sexta-feira, 29 de junho de 2012
ROCKY RACOON #4
A marca The Beatles deveria ser considerada património imaterial da humanidade, isto é, sujeita a rigorosos controles de utilização e usufruto. Não que fiquemos assustados ou incomodados com os mais espatafúrdios dos produtos que levam o selo da banda, desde o tradicional jogo Monopoly até às bem feias bonecas russas (curioso que a de Lennon seja a maior...), mas é contínua a diversidade de novas apostas. Canecas com os Beatles não são novidade, mas o que nos chamou mais a atenção na chegada a Portugal desta trilogia chávena/pires com letras de temas de, reparem bem no subterfúgio, Lennon e McCartney (o nome da banda não aparece em nenhum lado) foram mesmo os pratinhos em forma de vinil! Só é pena que a empresa que os comercializa por cá não tenha, para já, eleito para venda a versão "All You Need Is Love", sem dúvida aquela que melhor resulta e que nunca perderá o prazo de validade...
quinta-feira, 28 de junho de 2012
POP LEKMAN
O título traduz a inspiração para o novo álbum de Jens Lekman - "I Know What Love Isn't" - uma colecção de canções de algum desencanto amoroso ou emocional mas sempre, sempre naquele limite pop a que o sueco já nos habituou. O disco terá edição através da Secretly Canadian no início de Setembro e há já um primeiro single intitulado "Erica America" a servir de aperitivo.
O BOSS AINDA E SEMPRE...
Para quem, como nós, gosta do Bruce Springsteen e ainda não percebemos porque é que nos pusemos aos saltos no passado concerto lisboeta ou porque raio ainda não enjoamos o "Dancing In THe Dark", aqui está um excelente artigo para ler no sítio do costume. Título: "Why does Bruce Springsteen make middle-aged men behave like teenagers at their first pop show?"
quarta-feira, 27 de junho de 2012
SEMPRE QUE BRILHA O SOL!
Ao fim de seis anos de retiro, eis que a menina Chan Marshall/Cat Power apresenta uma novo disco de originais inteiramente auto-produzido e gravado no seu estúdio de Malibu. Atendendo a esta localização, não será estranho que o álbum se chame "Sun" e veja a luz do dia em pleno verão (Setembro próximo). Aqui fica um primeiro tema (single?) de nome "Ruin".
JULIA HOLTER, C.C. Vila Flor, Guimarães, 26 de Junho de 2012
Quis o destino que a estreia portuguesa de Julia Holter tivesse a capital da cultura vimaranense como palco e talvez pelo efeito CEC o pequeno auditório esgotou e deu para notar muita afluência de público descobridor e a arriscar a compra do bilhete sem nunca ter ouvido sequer um tema da artista. O investimento foi, sem dúvida, compensador. Na companhia de um baterista e um violoncelista, Holter esteve sempre perfeita, apesar de alguma timidez, mas aquela voz ecoada esconde e de que maneira qualquer laivo de insegurança. Som de sala sem mácula e um piano de cauda ocasional que, ao jeito de brinquedo de infância, permitiu a Holter mostrar ainda mais os seus dotes em temas como "Moni Mon Amie" ou "This is Ekstasis". Claro que há já outras canções do álbum "Ekstasis" que se destacam como "Our Sorrows" ou "In The Same Room", nitidamente mais aplaudidos e a comprovar a beleza de um disco que demora a entranhar-se mas de um magnetismo inteligente e viciante. Ficamos, assim, ainda mais "dependentes". (video HugtheDj)
terça-feira, 26 de junho de 2012
GRACELAND: 25 ANOS
O 25º aniversário do incontornável álbum "Graceland" de Paul Simon está a ser comemorado com as habituais reedições em diversos formatos a que se junta um inédito documentário intitulado "Under African Skies" dirigido por Joe Berlinger. O filme está já em DVD e Blueray e conta a história da enorme polémica que envolveu a gravação do álbum em plena África do Sul, rodeando-se de artistas locais, uma fusão de culturas e sons que contribuiu decisivamente para a afirmação do que hoje chamamos World Music. Há também uma digressão mundial evocativa que passa pelo Hyde Park londrino a 15 de Julho e pode ser que...
segunda-feira, 25 de junho de 2012
MANTA COR-DE-ROSA
O sempre bem tratado e confortável relvado do Centro Cultural Vila Flor em Guimarães recebe em finais de Julho mais uma edição do imprescindível Festival Manta. Este ano há duas noites muito femininas com Russian Red a 26, quinta-feira, e Nite Jewel no dia a seguir. Apetitoso e completamente gratuito...
SÃO JOÃO NO GUINDALENSE
Depois de uma semana intensa de trabalho e preocupações ainda chegamos a tempo ao Guindalense para apreciar devidamente o foguetório. Depois, com muita cerveja fresquinha a servir de carburante, foi uma dança contínua ao som de pérolas intemporais de alto calibre como sejam os marmelinhos, casas que caem, pais da criança, pezinhos a bater e a levantar poeira e, claro, nós pimba! Um verdadeiro clássico de época com direito a balões, alhos-porro e muita martelada... Faltou a cidreira!
quinta-feira, 21 de junho de 2012
SINSAL NÚMERO DEZ
A edição que marca o décimo aniversário do Festival Sinsal por terras galegas tem para já dois nomes fortes: Julia Holter no Domingo, dia 24 de Junho e Destroyer a 18 de Julho. Ambos os concertos estão marcados para o terraço do Auditório Mar de Vigo, local que ficamos a conhecer aquando do espectáculo dos Wilco em Novembro passado. Recorda-se que Holter estará também em Guimarães (CCVFlor) na próxima terça-feira, dia 26. Quanto a Dan Bejar e ao seu encantador projecto Destroyer, esta é uma imperdível oportunidade de, mais a Norte, conferir as canções do álbum "Kaputt", já que na véspera ele passará pelo Musicbox lisboeta.
Entretanto a mesma organização promete para 24 e 25 de Julho uma arriscada edição do tal festival em que literalmente se tem que embarcar e que se realiza na ilha viguense de San Simon. O risco é ainda maior quando, assumidamente, o cartaz não irá ser divulgado o que o torna "O Único Festival Que Non Anuncia O Seu Cartel"! Estão, contudo, prometidas pistas reveladoras...
3 x 20 JUNHO
Com indesculpável atraso e para ser mais fácil, aqui ficam três vezes vinte canções simples em alta rotação no nosso iPod:
. ARMS - Emily Sue, Cont'd
. THE WALKMEN – Heaven
. MIKAL CRONIN - Is It Alright
. THE WAR ON DRUGS - Baby Missiles
. SUMMER CAMP - Down
. LOTUS PLAZA - Remember Our Days
. SILVERSUN PICKUPS - Mean Spirits
. LIECHTENSTEIN - Meantime
. BEST COST - The Only Place
. TORO Y MOI - Dead Pontoon
. WEIRD DREAMS - Velvet Morning
. BROTHERTIGER - Lovers
. CHAIRLIFT - Wrong Opinion
. I BREAK HORSES - Winter Beats
. SAINT ETIENNE - Haunted Jukebox
. MINIATURE TIGERS - Sex On the Regular
. RUFUS WAINWRIGHT - Bitter Tears
. SANTIGOLD - Disparate Youth
. GET WELL SOON - You Cannot Cast Out The Demons (You Might As Well Dance)
. ARCADE FIRE - Sprawl II [Mountains Beyond Mountains]
. POLIÇA - Form
. KINDNESS - Cyan
. JONQUIL - Getaway
. VIOLENS - Through the Window
. PLANTS AND ANIMALS - Control Me
. OBSERVER DRIFT - Home Video
. ANDREW BIRD - Eyeoneye
. FATHER JOHN MISTY - Nancy from Now On
. REAL ESTATE - Exactly Nothing
. SILVER SWANS - Mother of Pearl
. BEACH HOUSE - New Year
. THEESATISFACTION - Earthseed
. BOBBY WOMACK - Stupid Introlude (feat. Gil Scott-Heron)
. BARRY ADAMSON - If You Lover Her
. THE BLACK KEYS - Sister (Live)
. DR. JOHN - God's Sure Good
. QUANTIC & ALICE RUSSELL - Travelling Song
. DIAGRAMS - Black Light
. JULIA HOLTER - In the Same Room
. HERE WE GO MAGIC - Made To Be Old
. SCHOOL OF SEVEN BELLS - Scavenger
. FLIGHTS - So Many Foreign Homes
. JONATHAN WILSON - Wildfire
. SOPHIA KNAPP - Weeping Willow
. OKKERVIL RIVER - U.F.O.
. M. WARD - The First Time I Ran Away
. LISA MARIE PRESLEY – Weary
. SHARON VAN ETTEN - Give Out
. PATRICK WATSON - Quiet Crowd
. RICHARD HAWLEY - Don't Stare At The Sun
. RUSSIAN RED - Nick Drake
. SIGUR RÓS - Rembihnútur
. BOWERBIRDS - Stitch the Hem
. SOLEY - Pretty Face
. PERFUME GENIUS - Awol Marine
. PAUL BUCHANAN - After Dark
. THE TALLEST MAN ON EARTH – 1904
. SUN KILL MOON - Among the Leaves (alt version)
. BONNIE PRINCE BILLY – Hummingbird
. CASA DEL MIRTO - Finale
quarta-feira, 20 de junho de 2012
MEMORABILIA #13
O terceiro conjunto de bilhetes da nossa colecção ao jeito de poster diz respeito ao período de final 1993 a 1996. São quase quarenta concertos onde há um pouco de tudo, de Heroes del Silencio a George Martin, passando pelo Abrunhosa. Curiosos os de Radiohead na primeira parte dos James (28 de Novembro de 1993), com um Tom York feliz a cantar de um dos camarotes laterais ou um dos últimos espectáculos dos galeses Manic Street Preachers (6 de Dezembro de 1993) ainda com o guitarrista Richard Edwards que viria a desaparecer ipsis verbis em Fevereiro de 1995. Estivemos, claro, na noite dos Nirvana em Cascais, um grande abanão de rock com um Cobain sóbrio e inspirado. Reparamos que já em 1994 demos cinco contos e trezentos para ver o Brian Ferry do balcão do Coliseu ou cinco contos e duzentos para a estreia dos Cult (9 de Novembro de 1994) no mesmo local! O Cinema do Terço, entretanto demolido e situado junto ao Marquês, serviu de palco para surpreendentes noites de música organizadas pela Concertos de Portugal: Hector Zazou com Harold Budd (1 de Outubro de 1994) ou John Zorn (10 de Março de 1995). Tudo muito ecléctico, mas logo abaixo estão acessos a madrugadas de Queima com Ágata e Nel Monteiro ou Jesus & Mary Chain e Lloyd Cole... Há por aqui muitas desilusões e euforias: no primeiro grupo estão as apresentações dos Cocteau Twins, dos Everything But The Girl ou Siouxsie & The Banshees (18 de Março de 1995), todas uma lástima, mas compensadas por momentos triunfantes e arrebatadores como os de Nick Cave (11 de Julho de 1993) ou David Byrne. Continuamos fãs convictos dos Madredeus e dos Xutos, marcando presença nos 15 anos da banda no Coliseu e aderimos até à noite organizada para evitar que a Igreja do Reino de Deus comprasse a sala emblemática da cidade (3 de Dezembro de 1995). Quanto aos In The Nursery ou Gallianno estamos em branco, mas sobre os Fura Dels Baus no pavilhão do Boavista recordamos muito bem as tropelias perigosas com motas e uma intensidade anormal duma cenografia chamada "MTM". No tempo em que havia festivais temáticos na Invicta como o Intercéltico, um evento anual e com tradições que, incompreensivelmente, a cidade não soube preservar, são bem vivas as imagens de Cesária Évora a fumar em palco e aplaudida em pé ou os fabulosos Chieftains. Saíram caros os serões de jazz com Ornette Colmen ou Stanley Clark/Al Di Meola/Jean Luc Ponty (13 de Outubro de 1996) mas dar cinco contos e quinhentos para ver os Rolling Stones (24 de Julho de 1995) no relvado de Alvalade numa segunda feira calorenta era um preço muito em conta. A terminar duas referências, no nosso caso, obrigatórias: os The Smashing Pumpkins em Cascais (2 de Maio de 1995), uma noite molhada mas memorável e que, diz-se, terá edição oficial em disco e uma ida até Celorico da Beira para um torneio de voleibol à mistura com muito vinho e cerveja e que parece teve os Entre Aspas a cantar num palco no meio da praça, mas de que, obviamente, se apagaram as memórias logo no dia a seguir...
sábado, 16 de junho de 2012
CANÇÕES CARÍSSIMAS A SÉRGIO GODINHO
Numa rápida deslocação à Feira do Livro do Porto que termina amanhã, quis o acaso depararmos com a apresentação, no auditório da APEL, de um novíssimo livro de Sérgio Godinho. Trata-se de "Caríssimas 40 Canções. Sérgio Godinho e as Canções dos Outros" magnificamente ilustrado por Nuno Saraiva e da responsabilidade da Abysmo, a mais recente aventura editorial de João Paulo Cotrim, um objecto primoroso de ter nas mãos e, certamente, ainda mais saboroso de ler. Na obra estão reunidas as crónicas publicadas o ano passado no semanário "Expresso" onde o músico fala das suas canções de eleição, dos seus autores e intérpretes e muitas mais histórias. Na sessão de hoje à tarde, que contou com a provocação, moderação e colaboração de Álvaro Costa, escolheram-se uma dúzia dessas "quarenta pequenas entidades, canções predilectas, canções intrigantes, desafiantes (...)" que tocaram ao de leve, alto e bom som, no pequeno auditório ao jeito de introdução para a conversa. De Dylan a Brecht, de Kinks a Robert Wyatt, passando por Tony de Matos ou os indispensáveis José Afonso e Caetano, por aqui vão ficando pedaços do nosso acidentado registo video atendendo às já habituais faltas de bateria e espaço em cartão... Mas valeu a pena! Prometem-se futuras exposições e programas de rádio.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
WILCO EM LIVRO VIRTUAL
Está já disponível um livro que documenta a passagem dos Wilco por Chicago em Dezembro de 2011 no lançamento do álbum "The Whole Love". Nessa altura foram escolhidos cinco diferentes recintos aptos a receber espectáculos de alguma intimidade e que funcionaram como um agradecimento da banda aos fãs locais, homenageados anteriormente no tema "Via Chicago" (álbum "Summerteeth" de 1999). A cidade natal da banda serviu já de palco para a gravação do disco e documentário "Kicking Television: Live in Chicago" (2005) e é ainda lá que o grupo mantêm um pequeno estúdio chamado Chicago Loft. Fotografias, videos do backstage e algumas canções em audio estão assim reunidas em "Incredible Shrinking Tour of Chicago", um documento estrategicamente preparado para iPad e iBooks2 mas que, ainda bem, funciona também no simples iTunes...
quinta-feira, 14 de junho de 2012
OLHA QUE DOIS!
Álbum e digressão a meias, tudo a rebentar em Setembro - St. Vincent e David Byrne. Pormenores por aqui.
DUETOS IMPROVÁVEIS #173
MAVIS STAPLES & JEFF TWEEDY
Wrote A Song For Everyone (Creedence Clearwater Revival)
Agosto de 2010
Wrote A Song For Everyone (Creedence Clearwater Revival)
Agosto de 2010
terça-feira, 12 de junho de 2012
PRIMAVERA SOUND PORTO: UM BALANÇO
O MAIS:
1. o Parque da Cidade, uma paraíso natural que devidamente protegido é quase imbatível para este tipo de evento;
2. o regresso dos grandes festivais de música à cidade, uma aspiração antiga agora com pernas para andar e crescer sustentadamente;
3. parece um chavão anti-crise, mas as potencialidades e mais valias trazidas para o Porto com este evento são visivelmente enormes, com multiplas vantagens e devem ser agarradas com unhas e dentes pelas diversas entidades locais envolvidas;
4. os repetidos elogios, queremos que sinceros, da maioria das bandas ao sítio, público e ambiente a que Wayne Coyne chamou "o melhor festival do mundo", palavras corroboradas até pelo sempre ácido e contido Jeff Tweedy;
5. a funcionalidade do espaço, na medida certa, a que se junta uma sobriedade cenográfica minimal mais que suficiente e bem feita;
6. a multiculturalidade do público, o que proporciona um evento em ambiente salutar sem pressões e com direito até a copinhos de vinho, sangria e boa cerveja. Só faltaram nalguns momentos uns canapesinhos...
7. o parque de bicicletas e o incremento da sua utilização, para além da proximidade da rede de metro próxima e do sistema de autocarros implementado. Da nossa parte, para o ano, é mesmo desafiante chegar lá e regressar via Freixo-Foz-Freixo a dar aos pedais...
8. o preço dos bilhetes que, se comprados a tempo, se tornam baratos, atendendo à qualidade e quantidade de bandas e artistas no alinhamneto. De olhos fechados, compravamos hoje o acesso para o proximo ano!
9. a experiência quase esquecida de voltar para casa logo a seguir aos concertos para repouso imediato, sem viagens, auto-estradas, portagens ou bombas de gasolina;
10. o Palco ATP, o mais bonito do mundo, um espaço doutra galáxia, em declive como os outros mas rodeada de um arvoredo quase geométrico. A merecer melhor "aproveitamento"...
e o MENOS:
1. a chuva, claro, que na Primavera em clima Atântico é sempre imprevisível. Dispensável, mas não há nada a fazer;
2. a variedade de oferta de alimentação, tão igual a todos os outros festivais e que merecia outras opções e soluções. Mesmo assim a carne argentina parece ter sido um sucesso, que o diga o comilão Erlend Oye...
3. como frisado pelo nosso parceiro destas andanças, a contradição de estar dentro de um recinto de um festival numa fila (à chuva) para obter bilhetes para o mesmo festival, acumulando impaciência e perdendo certamente bons concertos a decorrer ao mesmo tempo. Junta-se a tacanhez dos avisos em folhas A4 afixados na véspera, sem aviso sonoro ou outro. A rever obrigatoriamente;
4. todos aqueles e aquelas que à última da hora invadem as filas da frente sem pedir licença, abusando da boa vontade e que põem à prova a paciência e contenção de quem lá está. É um clássico festivaleiro, mas merece combate e, acima de tudo, pedagogia;
5. o som de alguns palcos incompreensivelmente desalinhado e quase indesculpável. Os primeiros quinze minutos dos Wilco só com o som de palco pareceram-nos uma eternidade;
6. a sobreposição de concertos e a sensação que passamos ao lado de "aquele" espectáculo trocado por um outro de menor intensidade. Foi e será sempre assim;
7. os cancelamentos em cima da hora são sempre desagradáveis mas o dos Death Cab For Cutie, banda que há anos estava na nossa lista de notáveis, caiu muito mal. Ficamos à espera, como prometido, da respectiva compensação;
8. o chorinho contínuo de Wayne Coyne, o amor, Portugal, somos os maiores e os múltiplos "I love You's". Ok, agradecemos mas não é preciso exagerar!
9. a nossa geração, ou seja, os quarentões do Porto e não só, sempre muito críticos em relação à falta de festivais na cidade e tal e coisa e depois ninguém os vê. Pelo menos o Jorge Romão, o Miguel Ângelo ou o Adolfo Luxuria Canibal não ficaram em casa e deram o exemplo...
10. porque é que os nossos amigos espanhóis falam tão alto?
segunda-feira, 11 de junho de 2012
JULIE & THE CARJACKERS + KINDNESS, Primavera Sound, Hard Club, Porto, 10 de Junho de 2012
Apesar do muito cansaço e da acumulação de afazeres, não era fácil resistir a tamanha dádiva. No Hard Club corriam-se as cortinas do festival com entradas gratuitas e, acima de tudo, com uma pequena mas atractiva ementa. Com uma das salas já lotada calhou-nos o alinhamento mais tardio com os portugueses Julie & Carjackers e o projecto londrino Kindness, a razão principal para este último esforço.
A banda portuguesa foi uma agradável surpresa para a plateia multinacional presente no espaço ribeirinho, apresentando uma pop colorida de travo americano e até tropical, mas são os discos dos Beatles que devem rodar com frequência lá por casa, como o prova a versão de "Taxman" com que encerraram o concerto. Ao mesmo tempo foram literalmente atirados para o público uma meia centena de cd's da banda, distribuídos, não pelo cobrador de impostos, mas supostamente por um homem galo que invadiu o palco. Se a moda pega...
O disco de estreia de Adam Bainbridge, um futurista afunkalhado escondido atrás dos Kindness, pode ser considerado o verdadeiro OVNI sonoro do corrente ano. Ironicamente intitulado "World, You Need a Change of Mind", a receita para este desiderato só pode ser uma: a dança a que é impossível resistir ouvindo o álbum e que se torna contagiante em versão ao vivo. Na noite de ontem foi com o balançante "Cyan" que a contenda explodiu, baixo, bateria e guitarra em ritmado acento e um duo feminino irrequieto a acompanhar a voz sedutora de um Baibridge apostado em fazer mossa agitadora. E não foi difícil alcançar a adesão da totalidade dos presentes, rapidamente infectados por temas como "Swingin' Party", o funktástico "Doigsong", ou "Bombastic", uma pérola pop a que Ariel Pink chamaria um figo. Uma hora de ponta ritmada a lembrar, sem rodeios, os anos 80 e 70 (ouça-se o quase medley de época chamado "That's Alright") com momentos de confusão controlada em que Baibridge invadiu a plateia de pandeireta em punho ou a destruição/desarrumação completa da bateria antes da saída de palco. Um verdadeiro fogo de artifício sonoro a fechar da melhor maneira a primeira de muitas, espera-se, Primaveras.
domingo, 10 de junho de 2012
VERONICA FALLS + BAXTER DURY + I BREAK HORSES + THE WEEKND + KINGS OF CONVENIENCE + SAINT ETIENNE + THE XX, Primavera Sound, Porto, 9 de Junho de 2012
Chuva! Ora aí está uma condicionante de qualquer evento ao ar livre que altera, em poucas horas, o programa das festas. Na entrada do recinto uma fila enorme de pessoas já encharcadas faziam figa para que os bilhetes para as sessões de hoje na Casa da Música chegassem às suas mãos. Atendendo às circunstâncias preferimos apostar nos concertos em palcos mais pequenos, de preferência cobertos e esquecer os tais bilhetes já que havia, certamente, onde passar melhor o tempo.
O palco Club era o refúgio perfeito para evitar a chuva que insistia em cair. Os Veronica Falls são jovens, mas ouviram muita da música inglesa dita independente dos noventa e o resultado é o espelho dessa influência. Nada de novo, mas bem feito e algumas canções bem esgalhadas. O som, mal calibrado, não ajudou a uma melhor definição. Para descobrir e testar em melhores condições.
No mesmo local, agora já repleto, Baxter Dury logo de seguida não desiludiu. Contudo, não foi um concerto arrebatador que tinha todas as condições para acontecer. O filho de Ian Dury tem boas canções, uma banda oleada mas talvez fosse bom não exagerar na bebida o que condicionou, no nosso ver, a actuação. Mesmo assim, revigorante e a permitir passar um bom bocado. A chuva, essa não parava...
Dos Spiritualized (condicionados) e Death Cab For A Cutie (cancelados) nos recintos principais fomos ouvindo notícias contraditórias e por isso arriscamos nos I Break Horses no palco ATP. O disco de estreia é óptimo mas, mais uma vez, um som abafado e alguns problemas técnicos em palco impediram uma melhor fruição das canções. Mesmo assim quem lá esteve não deu o tempo por mal perdido. Perdido só um tal jogo de futebol que, ainda bem, acabamos por não ver.
Os The Weeknd são nitidamente um fenómeno do nosso tempo, ou seja, viral e virtual. Os vinte minutos que passamos na tenda do palco Club a rebentar pelas costuras foi notória uma adesão massiva e não será difícil perceber que, para uma franja muito jovem do Primavera, este terá sido o concerto do festival. Para nós, o projecto até que não resvala para o acessório mas longe de uma sedução tão extasiada. Ala para o palco principal.
Os Kings of Convenience não tem emenda. São sedutores, práticos na inteligência com que agarram uma plateia e que neste caso era bem grande e, acima de tudo, convincentes nas canções que tocam como ninguém no actual mundo da pop. O primo Erlend Oye continua irreverente, irónico e se então juntarmos uma bateria, baixo e uma guitarra eléctrica, o homem torna-se imbatível na dança e nos gestos e a festa é, previsivelmente, inesquecível. Mais uma vez... Confirmem nos videos abaixo.
Tínhamos uma ideia pré-concebida que os Saint Etienne teriam alguma dificuldade em afirmar-se ao fim de tantos anos de recolhimento. Felizmente estávamos errados. Passadas duas ou três canções já a dança de uma plateia notoriamente mais adulta e conhecedora das canções se fazia sentir ao longo da colina. Houve alguns temas novas mas, obviamente, não falharam, para nosso gáudio, muitos dos que fizeram história há mais de quinze anos. Surpreendente e, no mínimo, descontraído.
Agora sim, deu para notar que todo o Primavera estava ali, um mar de gente de perder de vista. Quem diria que passados dois anos os The XX são já um quase fenómeno de estádio visivelmente abrangente. É que, quer espanhóis, portugueses ou tantas das outras nacionalidades presentes, cantaram bem alto as canções já míticas do álbum de estreia, o melhor sing-a-long do mundo segundo o próprio baixista e front-man do trio. Experimentaram-se a maioria dos temas do muito aguardado segundo disco, comprovadamente a apostar e a arriscar na mesma fórmula sonora, mas ecoaram bem alto "VCR", "Night Time" ou "Crystalized". Cheirou a consagração e também a fim-de-festa. Para o ano, ainda bem, haverá mais. Balanço (i)reflectido em breve por aqui...
+ videos no Canal Eléctrico.
sábado, 9 de junho de 2012
YO LA TENGO + TENNIS + RUFUS WAINWRIGHT + THE FLAMING LIPS + WILCO + THE WALKMEN + M83
Haverá sonhos impossíveis que se concretizam? Pois, ontem foi um desses dias em que o que aconteceu à nossa frente parecia fantasia, mas não era, era mesmo verdade. Passar de um palco para outro sem dificuldade e ver, de seguida, alguns dos nossos artistas favoritos é um daqueles suspirados acasos que esta(e) Primavera nos trouxe. Claro que um pouquinho de pesadelo não faz mal a ninguém e por isso os Beach House, Shellac ou os Black Lips não entraram nas contas... O sonho bom, para que conste, foi o seguinte:
Os Yo La Tengo, um trio mítico em ambiente soalheiro e descontraído, foi, como é habitual, magistral. Sóbrio mas sónico, quase pop, mas duro. Um dos temas contou com a percursão de um dos Flaming Lips enquanto o comandante Wayne Coyne assistia numa das laterais do palco a tamanha perfomance. Tal como a imensa plateia, o seu agrado foi notório.
Subida rápida a um palco mais pequeno para ver quinze minutos dos Tennis. Novamente ambiente descontraído onde a menina e o menino tenistas mostravam as suas canções para alguns curiosos como nós não darem o tempo por perdido. Pop doce, de efeito retemperador a merecer mais atenção. Uma delícia.
Descida de papo cheio para um dos palcos maiores onde Rufus Wainwright e a sua banda já estavam prontos. O solzinho vindo do mar fez o seu efeito e Rufus não se conteve nos elogios ao local, à cidade ou às nossas já famosas livrarias e mostrou-se bem disposto e em forma principalmente nalgumas tiradas políticas a propósito da Grécia ou de Mitt Romney... Muitas canções do novo álbum "Out Of The Game" mas tempo para sozinho, ao piano, partir corações em "Art Teacher" ou "Halelujha" mesmo no final. A banda completemente remodelada, conta agora com Teddy Thompson, filho de Richard e Linda Thompson, casal histórico da folk inglesa e que mostrou o seu bom berço em diversas ocasiões. Um Rufus mais gordinho mas sempre vintage no que interessa, a música.
Quanto ao Flaming Lips, outra coisa não seria de esperar - farra, animação e muita, muita distracção no bom sentido. Papelinhos, fumarada, sirenes, balões, jovens dançarinas e dançarinos recrutados por aí (de onde?), bola gigante com Coyne a calcorrear o público, ou seja, o circo completo habitual que já se tornou indispensável. Mas há a música que continua moderna, actual, de efeito rápido e certeiro. Encore com os obrigatório "Race for The Prize" e "Do You Realize", mas para trás tinha havido já outros clássicos como um notável "Yoshimi..." em versão semi-acústica. Há quem ache um exagero, mas estes Lips sempre pautaram os seus concertos nesta vertente e a tendência é para uma cada vez maior anarquia controlada. Resulta e de que maneira!
Ufa! Agora os Wilco... O que dizer de tão perafinado espectáculo? Que Tweedy e companhia estão cada vez melhores? Que os seus temas são de uma consistência avassaladora e que ao vivo esta é a BANDA que todo o amante de música devia ver obrigatoriamente pelo menos uma vez durante a vida? Ao terceiro e quarto tema tinham já soado perfeitos e cintilantes um "Impossible Germany" e um "Spiders (Kidsmode)" em versão soft e o resto foi sempre de um calibre superior. Uns senhores do mundo a que prestamos, sem disfarçar e de bom grado, uma vassalagem eterna. Grande.
Os Walkmen tem já uma base de fãs notável e isso fez-se sentir na adesão e atenção com que a plateia os recebeu. Na falta do baixista efectivo, houve uma substituição de última hora por um profissional contratado naquela tarde, mas as canções saíram sem falhas. Há já uma mão cheia de hits encobertos mas o novo "Heaven" encheu-nos as medidas. Bom, mas queremos uma segunda dose numa noite só com eles.
A pista desta vez abriu um quarto-de-hora mais tarde. Às 2h15 os M83 entraram em palco e pronto, o balanço não mais parou. Impressionante a massa humana presente, a agitação na frente e os franceses boquiabertos com tamanha recepção. Seguros, potentes, são já um caso de estudo quanto ao sucesso por cá. Uma verdadeira "Reunion" triunfal.
A terceira etapa começa daqui a pouco. Esperamos "dificuldades" de escolha agora que se aproximam os quilómetros finais...
+ videos no Canal Eléctrico.
sexta-feira, 8 de junho de 2012
ATLAS SOUND + YANN TIERSEN + THE DRUMS + SUEDE + MERCURY REV + THE RAPTURE, Primavera Sound, Porto, 7 de Junho de 2012
Começou ontem a primeira etapa da maratona! "Inscritos" estão mais de vinte mil participantes vindos de todo o lado europeu, a maior concentração jovem de olhos azuis e louro natural a que o Porto já assistiu, um verdadeiro Erasmus melómano e não só que nos dá um enorme orgulho e satisfação. Quem diria que a cidade teria um festival assim, bem localizado e programado, envolvente, charmoso e de uma eficácia, até agora, irrepreensível. Claro que a presença espanhola é massiva o que é sinónimo de animação e de bebida em catadupa, batendo aos pontos qualquer concorrência, mas a música não tem nações e é ela quem permite toda esta imensa festa. A de ontem foi já de alto nível e, obviamente, bem regada e agitada.
Sozinho em palco, Bradford Cox e a sua one man band Atlas Sound mostrou-se eficaz na sua envolvente sonora, um sagaz complot acústico temperado a samplers e ruídos a que a plateia aderiu com agrado e atenção. Entre elogios ao Porto a propósito de um mítico concerto com os Liars no barco Porto Rio, deu para concluir, como se fosse preciso, que "Mona Lisa" é mesmo uma grande canção!
Sobre Yann Tiersen em versão festival os objectivos foram cumpridos. Aproximou-se mais do rock que da faceta banda sonora que o consagrou e, claro, marcou pontos. Instrumentista dotado, foi ao violino que arrancou os maiores aplausos, embora a crescente sonoridade moogiana de muitos dos temas apresentados tivesse caído bem em fim de tarde cinzento e até um pouco frio.
Os Drums são já um caso de sucesso. Refrões simples, apelativos preenchem um rock directo, sem floreados, mas houve ali alguma falta de frescura. Em digressão contínua há três anos, muitas das canções pareceram mais lentas e a precisar de uma injecção urgente de adrenalina. Mesmo assim, "Money", "Best Friend" ou o já clássico "Let's Go Surfing", conseguiram sem mácula uma das maiores agitações da noite.
Não sabemos quantas vezes é que os Suede já por cá tocaram. Às tantas mais que os dedos das mãos, o que não quer dizer que o filão se tenha esgotado. Em jeito best of, continuam em forma, principalmente Brett Anderson, um verdadeiro e sabido animal de palco. Atendendo ao alinhamento não deve haver muitos pedidos por satisfazer. No nosso caso, ainda bem que não tocaram o "She's In Fashion"...
Dos Mercury Rev esperava-se grandiosidade e ela, sem muito custo, transpareceu. Donahue mostrou-se inspirado pelo líquido tinto com que entrou em palco e que esvaziou sem dificuladade e a opulência sonora não deixou ninguém indiferente. A contínua guitarra de Grasshopper entranhou-se num registo mais pesado e tenso e uma das marcas e surpresas foram mesmo as incisivas bateria e baixo da banda. Não houve "Deserter's Songs" de princípio ao fim mas "Holes", "Endlessly", "Dark is Rising" ou "Opus 40" chegaram e de que maneira para preencher a alma. Muito bom.
A pista de dança abriu pontualmente às 2 da manhã. Os Rapture puseram rapidamente todo o mundo a dançar e a eficácia de um baixo robusto e um guitarra vintage teve um efeito prolongado. Em pousio há já alguns anos, a banda voltou em 2011 para fazer estragos mas foi o velhinho "House of Jealous Lovers" a levar ao êxtase o recinto. Um concerto com aquele touch DFA irresistível culminado com os braços bem no alto e um coro colectivo a perguntar "How Deep Is Your Love"? A resposta não foi nem é importante.
Hoje as "decisões" são mais difíceis mas a segunda etapa promete...
+ videos no Canal Eléctrico.
Sozinho em palco, Bradford Cox e a sua one man band Atlas Sound mostrou-se eficaz na sua envolvente sonora, um sagaz complot acústico temperado a samplers e ruídos a que a plateia aderiu com agrado e atenção. Entre elogios ao Porto a propósito de um mítico concerto com os Liars no barco Porto Rio, deu para concluir, como se fosse preciso, que "Mona Lisa" é mesmo uma grande canção!
Sobre Yann Tiersen em versão festival os objectivos foram cumpridos. Aproximou-se mais do rock que da faceta banda sonora que o consagrou e, claro, marcou pontos. Instrumentista dotado, foi ao violino que arrancou os maiores aplausos, embora a crescente sonoridade moogiana de muitos dos temas apresentados tivesse caído bem em fim de tarde cinzento e até um pouco frio.
Os Drums são já um caso de sucesso. Refrões simples, apelativos preenchem um rock directo, sem floreados, mas houve ali alguma falta de frescura. Em digressão contínua há três anos, muitas das canções pareceram mais lentas e a precisar de uma injecção urgente de adrenalina. Mesmo assim, "Money", "Best Friend" ou o já clássico "Let's Go Surfing", conseguiram sem mácula uma das maiores agitações da noite.
Não sabemos quantas vezes é que os Suede já por cá tocaram. Às tantas mais que os dedos das mãos, o que não quer dizer que o filão se tenha esgotado. Em jeito best of, continuam em forma, principalmente Brett Anderson, um verdadeiro e sabido animal de palco. Atendendo ao alinhamento não deve haver muitos pedidos por satisfazer. No nosso caso, ainda bem que não tocaram o "She's In Fashion"...
Dos Mercury Rev esperava-se grandiosidade e ela, sem muito custo, transpareceu. Donahue mostrou-se inspirado pelo líquido tinto com que entrou em palco e que esvaziou sem dificuladade e a opulência sonora não deixou ninguém indiferente. A contínua guitarra de Grasshopper entranhou-se num registo mais pesado e tenso e uma das marcas e surpresas foram mesmo as incisivas bateria e baixo da banda. Não houve "Deserter's Songs" de princípio ao fim mas "Holes", "Endlessly", "Dark is Rising" ou "Opus 40" chegaram e de que maneira para preencher a alma. Muito bom.
A pista de dança abriu pontualmente às 2 da manhã. Os Rapture puseram rapidamente todo o mundo a dançar e a eficácia de um baixo robusto e um guitarra vintage teve um efeito prolongado. Em pousio há já alguns anos, a banda voltou em 2011 para fazer estragos mas foi o velhinho "House of Jealous Lovers" a levar ao êxtase o recinto. Um concerto com aquele touch DFA irresistível culminado com os braços bem no alto e um coro colectivo a perguntar "How Deep Is Your Love"? A resposta não foi nem é importante.
Hoje as "decisões" são mais difíceis mas a segunda etapa promete...
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quarta-feira, 6 de junho de 2012
segunda-feira, 4 de junho de 2012
BRUCE SPRINGSTEEN, Rock In Rio, Lisboa, 3 de Junho de 2012
Fica para já a consensual impressão de que o Boss foi arrasador, surpreendente e memorável! Prometemos desenvolvimentos, com direito a imagens, ainda hoje...
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(actualização)
Dir-se-ia que a espera valeu todos os dias dos longos vinte anos que Bruce Springsteeen esteve ausente de palcos portugueses. Acrescentamos que as nove horas maioritariamente passadas em pé valeram também o interminável esforço, apesar do consequente e massacrante cansaço. Resultado: gravações video deficientes de tanto estar com os braços ao alto a tentar desviar a máquina das cabeças, mas, acima de tudo, a perseguir um surpreendente Springsteen endiabrado, irrequieto e quase inesgotável! É claro que a ajuda de um relógio topo de gama chamada E-Street Band permite todo e qualquer desvio ao roteiro sem que sejam preceptíveis máculas mínimas. Ver Max Weinberg, Steve Van Zant, Nils Lofgren, Roy Bittan, Garry Tallent ou o rookie Jake Clemmons no mesmo palco respirando talento e virtuosismo foi outra dos sub-títulos de primeira página obrigatórios no relatório final de tão grandiosa jornada. E o alinhamento? Não fugindo demasiado ao que vem sendo apresentado nesta digressão, claro que faltou esta ou aquela canção, mas certamente que as quase oitenta mil almas presentes não podem reclamar da brilhante sequência apresentada, tocando vários álbuns e épocas, do mais recente ao mais antigo. Mas, caramba, aquele final com o arrepiante, no nosso caso, "Thunder Road" em transição para um encore sem saída de palco em que se perfilaram o "Born in USA", o "Born To Run", o "Glory Days", o "Hungry Heart", o "Dancing In The Dark", o "Tenth Av. Freeze-Out" e o, pasme-se, clássico "Twist And Shout" com direito a fogo-de-artifício, deixou-nos sem fôlego e perfeitamente rendidos. Uma barrigada de música difícil de atingir e que levou o próprio Springsteen à exaustão, que por muito simulada que possa ter sido (e não foi), revela a energia posta em palco e a vontade expressa em fazer desta noite uma ocasião especial. Claro que há sempre aqueles momentos tradicionais que fazem parte do show-off, como a subida ao palco da menina (neste caso meninas...) em "Dancing In The Dark", o miúdo captado em aparente escolha aleatória da audiência para cantar em "Wainting In a Sunny Day" ou as corridas ao público para recolher "sign requests" positivamente respondidos, mas que, atendendo ao clima de celebração, se tornaram ternurentos. Uma noite incontornável na história da música ao vivo em Portugal desta década por muitas tentativas de repetição que possam vir a surgir. E nós, como prometido e cumprido, estivemos lá de alma e coração.
Perante tamanho rolo compressor do Boss, Kaiser Chiefs, James e Xutos acabaram por passar quase despercebidos. Os primeiros, irritantes na figura do vocalista que cometeu a proeza de ter dado um concerto para as câmaras de televisão a roçar o desrespeito e que cantou parte de um tema, para dar nas vistas, em pleno exercício de slide disponível no recinto; os segundos, apesar da competência e até da qualidade técnica fizeram avivar algumas memórias positivas, poucas, negativas, muitas, dos anos oitenta; os terceiros, em regime best-off a abrir de forma a conquistar rapidamente a imensa plateia o que não foi difícil de concretizar e até demos connosco a cantarolar os "Barcos Gregos" e o "Remar, Remar"...
sábado, 2 de junho de 2012
LOS WILCO NOS ENCANTAN
Que o país vizinho é quase uma segunda pátria dos Wilco parece notório há já largos anos. Atendendo à fervorosa legião de fãs e às continuas visitas e digressões, só faltava esta homenagem. A banda pegou no último single "Dawn On Me" e transformou-o em "Me Avivé", uma versão em castelhano duvidoso mas muito bem intencionado.
A passagem por Barcelona foi apoteótica e com tempo para um pequeno concerto acústico numa mítica loja de discos da cidade para 70 sortudos no interior e algumas centenas na parte de fora! Seria brutal, como agora se diz, tê-los na Jo Jo's, por exemplo, no próximo sábado à tardinha...
Quanto aos portugueses Linda Martini parece que não se portaram nada mal e surpreenderam o El Pais com o seu "hardcore ruidoso, tautología al canto, intenso, feroz y salvaje aunque muy controlado y bien perfilado". Boa!
A passagem por Barcelona foi apoteótica e com tempo para um pequeno concerto acústico numa mítica loja de discos da cidade para 70 sortudos no interior e algumas centenas na parte de fora! Seria brutal, como agora se diz, tê-los na Jo Jo's, por exemplo, no próximo sábado à tardinha...
Quanto aos portugueses Linda Martini parece que não se portaram nada mal e surpreenderam o El Pais com o seu "hardcore ruidoso, tautología al canto, intenso, feroz y salvaje aunque muy controlado y bien perfilado". Boa!
sexta-feira, 1 de junho de 2012
MEMORABILIA #12
Quando em 1995 um amigo da rádio nos ofereceu um pack com uma t-shirt e o álbum "The Ghost Of Tom Joad" de Bruce Springsteen confessamos-lhe a nossa distância de anos em relação ao Boss. Argumentava que este disco era um regresso ao passado e que íamos de certeza gostar. Na mouche! O trabalho é ainda um dos nossos favoritos de sempre, um misto de "Nebraska" e "The River" bastante simples e de alguma negritude, mas de uma pureza tocante e imortal. Contam-se histórias da América, de imigração ilegal, de algum desespero e um futuro bastante cinzento como só o Bruce sabe cantar, o que o levou a andar em digressão acústica os dois anos seguintes. "American Music for the 90's" - está escrito nas costas da t-shirt, o que não deixa de ser um sentença certeira em tempos meteóricos de Macarenas e Thechnotronics e o declínio, por exemplo, dos já extintos R.E.M. Se não sabem por onde começar a descobrir a imensa obra gravada de Springsteen, nada como por "The Ghost of Tom Joad" a tocar e não vai ser preciso esperar muito tempo para que se deixem contaminar. Quanto à t-shirt já velhinha, servirá na mesma para nosso fato domingueiro na celebração há muito esperada.
MICHAEL GIRA, CCVila Flor, Guimarães, 31 de Maio de 2012
Imponente, Gira entrou em palco, pediu para a meia-plateia se aproximar dos lugares da frente e retirou calmamente o casaco e o enorme chapéu branco. Já sentado afinou a guitarra e... silêncio na sala que se vai cantar a indignação. Melhor, o lado negro da vida que os Swans de longa data, entretanto renascidos, há já longos anos adoptaram como religião. Joga-se no limite, guitarra em total amplificação e aquele vozeirão em cara feia que chega a assustar os mais desprevenidos. Mas Gira está em boa-onda, brinca com algumas fait-divers (no final de um dos temas lembra a bonita idade de 23 anos da canção e que continua a envelhecer) e a intimidade do momento chega para manter a plateia em tensão positiva. Há, pelo que ouvimos, algumas canções dos Swans, mas como a banda não é uma das nossas especialidades, confiamos nos mais atentos e sabedores. Ao fim de uma hora despede-se com notória satisfação de braços bem levantados em adeus frenéticos, combinando o encontro com os fãs. Já no exterior, entre fotografias de ocasião, autografou sem limite folhas de sala/cartazes e bilhetes mas, curioso, não vimos ninguém com cd's ou até vinis! O que parece é que, como confirmado pelo próprio, vai haver álbum novo dos Swans em 2013 para repor os stocks.
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