sábado, 26 de abril de 2025

UAUU #741

COLA, GOMA DOCE NA SOCORRO!

















Dois anos depois, os canadianos Cola regressam ao Porto para um concerto de final de tarde na loja Socorro - dia 16 de Junho (segunda-feira, 19h30) ou, em alternativa, no dia seguinte na Galeria Zé dos Bois em Lisboa. 

Entre as duas visitas, saiu na primavera passada o segundo álbum "The Gloss", uma maravilha crescente de bateria, baixo e guitarra a que a voz de Tim Darcy acentua na sedução e rendilho. Chamem-lhe um doce... gomado! Já há bilhetes.


sexta-feira, 25 de abril de 2025

(RE)LIDO #126





















7 POEMAS PARA CARLOS PAREDES
 
de Carlos Carranca. Lisboa: Edições Universitárias Lusófanas, 1996 
O centenário do nascimento de Carlos Paredes (1925-2004) que se comemora no corrente ano deveria ter já merecido outro destaque nesta casa. Afinal, Paredes é uma das nossas memórias mais longínquas no que a música diz respeito, nomeadamente, em cassete a rodar semanalmente lá por casa, onde o eco da guitarra se impregnou misteriosamente até aos nossos dias. Uma daquelas marcas que não há forma de limpar ou esquecer... ainda bem! 

Ao livro, de aparente grandeza e utilidade editado há meses, cruzamos esta singela publicação de 1996, uma terceira edição de uma homenagem de Carlos Carranca (1957-2019) ao mestre da guitarra em forma de poesia, aqui aumentada com um oitavo verso, mas mantendo os desenhos ilustrativos do escultor Rui Vasquez. 

Palavras simples, nostalgia imediata, levitações genuínas que evocam um país, uma cidade do Mondego, um dia inicial inteiro e limpo, um pai Artur, um filho Carlos e uma maravilhosa guitarra, ainda e sempre, com gente dentro...

SINGLES #58





















JOSÉ JORGE LETRIA 
Pare, Escute e Olhe / Arte Poética 
Portugal: Zip Zip, ZIP 3002 0/S, 1971 
As aventuras por França de um jovem José Jorge Letria assustado com o país em ditadura e na vertigem de uma guerra colonial, foram já relatados pelo próprio em forma de livro sincero. Fazer da música, daquela que interessava e incomodava nessa altura, só noutro país e, já agora, na companhia certa de José Mário Branco e de outros parceiros e cúmplices,     

No parisiense Strawberry Studios foi em 1971 registado "Até ao Pescoço", álbum de marcante estreia de um compositor inquieto e de vigorosa poesia, trabalho produzido por Manuel Jorge Veloso e arranjado por José Mário Branco. A intenção era romper com a sonoridade típica dos ditos "baladeiros", usando ambientes sonoros inovadores e timbres de risco assumido que o "prog-rock" ou a chamada "avantgarde" proporcionavam, para o que se contou com um bom naipe de músicos franceses e até de Francisco Fanhais. 

O disco haveria de sair no ano seguinte pela Zip Zip, etiqueta da Sassetti & Cª/Guilda da Música portuguesa e só teve reedição recente pela Tradisom, incluído que foi numa caixa com quatro dos principais discos da obra de Letria. O primeiro e marcante single foi este "Pare, Escute e Olhe" de intencional e anónima capa rubra, preta e branca onde se estiliza a prisão pelo arame farpado que era necessário cortar. Canta-se o desencanto, a revolta silenciosa que urgia promover e explica-se, na contra-capa, ao que se vêm - "É do Silêncio Que Vos Falo", assim, assumido, destemido, "(um certo silêncio, entenda-se), que se descobre a utilidade das palavras. O seu fogo. A sua forma exacta. A sua alucinante facilidade de chegar onde mais ninguém chega." Corajoso até ao pescoço!
    
O tema sofreu duas aparentes orquestrações - uma de guitarras vincadas e perfeitamente rock que sugere ser a que foi incluída no álbum (a de abaixo) e, uma outra, a do single antecipador, onde os riffs foram amainados e substituídos pelas teclas de um orgão eléctrico (Moog?) e uma toada mais ligeira. No lado B surgia "Arte Poética", tema em jeito de hino escolhido para encerrar o disco grande e com poema incisivo da escritora Hélia Correia, autoria ausente da rodela pequena e do seu invólucro, o que causou alguns mal entendidos...      

 

quarta-feira, 23 de abril de 2025

DUETOS IMPROVÁVEIS #304

LUCY DACUS & HOZIER 
Bullseye (Dacus) 
Álbum “Forever Is A Feeling”, Geffen Records,
E.U.A., Março de 2025

terça-feira, 22 de abril de 2025

AZYMUTH MARCAM O PASSO!













Para o trio brasileiro Azymuth a perda do baterista Ivan "Mamão" Conti em 2023 parecia ser uma contingência de difícil superação. Contudo, e tal como aquando da partida de José Roberto Bertrami em 2012, teclista fundador, a revitalização do projecto acabou por ser considerada e liderada por Alex Malheiros, baixista original e, por sinal, o único membro fundador que esteve ausente da passagem notável por Espinho em 2022

Aí esteve presente Kiko Continentino, teclista de Milton Nascimento ou Djavan, que ao lado de Malheiros e de Renato Massa, baterista de Marcos Valle ou Ed Motta, se relançaram na direcção certa gravando no Rio de Janeiro um novo álbum para a Far Out chamado "Marca Passo". Sai a 6 de Junho.

Entre os onze novos temas contam-se "Last Summer In Rio", com a colaboração de Jean Paul "Bluey" Maunick dos ingleses Incognito, e "Arabutã", palavra Tupi-Guarani para denominar pau-brasil, uma árvore em perigo de extinção e um símbolo do valor e, também, da fragilidade da beleza natural do Brasil. Esta canção terá uma remistura a cargo de David Maunick, filho do referido Jean Paul e que edita e alinha pela mesma editora

O primeiro avanço "Andarai" comprova o acerto e o calibre longínquo de uma sonoridade sedutora e irresistível que se aconselha, sempre que possível, presencial e sem pacemaker, oportunidade agendada para o próximo dia 21 de Maio no MusicBox da capital.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

YOUNG GUN SILVER FOX, UM PRAZER!





















Aproxima-se mais um álbum dos Young Gun Silver Fox, dupla que combina a voz de Andy Platts da banda de soul britânica Mamas Gun, e Shawn Lee, o multi-instrumentista devoto fã de soft rock dos anos 70. O resultado é sempre, diríamos, o mesmo, isto é, um puro prazer nostálgico e refrescante

O disco terá edição da Candlion Music no dia 3 de Maio e a respectiva digressão pela Europa central, mas sem inclinações desejadas para sul. Ah... e chama-se "Pleasure"! 

Nota: o mais recente single "Late Night Last Train" têm um "por trás da canção" que se resume à seguinte pergunta - uma música para conduzir à noite ou uma música para conduzir durante um dia de verão? Aceitam-se respostas.


UAUU #740

PANDA BEAR DE SECRETÁRIA!

terça-feira, 15 de abril de 2025

ADRIANNE LENKER, DUAS HORAS AO VIVO!















A próxima semana verá a edição de um álbum ao vivo de Adrianne Lenker onde se reúnem, em duas horas, quarenta e três canções, incluindo cinco inéditos como "Hapiness", o primeiro dos avanços. Os registos pertencem a três noites da "Bright Futur Tour" de Junho de 2024 no Revolution Hall de Portland, onde Lenker recebeu a ajuda de Nick Hakim no piano, Josefin Runsteen no violino e até do seu irmão mais pequeno Noah Lenker.

A selecção foi aprimorada pelo produtor e engenheiro, mas também amigo, Andrew Sarlo, ora clareando pormenores, ora nivelando exageros dos fãs. Algumas dos temas foram captados, mesmo assim, em momentos sem público ou no backstage

O disco terá versão digital e em cassete dupla pela 4AD em número limitado a quinhentas cópias... já esgotadas!  

domingo, 13 de abril de 2025

CHICO BERNARDES, Auditório Municipal de Esposende, 10 de Abril de 2025

Decorridos cinco anos sobre a primeira passagem de Chico Bernardes pelo país, período a que se acrescentou o disco "Outros Fios" (2024), o caminho parece, em definitivo, traçado. Como notado anteriormente, a toada envolve-se numa folk assumida cada vez mais na onda inglesa dos anos sessenta e setenta, sem tentações pela MPB ou bossa nova, sem que essa tendência seja sinal de uma qualquer fraqueza. 

A presença em palco ou a guitarra como companheira, permite imediatas comparações com o seu irmão Tim, mas será sempre fácil notar-lhes as diferenças, o que no caso de Chico se reduz no arrojo da composição e até na sua variedade, sendo difícil, à primeira audição, detectar quais são os temas do primeiro e homónimo disco e os mais recentes, complementaridade que o alinhamento escolhido uniu de forma nivelada. 

Talvez como excepção dessa regulação se possa apontar a magnífica versão de uma desconhecida "In a Mist" da autoria de um tal Duncan Browne, o que incentiva, sem dúvida, a sua redescoberta. Vincada nessa cover, esteve o domínio na execução da guitarra e o dedilhar irrepreensível das cordas, uma aptidão instrumental onde Chico se mostrou bastante evoluído e brilhante, talvez porque a pandemia lhe permitiu aprimorar uma técnica que, como confessado, um disco de Carlos Paredes roubado ao pai apressou na influência, imitação e veneração. 

O serão em Esposende, de plateia atenta e acolhedora, confirmou-se, assim, como um agradável momento de partilha e também de aferição de um estilo a que se reconhece, sem dificuldade, distinção, mas a que, talvez, um maior atrevimento permita elevar as canções de Chico Bernardes a um patamar de outra excelência.

sábado, 12 de abril de 2025

ANY NICK IS GOOD NICK!





















O primeiro e fundamental disco de estreia de Nick Drake, lançado há mais de cinquenta e cinco anos, terá edição em caixa em Julho - "The Making Of Five Leaves Left" contempla quatro rodelas, ora de CD ora de vinil, com demos ou canções, um total de trinta outakes nunca ouvidos! 

O novo conjunto foi masterizado por John Wood, produtor original dos três discos do mestre editados em vida, e terá por companhia um livro escrito por Neil Storey e Richard Morton Jack, autor da mais recente biografia oficial, onde se contam os detalhes de cada um dos temas e sua gravação. 

Existem já vários sites que aceitam pré-encomendas, sendo certo que a versão de vinil rondará sempre uma quantia de aquisição acima de cento e dez euros. Seja como for, any Nick is good Nick!

sexta-feira, 11 de abril de 2025

RECORD STORE PRAY!

Haverá, certamente, alguma coisa de bom por onde escolher entre os inúmeros lançamentos previstos para o Record Store Day de amanhã e até de outras edições, muitas, não contempladas na lista oficial

A reza é para que, pelo menos, dos oito exclusivos de abaixo, sobrem alguns exemplares a tempo de fazer crescer a colecção...

quinta-feira, 10 de abril de 2025

3X20 ABRIL

EFTERKLANG, Auditório de Espinho, 6 de Abril de 2025

Não são já poucas as vezes que os dinamarqueses Efterklang visitam o Porto ou os seus arredores para fazerem o melhor que sabem fazer - concertos de inspiração crescente, adoráveis na partilha e de repetida magia. Os vinte anos da banda e de discos, sem alterações no trio fundador, permitiram cimentar uma consistência instrumental e uma série infindável de canções pop onde o comodismo não tem sequer espaço para crescer. 

Entre a mão cheia de vezes em que marcamos presença, o facto de, pela primeira vez, o fazermos num final de tarde soalheiro de Domingo e bem instalados, isto é, sentados na plateia, permitiu-nos detectar e apreciar uma dimensão diferente da sonoridade que os Efterklang nos habituaram, como a que testamos e validamos em 2021. Para esta inédita fruição terá que ser notada a presença do baterista finlandês Tatu Rönkkö, amigo e parceiro no projecta paralelo Liima, também ele já apreciado a três dimensões, o que se traduziu numa intensa limpidez de propagação particularmente notória em temas novos do disco mais recente "Things We Have In Common" - "Plant" e "Animated Heart" foram, a esse nível, incandescentes. 

O alinhamento não esqueceu outros mais antigos de preferência popular, tal como "Sedna" ou "Supertanker", tendo sido a trilogia indispensável "The Ghost", "Modern Drift" e "Cutting Ice to Snow" deixada para o encore final onde a colaboração memorável do Ensemble Vocal da Escola Profissional de Música de Espinho deu a este último um brilho ainda mais cintilante. Antes, já o jovem colectivo feminino, e em nome próprio, tinha empolgado a plateia e, certamente, a própria banda, com a execução a capella do tradicional "Este Linho é Mourisco", nada a que, mesmo assim, os Efterklang não estejam acostumados pois são infindáveis as colaborações e interacções que amiúde promovem de surpresa

A longa prestação haveria de acabar em plena plateia em formato acústico e sem amplificação, marcando, desta forma, a última data da digressão iniciada em Janeiro e, também, apertando ainda mais um laço de gratidão com o público rendido pelas melhores razões - sem truques, sem exageros, os Efterklang são um caso sério de fidelidade criativa onde a única ambição é manter o gosto e a paixão pela música, da boa... Tak!

terça-feira, 8 de abril de 2025

SUZANNE VEGA, HOMENAGENS?

A sempre menina Suzanne Vega terá um álbum de canções já em Maio a que chamou "Flying With Angels", o primeiro de originais em onze anos e em que cada tema, como confessado, "decorre numa atmosfera de luta, luta para sobreviver, para falar, para dominar, para vencer, para escapar, para ajudar outra pessoa ou apenas viver". O disco terá edição na velhinha Cooking Vinyl inglesa. 

Surpreendente é "Chambermaid", a canção que hoje se deu a ouvir e que é um assumido e saboroso pastiche de "I Want You" de Bob Dylan, tema lançado em 1966 e incluído no eterno "Blonde on Blonde". Lírica fabulosa na aproximação, melodia repetidamente fresca, solo de guitarra magistral e aquele a la Cohen final literário "Don't forget to write"... Homenagens?


THE DIVINE COMEDY, DÉCIMO TERCEIRO CAPÍTULO!





















O décimo terceiro álbum de originais dos The Divine Comedy está agendado para 19 de Setembro próximo, a que se seguirá, no mês depois, uma digressão inglesa. O resto da Europa terá que aguardar por 2026 para acolher a sua apresentação ao vivo e que terá, previsivelmente, datas portuguesas. 

O disco foi gravado no Outono passado no clássico e mítico Abbey Road Studios de Londres, no qual foi pairando uma espirituosa onda de bom humor e, claro, a necessária melancolia e sombra que carrega a personalidade de Neil Hannon. Mortalidade, memórias ou relacionamentos, mas também a agitação política e social, tudo envolto de uma dita pop orquestral que só ele sabe fazer. 

Teremos, pois, em "Rainy Sunday Afternoon" mais um conjunto de canções vintage de que "Achilles", o primeiro single, é exemplar na tonalidade, na cadência e na imediata e cativante atracção auditiva. O novo trabalho está já em pré-encomenda em diversos formatos, constando da versão em CD duplo um exclusivo "Live In Paris & London". 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

NILS FRAHM, NOITE DEPOIS DO DIA!

O compositor Nils Frahm escolheu o nome de "Day" para o álbum de 2024, uma colecção de peças sozinho ao piano. Coincidência ou não, para o corrente ano, tempos, para já, cheios de nuvens negras e alguma escuridão, anuncia-se uma continuidade inversa, ou seja, "Night", cinco novas andamentos no mesmo modo com publicação agendada para dia 9 de Maio. 

No registo foi usado um Klavins M450, o maior piano vertical do mundo e que foi instalado em 2015 no seu estúdio Funkhaus de Berlin, sendo "Canton" o primeiro dos nocturnos a ser divulgado. Estas novas composições dão sequência ao álbum ao vivo "Paris" lançado em Dezembro último e que reúne um concerto de Frahm na Philarmonie da cidade ocorrido a 21 de Março de 2024. 

Prometida está uma versão conjunta dos dois originais em formato de CD com o lógico título de "Night & Day", reunindo a totalidade dos treze temas. 

MARK EITZEL & OCTETO DE CORDAS, Auditório de Espinho, 4 de Abril de 2025

Os últimos anos não têm sido nada fáceis para Mark Eitzel - sustos cardíacos em duplicado, discos confessadamente falhados ou abortados com Bernard Butler, ausência de contratos discográficos ou a recente tragédia colectiva e global que emana em catadupa da presidência americana. O desafio lançado para que as suas canções recebessem um tratamento de cordas foi, por isso, de imediata anuência e entusiasmo, o que permitiu esgotar a plateia de Espinho e levar a façanha a Lisboa e a Braga. 

Entre seis canções a solo e oito de orquestração propositada, mantiveram-se ao vivo os tradicionais tiques de comiseração, erros nos acordes ou um timbre de voz que, desde o início, parecia estar já perdido. Nada de estranho para quem já esteve presente noutras prestações do artista até no mesmo auditório (2014 ou 2017), ainda assim, trejeitos desta vez um pouco mais moderados atendendo a alguma da solenidade que o momento impunha aos jovens executantes e aos privilegiados ouvintes. 

A estreia do formato, de curto ensaio prévio e de teste por carimbar, evidenciou-se pungente no risco, engrandecedor na fruição e até gostosamente defeituoso na comparação com os originais, como o que pairou aquando de "Mission Rock Resort", facada sonora de beleza aterradora que um piano e um trompete ajudaram a crescer na estranheza e na melancolia. Mas "Firefly" ou "Western Sky", duas das canções clássicas em qualquer alinhamento de Eitzel, aguentaram na perfeição os arranjos seleccionados, permitindo evidenciar toda a maravilha das líricas e das melodias de um songbook antigo e sem pingo de arcaicidade. 

Para toda esta dádiva contribuiu o público de forma atenciosa, conivência que se estendeu, informal, a um respeito por um autor e compositor quase sempre elogiado pela imprensa especializada sem que, efectivamente, tamanho reconhecimento lhe tenha valido facilidades e desafogos ao longo de um carreira com mais de quarenta anos! 

A oportunidade que o Auditório de Espinho empreendeu, longe de uma recompensa, transformou-se, pois, numa celebração afectuosa e certeira sobre um compositor a que sempre demorou uma justiça artística, mas cuja gratidão terá de ser de inequívoca vénia e radiação. A terminar, sozinho e de guitarra em punho, "Blue and Grey Shirt" e "Why Won't you Stay" bastariam para selar, com distinção e louvor, uma hipotética mercê de "essencial". Parabéns aos promotores, professores e alunos e muito obrigado, como sempre, ao mestre Eitzel!       

sexta-feira, 4 de abril de 2025

FAZ HOJE (23) ANOS #97

 



















LAMBCHOP, Paradise Garage, Lisboa, 4 de Abril de 2002 
. Público, por Vítor Balenciano, fotografia de Eduardo Martins, 7 de Abril de 2002, p. 39

DUETOS IMPROVÁVEIS #303

JAPANESE BREAKFAST & JEFF BRIDGES 
Men in Bars (Zauner) 
Álbum "Melancholy Brunettes (& sad women)", 
Dead Oceans Records, E.U.A., Março de 2025

quarta-feira, 2 de abril de 2025

MARK EITZEL, CHAPEAU!

                                        fotografia: Pedro Correia/JN















Começa daqui a pouco, em Lisboa, o primeiro de três concertos de Mark Eitzel com um octeto de cordas. A esta programação inédita e imperdivel, soma-se, no dia de hoje, um bem-vindo destaque na comunicação social que se afigura até estranho para quem, como nós, vamos há muitos anos confirmando o desprezo com que Eitzel foi quase sempre brindado pelos media

Merece, por isso, elogio e leitura a reportagem/entrevista de página inteira da edição de hoje do Jornal de Notícias e o mesmo relevo que a RTP também lhe concedeu em canal aberto. Chapeau!

FAZ HOJE (24) ANOS #96





















THE DIVINE COMEDY, Coliseu do Porto, 2 de Abril de 2001
 
. Jornal de Notícias, fotografia de Leonel de Castro, 3 de Abril de 2001, última 
. Jornal de Notícias, 4 de Abril de 2001, p. 35 
. Jornal de Notícias, por José Manuel Simões, 4 de Abril de 2001, p. 36


terça-feira, 1 de abril de 2025

HARDY, EIS A QUESTÃO!















Já por diversas ocasiões sugerimos uma escuta completa a "La Question", disco maior que Françoise Hardy gravou com a brasileira Tuca em 1971. 

A história pormenorizada desta colaboração encontra-se devidamente tratada pela Wikipedia, mas sofreu recente actualização pela incontornável Pitchfork, que, a cada domingo, nos faz o favor de recordar um álbum do passado ainda com significado e eterna magia. Todas as oportunidade são, por isso, boas para o pôr a rodar...

segunda-feira, 31 de março de 2025

FAZ HOJE (24) ANOS #95





















ST GERMAIN, Teatro Sá da Bandeira, Porto, 31 de Março de 2001
 
. Jornal de Notícias, por Sérgio Almeida, 2 de Abril de 2001, pp. 43-44

BILL RYDER-JONES, CIRCO MINHOTO!















Não sabemos como é que a sofisticação orquestral do grande disco "Iechyd Da" que Bill Ryder-Jones lançou o ano passado (não) terá transposição e fruição para um grande auditório e também não sabemos se Jones irá provar da boa comida e bebida minhotas, mas o mais certo é que o fará, de certeza, bem disposto. 

É por isso que tentaremos não falhar o serão de sábado, 17 de Maio, no Theatro Circo de Braga, onde, sozinho ou acompanhado, mas previsivelmente na versão one man show como nos videos abaixo, o galês e ex-The Coral não deixará os seus créditos, canções, travessuras e comentários por mãos alheias, tal como o fez numa memorável sessão no Hard Club. Já há bilhetes.


quarta-feira, 26 de março de 2025

MARIANNE FAITHFULL, REGRESSO AO ETERNO!

Lá no meio da imensa lista de edições do próximo Record Store Day, evento marcado para dia 12 de Abil próximo, está uma previsível pérola para guardar carinhosamente - chama-se "Burning Moonlight" e é um inédito EP de Marianne Faithfull registado em 2024. São quatro temas que pretendem comemorar os sessenta anos do primeiro álbum homónimo e também de "Come My Way", discos lançados pela DECCA Records a 15 de Abril de 1965, e são por eles inspirados. 

O 12" é o repositório das últimas gravações feitas em vida por Faithfull e pretendeu, nos dois lados, reflectir as veias pop e folk dos seus trabalhos iniciais. A imagem da capa é da autoria do gravador e artista australiano David Frazer. 

Assim, o lado A (pop) contempla o tema título, o primeiro a estar disponível para audição, e foi directamente inspirado pela primeira frase ("It is the evening of the day") de "As Tears Go By", single primitivo de um longa carreira. Junta-se a canção "Love Is", escrita e composta com a ajuda do seu neto Oscar Dunbar. 

Para o lado B (folk) foram escolhidos o tradicional "Three Kinsmen Bold" e uma nova versão de "She Moved Thru' the Fair", um outro tradicional originalmente incluído no disco seguinte "North Country Mad" de 1966. 

segunda-feira, 24 de março de 2025

WEYES BLOOD, DIAMANTE (LAPI)DADO!















A menina Natalie Mering aka Weyes Blood fez o favor de fazer uma versão de "Shilo" de Neil Diamond, tema registado ao vivo pela primeira vez para o álbum "Hot August Night" de 1972, apesar de incluída no obscuro disco "Just For You" de 1967. Mais uma pérola de um artista, por muitos desprezado, mas que merece desta casa um crescente respeito. 

A cover está incluída na banda sonora da série "Good American Family" disponível na plataforma de streaming americana Hulu.


UAUU #739

CASS McCOMBS DE SECRETÁRIA !

sexta-feira, 21 de março de 2025

SCOTT MATTHEWS, CÉU LÍMPIDO!

Em Julho passado, o tributo orquestral a Nick Drake promovido pela BBC Symphony Orchestra, ao lado de uma série de artistas, obteve merecidos elogios e partilhas. Contudo, por não ter sido registado em video, não existem imagens oficiais, embora a totalidade do espectáculo esteja disponível para audição compensadora. 

O amigo Scott Matthews, participante orgulhoso no evento, isolou agora uma das suas versões através da montagem de um video com registos dos ensaios e fotografias do homenageado, uma vénia em nome próprio que engrandece uma rendição magnífica de "Northern Sky", essa canção de limpidez inigualável saída do talento de "um dos mais venerados cantores e compositores de todos os tempos" (Matthews dixit). Obrigado, pal!

quarta-feira, 19 de março de 2025

BILL CALLAHAN, REGRESSO À CASA!





















Onze anos depois, Bill Callahan tem regresso marcado para a Casa da Música portuense dia 11 de Julho, sexta-feira, apresentando-se na véspera no Tivoli da capital. Primeira parte a cargo de Jerry David DeCicca. Bilhetes em breve.

terça-feira, 18 de março de 2025

DUETOS IMPROVÁVEIS #302

PATRICK WOLF & ZOLA JESUS 
Limbo (Wolf) 
Álbum "Crying the Neck", Apport/Virgin Music
Reino Unido, Junho de 2025

sábado, 15 de março de 2025

BILL FRISELL TRIO, TAGV, Coimbra, 12 de Março de 2025

O nome de Bill Frissell deve estar creditado em centenas de discos onde emprestou a sua elogiada guitarra a uma infindável diversidade de aproximações e mergulhos no jazz moderno. Neles, sobressai sempre um género de linguagem eléctrica de rendilhados criativos que assumem um mundo muito próprio, o que no caso do disco-covid "Valentine" de 2020 (Blue Note), ao lado de do contrabaixista Thomas Morgan e do baterista Rydy Royston, funciona com uma estudo metodológico da guitarra em vários segmentos da música americana, do folk ao blues, do rock ao obrigatório jazz. 

O serão em Coimbra foi, por isso, uma revisitação criativa a esse leque alargado de possibilidades de diálogo a três, permeando destaques aos instrumentos dos seus parceiros em momentos acertados, o que não deixou de permitir apreciar a forma como Frisell toca a sua Telecaster, ora assumindo uma contenção e subtileza nada fáceis ora crescendo para nuances mais efectivas, tal como se deu a ouvir na versão de "You Only Live Twice” de Barry. 

A respiração que se sentiu entre notas e trechos, longe de virtuosismos exagerados, desconstruindo as melodias em renovadas abordagens, encerra ao vivo desafios para ouvintes e espectadores que a plateia, mais que adulta, absorveu na perfeição - saber ouvir, saber escutar ou saber esperar, permitiram uma outra dimensão e que se traduziu por, simplesmente, saber descobrir. A viagem foi, por isso, de recompensa suspirada e aplaudida de pé, ou não fossem estes momentos, em tempos de imediatismos, de uma raridade e magia incontornáveis.

sexta-feira, 14 de março de 2025

NEAL FRANCIS, INCONSISTÊNCIA ZERO!

Saiu no dia de hoje um novo trabalho do norte-americano Neal Francis que, ouvido de fio a pavio, é um puro prazer. No disco "Return To Zero", o segundo para a ATO Records, casa independente de Nova Iorque fundado por Dave Matthews e reduto de variados e bons nomes (King Gizzardd, Alabama Shakes ou Midlake, só para citar alguns), balançam uma série de melodias robustas de produção apurada que não escondem o que de bom o yatch-rock ou o funk multiplicaram no passado e continuam a desmultiplicar, sem contemplações, no presente. 

Respeitando essas patinas sonoras, é, contudo, o rock americano de setenta que ganha primazia nessa irresistível fusão, tudo bem agitado em canções para dançar em rodopios de várias velocidades, sendo ainda difícil escolher qual delas será a ideal para uma viagem de vidros abertos junto ao mar ou para servir de auxiliar de potência numa qualquer subida de um jogging matinal. Genuíno, Francis (re)criou uma fórmula saborosa que ganha, a cada disco, uma consistência de óbvia classificação vintage. Can't get enough! 




THOMAS FEINER, SEGUNDOS DE ESPLENDOR!

São só trinta e oito os preciosos segundos disponíveis para audição prévia de "The Sun Fell Softly on the Ocean", mas bastam para que o encandeamento sonoro a la Thomas Feiner desperte, mesmo assim, todo o seu esplendor. 

Trata-se de um single inédito que consiste numa versão de "Så skimrande var aldrig havet", canção do trovador sueco Evert Taube (1890-1971) e, pela primeira vez, com uma variação em inglês para escutar muitas vezes no final do mês (28 de Março). A percussão e guitarras são de Johan Ludvig Rask e a tradução da lírica é de Felix Taube, neto do poeta e músico nórdico. 


terça-feira, 11 de março de 2025

THESE NEW PURITANS, MAIS UM GOLPE DE ASA!















Cinco álbuns em dezassete anos sugere uma ponderação que os These New Puritans assumem como fundamental para a sua essência artística. Dos irmãos Jack e George Barnett, sempre envoltos num misterioso resguardo mediático e pessoal, espera-se uma profundidade desafiadora que dois novos momentos se atestam como ousados - "Bells" e "Industrial Love Song" moldam-se de um poderio melódico comovente, permitindo de olhos fechados confiar em "Crooked Wing", o tal quinto disco de uma banda de culto aqui pela casa. 

Para favorecer a grandeza, ao trabalho dos manos Bernett somou-se a ajuda de Grahm Sutton, membro dos míticos Bark Psychosis e produtor do anteriores álbuns "Hidden" (2010) e "Field Of Reeds" (2013), e a colaboração do baixista Chris Laurence e de Caroline Polacheck, voz de um dueto inesperado entre dois guindastes num estaleiro de obras que, em livre tradução, é explicado por Jack desta forma: 

"Caroline canta a parte de um guindaste, eu canto a outra; eles não se podem tocar (os seus movimentos são controlados por um operador), mas quando o sol nasce, eles esperam que suas sombras se cruzem. Gosto de como o título que George criou desvia as expectativas - não é esse tipo de industrial"! 

Seis anos depois, os These New Puritans aprontam-se novamente para, rejeitando convenções, se assumirem como uma banda visionária cujo rótulo indefinido é, por si só, um elogio cada vez mais raro. Espera-se, por isso, mais um golpe de asa...


segunda-feira, 10 de março de 2025

ROBERT FORSTER, MORANGOS COM AMOR!





















Dando mostras de ânimo e estabilidade emocional, o lutador Robert Forster terá álbum novo no final de Maio pela Tapestry Records e a que chamou simplesmente "Strawberries". O tema título é um excelente cartão de visita ao lado da esposa Karin Bäumler, um género de dueto com imagens gravadas na cozinha lá de casa, retomando um local que Forster escolheu para apresentar a canção "Tender Years" do álbum anterior "The Candle And The Flame" de 2022, período complicado de doença da esposa.

Se atentarmos nos pormenores da letra, são os morangos uma alusão inicial à partilha, ao amor incondicional que os une e que parece inquebrável. A aparente simplicidade do enredo e da encenação luminosa do espaço, a que um gato acrescenta, no exterior, tanta naturalidade, torna a canção num cada vez mais raro momento de ternura e prazer que só Forster sabe fazer. Queremos mais!

FAZ HOJE (24) ANOS #94





















GOLDFRAPP, Festival SBSR, Hard Club, Vila Nova de Gaia, 10 de Março de 2001
 
. Jornal de Notícias, por Emanuel Carneiro, fotografia de José Mora, 12 de Março de 2001, p. 44

3X20 MARÇO

















Em mês de Piano Day (29 de Março) e na já habitual ausência de comemorações ou lembranças, insistimos nos teclados, orgãos, pianos ou derivados...
 

sábado, 8 de março de 2025

UAUU #738

RUFUS WAINWRIGHT, CULTO E ADULTO!

O nosso culto e adulto segundo canal agendeu para o serão de amanhã, Domingo, a emissão de um concerto bastante especial - "Wainwright Canta Weill" foi registado em Março do ano passado ao lado da Pacific Jazz Orchestra, sob condução de Chris Walden, no majestoso United Theatre on Broadway de Los Angeles. 

Nele, Rufus Wainwright dedica-se a recriar canções de Kurt Weill (1900-1950), autor pelo qual o seu fascínio se foi adensando, germinando muitas das canções em nome próprio, algumas das quais também seleccionadas para interpretação, numa homenagem iniciada em 2023 com uma série de concertos no Cafe Carlyle de Nova Iorque. Não esquecer: RTP2, 22h52. Imperdível!

EXIT NORTH, FORÇA AÉREA!





















Apresentado como um double A single, há nas duas novas canções dos Exit North uma energia inesperada que se estende, intensa e aérea, numa epicidade ressentida. 

A dose afixa-se pelos nomes de HARM / TERMS, assim, em maiúsculas, para que se faça acentuar a vibração e a altura da eminência, mas há ainda uma notável remasterização da pérola "A-Shapped Trees", tema de "Anyway, Still", álbum de 2023. A versão CD estará pronta para envio a partir de 1 de Maio.

sexta-feira, 7 de março de 2025

TENNIS, JOGO PERFEITO!





















Não existem tempos, meses, dias ou horas ideais para as canções dos Tennis. Desconfiamos, um pouco, da sua eficácia inicial, mas o casal Alaina Moore e Patrick Riley tem mantido e depurado a receita pop num calibre alto ao longo de seis álbuns desde 2011, sempre bem-vindos, airosos e frescos. 

Aproxima-se um sétimo de nome "Face Down In The Garden", de confessada inspiração na roda viva das tournées, das suas virtudes, vicissitudes e crises, uma abordagem artística diferente do habitual que muitas vezes tinha em longos passeios de barco à vela o recurso de composição! O selo comercial é o da Mutually Detrimental, casa onde a banda joga em nome próprio

Nostálgico, orelhudo quanto baste, os Tennis continuam a não falhar. Bastaria o novo "At the Wedding" para o confirmar... Match-point!


quinta-feira, 6 de março de 2025

ROY AYERS (1940-2025)














Num género de jazz que se aproxima do funk e da soul, a mestria de Roy Ayers sempre foi imbatível, feito talvez explicado pela raridade e subtileza com que o som do vibrafone se entrelaçava, maravilhoso, nas canções. 

O instrumento, um género de xilofone ressonador, ocupou, por isso, sempre a frente de palco de todos os seus concertos, como o que testemunhamos na sala pequena da Casa da Música ao lado dos Funkateers numa madrugada de 2005. A sessão terminou com "Everybody Loves The Sunshine", um clássico de planura eterna que, sem culpa, foi escondendo tantas, e tantas, outras peças de um talento único.

Ayers faleceu no dia de Carnaval, uma terça-feira soalheira e amena... Peace!


WILLIAM TYLER, O TEMPO É INDEFINIDO!





















As estranhezas detectadas nas mais recentes opções sonoras de William Tyler já por aqui foram sinalizadas a tempo de, agora, se confirmarem como explicáveis. A história detalhada é contada pelo jornal inglês The Guardian, preenchendo assim as respostas a algumas das anomalias (cancelamento de concertos ou parcerias artísticas) advindas de uma reabilitação necessária face aos perigos do álcool ou do isolamento. 

O comprovativo da alta chama-se "Time Indefinite", álbum pela Psychic Hotline agendado para Abril, e onde se emaranham uma série de demónios como a solidão, a neurose ou o raio da meia-idade cantados ou tangidos por Tyler de forma a espantar receios e temores, escolhendo uma renovada e arriscada veia musical pronta a bombar tempos incertos e indefinidos.