sexta-feira, 30 de abril de 2021

DJANGO DJANGO, (DES)PREOCUPAÇÕES!















Os britânicos Django Django editaram em Fevereiro passado "Glowing in the Dark", mais um enorme disco cheio de canções ora ternas ora agitadoras a que fomos dando destaque, às tantas, não na dimensão que merecia. Colaboram Charlotte Gainsbourg ("Waking Up") e os brasileiros António de Freitas e Ife Tolentino com a cuíca, a pandeireta e a guitarra no magistral "Got Me Worried", uma peça brutal de ritmo e movimento que, esperamos, tenha um destes dias direito a single pequeno ou grande de vinil.  

Há até um verso cantado/arranhado traduzido para português por Sónia Bernardo (artista nacional em ascensão em Londres com o projecto Bernardo e já com um tema misturado pelos próprios Django Django) onde se expressa: 

Está partido, quebrado, o corpo a doer 
Os pés pesados vão andar еm vez de correr 
Em movimеnto, andamentos sem parar 
Será que... 

Será que o quê? Alguém ajuda a perceber o que raio é dito! 
É melhor ouvir outra vez... sem preocupações! 
  

ARTHUR RUSSELL, VERSÕES ÀS RODELAS!

Através da editora Unheard of Hope com sede em Coventry estarão disponíveis até Julho meia dúzia de singles em vinil com versões de canções de Arthur Russell sob o título "Small Wonder". O conjunto pode ser, desde já, reservado por cerca de sessenta libras e inclui as preferências, entre outros, de Laetitia Sadier (Stereolab), Mabe Fratti, Peter Zummo, colaborador do próprio Russell e também Peter Broderick, confessado admirador e quase curador do seu legado. 

No caso do primeiro split single, é dele a escolha emocionada de "All-Boy All-Girl", original incluído em "World Of Echo" de 1986, e na qual recebeu a contribuição da referida Mabe Fratti e do seu amigo Sebastian Rojas. No outro lado da rodela repousa uma outra rendição a cargo de Peter Zummo que preferiu "Tone Bone Kone" do mesmo disco, canção que era eleita para terminar, já no encore, os últimos concertos que fizeram juntos. 


KINGS OF CONVENIENCE, DISCO E CONCERTO!






















Paz ou amor! A escolha é clara e urgente - os Kings of Convenience terão um novo álbum já em Junho chamado "Peace or Love" mas o melhor é fomentar as duas opções e, se possível, ao vivo. Nada como comparecer aos concertos marcados para 2022 no Porto (16 de Maio, Coliseu) e Lisboa (18 de Maio, Coliseu) com bilhetes à venda já para a semana. 

A prometida estreia de uma nova canção, a tal "Rocky Trail", tem já video oficial a rolar e o efeito de veludo é o de sempre - FANTÁSTICO!

quinta-feira, 29 de abril de 2021

UAUU #594

FITAS DE UM TEMPO #01















Passaram quase vinte anos mas foi preciso um forçado recolhimento caseiro para encontrar o caminho para o tesouro! Escondida entre pilhas de cd's amontoados num armário esquecido lá estava a pequena caixa plástica com meia dúzia de cassetes video de fita MiniDV, uma tecnologia já digital mas, como tudo, sujeita a melhoria técnica e posterior substituição. Nessa época, calhou algumas vezes levarmos, por empréstimo, uma câmara da marca Sharp para alguns concertos na tentativa de captar o momento mas chegamos a ser intimados a sair do recinto pela ousadia (ficou-nos na retina a cara de poucos amigos do segurança da FNAC Norte Shopping que nos "convidou" a rapidamente guardar o aparelho depois de dois ou três minutos apontado ao piano e voz de Antony sem os seus Johnsons... 2005?). 

Poucos desses registos motivaram upgrade para DVD a cargo de colega entendido mas a maioria continua por revelar apesar de as termos, felizmente, etiquetado. Começa hoje, então, o desbobinar possível das poucas fitas de um tempo remoto de patina analógica a que não acrescentamos propositadamente (também não sabemos como o fazer) qualquer truque tecnológico de apuro sonoro ou de imagem. Rolling! 


Essa primeira década do corrente século teve em Josh Rouse uma confirmação segura da melhor pop americana, qualidade que se têm mantido até aos dias de hoje. A rádio e os palcos nacionais cedo lhe deram primazia e destaque que motivaram um florescimento rápido de aficionados duradoiros. Num desses regressos a solo a Portugal, possivelmente o terceiro, para um concerto no Edifício da Alfândega do Porto, evento já evocado na rúbrica adequada, Rouse passou na véspera (16 de Dezembro de 2004) pelo fórum FNAC do Gaia Shopping para uma apresentação gratuita em jeito de antecipação do espectáculo do dia seguinte. 

Ao longo de meia hora e com o recinto cheio, Rouse prendou-nos com uma requintada selecção de canções de um dos seus melhores trabalhos, o disco "1972" (2003), havendo ainda tempo para "It's the Night Time", outro clássico que só sairia uns meses depois (Fevereiro 2005) como fazendo parte do álbum "Nashville". Pena alguma pobreza da amplificação sonora e da aselhice do repórter ocasional como se comprova pelas imagens... mas acabamos por filmar involuntariamente um amigo cúmplice destas andanças (ali à volta do minuto nove) de máquina fotográfica em punho, logo aquele que nunca quer(ia) aparecer!

quarta-feira, 28 de abril de 2021

SON LUX DE SECRETÁRIA (CASA)!

KINGS OF CONVENIENCE, UM RASTO DE VIDA!






















Passam agora vinte anos sobre a saída do clássico "Quiet Is The New Loud" dos noruegueses Kings of Convenience e a comemoração parece ter despertado o duo de um acentuado e longo pousio criativo - anuncia-se para sexta-feira, dia 30 de Abril, a edição de "Rocky Trail", o primeiro inédito em doze anos que foi registado na Sicília, casa adoptada de Erlend Oye nos últimos tempos. Para o mesmo dia está prometido um video oficial para o novo tema e o seu lançamento automático e instantâneo através do Spotify. O álbum, há muito encaminhado, não deverá tardar. Resta esperar e recordar as maravilhas...

terça-feira, 27 de abril de 2021

(RE)LIDO #100






















NICK DRAKE
 
Remembered For A While 
coordenado por Gabrielle Drake e Cally Calloman 
London: John Murray, 2014 
Este bonito volume de capa dura e considerável peso já fez viagens de férias para casas de praia vicentinas, nortenhas e até pousadas madeirenses. Não teve sorte e, apesar dos arejos, regressou sempre tristonho ao ponto de partida da estante onde pousou desde a sua compra em 2014, ano de publicação por uma reputada editora inglesa. Sempre olhamos para ele com enlevo e carinho, desfolhamos-lhe muitas vezes e de forma rápida as mais de quatrocentas páginas mas o conteúdo não merecia pressa ou qualquer sofreguidão na consulta da informação recolhida e reunida porquanto, depois de tantos livros devorados sobre o amigo Nick Drake, o momento certo devia funcionar como revisão e sedimento de homenagem à vida de um dos maiores. Confessamos, no entanto, que o aproximar do número 100 da rubrica (a)crítica de leituras sobre o mundo da música acelerou agora a escolha tantas vezes adiada a que se junta o anúncio de uma biografia oficial a sair na Hodder & Stoughton com dia e ano marcados. Tudo isto é, sem dúvida, verdade mas a razão principal da demora, por mais estranha que possa parecer, foi sempre só uma - não querer enfrentar o relato inédito e verdadeiro de uma tragédia que continua a enfurecer-nos na tristeza e no desalento.  

De impressão e desenho gráfico clássico e elegante, o conjunto de testemunhos e imagens reunidas pela irmã Gabrielle com a ajuda do documentalista e também músico Cally Calloman a partir do vasto arquivo de família é quase definitivo, dividido que está pelos capítulos The Seed/a semente, The Flower/a flor, The Fruit/o fruto, The Harvest/a colheita e The Stock/a herança de um percurso de vida perfeitamente segmentado. Para o iluminar e esclarecer, quer como músico, cantor, compositor, filho ou irmão, há variadas abordagens em forma de entrevista aos principais amigos (Paul Wheeler, Jeremy Harmer, Brian Wells ou a norte-americana Robin Frederick), de resumo de conversas informais, de fotografias inéditas, de reprodução de numerosos recortes de imprensa, de projectos de capas de discos rejeitadas, de letras manuscritas ou datilografadas e, principalmente, de cartas e outra correspondência trocada com os pais desde muito cedo. 

Aqui, nesta imensidão de informação directa e subliminar, tem o livro a fonte não contaminada de relatos e factos na primeira pessoa, onde vigora uma escrita inteligente e quase romanceada sobre as primeiras conquistas e obstáculos desportivos ou musicais na escola secundária em Marlborough, as férias libertadoras com os amigos em Aix-en-Provence, a viagem a Marrocos ou a saltada atribulada a St. Tropez que o intenso relato de Colin Betts, já previamente publicado, reforça na plenitude. Rapidamente nos pomos a imaginar Drake a tocar para os Stones numa esplanada de um restaurante de Marraquexe ou a recolher moedas numa praça da Provença depois de tocar algumas versões ou as primeiras canções originais entre baforadas em cigarros de erva, postura bem diferente daquela mítica timidez e recolhimento a que nos acostumamos de ler aquando de concertos futuros com palco e público expectante. Com a chegada a Cambridge acontece o envolvimento irreversível com a música, traduzido na felicidade de um contrato discográfico que as cartas para família, em menor número, não disfarçam num contentamento risonho quanto ao futuro, mas em que, desde logo, as escolhas e os custos se afigurem tortuosos e nada fáceis. 

A partir daqui, serve e servirá o livro como enciclopédia artística obrigatória sobre os três discos e mais um punhado de canções originais editados e escritos entre 1969 e 1972, um trabalho de compilação informativa irrepreensível e quase científica sobre a sua gravação, os instrumentos, os acordes, os músicos, as opções de estúdio, as influências, os pormenores e acasos do percurso curto mas notável de um músico determinado e talentoso na sua busca incessante pela perfeição mas traído pela falta de reconhecimento público em contraste com os repetidos elogios de todos os envolvidos, da família aos amigos surpreendidos. Com "Pink Moon", disco quase maldito no adensar da tempestade negra, chega também o tal receio em perceber a história que conduziu à desgraça mortal.

A página inicial do tormento é a 327. Estende-se, então, uma surpreendente selecção de apontamentos diários feitos pelo pai Rodney Drake sobre a estadia do filho regressado à casa-mãe. Estamos em Tanworth-in-Arden, no countryside inglês, onde Nick se abriga e refugia depois de goradas as suas expectativas comerciais e profissionais e se multiplicam os problemas mentais e comportamentais de um jovem adulto enfraquecido, confuso, revoltado e indefeso. A partir de Março de 1972, Rodney inicia a dolorosa tarefa de documentar a montanha russa de atitudes, começos, solavancos, rupturas, mentiras ou oportunidades de cura, em tempos de tratamento incerto e arriscado duma malaise desconhecida e rebuscada no diagnóstico, na tentativa de aliviar a dor do ente querido. Dolorosa, como leitores, é a constatação de um sombrio emaranhado de menções penosas e duradoiras sobre um ser humano em desgaste acelerado de solidão e incapacidade física e psíquica para decidir ou estabilizar posturas conducentes à tão desejada ajuda na reabilitação (oh, so week in this need for you). Com alguns nós na garganta e uma pesada compaixão, a página final do sofrimento é a 364 e custou chegar até lá...

O alívio, contudo, submerge logo a seguir no capítulo The Harvest onde se agrupam testemunhos sentidos de amigos como Brian Wells ou Jeremy Harmer e, sobretudo, Robyn Frederick que com ele conviveu em tempos de felicidade por França. O texto "Nick Drake: Orpheus Visible" é uma tocante reflexão que encandeia pelo lirismo florido sobre o mais importante, ou seja, a eternidade da música e a sua terapêutica em jeito de mantra e que começa assim:  

"When I listen to the songs of Nick Drake - to Nick Drake singing his songs - something shifts. The world slips just a little bit sideways. An ancient, unfamiliar door opens and I can see something beyond my everyday life. Beyond that door is a world that has more depth, more truth. It's a feeling that only exists in the present moment, when i'm listening to Nick singing, then it slips away again below the surface. (...)".  

Bastará ouvir a última das canções para o entender na plenitude e, como se fosse sempre a primeira vez a cantá-la só para nós, fazer dessa energia limpa uma gratidão eterna!     

SUMMER OF LOVE, UMA REVOLUÇÃO!






















Foi uma das sensações da edição deste ano do Sundance Film Festival em Janeiro passado e poderá multiplicar os elogios quando estrear em sala e na plataforma Hulu já em Julho - "Summer of Love" é um filme documentário que resgata o Harlem Cultural Festival de 1969 que decorreu em Nova Iorque e que ficou conhecido como o "Woodstock Negro", uma celebração da cultura, moda e história da comunidade negra e não só que arrastou ao Mount Morris Park (hoje o Marcus Garvey Park) cerca de trezentas mil pessoas ao longo de um mês e meio. Em seis tardes de domingo, de 29 de Junho até final de Agosto desse verão, desfilaram em actuações vibrantes e entre outros, Stevie Wonder, B.B. King, Nina Simone, Sly & the Family Stone, Mavis Staples (The Staple Sisters), Mongo Santamaria ou Glady's Night & The Pips em condições de segurança sempre intermitentes atendendo a que a polícia nova-iorquina se recusou a prestar o seu serviço. 

A realização pertence a Ahmir Khalin Thompson, ou seja, o Questlove baterista incontornável da banda The Roots e responsável pela produção musical da cerimónia dos Óscars do passado Domingo, onde se mostram imagens inéditas e nunca vistas da força da música com testamento intemporal e espiritual de uma época conturbada e que não pode ser esquecida. A revolução não passou na televisão, mas já havia muita gente a cantá-la!


segunda-feira, 26 de abril de 2021

LUA ROSA A CAMINHO!

O fenómeno é recorrente e serve para anunciar um regresso ao misterioso mundo de Nick Drake preparado por estas bandas e que se estenderá até Fevereiro do 2022, mês comemorativo dos cinquenta anos do álbum "Pink Moon". A próxima madrugada terá direita a lua rosa, das grandesPink moon is on its way... 


domingo, 25 de abril de 2021

SINGLES #50






















ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA 
NOTÍCIAS D'ABRIL
Se Vossa Excelência... / Em Trás-os-Montes à Tarde 
Portugal: Orfeu KSAT 633, 1978 
Há quarenta e sete anos, o dia de hoje significava para muitos portugueses uma esperança em melhores condições de trabalho, de segurança social ou assistência na saúde. O pleno destes direitos consignados está ainda hoje por alcançar como se confirmou (não era preciso) com a chegada da uma pandemia que pôs a nu precariedades antigas e injustiças eternas. Cedo se percebeu que a revolução não chegaria a todos da mesma maneira e este single curioso de Adriano Correia de Oliveira de 1978 é uma memória válida de uma época em que a desilusão estava já disseminada... 

A verdadeira história é reveladora: o presidente da República General Ramalho Eanes visitou nesse ano alguns concelhos do país para conhecer fábricas e indústrias, falar com operários e patrões e no caso da Tabopan, fábrica de aglomerados de madeira de Penafiel, teve à sua espera ao almoço colectivo um corajoso delegado sindical que o informou de viva voz e em liberdade das condições vigentes. Nas reivindicações, reproduzidas em notícias de jornais e também na própria capa do pequeno vinil, Amadeu Alves Ribeiro começava sempre por um "Se Vossa Excelência Senhor Presidente viesse cá almoçar mais vezes..." para relatar atrasos nos retroactivos, reclamar a integração de colegas afastados ou a inexistência de uma cantina, disfarçada naquele dia em mesas provisórias no interior do recinto. 

Ao lê-la, Adriano Correia de Oliveira partiu para a gravação de uma nova canção com letra de Alfredo Vieira de Sousa, habitual colaborador de outros músicos como Fernando Tordo ou Pedro Osório, onde são cantados os problemas então revelados pelo sindicalista numa toada de intervenção directa em que a época era pródiga mas de composição instrumental algo arriscada. Juntou-lhe outro inédito, também resultante de uma notícia de jornal e com letra da mesma pena, sobre as virtudes do cooperativismo agrícola em Trás-os Montes e do caso de um pastor feliz pela descoberta do trabalho comunitário e das virtudes vantajosas da sua prática. 

Este seria o penúltimo trabalho de originais de Adriano Correia de Oliveira, ele próprio um incansável e dedicado activista no canto popular antes e depois do 25 de Abril, tendo participado em centenas de sessões em todo o país e no estrangeiro que lhe retiraram tempo para gravar mais canções novas. Em 1980 procederia ainda ao registo do último álbum "Cantigas Portuguesas" com a ajuda de Fausto e Pedro Caldeira Cabral mas acabaria por falecer pobre, dizem, em Avintes em 1982.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

AU PAIR GIRLS, BANDA-SONORA!

Um filme-comédia inglês chamado "Au Pair Girls" de 1972 é hoje em dia um produto datado pelo efectivo mau gosto, exagero machista e acento sofrível na brejeirice e nudez mais que marota, mesmo assim, inofensivas. O filme tem à sua volta uma série de curiosidades com ligações ao mundo da música como ter sido filmado nos relvados e anexos da mansão de George Harrison em Londres e de ter como protagonistas, entre outros, Richard O' Sullivan (sim, irmão mais velho do cantor Gilbert O' Sullivan, o tal de "Clair" e "Alone Again") e Gabrielle Drake (sim, irmã mais velha de Nick Drake). Podem experimentar sem custos mas adiantamos, desde já, que o Benny Hill é bem melhor... 

Mas no mês passado foi finalmente editada a banda sonora até agora inédita da película composta expressamente por Richard Webb, pianista de jazz mas também compositor em franca ascensão nessa época, um resgate especializado a cabo da Trunk Records com direito a vinil obrigatório e capa retro onde brilha a bonita mana Gabrielle, Gay para a família. A música é descontraída, gingona, sexy, groovy e, essa sim, sem prazo de validade!



PREFAB SPROUT, ¡VALE!






















Rareiam os livros sobre os Prefab Sprout ou Paddy McAlloon em língua inglesa e a sua aquisição e recolha está condicionada pela longevidade ou então por uma ambição editorial a que tentamos responder mas sem resultados práticos. 

A secura tem agora uma surpreendente fonte em espanhol escrita por Carlos Pérez de Ziriza, jornalista que contribui para o El País, o Mondosonoro e para a Efe Eme, revista e site de informação musical generalista em Espanha com vinte anos de actividade e que também é casa de livros. Nesta primeira biografia em castelhano que recebeu o nome de "La Vida Es Un Milagro", anuncia-se uma análise rigorosa e inédita do percurso e das canções de uma banda intemporal que se reforça, na expectativa, com uma entrevista exclusiva do autor a McAloon. Ficamos com apetite!

quinta-feira, 22 de abril de 2021

UAUU #592

(RE)LIDO #99






















NÃO SE ENGANA O CORAÇÃO
 
Retrato de uma vida e de Portugal com outra música 
de José Jorge Letria. Lisboa: Clube do Autor, 2016 
A actividade literária de José Jorge Letria evidencia nos últimos anos uma vontade frenética de não puxar o travão de mão. Como poeta, compositor, cantor, jornalista, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, antigo vereador de cultura ou simplesmente cidadão português preocupado com as injustiças e desigualdades, as obras contínuas que não pára de editar são, entre outras evidências, um reflexo activo do gosto pela memória histórica e documental que tem na amizade e companheirismo um novelo biográfico quase ilimitado. Se lhe juntarmos um esforço académico voluntário transposto para um doutoramento em ciências de comunicação ou o difícil desafio em que a promoção cultural mergulhou nos últimos tempos, percebemos que estará ainda muito por contar e fazer. 

Como autor de canções envolvido num movimento de intervenção agitado no período prévio e posterior ao 25 de Abril, há já um excelente testemunho (2013) ao qual demos particular atenção e que tem neste livro um complemento directo mas, mesmo assim, menos interessante. Dividido em três partes, na primeira delas intitulada "Portugal com outra Música" narram-se episódios onde os amigos Zeca Afonso, Ary dos Santos ou Carlos Paredes são protagonistas de alguns factos caricatos ou involuntários de intriga política e artística que remetem para os tempos sonhadores do pós-revolução e onde transparece alguma desilusão e incómodo com partidos e sistemas políticos que a queda do Muro de Berlim haveria de desmoronar sem rodeios. Atendendo ao subtítulo e até à fotografia de capa ao lado desses companheiros de palco, a escolha sabe a pouco. 

Percebe-se, então, que a outra música é afinal um avivar de lembranças diversas com pano de fundo pintado nas traições políticas e jornalísticas onde desfilam nomes de ministros, dirigentes, escritores ou outros autores a que se associam motivações e êxitos alcançados fora dessa militância e que se alonga, na parte subjacente, a relatos de viagens pelo mundo na qualidade de autor e, principalmente, vereador de cultura na Câmara de Cascais, actividade reconhecidamente meritória e elogiosa. Resta, assim, uma última porção bem mais poética e pessoal alusiva à família, aos livros e aos sonhos de uma vida que, se nota, não terminaram nem podem terminar. Basta não enganar o coração...

quarta-feira, 21 de abril de 2021

JON HOPKINS, SERENIDADE!






















O produtor inglês Jon Hopkins, nomeado quase sempre como um protegido de Brian Eno, tem na música electrónica um alargado campo de experimentação em nome próprio com vista à dança ou destinado a um argumento cinematográfico previamente percebido. Há de ambas as facetas inúmeros bons exemplos como o último de originais "Singularity" lançado em 2018 ou a banda sonora premiada para o filme "Monsters" de 2010. 

Acrescenta-se ainda uma vertente inesperada mas sedutora que contempla somente o piano vertical através do projecto pioneiro "Asleep", um EP ambiental de 2014 concebido na fria Islândia onde despiu completamente alguns dos temas do disco "Immunity" do ano anterior para surpresa geral mas de conforto imediato como se comprova na recordação abaixo. 

Há agora uma insistência no modelo artístico com "Piano Versions", um género de disco irmão do referido "Asleep", onde embrulhou peças originais e preferidas de Roger & Brian Eno ("Wintergreen"), Thom Yorke ("Dawn Chorus"), Luke Abbott ("Modern Driveway") e James Yorkston ("Heron") com uma camada analógica e serena a lembrar Nils Frahm ou Peter Broderick. A versão digital está já disponível mas anuncia-se para Julho o EP em vinil azul de edição limitada.



 

terça-feira, 20 de abril de 2021

GRUFF RHYS, NOVA ESCALADA!






















O mentor e ideólogo principal da torrente Super Furry Animals, activa desde 1993 a partir de Cardiff no País de Gales, apresenta-se ao serviço com uma nova teoria - para Gruff Rhys as novas canções a solo abordam as civilizações e os espaços que as pessoas habitam e desaparecem mas onde a geologia permanece e muda mais lentamente. No caso, a inspiração tem no nome de Mount Paektu, montanha vulcânica na China, uma biografia metafórica sobre a escala do tempo, a fragilidade da memória e o refúgio na mitologia. 

Temos, assim, em "Seeking New Gods" a sair a 21 de Maio pela Rough Trade, mais um imaginativo e sedutor conjunto de temas facilmente conectados à sonoridade de sempre mas plena de toques vibrantes e deslumbrantes aprimorados em Los Angeles na produção por Mario Caldato (Bestie Boys) depois de uma digressão americana. Sétima aventura a solo, sétima escalada com êxito!


segunda-feira, 19 de abril de 2021

THE MOUNTAIN GOATS, NEGRURAS!






















Tal como tem sido habitual em tempos de pandemia, o anúncio de um novo álbum dos The Mountain Goats surge de surpresa. Desta vez, adianta-se uma data de edição - 25 de Junho pela Merge Records - e alguns pormenores da produção e registo de "Dark in Here", trabalho pensado como complemento de "Getting Into Knifes" do ano passado. 

Entre esse registo e o anterior "Songs For Pierre Chuvin", o Fame Studios situado em Muscle Shoals no Alabama serviu ao longo de uma semana louca como laboratório rápido de um conjunto de temas obscurecidos por uma toada mais calma de intensa e fumacenta textura que se pode (com)provar em "Mobile", a primeira das doze canções lançada hoje. 

A sugestiva imagem da capa, da autoria do pintor sueco Anshelm Schultzberg (1862-1945), tem por título "Walpurgis Night in Bergslagen", pertence ao Swedish National Museum em Estocolmo e foi realizada em Grandgärde, Dalarna, em 1896. 

sábado, 17 de abril de 2021

quarta-feira, 14 de abril de 2021

FENDER, RE-CRIAÇÃO (IM)POSSÍVEL!

A mítica fabricante de guitarras Fender lançou o mês passado uma nova versão da American Acoustasonic Jazzmaster plena de novas versatilidades e truques que podem descobrir aqui. Neste âmbito, iniciou a promoção de uma série de episódios chamados Re-Creation para os quais desafiou alguns músicos guitarristas a interpretarem um tema da sua autoria usando o modelo em questão, estando para já disponíveis dois bons momentos. 

No primeiro, Lindsey Buckingham dos Fleetwood Mac lançou-se a "Never Going Back" do álbum "Rumours" de 1977 com resultados surpresa. No segundo, coube a vez a Jeff Tweedy dos Wilco que escolheu "Impossible Germany" do disco "Sky Blue Sky" de 2007, tema intocável no songbook da banda de Chicago muito a custo do obrigatório solo de guitarra de Nels Cline, e que nesta estranha recriação acaba, mesmo assim, por se entranhar...


ADRIAN CROWLEY, DEZ ESTRELAS!






















Do irlandês Adrian Crowley ficamos sem notícias desde o final da apresentação ao vivo de há três anos no Passos Manuel. Na altura, a visita serviu de teste presencial às canções do álbum "Dark Eyed Messenge" gravado com Thomas Bartlett (Doveman) em 2017 e permitiu um serão de partilha agradável e serena e o retomar do contacto com um artista a que quase tínhamos perdido o rasto... 

O trilho é agora retomado com o anúncio de um novo álbum a sair no final do mês e que, desta vez, tem em John Parish o prestigiado cúmplice produtor de temas inicialmente compostos numa simples guitarra de cordas de náilon, instrumento que serve quase sempre para uma iniciação pedagógica, e a que juntou um rudimentar mellotron eléctrico. O conjunto terá o nome de "The Watchful Eye of the Stars" e há já dois dos dez inéditos estelares para audição antecipada e demorada.   


terça-feira, 13 de abril de 2021

(RE)LIDO #98






















TOM WAITS BY MATT MAHURIN
 
de Matt Mahurin. New York: Abrahms, 2019 
Quando do alerta sobre a publicação deste livro a intenção era chegar a tempo de uma edição especial que incluía uma ilustração devidamente assinada pelo autor. Não o conseguimos e, por isso, restou-nos a opção pela encomenda dita normal que é, ainda assim, um monumental objecto artístico em papel couché que nos orgulhamos ter na estante e a que só agora demos a devida e prazeirenta atenção. 

No seu formato de álbum de 30x30 centímetros, a colecção de fotografias, ilustrações e algumas pinturas originais realizadas pelo artista Matt Mahurin ao lado de Tom Waits funciona como uma colaboração unívoca e sem disfarces de uma amizade cimentada ao longo de trinta anos. Em mais de cem filmes fotográficos guardados como tesouros estavam provas reveladoras dessa conivência e partilha ainda por descobrir onde o autor se emaranhou mais profundamente, escolhendo pérolas esquecidas e abordagens inesperadas de um mundo carregado quase sempre de negro em que Waits, ao jeito de musa inspiradora, se transforma em personagem teatral de cenografia surreal e poética. Misturam-se registos, poucos, de actuações ao vivo, não os mais óbvios nem nítidos mas alguns instantâneos propositadamente desfocados ou sobrepostos que melhor emparelham com o mundo onírico das canções de Waits. 

Tamanho peso tácito e alegórico, longe do tradicional e indesejável autoretrato, proporciona ao leitor uma visão inspiradora e cinematográfica de um universo que, apesar de imediatamente expresso em alguns videos que Mahurin realizou para temas do amigo Waits, se alarga a uma fantasia sufocada pela incredibilidade e rugosidade de uma vida artística definitivamente indecifrável na sua plenitude. A cada página levanta-se uma caótica poeira imagética carregada de simbolismos e acepções (alçapões?), um caleidoscópio de patina emulsionada pelo mistério e pelo talento de uma dupla intencionalmente interessada em, para lá do gozo, surpreender pelo arrojo. 

Cada quadrado de papel, cada fracção de cor ou sépia é como se fosse uma peça de um puzzle manual recortado com requinte de curador vs artista na definição cúmplice do discurso expositivo de uma imensa galeria onde podemos entrar e sair ou tornar a entrar ao jeito de uma canção que acaba e que, afinal, vamos ouvir outra vez com atenção e prazer mesmo sem lhe saber o nome. Brilhante criação!   


DUETOS IMPROVÁVEIS #237

JANE BIRKIN & ETIENNE DAHO 
Oh! Pardon tu dormais... (Birkin) 
Álbum "Oh! Pardon tu dormais…", Barclay, Dezembro de 2020

segunda-feira, 12 de abril de 2021

IRON & WINE, ARQUIVOS CASEIROS!

A quinta série dos arquivos de Sam Beam aka Iron & Wine será desempoeirada já no início de Maio pela Sub-Pop. São onze os documentos sonoros aprimorados para canções que receberem o epíteto de "Tallahassee", nome da cidade capital da Flórida, e remontam a tempos prévios de "The Creek Drank the Cradle", o álbum de estreia naquela editora em 2002. 

Dois ou três anos antes, Beam estudava no College of Motion Picture Arts da Florida State University com o fito na realização cinematográfica mas a música e as canções, apesar de não prioritárias, faziam já parte do seu dia-a-dia caseiro ao lado do amigo e também estudante EJ Holowicki. Desse passatempo inocente, foram registadas quase quarenta demos ou proto-canções num gravador de 4 pistas em plena sala de estar da casa comum e que estavam dadas como perdidas mas que afinal Holowicki preservou para o todo sempre. A história, bonita, do projecto Iron & Wine começou aqui. Estamos mais que prontos para a (re)descobrir!

sexta-feira, 9 de abril de 2021

DYLAN 80, AS PRIMEIRAS VELAS!














No âmbito dos oitenta anos de Bob Dylan que se aproximam (24 de Maio) começam a multiplicar-se as homenagens e os parabéns e de que destacamos três iniciativas. 

A primeira diz respeito a um concerto de Patti Smith e os parceiros Tony Shanahan e Jack Smith marcado para dois dias antes (22 de Maio) onde serão apresentadas versões do enorme songkbook de Dylan, poesia dita, bem como alguns originais da própria. O evento terá lugar ao ar livre no âmbito do festival de primavera Kaatsbaan em Tivoli, Nova Iorque e terá acesso controlado e limitado. 

A segunda, a decorrer pela mesma altura em ambiente académico e com logótipo especial, o de cima, comporta três dias de conferências e estudos virtuais organizados pelo The TU Institute for Bob Dylan Studies da Universidade de Tulsa (E.U.A.) e envolve o lançamento prévio do livro "The World of Bob Dylan", uma revigorada panorâmica das múltiplas facetas do músico, artista, realizador e Nobel da Literatura. 

A terceira, da responsabilidade da revista inglesa Uncut, promete catorze versões inéditas e exclusivas a incluir no Cd "Dylan Revisited" da edição de Junho - nas lojas inglesas já a 15 de Abril - com privilegiado destaque a artistas e bandas "muito cá de casa" como Jason Little, Weyes Blood, Courtney Marie Andrews, The Weather Station, The Flaming Lips, Brigid Mae Power ou Joan Shelley ao lado de Nathan Salsburg. Conta ainda com o inédito "Too Late" em versão acústica a cargo do para sempre jovem Mr. Zimmerman!

THE DELINES, ROMANCE MUSICADO!






















Ao nome de Willy Vlautin associamos o projecto Richmond Fontaine, quarteto activo a partir de Portland ao longo doze anos (1994-2016) em inúmeros álbuns mas a que nunca demos particular atenção. Já aos The Delines, de que Vlautin faz parte desde 2012, mantemos uma atenção periférica especializada a que não é alheia a voz de Amy Boone especialmente sedutora em "The Imperial", o último e magnífico de originais de há dois anos mas ainda sem continuação.  

É, assim, com expectativa em alta que esperamos a edição da banda sonora que os The Delines gravaram em complemento do novo romance "The Night Always Comes" da autoria de Vlautin saído esta semana pelo continente americano e que será editado em breve na Europa pela Faber & Faber. Está prevista uma edição limitada que junta os dois suportes (livro + cd) em colaboração com a Rough Trade e que está já disponível para pré-encomenda. O mesmo conteúdo estará também à venda pela Decor Records, casa de discos europeia que representa a banda americana. 

Quanto ao romance, trata-se de mais uma história de cariz social de espectro problemático e conturbado que junta instinto de sobrevivência e mistério encorpados na personagem Lynette, tendo recebido elogiosas críticas tal como aconteceu a quase todos os seus anteriores livros mas sem que, infelizmente, haja qualquer tradução portuguesa. 


FAZ HOJE (26) ANOS #58






















LUAR NA LUBRE + FOUR MAN & A THE DOG, 6º Festival Intercéltico, Cinema do Terço, Porto, 9 de Abril de 1995 
. Público, por Fernando Magalhães, fotografia de Paulo Pimenta, 11 de Abril de 1995, p. 28 
. Jornal de Notícias, por João Quaresma, 11 de Abril de 1995, p. ?


quinta-feira, 8 de abril de 2021

(RE)LIDO #97






















COMO FUNCIONA A MÚSICA 
A CIÊNCIA DOS BELOS SONS. De Beethoven aos Beatles e muito mais 
de John Powell. Lisboa: Editorial Bizâncio, 2012 
O suposto funcionamento da música vertido para um ensaio primário de base científica parece uma boa ideia. A leitura não implica, no nosso caso, uma qualquer necessidade de resposta académica ou sequer um esclarecimento quanto à importância e o prazer que ela compreende, permite e engrandece. O subtítulo final, onde são nomeados génios da composição, ajudou a prestar-lhe maior atenção mesmo sem uma previsão mínima do que tínhamos pela frente. Ao reparar ainda melhor no complemento inglês do título original - "A listner's guide to harmony, keys, broken chords, perfect pitch and the secrets of a good tune" - avivou-nos uma leve memória de infância quanto às aulas de solfejo e orgão de madeira em que a paciência do nosso avô insistiu carinhosamente mas sem resultados aprovados de média ou longa duração. Uma pauta de música ou um teclado de um piano são hoje terrenos de ilegibilidade ou impraticabilidade há muito deixados ao abandono. 
 
Estarão a perguntar se uma prosa tão datada mantêm a actualidade e a pertinência. A resposta mais fácil é que a música não tem prazo de validade mas complica-se se lhe associarmos componentes e técnicas a que se terá que dar atenção redobrada já que continuamos a ser incapazes de ler ou identificar uma só nota musical. Apesar do tom informal e das contínuas tiradas cómicas ou satíricas, a ciência dos belos sons não se entende pela simples curiosidade e requer esforçado envolvimento prático nos truques que o autor, de boa vontade, sugere como simples na obtenção de respostas eficazes como aquela que diferencia um som de uma nota e que remete para o padrão de ondulação repetida desta última. Perceberam? Claro, mas o problema é que tudo isto se complica depois em desmultiplicações sobre ritmo, harmonia, escalas, instrumentos ou intensidades que do ponto de vista do não praticante acabam sem efeito elucidativo entre suspiros se o capítulo seguinte será mais interessante ou compensador.  

A receita de como fazer boa música, à partida, não se encontra em nenhum tratado ou livro milagroso e, nesse sentido, escusado será dizer que Powell não é o cozinheiro chefe cinco estrelas que detêm o segredo mesmo com revisão científica para português a cargo da professora Gabriela Cruz. Os desenhos e fotografias utilizados também não ajudam ao brilharete, demasiado rudimentares e desmotivadores para lhe prestarmos a atenção devida do ponto de vista do aficionado ouvinte de diferentes géneros musicais e sem vontade de aprender ou sair de casa para ir comprar um qualquer instrumento. Os sugestivos nomes de Beethoven e dos Beatles são, assim, uma armadilha enganadora a que devíamos, antecipadamente, estar mais atentos já que sobre eles muito pouco ou quase nada é referido de forma pertinente e inédita. Aprendemos com o erro e talvez seja esta a explicação para que um outro livro do autor saído em 2018 e de nome "Why We Love Music. From Mozart to Metallica - The Emotional Power of Beautiful Songs" continue sem tradução portuguesa.

Ou seja, como guia para um qualquer dedicado estudante envolvido com a Euterpe, o conteúdo exibido será certamente vantajoso e até inspirador. Como leitura de cabeceira para curiosos, o conselho é para que rapidamente e em força se avance para o capítulo final (12. "Ouvir Música"), um pouco mais de quinze páginas onde, de forma subtil mas eficaz, se explicam microfones, altifalantes, discos em vinil, cd's e até mp3, essa sim, música para ouvidos de leigos que afinal nunca quiseram realmente perceber como é que a coisa funciona. Quem te manda a ti sapateiro tocar rabecão...    



UAUU #589

quarta-feira, 7 de abril de 2021

ED HARCOURT, RODA NO AR!
















Dando continuidade a um ano de particular e necessária actividade que mereceu já uma celebração ao piano evocativa da derrota de Donald Trump, o britânico Ed Harcourt continua irrequieto e perfeitamente festivo apesar da imagem de cima. 

Em regime caseiro e agora que se aproxima o término do lockdown por terras inglesas (dia 12 de Abril), tivemos nos últimos dias a apresentação da nova canção "My Heart Can’t Keep Up With My Mind" a incluir possivelmente num álbum inédito, uma versão de "Sometimes It Snows In April" de Prince em dia frio e de neve e a corajosa recreação de "Occupational Hazard" do disco "Furnaces" editado em 2016. Está prometida a divulgação de uma canção por dia até ao remate do confinamento e que terá no Domingo sessão final em livestreaming a partir dos estúdio Wolf Cabin. Roda no ar!



terça-feira, 6 de abril de 2021

PORTICO QUARTET, TERRENO SEGURO






















Ao projecto sonoro dos londrinos Portico Quartet já lhe chamamos, convenientemente, arte moderna. A sua incisão estética mantêm-se actuante e ecléctica como a nova e longa suite "Terrain II", a primeira de três a ser conhecida a incluir no disco com o mesmo nome com data de saída a 29 de Maio pela Gondwana Records. Confirma-se a herança dos seis discos de originais arriscados e inquietos mas alonga-se a experiência a um minimalismo ambiental simplesmente sedutor burilado desde Maio do ano passado pela dupla Duncan Bellamy e Jack Wyllie no estúdio próprio do Este de Londres. Sem falhas!

sexta-feira, 2 de abril de 2021

RICHARD SWIFT, O BRINCALHÃO!

Aquando do registo do EP "Walt Wolfman" de 2011 o bem humorado e descontraído Richard Swift divertiu-se a pregar partidas aos amigos a partir do seu estúdio National Freedom no Oregon ao gravar "joke songs" logo enviadas como incómodo alarme ou susto ao abrir o correio electrónico. Uma delas tem agora edição oficial e chama-se "KFC" a que se junta o inédito "A Man's Man", uma relíquia do tempo de "Richard Swift as Onasis" de 2008. Quanto à bonita ilustração da capa sem autor identificado (será um grafitti?) é mais uma das excelentes razões para encomendar o apetecível 7" de vinil a sair somente em Junho pela Secretly Canadian

A mesma editora, lembra-se, editou no mês passado o álbum ao vivo "Even Your Drums Will Die" referente a uma noite de 2011 em que Swift conquistou a totalidade da plateia presente no Galaxy Barn, isso mesmo, um celeiro encantado da Pendarvis Farm que faz parte dos cenários únicos do Festival Pickathon em Portland (Oregan) e onde já muitos, como Julia Holter, fizeram magia.


quinta-feira, 1 de abril de 2021

LAURA VEIRS, CANÇÕES TESTE!

Surgiram hoje duas versões de uma canção inédita de Laura Veirs nomeada "The Panther" e que adapta um poema de Rainer Maria Rilke (1875-1926). A intenção é retirar da sombra algumas demos caseiras, tal como esta gravada no GarageBand em 2016, que não encontraram ainda a sua definitiva versão, servindo a sua audição e confronto de teste público e artístico. O bonito desenho da pantera coube a Anisa Makhoul, amiga e vizinha de Portland, E.U.A.. 


UAUU #587

FAZ HOJE (33) ANOS #56






















FELT, Teatro Rivoli, Porto, 1 de Abril de 1988
 
. Jornal de Notícias, por Daniel Guerra, 4 de Abril de 1988, p.?