sexta-feira, 27 de setembro de 2024

A SONHAR COM ADRIANNE LENKER 2!

De um castelo irlandês para uma casa cozy nos arredores de Copenhaga, a magia é a mesma, a que se acrescentou público sortudo e o piano e voz de Nik Hakim, sessão a cargo da plataforma Brodie Sessions. Caramba, continuamos a sonhar com Adrianne Lenker...

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

WEST 11 + POPULATION:5, Piquenique Dançante Sobre a Relva, Parque de São Roque, Porto, 22 de Setembro de 2024

O piquenique no relvado do Parque de São Roque, adiado em Julho, tinha no Domingo à tarde boas razões para repasto animado. A abrir, os West 11 faziam o seu baptismo em festivais nas vésperas da edição do álbum de estreia já gravado, um conjunto de canções de brisa soalheira, como convinha, com laivos de bossa nova e alguma folk e western americana. Nas vozes, a inesquecível Beth Hirch que todos conhecemos de "All I Need" dos franceses Air, mas que aqui pela casa é sinónimo de monumento - chama-se "Come A Day" e abria o álbum de estreia "Early Days" de 2000 que ouvimos (e continuamos a ouvir) muitas, muitas vezes... 

O colectivo anglo-americano que vive em Portugal e que, aparentemente, foi buscar o nome ao filme inglês de 1965, incorpora o conhecido Phil King, guitarrista dos Felt, Lush os Jesus & Mary Chain e são dele as malhas de guitarra eléctrica que enchem os temas de um onda atlântica a que a voz ainda sublime de Hirsch vai sobrepondo leveza - "Hum Along" foi, a esse nível, imbatível mas o primeiro single "Love Resistence" é também uma enorme canção pop. Boa música, por quem só a sabe fazer à maneira e que, por isso, soube muito bem!

 

Seguiram-se os Population : 5, uma informal reunião de músicos portugueses e ingleses com sede no Porto e já com disco registado à moda antiga, isto é, de forma analógica de 8 pistas e em mono! Na voz principal, o amigo Chico Ferrão relata histórias e alusões espaciais rapadas a series-b e muita ficção científica a que uma máquina instrumental vai engrossando num género de, dizem eles e bem, rock n'roll distópico e divertido. 

A população ao vivo aumentou, entretanto, para seis com a ajuda de um percussionista, e para seis e meio quando um petiz de guitarra plástica em punho entrou, de fininho, para o palco para, em estilo air-guitar, fazer as delícias dos músicos, dos "piqueniqueiros" e, certamente, dos pais (ver ali em baixo, melhor momento, ao minuto 20:25). Temos guitarrista, confirmando que isto da música não tem idades. Por isso, uns "velhos" a fazer rock e o gozo que isto lhes é só uma das premissas definitivas para que um rejuvenescimento com este calibre não tenha tempo sequer para se extinguir. Pop(ulação) 5 estrelas!

JALEN NDONGA, NOVO REFORÇO!

A retro-soul de Jalen Ndonga vai crescendo nos adeptos e nas digressões - chega à Austrália já em Janeiro - e nada como canções novas para fortalecer e reforçar o fenómeno. Chama-se "Anyone In Love", saiu hoje e tem que se ouvir muitas vezes, não para confirmar a sua validade, mas porque se torna irresistível não carregar no "outra vez". 

Ficámos, como sempre, à espera do 7" de vinil pela Daptone Records, ah, e já agora, um concerto algures a norte da península (Ndonga já esteve no final de Agosto no Kalorama lisboeta).

DUETOS IMPROVÁVEIS #294

BRIGHT EYES & CAT POWER 
"All Threes" (Oberst) 
Álbum "Five Dice, All Threes", 
Dead Oceans Records, E.U.A., Setembro de 2024.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

RICHARD HAWLEY, Teatro Salesianos, Vigo, 21 de Setembro de 2024

A peregrinação rodoviária até Vigo fez-se a tentar adivinhar as canções que Richard Hawley iria eleger para o alinhamento da prometida noite de intimidade. Suspirava-se pelos grandes clássicos como "There's a Storm Coming", "Open Up Your Door", "Tonight the Streets Are Ours" ou "The Ocean", eterna maravilha com que terminou em êxtase a passagem por Santa Maria da Feira, já lá vão dezasseis anos! Passou, por isso, demasiado tempo até esta nova oportunidade, existindo agora outras tantas e tão boas canções que não é fácil chegar a um consenso...  

Na companhia de Shez Sheridan, aliado guitarrista de cumplicidade fraterna, a sessão haveria de se confirmar divina. Permeando temas novos e antigos, das mais recentes pérolas como "Heavy Rain" ou "Prism in Jeans" passando por "Precious Sight" ou "Something Is...", preciosidades já vintenárias, o desfiar de cada uma das catorze peças até antes do encore acentuou a nobreza, a beleza e a qualidade de um songbook de britanismo nostálgico, imagético e de peculiar fineza que só Hawley sabe fazer. 

Ao seu jeito, brincou com o raio do Brexit, com a nativa e amada Sheffield ou com as autonomias comuns e chegou a não ter medo de afirmar que os espanhóis falavam muito, ferimento na asa da noite anterior por Santander onde, ao que parece, o respeito que a sua música requer se perdeu entre conversas... 

Pelo contrário, no teatro viguês, a plateia adulta e com adesão de alguns portugueses, como que se recostou nas cadeiras na melhor das atitudes, fruindo dos momentos, do cruzamento inebriante das guitarras, das suas variações irrepreensíveis - e que bonitas, estrondosas, guitarras Atkin tem Hawley na colecção - e da acústica sublime que, por isso, não escondeu algumas fugas de voz de um Hawley bem disposto e, nitidamente, satisfeito. 

Chegava o encore e os tais clássicos desejados começaram, naturalmente, a ser pedidos entre gritos e ovações. Hawley ouviu, fitou-nos desafiante e explicou que bem gostaria de os tocar mas, para isso, onde estava a orquestra? Elegeu "For Your Lover Give Some Time" para nos fazer mal ao coração, tema criado para a esposa Helene mas que, ali e agora, envolveu a plateia rendida num abraço de ternura e apreço memorável. Para descomprimir e tornar a respirar, ouviu-se "My Little Treasures", uma bondade pop de flutuação graciosa que encerrou da melhor forma tamanha aparição que se promete irá pairar, com banda, por perto em 2025. Muchas gracias!

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

PETER BRODERICK EXPÕE-SE EM SERRALVES!










A paixão de Peter Broderick pela música, mesmo que inacabada, de Arthur Russell (1951-1992) teve amor à primeira vista a partir de 2017, mas a dedicação continuou activa, crescente e imparável. Em vários momentos ao vivo foi dando a conhecer recriações e versões de temas do vanguardista americano, tendo avançado até para um disco inteiro, no ano seguinte, onde, na companhia de vários amigos, gravou uma serie de inéditos e variações. 

Agenda-se agora uma oportunidade exclusiva para Serralves denominada "Peter Broderick Plays Arthur Russell" marcada para sábado, 30 de Novembro pelas 19h00, final de tarde inteiramente consagrado ao projecto/homenagem e que se adivinha radiante. Já há bilhetes.

WINTEN + MAPLE GLIDER, Loja Socorro, Porto, 20 de Setembro de 2024

Na cave da loja de discos (e não só) Socorro da Rua Guedes de Azevedo esconde-se um espaço para concertos de programação diversa que não dispensa a nova pop como a da jovem Tori Zietsch aka Maple Glider. A cidade, não por acaso, foi a escolhida para terminar uma primeira digressão internacional de formato acústico e descontraído na companhia de dois amigos de cumplicidade próxima que atraiu uma boa plateia curiosa na descoberta da artista e do espaço. 

Bridgette Winten, uma dessas amizades com dotes confirmados na fotografia e na realização de videoclips, é também compositora de canções já gravadas para o disco de estreia "Waving To My Girl" de 2023, e a oportunidade serviu para que algumas se fizessem ouvir na intimidade e ternura de uma guitarra acústica. Voz suave para contar histórias de desamor, conflictos familiares, insegurança ou rejeição, uma colecção de simpatia assumida e recepção de aprovação imediata.

 

Uma canção natalícia ("Mama It’s Christmas") sugeria ser uma escolha extemporânea para iniciar um concerto, mas o Natal que Maple Glider nos queria fazer lembrar não é esse, fofinho e alegre, mas um outro que a religião vai fingindo numa hipocrisia secular. O tema, nada inocente, espalha-se a muitos outros que na infância e juventude a baralharam nas convicções e certezas e que, desde cedo, verteu para canções desanuviadoras ("Dinah") mas encorajadoras na vontade de se tornar denunciante (en)cantada. 

A seu lado, a referida Winten e o guitarrista Adam ajudaram a que, aos temas, se acumulasse uma camada de suavidade, ora vocal ou instrumental, onda desinibida que teve cume numa versão de "You're Still the One" de Shania Twain. O espanta espíritos relaxado só mais à frente se confirmou numa festa contida comemorativa do término da tournée, fazendo o trio regressar para um encore inesperado e arriscado para despir e tornar a vestir "As Tradition" de forma inédita. Concerto oportuno, prometedor que, mau grado o imenso calor e a pobreza cenográfica do espaço, se espera tenha continuidade...  

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

WHITE DENIM, ONZE MAIS UM!





















A evidência já por aqui foi sugerida - os White Denim são uma banda do caraças e mereciam, para além de maior reconhecimento, parangonas de primeira página. Depois de um disco pandémico, o regresso acontece já em Dezembro pela nobel Bella Union com "12", sim, são já doze álbuns na conta, desde 2006, da banda de James Petralli a quem coube, desta e pela primeira vez, comandar sozinho a engenharia e a produção das canções em estúdio. 

A influência principal, mesmo que surpreendente, residiu no disco "Cupid & Psyche" dos saudosos Scritti Politti, embora Petralli confesse ainda veneração por outros compositores pop como Nick Lowe, Joe Jackson ou Jonathan Ritchman, todos de uma sofisticação reconhecida. Há para já um testemunho de caleidoscopia assinalável e efervescente em duas versões - ao vivo no estúdio e a que surgirá no disco. Light on! 


terça-feira, 17 de setembro de 2024

MESKEREM MEES + BILLIE MARTEN + STILL CORNERS, Festival Manta, CC Vila Flor, Guimarães, 14 de Setembro de 2024

A edição dezassete do Manta vimaranense concentrou no segundo dia uma ementa particularmente suculenta se bem que imprevisível. Exemplo dessa incógnita era a jovem belga Meskerem Mees que se estreava no país para apresentar as canções que, desde muito cedo na juventude, decidiu compor. Dona de uma voz intrigante, começou com uma versão de Jonnhy Flynn, por sinal, uma boa aposta no despertar da atenção quanto à doçura da receita mas, essa, foi mesmo a melhor de um curto e desequilibrado alinhamento. Os vários originais escolhidos transpareceram ainda em bruto e quase inocentes, nada que a perseverança e confiança demonstradas travem numa progressão, certamente, proveitosa. 

 

De outro calibre de refinação é a britânica Billie Marten, senhora de uma carreira já sustentada em cinco álbuns de originais de proeminente acústica. A lembrar, no louro dos cabelos e até na figura, a conterrânea Laura Marling, a coincidência aproxima-as também nos recursos sóbrios da composição e das líricas. Como não admirar "Felling" com que abriu o concerto ou "Toulouse", uma pérola de popicidade adulta e misteriosa que nos levam, sem outro remédio, a ter que começar a ouvir os seus discos como deve ser e como merecem. Excelente surpresa!

 

A segunda investida dos Still Corners pelo Minho em menos de um mês talvez explique a enchente de público, uma expectativa que se agarrou a uma sensação de nostalgia que a sua música evoca desde 2007. As canções, sonhadoras e viajantes, adornam-se pelo fascínio da guitarra de Greg Huges e da voz Tessa Murray, uma marca muito própria que comporta vantagens e óbvios perigos. O exagero é um deles, e essa ratoeira foi notória na noite de Sábado, onde ao "despachar" das canções se juntou uma rotina instrumental que, mesmo sem contratempos, pouco se entranhou e cresceu e que, talvez, um baixista de profundidade apurada pudesse abanar. O pecado ficou demonstrado nalguma da frieza com que a plateia lhes bateu palmas, um envolvimento sonífero que só mesmo os riffs e guitarradas a la Knopfler ou Chris Isaak causaram um leve, mas inconsequente, estremunhar...

JIM WHITE & MARISA ANDERSON, Jazz ao Largo, Claustro da Câmara Municipal de Barcelos, 14 de Setembro de 2024

As seis peças de "Swallowtail", o segundo projecto colaborativo de Jim White e Marisa Anderson, são elucidativas quanto ao poder da música - mesmo que separadas formalmente no disco, a sua apresentação ao vivo mereceu uma perfomamnce contínua ao longo de uma hora, período onde a guitarra e a percussão se fundiram sem pausas ou intervalos num género de fluxo espiritual. 

O fenómeno, presenciado por cerca de sessenta testemunhas de todas as idades, teve no pátio murado do claustro do município barcelence um género de contenção física que não impediu que a energia emanada tenha flutuado muito acima de tudo e de todos no seu intrépido impulso de improvisação, virtuosismo e liberdade. A criação, certamente, irrepetível, navegou constante numa pulsação majestosa, próxima e de um hipnostismo imediato que teve em Jim White um íman atencional. 

A subtileza, a classe, a qualidade de um baterista talvez não sejam mesuráveis, mas sempre que White tira as botas para lá colocar o jogo de baquetas e se senta por trás dela, um círculo mágico parece fechar-se único na grandeza e numa envolvência de inimitável e diferenciador carimbo. Juntar-lhe os redemoinhos e variações da guitarra de Anderson, efusão improvável mas expansiva, é só mesmo um fenómeno de inevitável poder transformado em estrondo. E que bem alto, e ao largo, ele se fez ouvir...  

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

DUETOS IMPROVÁVEIS #293

M. WARD & FOLK BITCH TRIO 
Cry (Godley & Creme) 
Álbum "For Beginners: The Best of M. Ward", 
Merge Records, E.U.A., Setembro de 2024.

BILL MACKAY, Pequeno Auditório, Teatro Rivoli, Porto, 13 de Setembro de 2024

Uma sexta feira 13 foi o dia escolhido para a estreia tardia de Bill MacKay na cidade apesar do compositor e guitarrista de Chicago acumular excelentes discos há muito mais que uma década. Mesmo que parceiro e cúmplice de, entre outros, Ryley Walker, Steve Gunn ou Nathan Bowles, foi sempre sozinho que ganhou reconhecimento, mantendo, contudo, uma discrição mediática que o converteu num segredo bem (a)guardado. 

Paisagens, devaneios, viagens ou memórias, juntaram-se como por simbiose sonora pela guitarra eléctrica que domina de forma hábil e virtuosa e a que juntou, em algumas canções, a voz para contar histórias que foi introduzindo num português colonial surpreendente e divertido. Parte delas, escolheu-as de "Locust Land", disco deste ano na Drag City que o confirma como um músico meticuloso e de uma sagacidade apreciável. O vibrante rasganço, já de pé, com que encerrou o serão entre muitas palmas, teve o condão de revalidar a obrigação de um regresso rápido e de bom caminho. Para o efeito, qualquer dia de um mês será sempre um dia de sorte...

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

HURRAY FOR THE RIFF RAFF, ENTRE SÁLVIAS!

Perdida que foi a passagem de Alynda Segarra aka Hurray For The Rifdf Raff por Coura e na expectativa de um regresso rápido, aqui fica (mais) uma demonstração fascinante das suas canções

Gravado em Junho último para a série This Field Recording da NPR americana, no âmbito do Aspen Ideas Festival, o cenário montanhoso do Colorado serve da melhor maneira, entre sálvias e ao longo de vinte minutos, para fazer flutuar ao vento cinco temas ao lado do guitarrista Johnny Wilson, um formato que adoraríamos ver repetido bem por perto... 

LUBOMYR MELNYK, SUA SANTIDADE EM ESPINHO!















Entre a agenda de novos concertos do Auditório de Espinho para o Outuno destaca-se o regresso do mestre pianista Lubomyr Melnyk ao norte do país, depois da passagem por Braga em 2019

Da combinação feliz de minimalismo e meditação que o fizeram um dos mais reputados executantes do mundo, espera-se uma noite de magia e devoção marcada para sábado, dia 2 de Novembro, e onde, certamente, a homenagem sentida aos seus concidadãos ucranianos não deverá faltar. Já há bilhetes.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

MY BRIGHTEST DIAMOND A DAR LUSTRO!





















Para Shara Nova a relativa distância entre Detroit e Chicago teve as suas compensações - trabalhar no registo de um novo disco do alter ego My Brightest Diamond no estúdio The Loft dos Wilco ao longo de cinco dias do verão do ano passado. Pensava ela em regravar as demos de muitas das canções que foi alinhando previamente, mas Tom Schick, experiente produtor e habitual residente do estúdio, insistiu que a verdura e alguma da rudeza que ouviu se deveria manter e melhorar. 

O resultado está em "Fight the Real Terror", o regresso de Shara aos discos ao fim de oito anos de espera. O tema título é um manifesto tributo a Sinead O'Connor, cuja morte por aqueles dias de Julho levou Nova a não dispensar uma abordagem ao tema do abuso de crianças e que O'Connor denunciou corajosamente numa perfomamce inesquecível a capella de "War" de Bob Marley num programa do SNL em 1992. O toque de desafio e inquietude está, assim, dado para um álbum que fervilha de criatividade e também de alguma revolta na procura de um mundo melhor. A fraternidade e também a solidadriedade, essas precisarão sempre de(ste) lustro...   



JOAN SHELLEY, ANEL DE BELEZA!

Um novo Ep de Joan Shelley está anunciado para Outubro pela No Quarter Records, existindo já em pré-encomenda uma bonita rodela branca gravada de um só lado e limitada nas cópias. A pintura de capa, magnífica, é de Mia Bergeron

A peça de vinil, em jeito de tesouro, guarda cinco novos temas, todos de inspiração no nascimento da filha e numa recente mudança do Kentucky natal, mas as conexões das líricas tocam, naturalmente, outras temáticas. É o caso do tema título "Mood Ring", inebriante canção que só ela sabe embelezar, uma ode ao que nos interliga na amizade ou no amor, afinal, aquilo que nos impele a ir vivendo... 

Shelley toca muitos dos instrumentos e o marido e pai Nathan Salsburg é o autor de algus rifs de guitarra, como os que se ouvem eléctricos perto do final do tema, também ele já rendido à paternidade como entusiasmo artístico. Radiante!

sábado, 7 de setembro de 2024

WILLIAM TYLER, ESTRANHEZAS!















Em 2023 William Tyler editou dois temas em colaboração com Kieran Hebden dos Fourtet, uma manobra arriscada mas saborosa atendendo ao tradicional som da guitarra a que nos habituou, ali polvilhado de samples, beats e vozes soul. Para alguém que já andou pelos Lambchop ou Silver Jews, claro que o avanço efectuado nada têm de inusitado, um espírito aberto que tem levado Tyler a outras dimensões sonoras que, de facto, crescem e florescem devagar. 

Nota-se esse enroscado exploratório no novo tema "Final Flight", desta vez a solo, saído o mês passado e que é o pronúncio de alguma provocação em relação ao passado folk e de que se esperam outras aventuras em 2025. Para já, à estranheza inicial segue-se mais estranheza. Há que insistir... 

Entretanto, a digressão pela Europa agendada para este e o próximo mês foi anulada por doença, mesmo que tal facto não esteja afixado oficialmente pelo artista em nenhum lado. Estranho. 

Certo é que o anunciado e exclusivo concerto ao lado de Ryley Walker marcado para 4 de Outubro no GNRration minhoto já não contará com a sua presença, mantendo-se o evento confirmado somente com Walker. Olhando ao cartaz afixado pelo mesmo Walker desde Agosto, está lá uma outra data, na véspera, dia 3 de Outubro, também no GNRation mas, já na altura, sem referências à parceria em cima do palco com Tyler no dia seguinte. Estranho, mais uma vez!

UAUU #726

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

THE INNOCENSE MISSION, UMA RIQUEZA!





















Depois do disco de antiguidades e registos antigos ao vivo de 2022, onde se escondiam verdadeiras pérolas, os The Innocence Mission anunciam o décimo terceiro álbum de originais, uma já robusta arca de tesouros fortalecida desde 1985. Chama-se "Midwinter Swimmers", terá edição pela Bella Union no final do mês de Novembro, e promete acrescentar novas riquezas a um erário, desta vez, de sons vintage

Numa confissão de Karen Peris, o disco é como se tivesse sido gravado em Western Electric nos anos 60 a pensar em Vashti Bunyan ou Sibylle Baier, mas as harmonias das canções revelam-se, ainda e sempre, de sedução imediata. Ouvindo a primeira amostra "This Thread Is A Green Street", não restam dúvidas quanto a isso, canção com video de corta e cose, colagens e animações da própria Karen. Tudo uma riqueza!