terça-feira, 30 de outubro de 2018

MICHAEL KIWANUKA, ALTO E BOM SOM!

A Michael Kiwanuka nunca faltou nada para nos encantar. Desde o princípio tímido e irresistível que não largamos mais os seus discos de veludo mas os dois concertos lisboetas a que, infelizmente, não comparecemos continuam por compensar. Mantemos a esperança numa nova oportunidade próxima e registamos e ouvimos de bom grado o EP "Out Loud" gravado ao vivo no final da digressão de 2017 no Royal Albert Hall e que teve edição em vinil no Record Store Day passado. Há agora uma curta metragem paralela com o mesmo nome realizada pela jovem Jodie Canwell e que merece uma olhadela em nome do amor pela música, pelos concertos e, já agora, pela vida!   


PORTO/POST/DOC, SAKAMOTO A DOIS PASSOS!














A programação diária do festival Porto/Post/Doc que decorrerá entre 27 de Novembro e 2 de Dezembro já pode ser devidamente consultada e nela se ressalta, mais uma vez, a secção "Transmission" dedicada à música. Concentrando as projecções no Passos Manuel mas com algumas incursões ao Rivoli, destacam-se documentos sobre bandas ou projectos nacionais como os Paus ou Pop Dell'Arte e abordagens diversas a artistas como M.I.A., Velvet Undergorund ou o grande Ryuichi Sakamoto. No primeiro dia do evento está agendada a estreia em filme de um registo recente de um de dois concertos de Sakamoto no Park Avenue Armory de Nova Iorque onde interpretou o seu mais recente e maravilhoso disco "async" e só é pena que do programa não faça também parte o filme biográfico "Coda" estreado este ano em Portugal no Indie Lisboa de Abril passado... Assentava como uma luva!




segunda-feira, 29 de outubro de 2018

MEG BAIRD & MARY LATTIMORE + KURT VILE & THE VIOLATORS, Hard Club, Porto, 26 de Outubro de 2018

O toque de que haveria uma primeira parte de alto nível que aqui deixamos já em Setembro passado parece ter sido mesmo o único alerta quanto à passagem de Meg Baird e Mary Lattimore pelo Porto. Nas redes sociais do promotor e do local do concerto ou no cartaz oficial impresso e afixado pela cidade, as referências ao espectáculo de abertura foram literalmente esquecidas o que, acrescido a uma disparidade quanto ao horário do evento - notamos, pelo menos, três, 21h00, 21h30 ou 22h00 - conduziram a uma sala meio vazia, barulhenta e desinteressada quanto à presença do duo para meia hora de aquecimento. Mesmo assim, os poucos que tiveram vontade em assistir só podem é agradecer o convite e a benção mesmo que a fragilidade do momento requisitasse uma outra intimidade e, principalmente, uma maior disponibilidade para descobrir uma parceria registada no disco "Ghost Forests" e com direito, a terminar a aparição, a uma enorme versão de "Wrecking Ball" de Neil Young. Respeito!



Conservamos intacto há quase dez anos um orgulho inchado na estreia de Kurt Vile por palcos portuenses. Essa noite de vigorosa energia iluminava, sem rodeios, um caminho certeiro de sucesso que rapidamente se viria a tecer disco após disco, de palco em palco, de parceria em parceria, num trajecto consistente e justamente reconhecido. Ver a casa cheia com variadas gerações de apreciadores que durante esta última década Vile foi arrebanhando sem dificuldades, anunciava um festejo a preceito que a plateia soube merecer e que se vincou quer na bondade e simpatia vindas do palco quer num alinhamento que incidiu nos dois grandes álbuns mais recentes (ok, falta sempre "aquela" como foi o caso de "Rollin with the Flow"). As ovações foram ainda mais merecidas quando sozinho, de guitarra em punho, Vile nos aplicou alguns murrinhos sonoros como "Runner Ups" ou o indelével "Peeping Tomboy" a finar o serão mesmo que alguns desajeitados iluminados e, certamente, entornados, quase estragassem o gozo com umas palminhas inconvenientes abortadas, a tempo, pelo próprio Vile... Ora aqui está uma variação a solo que esperamos um dia experimentar pausadamente já que, quanto à parceria com os The Violators, ficamos saciados e em doses generosas. Tendo em conta a variedade de recursos, aptidões e virtudes de tamanho conjunto, a sua fruição só pode fazer bem à saúde!     

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

DAMIEN JURADO, Theatro Circo, Braga, 24 de Outubro de 2018

Fotografia Nuno Mendes/Luzimentos
Fotografia Nuno Mendes/Luzimentos

Fotografia Nuno Mendes/Luzimentos





























Ao longo da carreira de quase vinte cinco anos Damien Jurado gravou dezassete álbuns em duas únicas editoras, um raro registo de estabilidade e consistência que alia a qualidade intemporal das canções a uma composição muito própria e inimitável. Injustamente, tamanha cifra valeu-lhe até hoje uma única vinda ao Norte do país (Santa Maria da Feira, 2005), pelo que a sala de Braga sugeria, finalmente, uma justa homenagem de cenário eloquente e nobre logo agora que havia (mais) um disco de originais de elevadíssimo nível para apresentar.

Ao lado do guitarrista Josh Gordon (Trespassers William), foi com "Allocate", uma das pérolas que abre precisamente "The Horizon Just Laughed", que se soltou a torrente de maravilhas desse trabalho de 2018 onde a voz sedutora embrulha histórias tristonhas mas estimulantes baptizadas como de "The Last Great Washington State", "Percy Faith", "1973" ou "Dear Thomas Wolf". Com elas, começaram a abrir-se lentamente as portas para um deslumbramento por nós muito aguardado chamado "Marvin Kaplan", uma espera que só o afinar repetido da guitarra entre canções parecia atrapalhar. Aqui chegados, Jurado decidiu, então, tentar justificar a fonte inspiradora para tamanho monumento sonoro...

Ao alongar-se em intrincadas explicações (a expressão "tv show" foi repetida, sem exageros, cerca de vinte vezes) e tendo em conta outras noites de feições mais sorridentes, percebeu-se desde logo algum desconforto e ansiedade que não lhe conhecíamos e a longa e surreal história, que chegou a motivar até leves risadas na plateia, só terminou quando, at last, Jurado começou a desfiar o tal tema que começa com um "one day life will be an airport", a chave para se tentar perceber melhor o jogo entre a realidade e o sonho motivador de tantos esclarecimentos. Seja como for, a canção não deixou de pairar no teatro de forma sublime.

Mesmo brincando aos inexistentes rodies afinadores de guitarras, um luxo só ao alcance de artistas ricos onde o próprio Jurado confirmou não se incluir, o serão haveria de continuar a demonstrar uma certa angústia traduzida mais à frente no preito inevitável ao amigo e quase irmão Richard Swift desaparecido em Julho passado, com a enorme recriação de dois dos seus muitos hinos - "The Novelist" e "Beautiful Heart" soaram, assim, a um fraterno louvor de profundidade emocional ainda não ultrapassada mas perfeitamente sincero e merecedor de forte aplauso.   

O longo alinhamento, a que faltou juntar o magistral "Beacon Hill", estendeu-se a outras memórias como os assombrosos "Shape of Storm" ou "A.M. AM" mas a descarga final foi feita a solo com guitarra emprestada pelo parceiro, momento de tensão máxima que plasmou no palco um Jurado de dedo apontado repetindo bem alto algo como "I won't be back here anymore"... Quanto a este dúbio excerto de uma canção que não conseguimos identificar, esperamos somente que ele não se cumpra e que não seja preciso esperar mais treze anos até ao próximo encantamento!                 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

ANNA CALVI, Hard Club, Porto, 19 de Outubro de 2018

Passaram mais de sete anos sobre a estreia de Anna Calvi na Invicta! O regresso, entremeado com a passagem pela Casa da Música em 2013, teve diversas coincidências a começar pelo mesmo palco do Hard Club, os trajes negro-rubros ou o domínio avassalador da Telecaster. Foram, contudo, as diferenças que fizeram furor numa sala composta mas não cheia, principalmente a seriedade e teatralidade da perfomance, longe dos sorrisos de timidez do passado, em que as canções do novo "Hunter" foram o rastilho contínuo de uma raiva incontida lançada literalmente ao solo e onde Calvi se deitou e rebolou num prolongar de riffs eléctricos a prever uma catarse final que o vegaiano e enorme "Wish" foi o melhor dos sinais eléctricos. Ela chegaria já no encore com uma versão arrebatadora de "Ghost Rider" dos Suicide para que se note que os tempos hoje podem ser mais negros e turbulentos mas continuam desafiantes e a merecer que uma artista deste calibre os encare com uma vibrante segurança e madureza. Como se distinguiu, haja sempre coragem! 

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

TINY RUINS, TERCEIRO SEGREDO!





















Desde que em 2014 a menina Hollie Fullbrook aka Tiny Ruins moldou uma pérola intemporal em forma de canção a que deu o nome de "Me at the Museum, You at the Winter Gardens" e que colocou logo a abrir o seu segundo álbum "Brightly Painted One", era impossível por estes lados não ficar ofuscados e resignados. Esse tema de fricção frágil é a cada audição um embalo leve que parece sustentar os segundos e os minutos e que faz sentar até uma formiga atarantada. Seguiram-se frescos Ep's, uma colaboração brilhante com o sempre atento David Lynch e o rasto, que seria um sacrilégio perder, leva-nos hoje ao anúncio de um terceiro álbum em Fevereiro de título "Olympic Girls" a sair na Austrália na casa de Courtney Barnett, a Milk Records, mas com distribuição europeia a cargo da Marathon Artists. As duas antecipações disponíveis denotam uma composição de buril mais afiado e consistente mas o mistério sonhador que rodeia esta neozelandesa iluminada continua a fazer o seu efeito celestial que se espera duradoiro e, schhhh, secreto.           




UAUU #455

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

MATTHEW E. WHITE SEM PAPAS NA LÍNGUA!















A incontornável e inenarrável presidência americana liderada por Donald Trump não permite contemplações. Vivem-se tempos de ruptura que aparenta, mesmo assim, estar ainda muito longe mas para Matthew E. White chegou a hora de agir frontalmente e sem papas na língua - o novo tema é uma directa afronta chamada "No Future In Our Frontaman" de lírica contestatária e acusatória que teve inspiração num clássico tema de rap da autoria de MC Breed datado de 1991. Prometido está um single de 7" a sair pela Domino, mas nas próximas semanas outras versões da mesma faixa ao jeito de hino também se juntam à corrente. Os renovados apelos estarão a cargo de artistas da sua entourage e amizade como Bedouine, Natalie Prass ou Anna B. Savage e o produto total da sua venda, incluíndo t-shirts alusivas à luta, será entregue a organizações que apelam à participação eleitoral. A cantiga, afinal, ainda é uma arma que resiste!


PVC - PORTO VINIL CIRCUITO #23





















Mais um loja de discos e não só... Sobre a "Âmbito" e que aparentava usar um monograma de MON ou então MOV, não temos nenhuma recordação mesmo do espaço indicado no envelope situado na Rua do Campinho, aos Poveiros, zona por onde circulávamos com mais frequência. A loja principal na Rua do Bolhão tinha para vender móveis internacionais (!), candeeiros, equipamento doméstico e decoração a que se juntava a indispensável mistura de rádio e TV e também, como era habitual na época, os discos e o "hi-fi", a alta fidelidade, a aparelhagem, tão ao gosto de qualquer sala que se prezasse! A localização em três pisos virados para a rua leva-nos a supor que o negócio apostava na qualidade dos produtos e até algum requinte instalado num edifício inaugurado em 1973 pela mão do empresário e banqueiro Afonso Pinto de Magalhães, saudoso presidente do F. C. Porto entre 1967 e 1972. O hotel e a galeria comercial adjacente têm a assinatura dos arquitectos Pádua Ramos e Carlos Loureiro mas a solução sempre pareceu arriscada, motivando à época reacções de estranheza e repulsa. Ainda hoje, apesar do êxito da unidade hoteleira situada no actual ninho de turismo da baixa, o quase abandono e encerramento da maioria das lojas e o ambiente tristonho e sombrio do local confirmam o definhar dos negócios extra restauração e vestuário e onde o mobiliário, mesmo de qualidade, já não têm lugar. Tal como os discos...   

Âmbito, Rua do Bolhão, Edifício Hotel D. Henrique, Porto

Âmbito, Rua do Bolhão, 193A, Ed. Hotel D. Henrique, Porto 

Âmbito, Rua do Bolhão, 221A, Ed. Hotel D. Henrique, Porto

Âmbito, Rua do Campinho, 36, Porto

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

PETER BRODERICK, UMA FOFURA!





















A multi-premiada curta metragem "Two Balloons" estreada em 2017 terá finalmente a banda sonora composta por Peter Broderick editada oficialmente pela Erased Tapes já no início de Novembro. Os nove minutos da animação, inspirados na essência numa antiga composição do próprio Broderick escutada pelo realizador Mark C. Smith quando passeava em pleno mar, são inseparáveis de cinco curtos andamentos onde o piano aumenta todo o magnetismo. Na sedutora edição em 10" de vinil o lado B apresenta uma primeira incursão de Broderick pelo techno com uma remistura contínua de alguns dos pedacinhos originais e que recebeu o título de "Techno For Lemurs", uma homenagem aos fofinhos lémures Bernard e Elba, os personagens principais da história!                 



terça-feira, 16 de outubro de 2018

ARCTIC MONKEYS, É SÓ CLASSE!

Gostamos particularmente do ippon que os Arctic Monkeys aplicaram à sua carreira com a corajosa edição do disco deste ano "Tranquality Base Hotel & Casino", uma jogada arriscada e pronta dividir opiniões e sentenças. Ao vivo não tivemos ainda oportunidade de confirmar a validade da aposta e, tendo em conta as frias reacções à sua passagem por Lisboa em Julho, temíamos o pior. Mas eis que surge agora a hipótese de ver um registo sóbrio da totalidade de um concerto da semana passada em Austin no Texas e, caramba, Alex Turner e companhia limitada, mesmo perante uma plateia moderada e sem executar truques ou lançar foguetes, continuam a "rockar" com uma classe e uma perícia de nível superior!     

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

WILCO, HAVIA NECESSIDADE?





















Já não é de agora que começa a valer de tudo para as bandas não passarem despercebidas mas, sinceramente, desta vez os Wilco passaram-se! Há uns tempos atrás foi um gira-discos em número limitado com o preço a rondar os 500€ e agora é uma caixa de madeira com os dez discos até agora editados em formato de vinil devidamente assinados por Jeff Tweedy a que se acrescenta uma bandeira e uns lencinhos e que custa a módica quantia de 1400€! Tudo impecável, hand-made e tal e, não contentes, os Wilco ainda acordaram que se fizesse um machado com o seu nome de desenho inspirado na capa do disco "A Ghost Is Born" lançado em 2005 e que sai a 450€ cada um! Um machado? Para quê? Tá bem, abelha...

UAUU #454

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

EXIT NORTH, FINALMENTE!





















O burburinho sobre os Exit North tem já mais de dois anos mas só muito recentemente surgiram confirmações: com sede em Londres o quarteto tem, entre uma infindável partilha de instrumentos, Ulf Jansson no piano, Steve Jansen na percussão, Charles Storm na guitarra e Thomas Feiner na voz e o resultado há tanto tempo ensaiado e preparado chama-se "Book of Romance and Dust". Disponível, para já, em disco compacto mas com anunciada versão em vinil lá para o Natal, o álbum recebeu ainda o design e tratamento artístico dos próprios Feiner e Jansson e onde brilham ainda as imagens de Thomas Ulberg, talentoso fotógrafo sueco. Confirmada está também a envolvente sonoridade das canções, ora clara ora escura, tão ao jeito das diferentes influências e ideias de um colectivo consciente das suas capacidades de nos fazer emocionar sem jeito. Estamos em pulgas...     

UMA DÚZIA!













Já lá vão doze anos desde que esta campainha começou a funcionar, um duodécimo temporal bastante gratificante! Siga...

terça-feira, 9 de outubro de 2018

FAROL #128











Aproveitando o "voo", sugerimos mais um momento flutuante a cargo de Anna St. Louis disponibilizado pela já clássica Lagniappe Sessions: três versões de canções de Spaceman 3, Johnny Cash e Townes Van Zandt. O bilhete é gratuito!

NAS ASAS DE ANNA ST. LOUIS!





















No final do ano passado demos por aqui conta da menina Anna St. Louis e de um primeiro e saboroso conjunto de canções registadas somente em K7 para a editora Mare Records de Kevin Morby. Adivinhava-se, então, que a estreia em disco estaria para breve o que agora se confirma com a publicação de "If Only There Was A River" a sair na mesma casa na próxima sexta-feira e com produção assegurada pelo próprio Morby e Kyle Thomas aka King Tuff. Não é difícil ficar afeiçoado a estas canções onde a aparente nostalgia se confunde com mistério e encanto e, sendo assim, ficamos inquietos à espera de uma visita planante...




LUBOMYR MELNYK, DISCO DE ANIVERSÁRIO!

No próximo dia 7 de Dezembro o pianista e génio Lubomyr Melnyk fará setenta anos e nada como um disco novo para comemorar. Essa é a data para que o álbum "Fallen Trees" passe a estar disponível via Erased Tapes alemã, certamente mais um registo de amor e devoção pelo piano que se pode adivinhar pelo grande primeiro avanço "Son Of Parasol" e uma inspiração contínua na natureza fermentada nas inúmeras viagens de comboio que tem realizado pela Europa nos últimos anos. Nas inéditas cinco peças do álbum colaboram a vocalista japonesa Hatis Noit, a celista Anne Müller e o cantor norte-americano David Allred numa produção de Robert Raths, fundador da prestigiada editora germânica. Depois da concepção de uma série de seis momentos para o bailado "The Dreamers Ever Leave You - The Lauren Harris Ballet Music" saído em Abril passado e de, logo em Maio, ter cancelado a sua vinda até Braga para o festival "Respira", espera-se que neste regresso Melnyk nos brinde com uma visita ao vivo para que, mais uma vez, a sua inabalável força da natureza nos faça tremer de alegria.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

M. WARD, PRIMEIRO ESTRANHA-SE...





















"Tommy is a tiger shark / Lives in the Bengal Sea /
And by day, he's a music manager / And once he even managed me."

Leram bem e estranharam? Foi o que nos aconteceu mas de forma musicada quando ouvimos pela primeira vez o tema "Shark" de M. Ward incluído no álbum surpresa aparecido em Junho em casa própria com o significativo título de "What a Wonderful Industry". Com direito a imagem de capa alusiva, a canção, fabulosa, faz parte de uma série de doze curtos temas que no conjunto não duram mais de trinta e cinco minutos onde Ward destila sarcasmo e humor sobre a indústria da música, os seus cromos ou matreiras raposas mas sem nunca citar nomes a não ser este suposto Tommy... Finalmente a faixa teve recentemente direito a video que nos permite ilustrar a imaginada metáfora e, tal como o disco, as imagens surgiram de fininho e oficialmente não no seu canal mas sim em nome de um tal Carlos Foster, realizador que tinha já feito o video para "Slow Driving Man", outra grande canção do álbum anterior "More Rain" de 2016. Não há, aparentemente, referências à linda parceira Zooyey Deschannel com quem assume o projecto She & Him, duo especializado em versões natalícias e, por isso mesmo, certamente prestes a fazer sair mais uma dose de docinhos sonoros. Já há festa marcada!

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

UAUU #452

FAROL #127











O britânico James Yuill decidiu oferecer seis temas a todos os subscritores da sua mailing list, grupo de que nos orgulhamos de pertencer. São sobras do disco "A Change In State" editado o ano passado e valem bem a pena uma audição apurada. É por aqui... mesmo para quen não entra na lista!

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

ADRIANNE LENKER, TREMURA ANTECIPADA!

Os norte-americanos Big Thief, uma das perdições desta casa, passaram por Paredes de Coura em Agosto e, apesar da pressão, conseguiram superar o teste com distinção. Pena não termos comparecido mas espera-se um regresso em nome próprio ou então que a menina Adrianne Lenker acabe por incluir na sua rota a solo marcada para o início de 2019 um qualquer milagroso concerto por perto. É que há um segundo disco de originais registado em nome próprio chamado "Abysskiss" a editar sexta-feira pela Saddle Creek que mereceria, pelas duas amostras abaixo, uma noite luminosa de intimidade controlada onde estas canções causassem tremura certa tal como foram captadas em estúdio com a ajuda de Luke Temple (Here We Go Magic). Apontem, sem muitas dúvidas, que por aqui passa um dos grandes álbuns do ano!




LAURE BRIARD, TRATADO FRANCO-PORTUGUÊS!





















A jovem francesa Laure Briard aterrou em 2017 por terras brasileiras cheia de entusiasmo na digressão de sete datas ao lado dos Boogarins e uma única canção composta em português chamada "Janela". A amizade com a banda de Goiana tinha começado em Austin nos E.U.A. e o sucesso da parceria haveria de a fazer voltar durante o corrente ano como mais um punhado de temas na manga
e um destino certo - o estúdio Mestre Feline em São Paulo onde o guitarrista Benke Ferraz dos Boogarins concretizou a produção do EP "Coração Louco" editado em Junho pela parisiense Midnight Special Records. Entre os cinco temas está "Jorge" uma homenagem sentida a Jorge Ben, como pode ser até confirmado pela t-shirt que a artista envergou durante o verão (foto) e no video registado em Lisboa no que parece ser a Maternidade Alfredo da Costa. As imagens tiveram direcção e edição da amiga Michelle Blades, multifacetada artista com quem andou em digressão em Maio passado e que passou pelo portuense Plano B.











Entretanto, há já mais novidades com a estreia do novo tema "Marin Solitaire", o primeiro avanço do álbum a sair no princípio de 2019: "Un Peau d'Amour Plus s'il Vous Plait" é o seu título/súplica e que, pela amostra, tresanda maravilhosamente a Stereolab...


terça-feira, 2 de outubro de 2018

JOAN SHELLEY, Festival Gaia Todo Um Mundo, Convento Corpus Christi, 28 de Setembro de 2018

O álbum homónimo de Joan Shelley, uma das melhores peças folk de 2017, confirmou em definitivo que a menina de Louisville ganhou uma maturidade artística que deveria ser digna de maior reconhecimento e louvor. Foi esse trabalho que serviu de enredo para o concerto na capela octogonal do convento gaiense, cenário envolto de um mistério e respeito que ajudaram na audição perfeita de mais de uma dúzia de preciosas canções de roteiro acústico onde o banjo, o violino e o entrosamento vocal do trio finalmente reunido formou de imediato um perfume de deleite e prazer. Então quando se deu o avanço para a frente do palco para dois momentos sem amplificação, o serão ganhou contornos de indelével memória de que a silenciosa plateia foi testemunha acariciada e bafejada, num concerto calmo, sereno e, também por isso mesmo, especial. Fica a certeza de que o regresso e estadia da menina Shelley e amigas pelas nossas bandas deveria ser um ritual obrigatório que teve neste concerto uma benção divina. Excelente!           

MAIDEN RADIO, Festival Gaia Todo Um Mundo, Convento Corpus Christi, 27 de Setembro de 2018

A estreia das Maiden Radio em Portugal tinha na noite cálida e serena de fim de verão um timing perfeito. Mesmo com a ausência forçada da violinista Cheyenne Mize por motivos burocráticos relativos ao seu passaporte e mesmo confessando algum desconforto com a inusitada situação, o duo Shelley e Purcell não deixou, desde logo, de espalhar encantos nocturnos de primeira água quer na escolha de um punhado de tradicionais americanos ou irlandeses de longínquo travo quer na simpatia e bondade emprestadas em todo o recital que inclui também algumas pérolas de autoria própria essencialmente contidas no disco "Wolvering" saído em 2015. Há por aqui muita da beleza que a música faz correr a partir das paisagens naturais, das montanhas ou do sol, mas também de quem nela trabalha e vive o que encerra quase sempre uma raiz salutar de felicidade que o som do banjo ou a harmonia das vozes deste calibre fazem vibrar sem contemplações. Atendendo ao trabalho de recolha, registo e divulgação de todos estes pedacinhos de mundo e de património, diríamos que as Maiden Radio são, simultaneamente, um caso raro de serviço público e talento artístico que interessa apoiar e fruir, sem contemplações, em todos as oportunidades. Em Gaia, a próxima e imperdível aparição estava marcada logo para o dia seguinte... 

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

YELLOW DAYS, VERÃO PROLONGADO!

Se no passado Primavera Sound da Invicta o jovem George Broek aka Yellow Days foi dos poucos privilegiados a tocar no palco mais bonito sob um sol radioso como era merecido, fazendo do momento um revigorante isotónico sonoro, chega agora uma inédita canção anunciadora de um possível novo álbum e que, como convêm, aterra por cá em plena semana de calidez de fim de verão outonal mas ainda a tempo de fazer mossa e servir de evocação do Dia Mundial da Música!   

CHARLES AZNAVOUR (1924-2018)













A seiva de música francesa que nos corre nas veias desde a nossa juventude teve um culpado involuntário - Charles Aznavour que hoje nos deixou. As explicações, se as houve, já as demos em devido tempo, uma merecida homenagem do tamanho de uma simples mas notável cançãoJe vous parle d'un temps... Paix!