sexta-feira, 29 de julho de 2022

(RE)VISTO #98





















ITALO DISCO - The Sparkling Sound of the 1980's
 
de Alessandro Melazzini. Alemanha; RAIcom, Arte; BR Bayerischer Rundfunk, 2021. Canal Arte, 27 de Julho de 2022
O simples facto de um documentário sobre o fenómeno Italo Disco ter surgido o ano passado talvez não seja uma coincidência. Passados trinta anos, alguns dos anticorpos como que se diluíram na consciência de uma geração - a nossa - que sempre lhe virou costas e, principalmente, os ouvidos para passarmos a "achar piada" a, cruzes, esse "tipo" de música. Lixo ou inovação, como é bem lembrado no documento, o fenómeno criou a partir de Itália êxitos a cargo dos Rigueira, Ryan Paris, Gazebo ou La Bionda que rapidamente chegaram mais a norte, principalmente, à Alemanha e países nórdicos e, depois, ao resto do velho continente. 

Um desses inovadores sempre teve o nosso respeito, se bem que o emigrante Giorgio Moroder nos pareça um talento bem mais elevado e prodigioso, mas seria quase pecado não inclui-lo neste retrato de uma época de inocência aparente mas, rapidamente, multiplicadora de negócios. Transparece, à maneira latina, um desenrascanço amador na exploração exagerada de sintetizadores e efeitos, talvez aquilo que agora acaba por ter a "tal" piada que, na altura, fazia crescer imediata urticária e que se aproveita para associar a adeptos contemporâneos como os Daft Punk ou os Chemical Brothers. 

Surpreendem alguns nomes e artistas perfeitamente desconhecidos - The Flirts p.ex. - de biografia e carreira ocasional mas destapam-se caras e feições dos verdadeiros inventores, aqueles que nos estúdios ou com um sintetizador à frente imaginaram a receita invasora das pistas de dança, nem que para isso fosse necessário o playback falseado do cantor versus quem aparecia na televisão a cores ou na capa de uma revista. 

Agora a tudo isto podemos chamar kitch, mas aquilo que sugeria ser de uma superficialidade desprezível, ganha nesta abordagem histórica uma dimensão revolucionária na maneira de fazer música e, acima de tudo, de a desfrutar pela dança que a icónica Sabrina, a verdadeira rainha do fenómeno, acelerou na libertação de dogmas, estigmas ou convenções. Mesmo mantendo ainda uma leve desconfiança, sempre que agora soar um "vamos a la playa oh, oh, oh, oh, oh" numa qualquer esplanada ou convívio nocturno vamos ter que gritar "pôe mais alto"... e não desliga! 

No Canal Arte online até dia 11 de Setembro.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

DUETOS IMPROVÁVEIS #262

DJAVAN & MILTON NASCIMENTO 
Beleza Destruída (Djavan) 
Luanda Records, Rio de Janeiro, Brasil
Julho de 2022 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

LITTLE WINGS, VENTO DE FEIÇÃO!





















A massiva dose de canções e gravações que Kyle Field aka Little Wings disponibilizou em Maio de 2020 não teve, até agora, nenhum acrescento significativo. Porém, um dos cinco álbuns que nessa altura submergiram mereceu uma atenção especial, refeito que foi para uma edição em vinil aprimorada com fotografias, letras manuscritas e um bonito poster e onde sobressai a relação permanente que Kyle mantêm com a natureza e, particularmente, com o mar, o sol e o vento zéfiro. 

Temos assim um "Zephyr" oficialmente editado pela Sun Cru Music quatro anos depois de registado misteriosamente com simples voz e guitarra e de ter circulado na Austrália em formato cassete. O tema título foi também motivo de documento videográfico com imagens captadas, claro, pelo artista em pleno litoral californiano, sessão que deu origem à foto da capa e a uns tantos teasers divertidos... 



BENJAMIN CLEMENTINE, REGRESSO ENCANTADO!





















Num surpreendente anúncio de final de Junho, o desaparecido Benjamin Clementine prometia libertar canções inéditas guardadas nos últimos tempos e que precisavam, no seu entender, de ser partilhadas. 

Há, agora, pelo menos duas a incluir no single "Copening Weakend" e que não farão parte do tão aguardado terceiro álbum já gravado e a editar para o ano. Nessa altura, está também projectada uma intensa digressão que, certamente, chegará perto mas este mês Clementine anda já por Itália a fazer o que melhor sabe... (en)cantar! 

terça-feira, 26 de julho de 2022

ASHLEY HENRY, Matosinhos em Jazz, 24 de Julho de 2022

O cartão de visita que o inglês Ashley Henry trouxe até Matosinhos, apesar de editado em 2019, tem prazo de validade alargado. A estreia com o álbum "Beautiful Vinyl Hunter" mereceu reconhecimento generalizado muito à custa de uma amálgama de influências jazz onde colaboram outros jovens prodígios ou consagrados músicos como o baterista Makaya McCraven. Ao vivo, sem essa diversidade, o trio que subiu ao coreto matosinhense foi mais que suficiente para fazer esquecer qualquer instrumento de sopro que se ouve nesse disco e somar-lhe outros atributos. 

Sobrepôs-se, por isso, o Rhodes de Henri em constante desafio com a bateria e o contrabaixo, também eles de elevada precisão e complemento a uma onda abençoada pelo sol e a brisa e que o público aprovou com palmas e clamores. Mas havia ainda uma surpresa - a voz que Henri acrescentou certeira, primeiro, a uma versão de "Mississippi Goddam" de Nina Simone e logo seguida ao seu original "Colours", uma combinação perfeitamente diluído no sabor e perfume. Mais um fim-de-tarde de entrosamento assinalável e boa disposição para todas as idades...

DRY CLEANING, NOVO ÁLBUM DE BORDADOS!





















Logo após a já saudosa passagem pelo Primavera Sound Porto, os ingleses Dry Cleaning puseram cá fora "Don't Press Me", um primeiro single de um novo álbum que agora se sabe tem o título de "Stumpwork" e estará nas lojas, via 4AD, em Outubro. Para o efeito, repete-se a produção e colaboração de John Parish, a mesma equipa liderada pelo engenheiro de som Joe Jones e o mesmo estúdio em terras galesas onde todos se reuniram, sem pressas e com espírito aberto, no final de 2021. 

A matriz surrealista dos bordados das letras, onde abordagens políticas, ecológicas ou sociais se mantêm corrosivas, estendem-se desta vez a outras temáticas mais pessoais como a perca de familiares próximos, a depressão ou a ausência da autoestima. Ao primeiro avanço, junta-se agora "Anna Calls From The Arctic", excelente pedacinho de inexplicável sensualidade a que Florence Shaw nos habituou e que recebeu loop-video a cargo dos próprios. Nele brilha Nick Buxtom, o baterista patinador!

segunda-feira, 25 de julho de 2022

LHAKA KHAN, Casa da Música, Porto, 22 de Julho de 2022

Classificado como uma lenda viva, Lhaka Khan é um mestre do sindi sarangi, instrumento de vinte e sete cordas de intrincadas variações friccionadas, a que junta a voz em vários idiomas do Rajastão, Índia. Essa espécia de cancioneiro ou folclore espiritual têm na sua família uma longínqua e secular tradição protectora que as digressões ao vivo multiplicam na divulgação e fruição. Pena o local ao ar livre da Casa da Música se ter mostrado o recinto errado para tamanha delicadeza... 

De acesso livre, o que se saúda, e em noite agradável, a larga adesão trouxe evidentes incómodos a quem aí se deslocou com a única intenção de desfrutar de tão rara música - circulação anárquica, conversas em voz alta, reduzida plateia sentada, criançada em correria e brincadeira ou barulho agudo do trânsito circundante, não impediram, mesmo assim, bons momentos e aplausos sinceros. 

O contágio por esta sufi music demorou, contudo, um pouco a submergir mesmo que algumas explicações em inglês, apresentadas entre temas e a cargo do tradutor e cicerone de serviço, tenham estimulado a curiosidade da plateia mais atenta e concentrada. Ao lado do filho Dane, tocador de dholak (tambor de duas cabeças), Lhaka Khan acabou por confirmar todo o seu virtuosismo e entrega, preciosidades que nem uma esplanada barulhenta numa noite de verão e a baixa amplificação conseguiram encobrir ou justapor. Shukryiaa!

AROOJ AFTAB, MAGIA NA CASA!




















Depois de perdida a passagem de Arooj Aftab por Braga em Junho último, eis que um feliz milagre a vai trazer de novo ao norte do país, concretamente, à Casa da Música portuense no próximo dia 2 de Novembro, quarta-feira. Desta vez não há desculpas. Bilhetes para a nova sessão de magia aqui!

WILCO, SIGA!





















Pela primeira vez, os Wilco são motivo de capa da Uncut, uma das principais revistas de música inglesas, embora a mesma publicação tenha já posto nas bancas um especial sobre a banda em 2020. Acontece no corrente número, relativo ao mês de Setembro, e o destaque pretende comemorar os vinte anos "Yankee Hotel Foxtrot", álbum problemático que quase separou o grupo mas que acabou lendário ao ponto de ter sido programada uma caixa especial e uma digressão evocativa

As histórias antigas e as perspectativas futuras - "Let's move foward" - são reunidas em entrevista a Jeff Tweedy e Nick Hasted, o teclista mais jovem, a que se junta "Crosseyed Strangers - An Alternatice Yankee Hotel Foxtrot", CD exclusivo da responsabilidade dos próprios Wilco com uma série de versões alternativas, demos, apresentações a solo de Tweedy e gravações ao vivo como "Reservations" com que se encerrou o espectáculo recente de Nova Iorque onde foi tocada a totalidade do disco. Siga!

sexta-feira, 22 de julho de 2022

BIG THIEF DE SECRETÁRIA (CASA)!

VETIVER, M.Ou.Co., Porto, 19 de Julho de 2022

Obrigado. Thank you guys... been so quiet and nice. A treat! 
No final de "You May Be Blue", já perto do desfecho do concerto e da digressão europeia a solo, foi desta forma sincera que Andy Cabic, mentor e motor dos Vetiver, agradeceu aos presentes a recepção calorosa e exemplar às suas canções. Novas e velhas, mas de eternidade assegurada, a cidade já criou o hábito de as acolher com distinção e carinho, embora a última passagem pelo Hard Club, para abrir o concerto do amigo Devendra, tenha pecado por notório alheamento de uma maioria

Como o próprio recordou, foram já mais as vezes que tocou no Porto que em muitas cidades americanas - nomeou as presenças no Passos Manuel, na Casa da Música ou no Auditório de Espinho - e essa dádiva antiga manteve acesa uma comunidade de admiradores interessada em que o legado permaneça protegido e devidamente activo na sua imaterialidade. Foram, pois, esses que preencheram boa parte das cadeiras da plateia mas onde se sentaram mais alguns, arrastados pela oportunidade de o ouvir pela primeira vez. 

Ninguém saiu, obviamente, desiludido. A acústica, o jogo de luz, a proximidade ou a simpatia do artista, sintonizaram-se com o primor das canções, da voz e da guitarra, naquilo que se poderá afirmar como o serão perfeito. Um deleite!

quinta-feira, 21 de julho de 2022

JULIA JACKLIN, PRAZER ANTECIPADO!





















A australiana Julia Jacklin cedo se afirmou como mais um caso sério de talentosa compositora de canções que os dois primeiros álbuns consolidaram sem demoras. A esse propósito, "Pressure To Party" é uma das melhores malhas dos últimos anos! Aproximam-se outras tantas que o novo disco "Pre Pleasure", a sair no final de Agosto pela Transgressive Records, certamente contempla e do qual se podem já ouvir três temas. 

Gravado no Canadá, país agora adoptivo, as ajudam vieram de músicos locais com ligações aos The Weather Station ou Owen Pallet e que se estendem a actuações ao vivo como as que estão agendadas para a Europa a partir de Novembro. A tour tem término no dia 1 de Dezembro no LAV lisboeta e com primeira parte a cargo da maravilhosa Erin Rae. Exigimos uma extensão nortenha... já!



CAMILLA GEORGE, Matosinhos em Jazz, 17 de Julho de 2022

De Londres têm viajado para o Porto e arredores nos últimos anos uma série de embaixadores de uma onda jazzistica imparável e ainda florescente - Yussef Dayes, Kamaal Williams, Nubya Garcia, Sons of Kemet ou The Comet Is Coming pisaram já palcos diferenciados na dimensão e enquadramento mas começa a ser um must a subida ao coreto centenário (?) do jardim matosinhense, prolongando a tradição nocturna que o bar B-Flat de boa memória manteve e cultivou, durante largos anos, ali ao lado. Joe Armon-Jones (2019) e Alfa Mist, na véspera, já tiveram esse privilégio bem aplaudido e no Domingo passado chegou a hora de Camilla George mostrar o que valia. Sem contemplações, vale muito!

Jogando numa onda mais melodiosa e gingona, muito à custa do groove do baixo e do bailado do Rhodes, o magnífico saxofone alto de George deixou sempre respirar os seus companheiros de palco, confirmando a notável destreza dos seus executantes experimentados a que se acrescentou um baterista malabarista, tudo sem exageros despropositados desde que o resultado se infiltrasse de forma instantânea e natural. Sem a adesão massiva de Sábado, a recepção a tamanha vibração foi, na mesma, motivo de forte aprovação naquilo que parece um hábito salutar de fruição. O que vale Domingo há mais...

quarta-feira, 20 de julho de 2022

SEBASTIEN TELLIER, ALTA COSTURA!





















As novidades sobre um qualquer disco do francês Sebastien Tellier implicam surpresas e riscos que uma carreira desafogada permite e alimenta. Pode ser um álbum de canções para Dita Von Tease, variadas bandas sonoras para amigos, versões de última hora de Childish Gambino e, mais recentemente, fundos sonoros para passagens de modelos da Chanel com direito a edição em formato EP de nome "SYMPHONIC". 

Isto da moda pega-se e Tellier insiste por estes dias nesse mundo do requinte com um outro EP a que chamou "EXTATIC" já disponível para audição completa e que tem em "Mademoiselle" um single grandiloquente com video a roçar o kitch como é seu apanágio. Nele brilha a princesinha Charlotte Casiraghi, filha de Carolina do Mónaco como também se nota/confunde de imediato. Haute couture!

STEVE GUNN, Curtas de Vila do Conde/Stereo, 16 de Julho de 2022














Os já tradicionais desafios que o festival Curtas lança a artistas na secção Stereo afiguram-se diferentes no seu grau de dificuldade, embora para o público não músico o momento pareça ser um exercício banal. Ver e ouvir Buster Keaton por B-Fachada, Bill Morrison pelos Lambchop ou Murnau por Norberto Lobo e companhia teve, obviamente, abordagens estéticas e sonoras incomparáveis mas, nos casos referidos, com recurso a imagens de narrativa e género de alguma consistência, isto é, com princípio e fim. 

Ao norte-americano Steve Gunn coube, no entanto, algo de inclassificável (narrativa visual meditativa?) da autoria de Stan Brakhage (1933-2003), um experimentador nato de formatos e técnicas que incluíam colagem de fitas, sobre-exposição do filme, repetições insistentes ou até pintura da película. Os seus quatro "Visions in Meditation" (1989-1990), que pairam sobre exteriores de paisagem colorida aumentada nos pormenores, nos significados ou sensibilidades, são, por isso, um terreno irresistível e instável para o alastrar de sonoridades também elas inauditas mas a merecer recorte e testagem prévias.

Notou-se, assim, um cuidado de Gunn em juntar aos acordes de guitarra eléctrica ou acústica uma base firme de loops para tentar manter o espectador fixado ao ecrã enquanto manobrava alguns dos botões e dedilhava, em doses mínimas, as cordas, mas o adiantado da hora e, diga-se, algum vazio sonífero das imagens, pôs-nos a maior parte do tempo de olhos fechados a fruir da cogitação ambiental do fundo sonoro, o que se mostrou, às escuras, uma experiência imersiva bem conseguida e retemperadora. Apeteceu concluir: imagens para quê? 

terça-feira, 19 de julho de 2022

ALFA MIST, Matosinhos em Jazz, 16 de Julho de 2022

Depois de falhada a nossa presença no festival "Respira" do Theatro Circo onde Alfa Mist compareceu há cerca de três anos, ora aqui estava uma oportunidade para colmatar essa ausência imperdoável. O mesmo deve ter pensado uma imensidão de curiosos interessados que acorreu em peso ao parque de Matosinhos, ocupando cadeiras, canteiros, relvados e até o próprio alcatrão fronteiro ao coreto, refugiando-se do calor pela sombra das árvores e na expectativa de uma banda sonora à altura para esta verdadeira dádiva de verão. 

Longe do rapp e hip hop do início de carreira, Mist pratica agora um jazz quase clássico que o quinteto de imediato começou a debitar para gáudio de uma plateia diversificada e intergeracional que soube bater palmas, à moda antiga, aos solos de bateria, de saxofone ou guitarra que pontuaram quase noventa minutos de tarimba técnica elevada. Para o fazer, causou espanto a destreza e qualidade de músicos tão jovens, alguns deles com carreiras a solo paralelas como é o caso assinalável do guitarrista Jamie Leeming, com disco editado pela casa editora de Mist e que teve direito a uma excelente versão de um dos seus novos temas recebida com ovação. Um surpreendente fim de tarde de partilha calorosa e de afetos penetrantes que o jazz, sendo bom e bem feito, alcança sem dificuldades. Jazz alfa!

LUDOVICO EINAUDI DE SECRETÁRIA!

segunda-feira, 18 de julho de 2022

WILL SAMSON, Maus Hábitos, Porto, 15 de Julho de 2022

O prometido novo álbum "Active Imagination", que saiu no final de Maio, foi o motivo para a estreia na cidade do Porto do inglês Will Samson, embora as visitas de proximidade (Espinho ou Galiza) tenham já acontecido no passado. O concerto teve palco escurecido e horário apropriado, mas a resposta de público pecou por escassa, reunindo apenas uma vintena de aderentes em formato roda de amigos a que só faltaram uns sofás ou puffs de amparo. 

Na companhia de um violinista português, uma parceria ao vivo que a residência no nosso país veio facilitar e ainda em fase de recuperação quanto à prática dos concertos depois de dois anos de inactividade, Samson mostrou-se, mesmo assim, em plena forma na conjugação do falsetto da voz com diversos recursos, da viola ao sintetizador, passando por um prato de bateria e um jogo de efeitos de pés. 

Misturando temas novos com algumas maravilhas do disco anterior "Paralanguage", que quase não rodou ao vivo, o serão foi, assim, um género de "dois em um" onde se recordaram as qualidades de "Ochre Alps", "Flowerbed" ou "Calescent" e se deram a conhecer, por exemplo, "Always Meant", "Hostage" ou "A Certain Surprise", recentes provas de uma inquestionável delicadeza sonora que uma inquieta vida de nómada tem inspirado na composição e escrita. Viajar sem sair do lugar é mesmo possível e Samson, guia simpático e ocasional com dez anos de experiência, consegue-o de forma infalível... 

FAZ HOJE (18) ANOS #79





















PJ HARVEY + BOB DYLAN + MACY GRAY, Festival Vilar de Mouros, 18 de Julho de 2004
  
Diário de Notícias, por Marcos Cruz, fotografia de Hernâni Pereira, 20 de Julho de 2004, p. 42 
. Público, por Nuno Passos e Inês Nadais, fotografia de Paulo Pimenta, 20 de Julho de 2004, p. 38 
. Público, por Nuno Passos e Inês Nadais, fotografia de Paulo Pimenta, 20 de Julho de 2004, p. 39



sábado, 16 de julho de 2022

UAUU #651

AGNES OBEL, Theatro Circo, Braga, 12 de Julho de 2022

fotografia: facebook da artista















A raridade da aparição de Agnes Obel pelo norte do país motivou peregrinação de devotos a Braga, cedo se percebendo que o templo replecto se agitava de expectativa compreensível. Trajando de branco e à hora marcada, descontando os habituais dez minutos de tolerância, o quarteto feminino instalou-se junto dos instrumentos e o recital iniciou-se sumptuoso nas projecções de fundo, na acústica infalível, na suavidade das vozes e no requinte de dois violoncelos em união harmoniosa. Tudo acertivo e esplêndido de príncipio ao fim, que a beleza ideal do teatro tratou de engrandecer, num alinhamento alternado de canções antigas e recentes, como prometido, aliás, numa das poucas interacções de Obel com o público. O que dizer, por exemplo, de "Island of Doom", "Myopia" ou "The Curse" maravilhosas na intensidade do rendilhado orquestral a roçar uma inebriante e tocante excelência. Mas... 

A conjunção adversativa poderá parecer um capricho destoado mas, lá está, se há falhas a apontar a tamanha perfeição é, precisamente, a falta que fez alguma rudeza e sujidade que, às tantas, nunca transpareceu nas canções que Obel foi compondo há mais de uma década e a que nunca deixamos de deitar atenção agradável. Demasiada nivelada, demasiado metronómica, a música do ensemble resultou num serão exemplar de irrepreensível capacidade técnica, praticada e tocada todas as noites, sem desvios, nos últimos meses e a que corresponde, certamente, um esforço de ensaio e concentração notáveis. 

Quando, já no encore, Obel interpretou sozinha "It's Happening Again" sentado ao piano grande com o restante trio na ajuda a capella, o concerto ganhou uma abertura, um feixe de luz, um contraste de brilho ainda maior que não precisava de imagens de fundo para se fazer diferenciar e notar. Quer pela melancolia espalhada, quer pela desconformidade saborosa que pairou nesse momento, esse estorvo e desalinho fez-nos suspirar por uma próxima visita deste verdadeiro anjo dinamarquês... mas sem companhia, a não ser a da sua voz e piano!    

sexta-feira, 15 de julho de 2022

INDIGO SPARKE, SURPREENDENTE!





















Para um segundo álbum de canções, a menina Indigo Sparke deu a ouvir a Aaron Dessner (The National) uma boa dose de demos que guardou religiosamente depois de uma temporada de inspiração caseira aquando de um confinamento na natalícia Austrália. Na Primavera de 2021 tratou-se, depois, de registar em Nova Iorque uma selecção depurada de catorze temas que se incluem em "Hysteria", disco a sair pela Sacred Bones em Outubro e que se segue à elogiada estreia com o álbum "Echo". 

Para trás parece ter ficado, assim, o minimalismo folk com que se deu a conhecer, jogando-se agora numa maior complexidade instrumental de ambiciosa expansão que um primeiro single evidencia - "Pressure In My Chest", que tem video intenso de Madeline Clayton, é surpreendente!

quinta-feira, 14 de julho de 2022

ANIMAL COLLECTIVE DE SECRETÁRIA (CASA)!

KIRBY + LEON BRIDGES, Auditorio Mar de Vigo, 10 de Julho de 2022

No curriculum de Kirby cabem referências elogiosas a colaborações com Kendrick Lamar ou à escrita de canções para Ariana Grande e Beyoncé. De cabeleira farta e trajando um provocador fato listado, foi, precisamente, da irmã mais velha Knowles que nos lembramos sempre que Kirby circulava na frente de palco em constante interacção com o público interessado e participativo, um género de descontração animada e inocente de resultado entretido como convinha. Pena o sofrível som de sala e ainda estamos para perceber o que fazia o raio de um baixista numa das laterais do palco...

 

Atendendo ao mais recente álbum "Gold-Diggers Sound", o concerto galego não se previa um corrupio de tradição soul onde uma obrigatória voz-off se faria ouvir já com muitas palmas e gritos: "And now, Mr. Leon Bridges, king of...". Bridges ainda não alcançou nenhum reinado artístico embora em alguns dos tiques e trejeitos em cima do palco tenha transparecido uma leve altivez que o alinhamento foi confirmando mas estreitando. 

Calmo, demasiado calmo, o espectáculo entrou numa onda morna arrefecida pela pobreza no acerto da voz e da amplificação, o que não ajudou a que a classe das suas canções se fizesse notar. Esse género de rhytm and blues apurado pela subtileza das líricas perdeu-se ali, na imensidão do espaço, abafado pelos bombos da bateria ou até pelo acompanhamento vocal da dupla de serviço. Não estranha que "Motorbike" ou até "Bad Bad News", por exemplo, se tenham reduzido a uma estranha e distante amálgama comparadas com os originais, mesmo que os técnicos do som tenham, finalmente, começado a pôr em prática aquilo que, supostamente, aprenderam. 

No alinhamento escolhido, Bridges não dispensou dois temas gravados com os Khruangbin, por sinal, os mais aclamados e aplaudidos, tendo "Texas Sun", já no encore, funcionado como culminar libertador de muita da energia que o público, finalmente de pé, foi acumulando entre canções que, inexplicavelmente ou não, pareciam demorar a arrancar. Sem reclamarmos de fulgores festivos e respeitando a postura e opção pela contenção, a apatia pareceu-nos propositada na intenção falhada de alcançar uma aclamação qualitativa pelo brilhantismo dos músicos que nem sequer apresentou e que nem "River", como dueto final, permitiu disfarçar. Definitivamente, a juba não faz o leão!
        

quarta-feira, 13 de julho de 2022

DUETOS IMPROVÁVEIS #261

CHILLY GONZALES & ARIELLE DOMBASLE
Wonderfoule (Gonzales) 
Gentle Threat SARL., Julho de 2022

FAZ HOJE (16) ANOS #78





















LAURIE ANDERSON, Casa da Música, Porto, 13 de Julho de 2006
 
. O Primeiro de Janeiro, por Filinto Melo, fotografia de Cristina P. Pinto, 15 de Julho de 2006, p. 29 
. Jornal de Notícias, por Andreia C. Faria, 15 de Julho de 2006, p. 54

terça-feira, 12 de julho de 2022

RYDER THE EAGLE + DEAN WAREHAM, M.Ou.Co., Porto, 9 de Julho de 2022

Sem aviso prévio, o rapazote Ryder The Eagle de fato mexicano, a que só faltava o chapéu de cowboy, entrou no palco, pegou no microfone, carregou no play e não mais parou. No cartaz ou no bilhete não constava o seu nome mas, soube-se logo ali, que era dele a primeira parte da digressão de Wareham pela Europa, repetindo a presença naquele palco onde ainda há dois meses assegurou o aquecimento para Adam Green. Jogando na interacção, na surpresa, no nonsense, não demorou para esticar o fio até à plateia, vagueando entre os presentes na cantoria de um género de pastiche country-pop-kitch, ratejando-se aos pés de algumas, fitando outras, enquanto cantava sobre divórcio, erecções, namoradas, viagens sem retorno ou traições. O fato, esse, foi desaparecendo até que aterrou em tronco nu na parte superior da mesa de som do fundo da sala, um género de poiso desafiador com que encerrou o rastilho brincalhão a que ninguém ficou indiferente. Esse mérito ninguém lho pode tirar!

 

O regresso de Dean Wareham ao Porto ao fim de mais de uma década motivou peregrinação de uma geração que mantêm fé e devoção nos Galaxie 500 de boa memória. O motivo, desta vez, incidia na prometida revisitação ao álbum "On Fire" de 1989 o que, efectivamente, se veio a concretizar. Os seus dez temas foram, salvo o erro, escrupulosamente tocadas em notória harmonia com as expectativas dos muitos fãs aderentes mas o concerto teve, no seu início, duas canções do disco a solo do ano passado que provam que a veia da composição flamejante continua irradiante - "The Last Word" e "Robin & Richard" são portentosas na sua perfeição pop e devem merecer, tal como algumas outras de "I Have Nothing To Say To The Mayor Of L.A.”, uma vénia respeitosa. 

A noite de reencontro permitiu, por isso, uma ratificação de uma partilha amistosa a que muitos acrescentaram a voz alta das líricas, a imitação dos solos de guitarra ou o shoegaze tardio mas inevitável. Do palco, sem falhas, emergiu a cumplicidade de um quarteto em forma activa, sem excessos de postura ou altivez, que sempre foram a imagem de marca de uma humilde banda multiplicadora de emoções e recordações. Palmas merecidas para eles e ela!

METTE RASMUSSEN TRIO NORTH, Jazz no Parque, Serralves, Porto, 9 de Julho de 2022

A paragem que o tempo pandémico impôs ao frenesim e aos hábitos de muitos artistas serviu, em muitos dos casos, para aquilo que podemos chamar uma actualização. Para Mette Rasmussen, jovem dinamarquesa a residir na Noruega, os dias de isolamento aceleraram um estudo intensivo da música neoclássica e as suas derivações para o novo jazz a merecer projecto novo a que chamou Trio North e que se segue ao anterior Trio Riot, onde vincados riffs rock se estreitavam pela improvisação do seu saxofone. Agora, ao lado dos lendários contrabaixista Ingebrigt Håker Flaten e baterista Olaf Olsen, não se esqueceram essas raizes free e até noise, mas aprimorou-se uma maior sistematização da composição de reivindicação e inspiração ecológica, donde ressalta menos risco mas se acentua uma notória subtileza. 

No ténis de Serralves, que apesar da canícula, se compôs numa preenchida plateia, foi com essa renovada inovação que o trio se impôs aos poucos, conjugando uma percussão escondida, quase imperceptível, com uma majestosa incisão do contrabaixo em desafio constante com o saxofone alto. Nos temas escolhidos, na sua totalidade da autoria de Rasmussen, à invulgar estrutura da composição somou-se um género de vendaval expressivo bem distante do delicado e harmonioso groove do jazz clássico, linhas curvas replectas de detalhes e texturas inesperadas e rugosas a que foi preciso estar atento e desperto. Um matriz diferente e arriscada mas a que o público satisfeito, sem rodeios ou tiques de intolerância, aderiu de bom grado.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

TIM BERNARDES, VISITA DE OUTONO!

A actual digressão de Tim Bernardes com os Fleet Foxes pelos E.U.A., que vai durar até ao final do mês, parece ter continuação confirmada fora do Brasil lá para o Outono. Para já conhece-se a data de 14 de Outubro, sexta-feira, na Casa da Cultura de Ílhavo, mas certamente outros concertos estarão agendados para mais locais e cidades portuguesas tal como aconteceu em 2019. Já fazia falta...

sábado, 9 de julho de 2022

UAUU #650

HOT CHIP, TOCA A DANÇAR!





















Em pleno verão, ou seja, dia 19 de Agosto, está prevista a edição do novo álbum "Freakout/Release" dos Hot Chip pela Domino, um registo que que foi terminado durante a pandemia no estúdio londrino Relax & Enjoy, um espaço que o guitarrista Alex Doyle decidiu, em boa hora, construir propositadamente para o efeito. 

As temáticas das canções não fogem a esses tempos de incerteza, separação e leve escuridão mas que a união e amizade sobrepôs de forma airosa e animada numa onda a que a banda sempre nos habituou, ou seja, toca a dançar! Os Hot Chip fazem a festa dia 15 de Julho, sexta-feira, no SBSR do Meco, Sesimbra.


sexta-feira, 8 de julho de 2022

DRUGDEALER, UNIDOSE DE REFRESCO!





















Primero foi uma canção nova dos Young Gun Silver Fox. Agora, uma dos Drugdealer! O verão começa a ajeitar-se para refrescos gelados à beira mar a bater o pezinho na areia molhada ao ritmo destas brisas sonoras sopradas dos arejados anos setenta. 

Quanto a "Madison", o primeiro inédito escrito por Michell Collins aka Drugdealer desde o álbum "Raw Honey" de 2019, a intenção é testar uma nova forma de cantar a la Van Morrison ou Nick Lowe depois de alguma insegurança na colocação da voz mas que a ajuda da amiga Annette Peacock permitiu suplantar para um novo estilo. O respectivo video vintage também ajuda à festa...

BELLE AND SEBASTIAN DE SECRETÁRIA!

quinta-feira, 7 de julho de 2022

EMMA RUTH RUNDLE, Casa da Música, Porto, 6 de Julho de 2022

fotografia: facebook da Amplificasom
















O disco "Engine of Hell" que Emma Ruth Rundle editou o ano passado é uma tormentosa e intimista viagem ao passado em tonalidades negras que não escondem as feridas, os fantasmas ou as desilusões em formato canção de sofrimento. Esse porto (in)seguro traduziu-se em oito temas entrecruzados de assumida fragilidade que uma qualquer apresentação ao vivo se adivinhava difícil e custosa mas que Emma decidiu, corajosamente, enfrentar. Para o fazer, o cenário instalado destapava o recurso principal e aguçava a expectativa de uma plateia esgotada e compenetrada. 

No palco, um majestoso piano de cauda centrava uma luminância que, inalterável, dificultou a aproximação da artista ao banco do teclado e ao lado do qual colocou um guitarra acústica. Já sentada, confirmou ao que vinha - entre elogios à cidade, que mais à frente se haveriam de estender ao promotor português ou à beleza da sala mais pequena da CDM, o desígnio seria interpretar de princípio ao fim o referido disco, uma tarefa bem diferente da que apresentou em 2017 na cave do Rivoli de guitarra eléctrica em punho e com alguma rebeldia. Os tempos de incerteza requerem agora o regresso ao instrumento de aprendizagem ao qual se atou, desde logo, com "Return", esse safanão de crueza que nos atirou ao chão quando o passamos a conhecer, para só dele se desligar já no encore com "Pump Organ Song", outra tremura que, apesar de não estar incluída no álbum, é um seu prolongamento sentimental. 

Mas o concerto não se quedou por esta camada de encantamento - sempre sentada e respeitando as opções evidenciadas no disco, Rundle foi alternando metodicamente a tal guitarra acústica, que afinou amiúde, para com ela desferir mais alguns golpes de redenção. A este nível, "Blooms of Oblivion" e um cortante "Razor's Edge" haveriam de fixar-nos um curativo emotivo que o silêncio respeitoso da sala adensou na purificação. Se lhe juntarmos a escolha de "Marked for Death" para iniciar o tal encore, mesmo sem sair do lugar por confessada dificuldade de visão (?), será difícil rogar por um melhor serão de dissonância que isto da música, como notado, é também doloroso mas eternamente fascinante...

JOAN SHELLEY, AMIGOS NO ALPENDRE!
















O alpendre da casa de Joan Shelley no Ohio americano tem servido nos últimos tempos como local privilegiado para receber amigos músicos que responderam ao convite para realizarem versões de temas do seu último álbum "The Spur", convívio que contou algumas vezes com a ajuda do marido Nathan Salsburg.

Foi o caso de Bonnie "Prince" Billy que escolheu "Home, de Katie Peabody sentada ao teclado (FunMachine) para variar "When the Light is Dying" ou Tamara Lindeman aka The Weather Station que, mesmo já tarde na noite e depois de muita conversa, optou por "Fawn", retribuindo a cortesia da amiga Shelley de Abril passado. Por lá pousaram ainda Heather Summers e Nathan Bowles que podem confirmar por aqui.



terça-feira, 5 de julho de 2022

NICK DRAKE, PERFEITO!





















Está no The Guardian de hoje uma entrevista a John Wood, o produtor do álbum "Pink Moon" de Nick Drake que chegou em Fevereiro passado aos cinquenta anos. Entre curiosas memórias mas sem particulares novidades, descobrimos que o magnífico "Pink Moon" tem um video oficial desde o referido mês... Qualquer motivo é bom para se ouvir a perfeição!

ÓLAFUR ARNALDS POR HANIA RANI!





















Para Ólafur Arnalds uma canção nunca está acabada. Quem a tocar ou cantar poderá envolvê-la doutra respiração e forma, um retrabalho que se afigura ilimitado a partir das teclas de um piano ou de um simples computador, transformando a tarefa num desafio acutilante. Pegando na totalidade do seu último álbum "Some Kind of Peace" de 2020 e jogando no inesperado e na experiência, o islandês convidou dez amigos, colaboradores e artistas amigos para reimaginar/reinterpretar as dez peças do disco sem qualquer sugestão ou conselho, uma roda livre onde, mesmo assim, tentou implicar a presença das teclas pressionadas de um piano.

Em "Some Kind Of Peace - Piano Reworks", disco a sair pela Mercury KX em Outubro, joga-se, por isso, na diversidade das surpresas vindas do jazz, da electrónica ou música ambiental, sendo notórias as contribuições de Alfa Mist, JFDR ou Hania Rani. É da jovem polaca o primeiro avanço com "Woven Song" e com direito a video de 16mm registado no seu apartamento de Varsóvia, sozinha, frágil mas em perfeita serenidade. 

O islândes têm regresso marcado ao Porto no dia 14 de Dezembro na Casa da Música, talvez com companhia... 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

FAROL #146















Imperdível a trilogia de covers que Tim Bernardes nos oferece na sua nova The Lagniappe Session - Dirty Projectors, Gilberto Gil e The Beatles, vejam lá!

SUFJAN STEVENS, TRISTE MAS SUBLIME!

O dia de hoje, 4 de Julho, marca a comemoração da independência dos Estados Unidos da América de 1776 mas o país continua a ser uma montanha russa de avanços e retrocessos incompreensíveis quanto à vida ou a morte e os seus dogmas. Em 2015, Sufjan Stevens editou o magnífico álbum "Carrie & Lowell" onde regressou a uma instrumentação menos sofisticada, a lembrar o início de carreira, para expressar, à sua maneira, o lamento pela morte da mãe, ocorrida dois anos antes, e da sua relação com o padrasto Lowell Brams. 

Numa das melhores canções desse registo, "Fouth of July", Stevens canta uma conversa com a mãe já na fase terminal e em pleno hospital, tendo sido a inspiração testada em várias versões do tema que experimentou na altura. Desde sexta-feira, dia do seu aniversário, Stevens disponibilizou duas dessas variações inéditas que receberam o nome do estúdio onde se completaram - a “April Base Version” foi gravada no estúdio de Justin Vernon, em Eau Claire, Wisconsin, enquanto a “Dumbo Version” diz respeito ao antigo estúdio do músico em Brooklyn, Nova Iorque. Prometida está a edição pela Asthmatic Kitty de um sete polegadas de vinil vermelho, lá para Dezembro, com imagem de capa alusiva à família evocativa dos dez anos sobre a referida e dolorosa separação....  



sexta-feira, 1 de julho de 2022

UAUU #649

NA ESFERA DE MIRAMAR!













O projecto Esfera, lançado no início do ano, foi pensado por Henrique Amaro e André Tentúgal como uma forma de aproximar músicos portugueses que nunca tinham colaborado juntos. Para o efeito, preparou-se uma residência artística de três dias nos estúdios Arda Recorders de Campanhã, Porto, com as seguintes parcerias: Miramar e JP Simões; Sensible Soccers e Carlos Maria Trindade; Mão Morta e Pedro Sousa; Joana Gama e Angélica Salvi + Adolfo Luxúria Canibal e Haarvol e ainda Manel Cruz, Miguel Ramos e André Tentugal. Cada uma das parelhas teria de gravar, pelo menos, dois temas inéditos, tendo o resultado sido apresentado logo em Abril em várias plataformas. 

Surge agora um conjunto de videoclips oficiais para a totalidade dos inéditos pela mão do próprio André Tentúgal e, como cada artista ficou responsável pela respectiva edição em vinil (7", 12" ?), as rodelas começam a estar à venda, o que acontece aos dois temas dos Miramar e JP Simões, já disponíveis na Tubitek e Louie Louie, lojas da baixa portuense. Peças de colecção!