". Nem mais... Peace!    


terça-feira, 8 de março de 2016

RECORD STORE PRAY 2016







Está já disponível a lista apreciável de edições exclusivas do próximo Record Store Day que se realiza dia 16 de Abril. Como sempre, a prece está dirigida a algumas lojas online e das redondezas onde pode ser que, com sorte, deitemos as mãos a algumas destas "guloseimas".  








JEFF BUCKLEY, ELE E ELAS!






















Está marcado para a próxima sexta-feira, dia 11, o lançamento do disco "You & I" de Jeff Buckley, uma colectânea de versões e raridades solitárias que aficionados antigos e atentos há muito tempo partilhavam em catadupa religiosa. A vantagem da edição oficial permite, obviamente, um "paladar" mais cristalino e rarefeito dessas pérolas, mas muito sinceramente nada acrescenta em particular ao conhecido e imbatível talento que Buckley, de guitarra em punho, aplicava a canções que, não sendo suas, soam como se o fossem... Aproveitando a "onda" e dando seguimento a uma estratégia previamente testada, o disco vem acompanhado por um novo 7" de vinil à venda no mesmo dia em algumas lojas especializadas, onde se destaca a versão "The Boy With The Thorn Is His Side" dos The Smiths e uma cover ao vivo de "If You Know" da eterna e sempre inspiradora Nina Simone. A propósito e em dia de iluminação feminina, aproveitamos para aqui deixar a melhor versão do disco, essa sim a merecer uma outra rodela pequena!



terça-feira, 1 de março de 2016

UAUU #306

RUFUS WAINWRIGHT, SÃO SONETOS!





















No ano em que se assinalam os 400 anos da morte de William Shakespeare, a paixão de Rufus Wainwright pelos seus sonetos merecerá a edição de uma selecção de 16 desses célebres 154 poemas em forma de disco na reputada Deutsche Grammophon já em Abril próximo. Para o efeito, Wainwright escolheu boas companhias quer para a execução vocal (para além dele próprio, há contribuições da irmã Martha, de Florence "And The Machine" Welsh e da soprano austríaca Anna Prohaska) quer para a recitação dos versos (onde pontuam os actores William Shatner, Carrie Fisher, Siân Phillips e a amiga Helena Bonham Carter), tudo devidamente orquestrado pela BBC Symphony Orchestra conduzida pelo maestro Jayce Ogren. A nova aventura dá continuidade a uma primeira abordagem ao poeta inglês quando em 2009 foi convidado por Robert Wilson a musicar alguns sonetos e cujo resultado Wainwright haveria de incluir em parte no disco "Songs For Lulu" do ano seguinte. Quatro deles surgirão novamente neste novo álbum "Take All My Loves" em diferentes versões produzidas por Marius de Vries como é caso deste magnífico "A Woman's Face" (Sonnet 20).