Poder-se-á questionar se a passagem de Anna Calvi pelo Hard Club há já mais de dois anos foi melhor que o concerto de ontem. Poder-se-á também ter dúvidas sobre quais dos dois álbuns até agora editados tem melhores canções. Poder-se-á até cogitar em quais dos serões a menina estaria mais bem disposta, embora aqui se tenha notado uma ligeira diferença na forma como a sala enorme da Casa da Música condicionou o à-vontade com que encarou o público portuense. Não pode é haver dúvidas de que Calvi é uma artista e pêras, com uma presença em palco arrasadora, intrigante mesmo, a que acode uma banda-trio de excelência e que juntos transportam para o palco um enlevo de qualidade sonora fascinante que nos mantêm, sem rodeios, perfeitamente agarrados a qualquer dos formatos experimentados - pode ser um "Sing To Me" a pairar na beirinha da perfeição, uma cover solo de "Fire" de fazer arrepios frios ao próprio Springsteen ou um "Love Won't Be Leaving" que encerra o primeiro disco e que ontem, esticado quase para dez delirantes minutos, arrasou com todas as expectativas. E para que as incertezas, se as houvesse, acabassem de vez houve ainda tempo para "Desire", "Blackout" e o indispensável "Jezebel" de Piaf a encerrar uma grande noite de música. Ponto... final!
Uma referência merecida para a primeira parte a cargo do misterioso projecto I Have a Tribe, um irlandês ao piano e guitarra com excelentes canções mas sem discos, aparentemente, editados e que urge trazer para a luz do dia.
Sem comentários:
Enviar um comentário