sábado, 31 de março de 2012

NOVA VERSÃO DE BILL CALLAHAN



















Depois da excelente versão para "So Long Marianne" de Leonard Cohen, eis que Bill Callahan volta à carga com uma nova roupagem para o original de 1971 "Heaven Help the Child" de Mickey Newbury a ser incluída num split single de vinil que assinala a edição de "An American Triology". Newbury influenciou e escreveu originais para inúmeros artistas, de Elvis Presley a Johnny Cash passando por Willie Nelson, e esta nova caixa inclui quatro dos seus principais álbuns de um longa carreira devidamente remasterizados.

sexta-feira, 30 de março de 2012

VÍTIMAS VOLUNTÁRIAS

É uma daquelas colectâneas perfeitas. "A Victim of Stars: 1982-2012" editada este mês por David Sylvian resume uma carreira fascinante, plena de canções e momentos pop intemporais e sufocantes. Sim, porque ao ouvi-las de lés a lés, sentimos a garganta a apertar e tantas, tantas recordações a rodopiar na memória. São trinta temas mais um original/inédito, este "Where's Your Gravity?" de outro mundo e que nos deixa de rastos. Um bem-haja e as melhoras rápidas.  

UAUU #19


Caveman "Thankful" from Austin Peters on Vimeo.

quarta-feira, 28 de março de 2012

FLAMING LIPS E OS AMIGOS















Os sempre activos e imprevisíveis The Flaming Lips tem um disco pronto de colaborações e parcerias a editar no Record Store Day. Chama-se "The Flaming Lips and Heady Fwends" (não é gralha) e apresenta novas e velhas canções/experiências com aqueles títulos bem ao jeito do universo de Wayne Coyne e companhia, que vão da já conhecida ajuda de Neon Indian ("Is David Bowie Dying?"), até inéditos com Bon Iver ("Ashes On Air"), Edward Sharpe ("Helping The Retarded To Know God"), Chris Martin ("I Don't Want to Die"), Nick Cave ("You, Man? Human?"), Prefuse 73 ("Supermom Made Me Want To Pee") ou, a cereja em cima do bolo, Lightning Bolt ("I'm Working At NASA On Acid"). No mesmo dia está ainda prevista a edição de um 7" de vinil da série "Side By Side" que comprende, neste caso, o original dos Lips "A Spoonful Weighs a Ton" e a respectiva cover pelos Mastodon, sim, leram bem! Aliás, os pesados de Atlanta estarão bastante activos já que farão ainda, para a mesma série, uma versão de "Commotion" de Feist que retribuirá com "Black Tongue".
Alguns dos temas de "The Flaming Lips And Heady Fwends" foram já anteriormente editados em 12" de vinil de prensagem ao jeito, claro, psicadélico e são hoje objectos de colecção. O novo álbum terá também uma multi-colorida tiragem de alta qualidade com capas exclusivas o que fará de cada conjunto de 2xLP uma peça única. A banda aposta forte no vinil, como se pode comprovar pelo saboroso video abaixo e a editora Warner Brothers continua, para gáudio dos coleccionadores, a financiar a loucura. Já o ano passado tinha sido o próprio Coyne a entregar os primeiros pacotes de "Gummy Skull" (um misto de pastiha elástica on marijuana e uma pen com música inédita) do Record Store Day numa loja de Oklahoma (video também abaixo). Não vai ser fácil, obviamente, conseguir uma destas novas mas já prévias raridades. Quanto aos Lips, cá os esperamos no Parque da Cidade durante a primavera...  







terça-feira, 27 de março de 2012

O REGRESSO DOS WEDDOS

















Somos velhos fãs dos Wedding Present, Weddos para os mais intímos, desde "George Best", disco de 1985 que rodava no "Som da Frente" e fazia com que John Peel nunca mais os largasse. Os álbuns seguintes, à custa de muita procura e insistência nas lojas Valentim de Carvalho, foram bem dificeis de arranjar, mas "Seamonsters" e "Bizarro" elevariam os Weddos a banda de culto e David Gedge ao altar intocável do rock. Entre comemorações, reencarnações (Cinerama), novos trabalhos ou reedições, temos acompanhado os altos e baixos de um grupo com mais de 25 anos e só falta mesmo vê-los ao vivo. Estivemos quase a comparecer em Vilar de Mouros em 2005, mas despachar a banda para as sete da tarde a tocar para o boneco pareceu-nos demasiado arriscado e desistimos a fim de evitar desilusões. Estarão em Barcelona na próxima versão catalã do Primavera Sound e ainda suspiramos com uma vinda até ao Porto mas que não se confirmou. Não faz mal, porque há um novo álbum que estava escondido no iPod desde o início do mês e que só ontem saltou a cerca para nos fazer mossa. Em "Valentina" há pelo menos meia dúzia de grandes canções que, pela garra e frescura que emanam, parecem pertencer a uma qualquer banda em início de carreira e já em plena forma. O Peel, certamente, haveria de as rodar até à exaustão. 



segunda-feira, 26 de março de 2012

PREPARADOS?

É que o novo e magnífico tema "Ekki Múkk" dos Sigur Rós parece querer dizer que o álbum "Valtari" que aí vem em Maio vai fazer as pazes com muitos dos fãs de longa data que tinham perdido a esperança. Estamos prontos para flutuar.

CRASH ANIMADO


















A tal versão dos Belle & Sebastian para "Crash" dos Primitives vai ter edição em 7" de vinil no próximo Record Store Day. Trata-se de mais um daqueles exclusivos apetitosos mas a que nunca conseguimos chegar por excesso de procura. Este ano a lista é uma imensidão de surpresas, de Abba a James Brown passando por singles de Lana del Rey e Bowie! A cover ganha agora mais piada com o video realizado por Stephen Tolfrey.

domingo, 25 de março de 2012

LA FURA DELS BAUS, Guimarães, 24 de Março de 2012










































A segunda incursão da Fura Dels Baus pelas ruas e praças de Guimarães foi apoteótica. Um mar de gente, a maioria a repetir a adesão verificada aquando do dia da abertura oficial, mas agora ocupando literalmente, ao jeito de romaria, outra parte do burgo. Como sempre, muita imprevisibilidade, espectacularidade e alguma anarquia numa narrativa alusiva ao nascimento de uma cidade ou de um país. Surpreendente o espectáculo final de raiz e inspiração popular no Largo da Mumadona com a integração do Grupo Fólclórico de Serzedelo. Uma coisa nos pareceu certa - os vimaranenses sentem muito orgulho na sua capital cultural e, tal como eles, nós adoramos "fazer parte". Aqui fica o filme possível em seis takes.











quinta-feira, 22 de março de 2012

TWIN SHADOW COM AMOR #2

Aqui está a prometida segunda parte da sessão gravada pela Videoteca Bodyspace com Twin Shadow no alto de um prédio da Boavista. O Arthur Lee haveria de gostar. As gaivotas gostaram muito. Nós também. 

terça-feira, 20 de março de 2012

FIONN REGAN + FEIST, Coliseu do Porto, 19 de Março de 2012

Vinte minutos. Foi esse o tempo disponível para Fionn Regan se mostrar a uma plateia que quase a cem por cento, apostamos, nem sabia o nome do artista que ali estava sozinho em cima do palco de guitarra em punho. Seguro, o irlandês arrancou com "100 Acres of Sycamore", tema título do álbum do ano passado e donde escolheu a maioria das canções com que nos brindou. Curto, muito curto, mas uma prova da grandeza da sua composição e que, pelo que presenciamos, despertou enorme curiosidade e atenção do público surpreendido por pérolas como "List of Distractions" ou "For a Nightingale". Reclama-se um regresso em nome próprio, sem cronómetros. Até lá, façam o favor de o ir escutando e descobrindo que ele bem merece.          





Quanto a Feist, a rendição prévia seria mais que previsível. Estava por confirmar como se faria a transposição ao vivo de "Metals", um disco delicado e burilado ao pormenor, mas o exame decorreu sem contratempos. Cada vez mais um verdadeiro animal de palco, como já tinhamos comprovado nas duas anteriores passagens pela Invicta, a canadiana tem nesta digressão uma ajuda de peso que dá pelo nome de Moutain Man, um trio vocal que é um espectáculo dentro do mesmo espectáculo. Alinhamento estratégico, cenários sóbrios, eficazes, arranjos surpreendentes como no caso de "Mushaboom" e uma competência técnica irrepreensível a que se junta aquela voz inconfundível, magnífica. Lições mais que estudadas para agarrar a plateia, entre alfinetadas Lisboa/Porto ou coreografias a preceito, mas talvez não fosse preciso passar tanto tempo a confirmar a proveniência geográfica diferenciada do público. Espanhóis eram mais que muitos, isso é certo. Não faltou um "Limit To Your Love" outras vezes esquecido mas que agora faz ainda mais sentido ou não tivesse James Blake despertado o vício. Encores foram três, em parte sozinha à guitarra, entre demonstrações de afecto (um "we all love you" sonoro soube muito bem) e pedidos como o que insistentemente recaiu em "Inside Out" que, apesar de não alinhado, foi cantado em coro pelo público ao jeito de provocação e a que Feist não pode resistir, aderindo de pronto ao balanço. Um noite sem fanatismos exacerbados e sem ser de consagração, porque de uma artista já tão madura só queremos continuar a ter o previlégio de escutar e partilhar o seu talento. Ainda bem.     
        










(+ videos no Canal Eléctrico)

segunda-feira, 19 de março de 2012

DIA DA MÃE... E DO PAI

















Há já mais de dez anos, uma das principais surpresas trazidas pelo filme/documentário "A Skin To Few" sobre a vida de Nick Drake foi a inclusão de alguns momentos em que a sua Mãe, Molly Drake, intepreta ao piano alguns standards de época e a que junta uma voz sublime. Estava, de alguma maneira, posta a descoberto a origem da veia musical do próprio filho e de muitas das suas magistrais composições. Molly Drake, para além da reinterpretação, escreveu alguns originais apresentados em festas familiares e de amigos, onde também lia poemas escritos por si, momentos registados e gravados pelo marido, Rodney Drake, em fita magnética. Na compilação "Familly Tree" havia já duas dessas pequenas canções, mas agora a Bryter Music, instituição que gere o legado da família presidida pela irmã Gabrielle Drake, decidiu publicar uma compilação mais abrangente. A qualidade do som é, obviamente, rudimentar atendendo à longevidade (mais de 60 anos) das fitas, mas o seu restauro deu a oportunidade a John Wood, amigo e produtor de "Pink Moon", de escolher dezanove pedacinhos que nos permitirão descobrir mais um pouco do mundo intímo e idílico da família Drake e perceber ainda melhor o seu talento colectivo. A edição é acompanhada por um livro de poemas.

domingo, 18 de março de 2012

TWIN SHADOW COM AMOR

Os amigos da videoteca do Bodyspace não deixaram passar a oportunidade em claro (Mexefest Porto) e apanharam o George Lewis, que todos conhecemos por Twin Shadow, bem lá no alto de um prédio da Boavista a despir à guitarra o "When We're Dancing". Parece que ainda ouve tempo para fazer o mesmo a "Alone Again Or" dos Love que, com toda a certeza, verá a luz da rede em breve. Para já, fica esta pequena maravilha.  

sexta-feira, 16 de março de 2012

3 X 20 MARÇO












20 Canções:
. PONY PONY RUN RUN - We Never Try to Recall
. THE PHENOMENAL HANDCLAP BAND - All Cliches
. RAZIKA - Above All
. HOSPITALITY - Eighth Avenue
. FANFARLO - Tightrope
. THE SHINS - Bait and Switch
. DIAGRAMS - Ghost Lit
. SCHOOL OF SEVEN BELLS - Scavenger
. BRUCE SPRINGSTEEN - Wrecking Ball
. FIELD MUSIC - A Prelude to Piligrim Street
. GRUFF RHYS - Space Dust #2
. DJANGO DJANGO - Hand of Man
. BEN HOWARD - Keep Your Head Up
. FLIGHTS - Taller
. SLOW CLUB - If We're Still Alive
. SHARON VAN ETTEN - Ask
. ZOO KID - Ocean Bed
. PAUL McCARTNEY - More I Cannot Wish You
. OLIVERAY - Harmonics
. REMEMBER REMEMBER - Scottish Widows


20 Versões: 
. THE KILLS - One Silver Dollar (Marylin Monroe)
. THE MORNING BENDERS - Lovefool (Cardigans)
. JULIE PEEL - A Night Like This (The Cure) 
. SISTER CRAYONS - Futile Devices (Sufjan Stevens)
. GEOGRAPHER - Age of Consent (New Order)
. FUJIYA & MIYAGI - Your Silent Face (New Order)
. THESE ELECTRIC LIVES - Wicked Game (Chris Isaak)
. FANFARLO - We Only Come Out At Night (Smashing Pumpkins)
. BEN WILKINSON - From the Morning (Nick Drake)
. PETER MULVEY - Oliver's Army (Elvis Costello)
. THE DO - Wild Horses (The Rolling Stones)
. BON IVER - Coming Down (Anais Mitchell)
. THE MACCABEES - Lonely Boy (Black Keys)
. SLEIGH BELLS - Irreplaceable (Byoncé)
. NOVEL - Video Games (Lana Del Rey)
. BIRDY - White Winter Hymnal (Fleet Foxes)
. CAT POWER - Blue (Jonni Mitchel)
. DAMIEN JURADO & RICHARD SWIFT - Sweetness (Yes)
. DIVINE COMEDY - Oh Yeah (Roxy Music)
. GAYNGS - Cry (Godley & Creme)

20 Remixes:
. HOUSSE DE RACKET - Chateau (Hey Champ Remix)
. CHROMEO - Night by Night (Shreddie Mercury Remix)
. M83 - Reunion (Tropics Remix)
. THE SHOES - Time To Dance (SebastiAn Remix)
. THE VELVET UNDERGROUND - Rock & Roll (Gigamesh Edit)
. WASHED OUT - You And I (Western WALK Remix)
. DAVID LYNCH - Good Day Today (Hiatus Remix)
. NOAH &THE WHALE - Life Is Life (Yuksek Remix)
. CRYSTAL FIGHTERS - Champion Sound (Steep Remix)
. TOTALLY ENORMOUS DINOSAURS - Tapes & Money (Casino Times Remix)
. JAMIE WOON - Shoulda (Egal3 Remix)
. LANA DEL REY - Blue Jeans (RAC Remix)
. RICKI-LEE - Do It Like That (Fred Falke Remix)
. SEBASTIAN – Love In Motion (Rustie Remix)
. NIKI & THE DOVE - Mother Protect (Goldroom Remix)
. MIDNIGHT MAGIC- Drop Me a Line (Holy Ghost Remix)
. DAFT PUNK - Veridis Quo (Theatre Of Delays Remix)
. THE TING TINGS - Hang It U (Banana Dynamite Remix)
. FUN. FT JANELLE MONAE – We Are Young (Alvin Risk Remix)
. METRONOMY - The Look (Two Inch Punch Remix)

quarta-feira, 14 de março de 2012

FIONN REGAN COM FEIST












Como já devem ter reparado, temos pelo cantautor irlandês Fionn Regan uma reconhecida admiração. Na nossa humilde perspectiva, seria sempre um bom nome para aquele festival de gente sentada ou um qualquer pequeno espaço de intimidade acentuada onde as suas grandes canções se fizessem notar. Vê-lo ao vivo não estava, contudo, nas nossas melhores conjecturas a curto prazo. Quando soubemos que é ele que fará as primeiras partes dos concertos de Feist em Lisboa e Porto, aceleramos o passo no acesso a tão prometedora noite antes que a coisa esgote. A sala é bem grande, mas temos fé que a qualidade do artista estará à altura do desafio.  

segunda-feira, 12 de março de 2012

CALA-TE E TOCA AQUELA











Quem teve a felicidade de estar presente em qualquer um dos concertos que os LCD Soundsystem trouxeram até cá sabe bem o que significa a palavra intensidade. Estivemos em três deles (em 2005 na Casa da Música e na tenda do Sudoeste e em 2007 no SBSR) e é muito difícil escolher o melhor. Agora que a banda deu por terminada a sua função, ficou um documentário de nome "Shut Up and Play the Hits" registado ao longo das últimas 48 horas do espectáculo final do Madison Square Garden realizado a 2 de Abril passado e que servirá como prova inequívoca do génio de James Murphy. O filme dirigido por Dylan Southern e Will Lovelace vai ser apresentado este mês no SXSW, tendo passado já pela recente edição do Festival de Sundance. Ficam, por agora, estes pequenos mas apetitosos teasers.



IRRESISTÍVEL

A receita é a de sempre, o risco é nulo, mas este novo single dos Beach House...

domingo, 11 de março de 2012

MIDLAKE EM COURA














O ano de 2012 promete ser uma data vintage no que diz respeito à música ao vivo. Da colheita farão parte nomes grandes com Springsteen ou Radiohead, mas para além do imenso cartaz do Primavera Sound, há ainda e para já, Bon Iver e, aleluia, Midlake! Os norte-americanos descaíram-se no facebook e confirmaram a presença em Paredes de Coura no dia 15 de Agosto, mês de várias datas noutros festivais europeus. Diga-se, a propósito, que o frondoso cenário courense é mesmo o mais aconselhável para que a estreia por terras lusas se torne memorável. Já tínhamos saudades disto...
   

NOW WE RISE, WE ARE EVERYWHERE





















Ontem, no regresso a casa desde Barcelos depois de mais uma magnífica manhã de BTT, ligamos o rádio e ouvimos o Henrique Amaro a anunciar uma versão de "From The Morning" de Nick Drake por uma banda de nome Beautify Junkyards. Confirmando a dica, conclui-se que o projecto é comandado pelo experiente João Kyron dos Hipnótica e do projecto O Maquinista e inclui Wolf dos Sofa Surfers, Riz Maslen dos Neotropic, Karine Carvalho dos brasileiros 3 na Massa e Erica Buettne, cantora folk americana. O disco de estreia terá também versões de Vashti Bunyan (“Rose Hip November”) e Kraftwerk (“Radioactivity”). Qual delas a melhor.

quinta-feira, 8 de março de 2012

WILCO DE SECRETÁRIA

Ter os Wilco completos a tocar na cozinha, na varanda ou no escritório entre cadernos, telefones, livralhada ou cd's parece impossível. Mas topem lá este pequeno concerto em plena sala de trabalho da NPR-National Public Radio americana. Bateria para quê...  

terça-feira, 6 de março de 2012

domingo, 4 de março de 2012

MEXEFEST, Porto, 3 de Março de 2012

O regresso ao Porto de Josh Rouse não podia ser mais feliz. Quase cidadão valenciano, a sua música está notoriamente mais latina e quente e, por isso mesmo, esta foi a forma perfeita de começar a noite. Alternando novos temas do álbum do ano passado com os amigos espanhóis Long Vacations com clássicos indispensáveis ("It's the Nighttime" ou "Quiet Town"), rapidamente o público se rendeu à sua boa disposição e boa onda. Tratando de satisfazer a expectativa dos mais inquietos e sentado na bateria, escolheu "1972" e "My Love Is Gone" para encantar e logo de seguida, já acompanhado, nos deixar de barriga cheia com "Love Vibration". Delicioso.






 
Bem tentamos entrar no lindíssimo salão de festas do Ateneu Comercial, mas só mesmo furando entre os mais atrasados conseguimos um ângulo imperfeito para o palco bem por trás do atarefado técnico de som. Lá ao fundo, Fink ia elogiando o nosso país onde, ao que parece, passou férias infantis regadas a Sumol de ananás. Ambiente acolhedor, lustres e luzes sublimes e canções na maioria do disco "Perfect Darkness" entre as quais as pérolas "Yesterday Was Hard On All Of Us", "Honesty" ou "Wheels" mas também antiguidades de alto calibre como "This Is The Thing". Pena termos chegado tarde, pena não chegarmos mais perto, mas mesmo assim valeu a pena. Saboroso. 



Curiosos e subindo a rua, apostamos nos The Do no Coliseu. Não conhecemos os discos, nem as canções mas os elogios prévios eram mais que muitos. Tal como na véspera, a sala estava sentada, longe de estar cheia e o som era outra vez imperfeito. Sentia-se, contudo, alguma frieza, alguma indefinição de distâncias, embora a finlandesa Olivia que dá voz ao grupo bem tenha puxado pela audiência ao ponto de ter saltado para o corredor entretanto ocupado. Mas, logo de seguida tudo se acabou... Inconsequente.


Rápido para a garagem fronteira a abarrotar ou não fosse rock puro e duro a receita de Hanni El Khatib. Uma guitarra e uma bateria chegam para as paredes estremecerem e o suor convidar a muita cerveja. O pouco tempo que lá estivemos valeu bem a pena. Imaginamos o que seria tamanha corrente eléctrica no palco cave do PlanoB. Intenso.


Quanto a Twin Shadow, estamos conversados. Comparando com a estreia vilacondense e em pouco menos de um ano, os fãs multiplicaram-se, o homem está mais solto (talvez do vinho assumidamente bebido ao jantar), a banda mais oleada mas as canções são ainda as mesmas, o que foi recebido de braços abertos por uma plateia fanática de balanço múltiplo. Novo álbum prometido para Julho e do qual se estreou uma orelhuda canção, num concerto com sabor a fim de festa entre balões e muitas palminhas. Ainda não foi desta que trocávamos o disco por qualquer um dos concertos. Fixe.





Para o ano esperemos que haja mais. Assim:

+ positivo: escolha dos espaços com hipóteses de aumentar (Salão do Coliseu, Batalha, Praça dos Poveiros), ambiente descontraído, ocupação da rua previamente condicionada, animação, acessos rápidos aos locais, chocolate quente e algodão doce à borla mas era melhor que fosse cerveja, diversidade de bandas, algum bom senso na sobreposição de horários;

- negativo: o som de sala do Coliseu, demasiados fotógrafos a toda hora sem controle na frente dos palcos ou em frenéticos encontrões sem respeito pelo público pagante e abusando das facilidades concedidas, os Foals não terem trazido os instrumentos e o Norberto só tocou 38 minutos...

sábado, 3 de março de 2012

MEXEFEST, Porto, 2 de Março de 2012
















Sem roteiro pré-definido ou sequer pensado, a casa de partida de tão prometedora noite só podia ser uma - o Passos Manuel. Foi lá que há quase cinco anos Norberto Lobo apresentou na cidade as canções do "Mudar de Bina", foi lá que ficamos desde logo apaixonados pela sua música, foi de lá que ontem não nos apetecia nada sair. Concerto maravilhoso de um músico espantoso, uma mistura experimental de sons cristalinos ou rudes em dedilhados e riffs cada vez mais perfeitos e sempre surpreendentes, o que nos leva a questionar até onde irá este talento. Genial!



Atravessando a rua, já os Capitão Fausto a jogar em casa abanavam a garagem. Cinco juniores a jogar nos seniores, plenos de garra e genica e com a lição táctica bem assimilada via Shefield a fazer vibrar a bancada, atendendo às muitas palmas recebidas. Prometedor.



Tempo para um pequeno recuo ao edifício do Coliseu onde os Niki and the Dove se apresentavam para uma plateia sentada já muita bem composta e talvez a marcar vez para a menina Anne Clark. Som de sala sofrível, talvez pelas duas (!) baterias em palco, mas mesmo assim com bom acolhimento. Tempo disponível para duas únicas canções que não nos convenceram por aí além, mas a que se calhar teremos que dar mais atenção. Duvidoso.  



Na descida para o Sá da Bandeira, notamos mais gente em trânsito mas a que não se pode chamar uma enchente. Dois minutos antes de Cass McCombs e restante banda entrarem em palco, a plateia do teatro estava quase vazia. Em poucos minutos, contudo, a casa encheu. O público mexe-se mesmo.  Ultrapassados alguns problemas técnicos iniciais, ora aqui está um concerto não muito fácil de descrever. Sentiu-se um McCombs competente, mas não vibrante, cumpridor, mas não efusivo e até algo entediado. Brilhou "Love Thine Enemy", faltou "The Living World" ou "Saturday Song" e foi preciso esperar até ao fim por um magnífico "County Line" às escuras, depois de apagadas as luzes de palco por solicitação expressa do artista e que decidimos, mesmo assim, registar em video... Um apagão visual, mas um enorme momento emocional a que assitiram poucos resistentes da plateia em sucessiva debandada. Suficiente.





Agora havia que correr até à garagem para aproveitar o que restava de King Krule. O miúdo Archy e restante companhia tinham a casa cheia e já rendida quando lá chegamos. O que dizer de "Portrait In Black And Blue", de "The Noose of Jah City" ou do arrepiante "Out Getting Ribs"? Que o Porto teve sorte em ter ali e agora um nome que irá certamente dar cartas na pop, ou que, no nosso caso, tão mágicos quinze e preciosos minutos se tornaram já hoje inesquecíveis. Memorável.




      


Sobre o epectáculo de St. Vincent na sala grande do Coliseu haverá certamente uma divisão de opiniões. Numa onda afirmadamente rock, o concerto funcionaria melhor, por um lado, num espaço mais pequeno sem cadeiras. Por outro, há nesta música algo de contemplativo a convidar ao sofá. Mas foi preciso a artista desafiar a plateia a levantar-se no final de "Cruel" e a preencher a frente de palco para que a vingasse a agitação. Depois confirmou-se todo o vituosismo à guitarra que se estendeu até ao meio do público para onde Clark saltou de guitarra em punho por entre riffs desenfreados. Nessa altura já metade do Coliseu, antes cheio, tinha desistido. Ficaram os que não gostam de facilitismos, apreciam algum risco e ouviram muitas vezes "Strange Mercy" até, como se provou, a estranheza se entranhar. Convincente.  



Numa subida até aos Maus Hábitos tivemos duas boas surpresas. A electrónica de Emika fazia já baloiçar a pequena sala replecta e agitada, onde uma voz sedutora se sobrepunha a samplers e beats pré gravados. Atendendo ao adiantado da hora e às já muitas cervejas engolidas, a coisa soube mesmo bem. Deambulando pelo espaço estava Archy Marchal/King Krule com quem estivemos à conversa uns bons quinze minutos. Confirmam-se ao perto as semelhanças faciais com Rick Astley (cruzes!), provou-se, entre outros, a sua paixão pelo jazz, o desprezo pela net, a vontade constante de aprender e experimentar, a oposição frenética ao sistema social e político britânico e vêm aí um álbum que certamente vai estourar. Ei Archy, keep it cool!