segunda-feira, 11 de junho de 2012

JULIE & THE CARJACKERS + KINDNESS, Primavera Sound, Hard Club, Porto, 10 de Junho de 2012

Apesar do muito cansaço e da acumulação de afazeres, não era fácil resistir a tamanha dádiva. No Hard Club corriam-se as cortinas do festival com entradas gratuitas e, acima de tudo, com uma pequena mas atractiva ementa. Com uma das salas já lotada calhou-nos o alinhamento mais tardio com os portugueses Julie & Carjackers e o projecto londrino Kindness, a razão principal para este último esforço. 

A banda portuguesa foi uma agradável surpresa para a plateia multinacional presente no espaço ribeirinho, apresentando uma pop colorida de travo americano e até tropical, mas são os discos dos Beatles que devem rodar com frequência lá por casa, como o prova a versão de "Taxman" com que encerraram o concerto. Ao mesmo tempo foram literalmente atirados para o público uma meia centena de cd's da banda, distribuídos, não pelo cobrador de impostos, mas supostamente por um homem galo que invadiu o palco. Se a moda pega... 

O disco de estreia de Adam Bainbridge, um futurista afunkalhado escondido atrás dos Kindness, pode ser considerado o verdadeiro OVNI sonoro do corrente ano. Ironicamente intitulado "World, You Need a Change of Mind", a receita para este desiderato só pode ser uma: a dança a que é impossível resistir ouvindo o álbum e que se torna contagiante em versão ao vivo. Na noite de ontem foi com o balançante "Cyan" que a contenda explodiu, baixo, bateria e guitarra em ritmado acento e um duo feminino irrequieto a acompanhar a voz sedutora de um Baibridge apostado em fazer mossa agitadora. E não foi difícil alcançar a adesão da totalidade dos presentes, rapidamente infectados por temas como "Swingin' Party", o funktástico "Doigsong", ou "Bombastic", uma pérola pop a que Ariel Pink chamaria um figo. Uma hora de ponta ritmada a lembrar, sem rodeios, os anos 80 e 70 (ouça-se o quase medley de época chamado "That's Alright") com momentos de confusão controlada em que Baibridge invadiu a plateia de pandeireta em punho ou a destruição/desarrumação completa da bateria antes da saída de palco. Um verdadeiro fogo de artifício sonoro a fechar da melhor maneira a primeira de muitas, espera-se, Primaveras. 


 

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