sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

22 CONCERTOS PARA COMEÇAR 22!


























Atendendo à incerteza do primeiro mês do novo ano, notória na ínfima oferta dos espaços culturais e auditórios, deixamos aqui datas e locais de 22 concertos para os três meses seguintes, sabendo que outros se juntarão. Para já suspiramos comparecer nestes, sem saber muito bem como e em que condições:
 
. JOSÉ GONZALEZ - 8 de Fevereiro, terça, Casa da Música, Porto 
. MATT ELLIOT - 9 de Fevereiro, quarta, Cine-teatro Garrett, Póvoa de Varzim 
. BOOGARINS - 10 de Fevereiro, quinta, CCOP, Porto 
. MONO - 21 de Fevereiro, segunda, Hard Club, Porto 
. EMMA RUTH RUNDLE - 25 de Fevereiro, sexta, Casa da Música, Porto 
. PEARL CHARLES - 26 de Fevereiro, sábado, Porto (?) 
. DHAFER YOUSSEF - 26 de Fevereiro, sábado, Theatro Circo, Braga 

. METRONOMY - 1 de Março, terça, Hard Club, Porto 
. JOAN AS POLICE WOMAN - 5 de Março, sábado, (?),  Arcos de Valdevez 
. THE DIVINE COMEDY - 7 de Março, segunda, Casa da Música, Porto 
. GRUFF RHYS - 15 de Março, terça, Radar Studios, Vigo 
. LLOYD COLE - 19 de Março, sábado, Super Bock Arena/Pavilhão Rosa Mota, Porto 
. OMD + HUMAN LEAGUE - 19 de Março, sábado, Complexo. Desportivo da Maia 
. ALINE FRAZÃO - 26 de Março, sábado, Auditório de Espinho

. EELS - 12 de Abril, terça, Auditorio Mar de Vigo 
. CANDE y PAULO - 16 de Abril, sábado, Auditório de Espinho
. METZ - 17 de Abril, domingo, Hard Club, Porto 
. RODRIGO AMARANTE - 18 de Abril, segunda, Casa da Música, Porto 
. PORRIDGE RADIO - 21 de Abril, quinta, Radar Estudios, Vigo 
. NITIN SAWHNEY - 25 de Abril, segunda, Casa da Música, Porto
. JOE JACKSON - 29 de Abril, sexta, Coliseu do Porto 
. GROUPER - 30 de Abril, sábado, Teatro do Viriato, Viseu 

 BOM ANO DE 2022! (Steppin' Out!)

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

BEACH FOSSILS, A ATRACÇÃO DO PIANO!





















Os norte-americanos Beach Fossils podem não ser o expoente da lo-fi pop mas sempre lhes demos alguma atenção, não tanta como a que dispensamos aos parceiros Wild Nothing. A juntá-los, para além da mesma editora Captured Tracks durante alguns anos, há uma amizade antiga entre Dustin Payseur e Jack Tatum, colaborando em discos alheios, fazendo versões trocadas ou digressões conjuntas, como a que estava prevista para 2020 comemorativa do décimo aniversário dos álbuns de estreia das duas bandas mas adiada sem previsão. 

O que fazer, então? O gosto de Payseur pelo jazz, música que ouviu em casa em dose redobrada rodando clássicos de Lester Young, Chet Baker, Bill Evans ou Coleman Hawkins e centrando a atenção nos momentos de lentidão, permitiu-lhe inspiração e tempo para concretizar um sonho antigo - um disco de jazz que reverteu oito canções dos Fossils em baladas descomprometidas que o piano comanda com distinção. Na ajuda estiveram uma série de amigos, nomeadamente Thomas Gardner, antigo baterista e compositor da banda saído em 2017, que toca contrabaixo, saxofone e o belo do piano. 

É esse "The Other Side of Life: Piano Ballads", saído em Novembro, a que temos dado atenção involuntária e que tem funcionado da melhor forma como sustento cool e nostálgico para o correr das horas destes dias afunilados de estranheza. Insistência recomendada!


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

SUFJAN STEVENS, BRILHANTE LUA ROSA!

Os receios, infundados, de sacrilégio quanto a uma versão de "Pink Moon" de Nick Drake que Sufjan Stevens registou para um single de vinil caíram por terra. Feita ao piano, feita para brilhar!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

BOM NATAL!

SINGLES #51





















FRANK SINATRA Chante Noël 
The Little Drummer Boy / An Old Fashioned Christmas 
Go Tell It On the Mountain / I Heard The Bells on Christmas Day 
França: Reprise/Vogue RVEP 60061, 1964 
A insistência num segundo EP da série "Frank Sinatra Chante Noël" passados meia dúzia de anos é propositada. Se o anterior incidiu num destaque ao tema "Whatever Happenned To Christmas?" pleno de nostalgia natalícia, neste exemplar mais antigo há entre as quatro canções uma outra que se aproxima, por oposição, dos tempos estranhos que vivemos e da urgência de um regresso à normalidade.

Para além do mais que clássico "The Little Drummer Boy", um dueto com Bing Crosby em "Go Tell It On The Mountain" e de "I Heard The Bells on Christmas Day" é "An Old Fashioned Christmas" o melhor dos momentos e onde a orquestra de Fred Waring & The Pennsylvanians envolve aquela voz irresistível de charme e conforto.  Fez parte do álbum "12 Songs of Christmas" editado precisamente em 1964 e foi escrito por Sammy Cahan e Jimmy Van Heusen, compositores americanos já na época prestigiados e galardoados. Cahan, por exemplo, foi também quem compôs "Let it Snow! Let it Snow! Let it Snow!" (1945).

A lírica remete para a tarde de hoje onde a nossa/vossa mãe não saía da cozinha enquanto aguardávamos em pulgas a chegada dos primos, tios e tias carregados de prendas, das brincadeiras que se seguiam e das risadas contínuas. Mesmo sem a neve que a imagem da capa do disco evoca, uma raridade tendo em conta que a figura de Sinatra está ausente, não havia frio ou chuva que arrefecesse abraços e beijos, um calor humano perfumado pelo cheiro a rabanadas e canela. Agora é o do antisséptico álcool gel...  


(RE)VISTO #92





















PHIL MENDRIX 
de Paulo Abreu. 
Portugal, Bando À Parte/Daltonic Brothers/RTP, 2015 
TVCine Edition, Portugal, (arquivo) 
O nome de Filipe Mendes reporta-nos, sem o sabermos na altura, à nossa juventude e ao saudoso amigo Cardoso do Liceu Rainha Santa Isabel. Era ele que trazia para a velha sala de aula as mais inusitadas canções e vinis como um dos Roxigénio que pôs a rodar aos berros. "Eh pá, este guitarrista é maluco" gritava ele eufórico mas, sinceramente, não foi das bandas a que demos atenção embora a parelha compositora, o vocalista António Garcez e o tal guitarrista, tivesse já uma fama crescente. Para trás, contudo, havia uma história escondida a merecer ser contada com dignidade e apego. 

Nascido em Moçambique, o miúdo Filipe receberia de presente uma guitarra portuguesa a que, num instante, trocou as voltas, acordes e dedilhados para não mais parar na dedicação e mania. Seguiu-se uma consequente e inseparável versão eléctrica e a junção a parceiros instrumentais tão em voga com a chegada do chamado Ié-Ié. Nasciam os Chinchilas com assinalável êxito, aparições na televisão e até digressões e aventuras por Espanha já depois do regresso familiar à metrópole. A extravagância visível no tamanho da cabeleira e na estridência das cordas psicadélicas que os anos setenta aportaram teve ainda mais impacto com um inesperado Bentley como prenda de casamento, posteriormente trocado em Inglaterra por uma Ford Transit para carregar colunas e restante aparelhagens, contribuindo para o engrossar o mito. 

Ao volante do carro, óculos escuros e pele bronzeada, o próprio faz o relato desses tempos exagerados que o levou a uma surdez precoce a que o Exército não deu importância desde que o cabelo se fizesse encurtar de forma irreconhecível. Uma cabeleira materna haveria de disfarçar o tamanho, mantendo a figura em cima do palco. Com o 25 de Abril apostou-se na chamada improvisação, na contínua "colaboração" colectiva mas Mendes queria consistência e algum método alcançado com os referidos Roxigénio, mesmo que a vocalização em inglês tenha sempre, como reconhecido, apartado a banda do chamado fenómeno de "rock português" que os anos oitenta fizeram explodir. Vítor Rua nos então GNR foi dos poucos, nessa altura, a reconhecer-lhe o talento. Desiludido, abandonou o grupo e rumou para o Brasil. 

As imagens e testemunhos de Florestal em Minas Gerais são uma das surpresas saborosas do filme, com relatos de concertos iluminados pelo luar e bailaricos promovidos pelo "guitarrista português" onde compareciam famílias numerosas, incluindo a do próprio já com cinco filhos. O apelo da natureza e da alimentação saudável haveriam de deixar marcas mas era, ainda e sempre, a guitarra o soro fortificado de vida que o regresso a Portugal ambicionava retomar. A reforma dos Roxigénio, as colaborações com os Telectu, os Irmãos Catita e os Enapa 2000 somaram créditos e exclamações que o epíteto de Phil Mendrix, ou seja, o Jimi Hendrix tuga que Manuel João Vieira confirma como óbvio, tornou lendário e respeitado. 

A guitarra original afagada e limpa pelas suas mãos para as últimas sessões com uns Chichilas refeitos ou um último single em nome próprio, está agora eternamente evocada num memorial em Lisboa depois da sua morte em 2018 mas a lenda, que o amigo Cardoso cedo adivinhou, tem neste documentário um carimbo de obrigatório e transmissível. Hey Phil!    


quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

3X20 ESPECIAL 2021

















25 CANÇÕES X 25 ÁLBUNS X 10 CONCERTOS 
+ 10 Low + 10 High 2021 
Tal como em 2020, graduamos os concertos, poucos, acrescentamos aos vinte mais cinco (canções e álbuns) e continuamos a dar o anonimato ao raio da Covid19 (suspiro): 

25 Canções: 
1. SHARON VAN ETTEN & ANGEL OLSEN - Like I Used To »»» 
2. BLACK MIDI - Marlene Dietrich »»» 
3. CLEO SOL - 23 »»» 
4. ABBA - Dont Shut Me Down »»» 
5. LE REN - Friends Are Miracles »»» 
6. DRY CLEANING - Scratchcard Lanyard »»» 
7. SAULT - Bitter Streets »»» 
8. LUCY DACUS - Hot & Heavy »»» 
9. HORSEY - Lagoon »»» 
10. THE WAR ON DRUGS - I Don't Live Here Anymore (feat. Lucius) »»» 
11. SCOTT MATTHEWS - Intruders On Earth »»» 
12. DAMIEN JURADO - Take Your Time »»» 
13. PEARL CHARLES - Only For Tonight »»» 
14. THE NOTWIST - Sans Soleil »»» 
15. RICHARD SWIFT - A Man's Man »»» 
16. KINGS OF LEON - The Bandit »»» 
17. PUBLIC SERVICE BRADCASTING - People, Let's Dance (feat. EERA) »»» 
18. MDOU MOCTAR - Afrique Victime »»» 
19. DURAND JONES & THE INDICATIONS - The Way That I Do »»» 
20. MATTHEW E. WHITE - Genuine Hesitation »»» 

21. ISLA - 12 Bars »»» 
22. VANISHING TWIN - Phase One Million »»» 
23. ANNA B. SAVAGE - Dead Pursuits »»» 
24. LIAM KAZAR - I've Been Where You Are »»» 
25. BIG RED MACHINE - New Auburn (feat. Anaïs Mitchell) »»» 

25 Álbuns: 
1. DRY CLEANING - New Long Leg 
2. LUMP - Animal 
3. AROOJ AFTAB - Vulture Prince 
4. THE WEATHER STATION - Ignorance 
5. DJANGO DJANGO - Glowing In the Dark 
6. CAETANO VELOSO - Meu Coco 
7. BNNY - Everything 
8. LE REN - Leftovers 
9. BLACK COUNTRY, NEW ROAD - For the First Time 
10. INDIGO SPARKE - Echo 
11. MOONTYPE - Bodies of Water 
12. FIELD MUSIC - Flat White Moon 
13. CASSANDRA JENKINS - An Overview On Phenomenal Nature 
14. ELEPHANT9 - Arrival of the New Elders 
15. RYLEY WALKER - Course In Fable 
16. MARIANNE FAITHFULL with WARREN ELLIS - She Walks In Beauty 
17. ST. VINCENT - Daddy's Home 
18. GRUFF RHYS - Seeking New Gods 
19. SHANNON LAY - Geist 
20. DAMIEN JURADO - The Monster Who Hated Pennsylvania 

21. VANISHING TWIN - Ookii Gekkou 
22. ANNA B. SAVAGE - A Common Turn 
23. BRANDEE YOUNGER - Somewhere Different 
24. KINGS OF CONVENIENCE - Peace or Love 
25. SUFJAN STEVENS & ANGELO DE AUGUSTINE - A Beginner's Mind 

10-1=9 concertos: 
1. YUSEFF DAYES, Festival Para Gente Sentada, Theatro Circo, Braga, 27 de Novembro »»» 
2. THE BLACK LIPS, Maus Hábitos, Porto, 23 de Novembro »»»
3. HANIA RANI & DOBRAWA CZOCHER, M.ou.co., Porto, 15 de Dezembro »»» 
4. CRIATURA E CORO DOS ANJOS, Casa da Música, Porto, 4 de Dezembro »»» 
5. SCOTT MATTHEWS, M.ou.co, Porto, 28 de Novembro »»» 
6. EFTERKLANG, M.ou.co., Porto, 5 de Novembro »»» 
7. SEBASTIAN PLANO, Auditório de Espinho, 29 de Outubro »»» 
8. ORQUESTRA JAZZ DE ESPINHO, CRISTINA BRANCO E MÁRIO LAGINHA, Auditório de Espinho, 10 de Dezembro »»» 
9. TOMÁS WALENSTEIN, Festival Para Gente Sentada, Theatro Circo, Braga, 27 de Novembro »»» 
 
10 Low: 
. a invasão nada inocente do Capitólio americano;
. futebol e corrupção, sinónimos instantâneos; 
. a falta de comparência para ouvir a Anna B. Savage em Guimarães; 
. o desvio "jovem" da Vodafone FM para o hip-hop;
. a fantuchada da COP26 em Glasgow... blah blah blah;
. a arrogância criminosa do ex-ministro Cabrita; 
. a falta que faz a lucidez e sobriedade do presidente Sampaio;
. o caos infindável da esburacada baixa portuense;
. a garganta de Elon Musk para acabar com a fome no mundo;
. gémeos, rupturas e estiramentos musculares.
 
10 High: 
. as histórias contadas por Springsteen e Obama; 
. a viagem de retorno dos ABBA; 
. o milagre do éter da Rádio Nova portuense;
. um português na NBA;
. o espaço M.ou.co, portuense de Campanhã;
. mais um disco dos Sault, o quinto em três anos;
. o regresso do Coyote/Pedro Costa à Antena3;
. o Bruno Pernadas na Stereogum;
. a abertura de uma ala pediátrica condigna no São João;
. 2022, cheios de (des)confiança... 

MATT ELLIOT, DOSE TRIPLA!





















Entre os inúmeros concertos cancelados com a chegada da pandemia, haverá alguns impossíveis de reagendar e outros com adiamento incerto mas de provável insistência. É o caso de Matt Elliot, um dos primeiros azarados, que teve apresentação marcada para 3 de Abril do ano passado em Guimarães mas que agora assegura (será?), pelo menos, três espectáculos a norte. Marcada para Fevereiro de 2022, a digressão serve para apresentar convenientemente o álbum "Farewell To All We Know". 

Assim, dia 9, quarta-feira, cabe ao Cine-Teatro Garrett, Póvoa de Varzim, a (aparente) primazia do pontapé de saída do circuito, seguindo-se a 12, sábado, o Theatro Circo, Braga, e a 13, domingo, o Laboratório de Artes Vista Alegre, Ílhavo, aqui em horário de matiné (16h00). É só escolher, havendo hipótese de, às tantas, se acrescentaram outros palcos de permeio. Para as três sessões confirmadas já há bilhetes à venda nos locais/plataformas habituais.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

UMA OUTRA BENEE!














Mesmo podendo confundir-se na suposta pronúncia com a jovem banda americana Bnny, onde pontifica a voz e composição de Jess Viscius em todo o grande disco de estreia já por aqui assinalado, esta outra Benee é neozelandesa e vai já em dois EP's, um álbum e uns pozinhos de pop juvenil inocente multi-premiado no país e que logo se estendeu à televisão americana, marcando presença em programas de Jimmy Fallon e Elle DeGeneres ao longo de 2020. Com a pandemia, o fenómeno não chegou a ser testado ao vivo em grande formato mas aparenta ser irreversível. 

Nas últimas semanas surgiram duas novidade que parecem mudar um pouco a agulha para um caminho mais estreito e refinado e de que gostamos - o tema novo "Doesn't Matter" e uma versão de "Somebody That I Used To Know" que o belga/australiano Gotye espalhou pelos tops mundiais em 2011. Baptizada de Stella Rose Bennett, a menina tem nome distinto de estrela pronta a brilhar...


LLOYD COLE, DIGRESSÃO NACIONAL!





















A prometida mas adiada digressão de Lloyd Cole para apresentação do ultimo álbum "Guesswork" está agora reagendada para Março com concertos em Lisboa (Auditório do Casino do Estoril, 18, sexta-feira), Porto (SuperBock Arena/Pavilhão Rosa Mota, 19, sábado) e Teatro Micaelense (São Miguel, Açores, 21, segunda-feira). O alinhamento não deverá sofrer alteração e pretende ser uma revisão da matéria dada desde o início até ao fim ("From Rattlesnakes to Guesswork"). Já há bilhetes.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

SESSÃO DJ EM VINIL? É SÓ LIGAR!





















Quando o telefone toca a propor "é pá, podias trazer os discos e animar a festa de anos e tal" a pergunta do lado de cá é sempre a mesma: "há por aí aparelhagem pronta?", isto é, amplificador, dois gira-discos, misturador e colunas a funcionar. A resposta é, invariavelmente, evasiva e a rondar um "pois, nada disso, seria melhor trazer a tua..." o que, para além da carga de trabalhos do liga-desliga, implica outra carga escadas acima e abaixo e o respectivo acondicionamento no automóvel, para além das imprescindíveis e pesadas malas com os desgraçados dos vinis! 

Os japoneses da Stokyo prepararam para venda em Janeiro uma resposta logística de aparente simplicidade para resolver, com rapidez, o constrangimento. Inspirado num antigo e mítico gira-discos portátil de final anos noventa - o Columbia GP3 - apresentam agora o Complete DJ Set que junta facilmente dois gira-discos para 12 e 7 polegadas e um misturador com entrada de auscultadores, pitch, monitor e até crossfader. O conjunto que se separa em três módulos e, por isso, pode ser disposto à vontade do freguês, apresenta, em cada um deles, colunas embutidas e saídas para outras ligações, podendo funcionar com corrente eléctrica ou de forma autónoma com pilhas! Preço da brincadeira: perto dos 600€. Peso aproximado: 4 kg. É só ligar (ok, falta a entrada para um microfone)...

KEVIN MORBY, APELO DE BILL FAY!

Coube a Kevin Morby a segunda chamada para realizar uma versão, neste caso de "I Hear You Calling", do idolatrado Bill Fay a convite da editora Dead Oceans. A primazia recaiu sobre Steve Gunn que tinha já apresentado "Dust Filled Room" e seguem-se, pelo menos, ainda mais dois outros artistas pois o objectivo é publicar quatro 7" de vinil especiais com covers de clássicos de Fay no âmbito da reedição da compilação "Still Some Light". 

Trata-se de uma significativa amostra da obra do músico inglês que reúne demos de temas dos seus álbuns dos anos de 1970 e 1971 bem como registos caseiros efectuados em 2009 somente disponíveis em formato CD duplo saído em 2010. Para o efeito, reformou-se agora a capa e adianta-se a inédita edição em vinil em duas partes, a segunda agendada para Abril de 2022. Quer o LP quer os singles estão em pré-venda com desconto. Eia!


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

THOMAS FEINER, MARAVILHA ALASTRADA!

Uma das obras primas da primeira década do século foi idealizada, composta e gravada por Thomas Feiner, escondido atrás do quinteto Anywhen, e recebeu o nome de "The Opiates", na altura o terceiro álbum do projecto com base na Suécia. Foi há vinte anos! Dissolvida a banda, o interesse e fascínio do disco atingiu em cheio David Sylvian que o considerou um clássico perdido, tendo o ex-Japan convidado Feiner a proceder a uma nova gravação para edição na sua editora Samadhisound, o que se viria a concretizar em 2008. 

Foi esse "Thomas Feiner & Anywhen: The Opiates - Revised" que passamos a adorar quando o descobrimos no ano seguinte para nunca mais o largar e passar a ter em Feiner um músico em veneração contínua. A reformulação teve direito a nova capa a cargo de David Sylvian e Chris Bigg que trabalharam uma fotografia de Jean Cocteau obtida por Cecil Beaton, uma imagem já por si icónica mas que o disco eternizará para sempre e que foi na altura somente editado de forma física em CD mas, mesmo assim, uma valiosa peça de colecção que atinge hoje facilmente a centena de euros. Do alinhamento original foi suprimida a canção "Where's The High?" e acrescentadas as épicas "Yonderhead" e For Now" mas a nossa perdição será sempre "Dinah And The Beautiful Blue", um momento que logo à primeira audição nos fez estremecer, efeito que persiste em repetir-se com gosto. 

Pois bem, a partir de hoje todas estas e outras maravilhas estão oficialmente disponíveis em todas as plataformas modernas (o iTunes teve logo esse privilégio aquando da edição de 2008), isto é, Spotify, Apple Music e no incontornável Youtube, incluindo um remake do referido "Where's The High?" e duas novas canções - "Giant" e a excelente "The Rain Collector". Ainda não é o tal vinil mais que urgente e para o qual decorre uma campanha de angariação de fundos, mas é um sinal que esta música sem idade tem agora múltiplas estradas digitais para se alastrar e continuar a encantar como merece!



HANIA RANI & DOBRAWA CZOCHER, M.ou.co., Porto, 15 Dezembro 2021

Na segunda visita à cidade, Hania Rani trouxe a companhia da amiga Dobrawa Czocher para apresentar o resultado da colaboração vertida para o disco "Inner Symphonies" que a Deutsche Grammophon teve a coragem de editar este ano. Ao ouvi-lo na calma possível dos dias, percebe-se que ao piano e violoncelo se juntam curvas digitais de sonoridade ambiental que se misturam na perfeição nesse sobe e desce da composição a la Steve Reich como assumido sem disfarce e de forma activa e regeneradora. 

Depois de apagadas as luzes da sala, foram esses estímulos atmosféricos previamente gravados que soaram de fundo na preparação e assentar da plateia para o destaque iluminado das duas executantes em palco e no submergir das percussões do grande piano, primeiro, e das cordas, depois, a merecer a atenção e confluência dos ouvintes expectantes mas nitidamente concentrados. O mesmo tinha já acontecido na passagem a solo de Rani pelo CCOP em 2019, um pairar de silêncios e quase cessar de respiração no fruir de uma terapia instrumental de excelência e que implica calma e respeito na escolha dos momentos de aplauso ou interrupção. 

Foram, pois, poucas ou nenhumas as paragens para introduzir títulos das peças ou justificações supérfluas, excluindo elogios e agradecimentos ao país, à cidade e ao clima em dois momentos, um para cada uma das jovens compositoras, expressões sorridentes e sinceras de cortesia que não se repetiram na condição de fazer com que a música expressiva e impressiva fosse continuamente venando os sentidos e a fruição. 

Mesmo com alguns sustos técnicos ameaçadores vindos da amplificação, e que se expeliram sonoros durante o encore ao jeito de um tiro inesperado, nada podia malsinar uma competência vincada de nos fazer fechar os olhos para estreitar a beleza das combinações e alternâncias das teclas do piano vertical e do grande grande piano ou o magistral pizzicato e repetição vibrante saído do violoncelo. A essa mistura perfumante de classicismo e vanguarda, que avançou em equilíbrio ouvidos dentro pelo milagroso silêncio e respeito adulto da plateia, foi destinado um forte aplauso de reconhecimento e satisfação, rematando um recital de saborosa alienação natural e sonhadora. Uma raridade!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

YELLOW DAYS E O AMIGO RIC!





















O jovem britânico com nome de futebolista George Van Den Broek aka Yellow Days volta aos discos acompanhado. Depois do excelente álbum de 2020 onde já cooperava Mac DeMarco, foi já editado um EP ao lado do amigo Ric Wilson, rapper e poeta-funk de Chicago que estacionou, para o efeito, em Londres durante uma temporada para experimentar canções, muitas, tendo a seleccão recaído em cinco delas a incluir em "Disco Ric In London Town" que a editora americana Sugar Loaf Records / Free Disco publicou o mês passado. Ajuda à festa a cantora Lynda Dawn, voz emergente da cena dita londrina. 


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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

RYUICHI SAKAMOTO, PIANO DE AUXÍLIO!





















Com a chegada da pandemia ao Japão e o consequente confinamento, Ryuichi Sakamoto foi dos primeiros a ajudar a ganhar forças colectivas - a 2 de Abril de 2020 decidiu emitir online um concerto ao piano como apoio e incentivo, um regresso aos concertos a solo no país que já não acontecia desde 2013 mas onde contou com a colaboração de Hidejiro Honjoh, mestre do shamisen, um género banjo tradicional japonês. O evento tem disponibilidade permanente arquivada no youtube

O procedimento haveria de repetir-se a 12 de Dezembro seguinte a partir do seu estúdio de Tóquio mas foi prometido, depois de definido um acesso pago e condicionado, não proceder a nenhum registo para visualização posterior talvez por haver já uma intenção, que agora se confirma, em editar o momento em disco. Com o nome de "Playing the Piano 12122020", do alinhamento fazem parte quinze peças, entre as quais as consagradas "Merry Christmas Mr. Lawrence" ou "The Last Emperor", uma improvisação final e ainda um tema inédito escrito para "The Art Box Project 2020", plano arrojado e de curadoria própria desenvolvido também em 2020 e que contempla sete discos analógicos produzidos nesse período para serem revelados como objecto artístico. Da impressionante peça foram concebidas trezentas unidades ao preço aproximado de 1600€

Voltando ao álbum agora saído e de que há versão em vinil a esgotar, o único tema que conseguimos transportar para este post chama-se "Aqua" e foi incluído em Outubro passado na colectânea de música ambiental "@0" a cargo dos ingleses Coldcut que junta, entre outras, contribuições inéditas dos próprios mas também de Julianna Barwick, Sigur Rös ou A Winged Victory For The Sullen. O projecto tem finalidades solidárias assumidas pela editora Ninja Tune em transformar 50% dos lucros em ajuda às organizações CALM (Campaign Against Living Miserably), Mind e Black Minds Matter.

PVC - PORTO VINIL CIRCUITO #30





















A papelaria "LU" situada na Praça Mouzinho de Albuquerque, 54, ainda lá está, mesmo antes da saída para a Avenida de França, entre inenarráveis soluções urbanísticas e arquitectónicas que caracterizam o lado norte da Rotunda da Boavista, uma das maiores praças da cidade arejada com a abertura da Casa da Música em 2005. Segue-se, ao que parece, um Corte Inglés nas redondezas

O negócio tradicional faz-se agora de material escolar ou de escritório, impressões e fotocópias e até molduras para quadros ou fotografias que parecem sinalizar uma fusão com a casa comercial do lado, já encerrada, dedicada precisamente ao material fotográfico e caixilharia. O actual aspecto e disposição remete para algum abandono e desinvestimento embora não faltem clientes a entrar e a sair da loja. O negócio, mesmo assim, já viu melhores dias. Os livros que se afixavam como à venda no reclame cimeiro já não constam da oferta o que acontece também, obviamente, com os discos que por lá se vendiam em plenos anos setenta. Uma papelaria e livraria com uma selecção de rodelas de vinil prontas a ser levadas por clientes que, não entrando numa discoteca, acabavam também por não resistir ao impulso de uma canção ou artista devidamente envelopado em papel personalizado. 

Curiosamente, a loja mantém no actual número de telefone os mesmos cinco últimos algarismos constantes do envelope de cima, o que remete para uma antiguidade cinquentenária. Confirma-o, neste caso, a anotação a vermelho manuscrita numa das faces e que faz do apontamento um mistério que remete para um eventual e simples alinhamento de canções ou desejos, atendendo a que não conhecemos nenhum single ou singles com esta estranha sequência: "Lady Stardust", "Rock'n Roll Suicide" e "Soul Love" do álbum "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars" de 1972 de David Bowie, "Time" e "Lady Grinning Soul" do disco "Alladine" do ano seguinte e "Sweet Painted Lady", tema de Elton John da mesma época... 

Certo é que no interior o que nos calhou não foi nada disto mas sim um 45rpm um pouco mais antigo de Joe Cocker com os temas "She Came In Through The Bathroom Window", um original de Lennon e McCartney, e "That's Your Business Now" editado pela Polydor alemã em 1969, ano do segundo e homónimo álbum de Cocker cheio de versões. Também não está mal.
LU, Praça Mouzinho de Albuquerque, 54, Porto
                        LU, Praça Mouzinho de Albuquerque, 54, Porto

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

ORQUESTRA DE JAZZ DE ESPINHO, CRISTINA BRANCO E MÁRIO LAGINHA, Auditório de Espinho, 10 de Dezembro de 2021

Fotografia: facebook do Auditório de Espinho















Para a noite de sexta-feira previamente esgotada anunciava-se no título um "Mais Que Fado" intrigante. Juntar a jovem Orquestra de Jazz de Espinho à voz de Cristina Branco e ao piano de Mário Laginha talvez não seja fácil de classificar mas a referência ao fado numa associação à carreira de Branco só muito a custo poderia fazer sentido. Gostamos da confusão, talvez propositada, gostamos mais quando confirmamos o reportório eleito para o serão através da folha de sala distribuída à entrada.

Tratou-se, afinal, de escolher temas de abrangência diversa e salutar arranjados, na sua maioria, pela mão de Laginha, desde canções tradicionais ou populares portuguesas, a originais nada óbvios de Sérgio Godinho ou Zeca Afonso e até um "Cherokee Louise" de Joni Mitchel. A todos correspondeu um valioso esforço de arejamento e novidade de uma orquestra de jazz voluntária e de calibre notório que cedo se revelou à altura do desafio de preencher expectativas e confirmar um envolvimento depressa sufragado e aplaudido. Pena que, ao acerto da acústica e ampliação de tantos instrumentos e variações, não tenha correspondido igual nitidez da excelente voz de Cristina Branco, um percalço que julgamos se iria resolver aos poucos mas que, infelizmente, se manteve sem alteração até ao final. 

O sacrilégio foi particularmente notório em "Às Vezes Dou Por Mim", canção nobre e obrigatória do reportório de Branco, a única dessa proveniência directa, mas que ali saiu abafada por um nível estranhamente ainda mais baixo sufocado pela orquestra, escondendo a excelente lírica de André Henriques e toda a sua beleza. Valeu, para compensar, o solo brilhante de um dos saxofonistas, entremeando um alongamento notável de uma excelente canção e que, por si só, valeria a noite dirigida musicalmente e de forma alternada por Daniel Dias e Paulo Perfeito. Para eles os nossos sinceros parabéns extensivos aos seus valiosos pupilos!

RE(VISTO) #91





















LAUREL CANYON - A PLACE IN TIME
 
de Alison Ellwood. E.U.A.: MGM/Warner Brothers, 2020 
TvCine Edition, Portugal, 8 de Dezembro de 2021 
A concentração de famosos nas colinas de Hollywood tem numa das suas ruas principais uma referência obrigatória - o nome de Laurel Canyon, que atravessa o desfiladeiro num ziguezague de rochedos e arvoredos, deu já origem a filmes e ficções sem interesse mas a estreia o ano passado de um documentário sobre o local na vertente da música veio, por fim, fazer jus ao mito. 

Nunca vimos um documento sobre música popular em que se misturem de uma assentada tantos artistas ou bandas. Passaram cinco minutos e já nos pareceu ouvir canções e registos dos Byrds, dos Doors, dos Turtles, dos Monkees ou Frank Zappa e até de Arthur Lee e os seus magistrais Love. Tudo num abrir e fechar de olhos que obriga a concentração nas belas imagens da época, muitas delas inéditas, situadas entre 1965 e 1975, captadas por amigos ou os próprios dotados de máquinas de filmar e fotografar em casas, bungalows, piscinas ou clubes das redondezas citadinas durante festas, encontros ou ensaios. Um género de bairro de artistas da canção interessados em aprender e evoluir pela partilha de experiências e em que o êxito de uns era o de todos. Uma bolha de isolamento, como várias vezes reforçado, em relação ao que os rodeava ou se anunciava que podia acontecer atendendo à efervescente situação sociopolítica dos EUA. No entanto, as canções como as The Mamas & The Papas, continuavam a ver o mundo cor-de-rosa pela asa protectora e agregadora de Cass Elliot, um género de madrinha da comunidade. 

O alarme é dado pelos Buffalo Springfiled com "For What It's Worth" de um Stephan Stills inquieto e determinante no abanar do bem-bom estabelecido tamanha era a onda de contestação à presença no Vietnam, ao engrandecer infindável do racismo ou do desemprego. O movimento hippie e Woodstock, que o festival Monterey Pop antecipou, alteram a necessidade de intervenção, de fazer da música o "motor da mudança" que se tornaria abrangente e quase obrigatória mas que não tirou charme a Laurel Canyon como reduto inspirador mas também multiplicador de casos amorosos, zangas e traições. Chega a vez de Johnny Mitchell, linda e jovem, ofuscar no seu folk tardio produzido por David Crosby e na presença de estranhos ingleses como Eric Clapton ou Graham Nash. Aqui, o filme dá-lhe um destaque curioso que serve para, ao de leve, introduzir a chegada e atracção pelo consumo de erva como forma de aprendizagem e experiência, um trilho perigoso e duro que teve nos harmoniosos Crosby, Still, Nash & Young o perfeito exemplo da montanha que sobe mas também desce.

 

Estamos já nos anos setenta e ao local chegam novos aspirantes ao sucesso que cultura hippie mitificou e atraiu - Gram Parsons ou os The Flying Burrito Brothers arriscam na alternativa, no assumir de influências de um country-rock que os Eagles, outros figurões, haveriam de endeusar pela mão de Linda Ronstad. As canções, essas, continuariam em muitos casos a ser eternas como "These Days" de Jackson Brown ou "Our House" de uns CSNY em desagregação mas a cantar coisas simples e ternas como flores, gatos e jardins... A nuvem negra de Charles Manson haveria de inverter o jogo de ser hippie com Jaguares na garagem, partida que os Rolling Stones não se importaram de desafiar às escuras em Altamont. Los Angeles assusta-se mas não a tempo da chegada da maldita cocaína e da desistência fatal de Jim Morrison. O aparente fascínio de um Laurel Canyon intocável permanecerá sublime na geografia mas já esbatido no seu bondoso encanto aurífico. 

Com vários consultores de nomeada mas onde se destaca Barney Hoskins, uma verdadeira enciclopédia da cultura pop, estas são quase três horas de aula em duas partes sem toque de saída mas de sumário intrincado e longo sobre uma década para sempre determinante na história da música e da sociedade e que serve, no limite, para conhecer melhor bandas e artistas que desprezamos ou ignoramos mas que permite múltiplos e saborosos recostos no sofá a cantarolar matérias/canções ainda hoje fundamentais. Um regalo!  


sábado, 11 de dezembro de 2021

GET WELL SOON, AMEN!





















Não vamos repetir os elogios ao alemão Konstantin Gropper aka Get Well Soon que há muito promovemos. Basta, talvez, revelar o regresso aos álbuns de originais com "Amen", descrito como um "disco Corona" de aura positiva e optimista ao fim de sete trabalhos onde se denotou sempre um pequeno travo de melancolia e cinzentismo (o título do anterior "The Horror" confirma-o) agora enterrados. 

Mantêm-se, no entanto, as vibrantes orquestrações e até apelo à dança que resulta, talvez, de uma experiência de sucesso desenvolvida para a banda sonora da série da Netflix "How To Sell Drugs Online (Fast)" iniciada em 2019 e que vê o tema principal "Funny Treats" editado em vinil de 7" como acompanhamento de luxo, entre outros bónus, do referido "Amen". 


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

LEON BRIDGES NO MAR DE VIGO!





















Ainda ontem se fazia referência à parceria repetida de Leon Bridges com os Khruangbin e logo hoje surge a boa nova. O delfim da nova soul tem concerto marcado para o dia 10 de Julho, Domingo, de 2022 no Auditório Mar de Vigo, o que é motivo quase obrigatório de peregrinação galega sem desculpas, um género de contrabalanço à abortada deslocação a Santiago de Compostela para ver o mestre Lee Fields e que a pandemia impossibilitou desesperadamente. 

O motivo reside na digressão do grande álbum deste ano "Gold Diggers Sound" recentemente nomeado para os Grammy 2022. Já se vendem bilhetes para um recinto onde já fomos muito felizes na companhia da saudosa Sharon Jones... Bom sinal!


3X20 DEZEMBRO

TWEEDY E EITZEL, UM SÓ CONCERTO!





















O álbum a solo de Jeff Tweedy "Love is The King" de 2020 terá hoje edição reforçada e física com o acrescento de "Live is The King", um outro disco onde moram variações ao vivo dos onze temas originais e uma versão de "The Old Country Waltz" de Neil Young. O material foi recolhido no estúdio The Loft dos Wilco e também no clube Constellation da mesma cidade em Janeiro do corrente ano e contou com o suporte instrumental dos filhos Sammy e Spencer Tweedy e de Liam Kazar, James Elkington e Sima Cunningham. 

Para comemorar, Jeff Tweedy contará com todos eles em nove concertos previstos para Chicago, Los Angeles e São Francisco, onde, dias 5 e 6 de Janeiro, terá como inesperado e irresistível momento uma primeira parte a cargo de Mark Eitzel! O anúncio traduz o regresso aos palcos do senhor American Music Club depois de um susto cardíaco, supostamente, ultrapassado e que acontece na sua cidade natal já variadas vezes inspiradora de canções e até tributos como uma rendição de "I Left My Heart In São Francisco" que Tony Benett popularizou a partir de 1962. 

Isto de ver dois dos nossos ídolos na mesma noite e no mesmo palco (será que vai haver dueto?) ainda bem que é lá longe, para evitar tentações, já que o incrível preço dos bilhetes para acesso ao The Fillmore deve incluir testes Covid, jantar e bar aberto!


quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

ALICE PHOEBE LOU, MENINA-SURPRESA!

Caído do céu, isto é, de surpresa e inteiro, está aí um novo álbum de Alice Phoebe Lou de nome "Child's Play". O seu acelerado registo deu-se no estúdio Dobro Genius em Vancouver pertencente a David Parry, produtor que repete a colaboração feita no anterior "Glow" e a que juntou a execução da guitarra eléctrica. Participam ainda os comparsas Ziv Yamin na bateria e Dekel Adin no baixo, duo com quem andou em digressão nacional no final do mês de Outubro. 

Como é habitual, a estratégia deu preferência ao uso de um gravador vintage de oito pistas em jornadas frutuosas de muita intuição e simplicidade, uma sonoridade que se comprova à primeira audição das dez canções e das quais mais nada se sabe. Para a capa foi escolhido um desenho de Imogen Berry, avó da menina Alice-surpresa.


KHRUANGBIN E LEON BRIDGES, LUA CHEIA! !





















Precisamente dois anos depois, damos uma notícia sobre uma colaboração dos Khruangbin e Leon Bridges que se repete no formato - um Ep de quatro temas - e numa variação do título que de "Texas Sun" se alterou para "Texas Moon", escurecendo, para isso, o desenho originalmente soalheiro da capa. 

Nas palavras de Laura Lee, a menina baixista dos Khruangbin, o resultado final não é uma repetição de uma sonoridade de cada uma das partes mas sim uma soma de tendências e opções exclusivas na criação de um "mundo criativo comum". Aqui fica "B-Side" como bom exemplo desse reflexo texano com lua cheia prevista para Fevereiro de 2022

UAUU #625

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

THE DELINES, TERCEIRO TESOURO!





















Depois da estreia de um primeiro single em Outubro último, os The Delines voltam à carga com mais uma peça de veludo chamada "Past the Shadows" com video registado ao vivo no local de ensaio da banda em Portland no Oregon americano. O novo álbum "The Sea Drift", que sairá na Europa pela Decor Records a 11 de Fevereiro próximo, explora, pelas canções, a Costa do Golfo dos Estados Unidos, zona onde a vocalista Amy Boone cresceu. Adianta-se, desde já, uma edição especial em vinil azul com a inclusão de um CD com cinco extras apetitosos. 

A propósito, recorda-se que continua disponível o livro "The Night Always Comes" da autoria de Willy Vlautin publicado este ano e que tem, como divulgado, um acompanhamento sonoro da responsabilidade da banda em onze trechos, incluindo uma versão de "Broken Heart" (1997) dos Spritualized (não percam uma outra cover, mais antiga, dos Sparklehorse que flutua na rede) e dois cantados por Boone - "Lynette’s Lament" e o maravilhoso "Don't Think Less of Me"... Só tesouros!


AROOJ AFTAB DE SECRETÁRIA (CASA)!

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

BILL E BONNIE & Cª, UM FESTIM!





















Depois de sucessivas estreias online, a inesperada mas intensa colaboração entre Bill Callahan e Bonnie Prince Billy iniciada há coisa de um ano tem agora a devida e esperada edição em disco convenientemente chamada "Blind Date Party". 

Os duetos realizados à distância incluíram sempre um remoto terceiro parceiro ou parceira de editora, a Drag City, na concretização de dezassete versões de artistas como Billie Eilish ("Wish You Were Gay" com a ajuda de Sean O’Hagan), Scout Niblett ("Kidnapped by Neptune" com a ajuda de Hamerkop), Johnnie Lee Frierson ("Miracles" com a ajuda de Ty Segall) ou Lowell George ("I´ve Been The One" com a ajuda de Meg Baird). 

Da miraculosa brincadeira faz ainda parte uma revisão de "Our Anniversary" e "Arise, Therefore", originais dos próprios Callahan e Billy com mãozinha de Dead Rider e dos Six Organs of Admittance. Um festim!  



segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

CRIATURA & CORO DOS ANJOS, Casa da Música, Porto, 4 de Dezembro de 2021

A chamada música de intervenção que nos habituamos a situar nos anos sessenta e setenta portugueses como forma de protesto social e político parece hoje isso mesmo, uma coisa do passado. Não é. O colectivo Criatura que gosta que se lhe chame bando, já que os seus dez músicos partilham a mesma determinação na agitação atiçada, dedica-se a transportar para os nossos dias complicados a tradição e memória da música popular em versão revisitada mas convicta da sua pertinência e utilidade. Fá-lo com instrumentos ancestrais (o adufe, a guitarra portuguesa, o violino ou o cavaquinho) mas também com acrescentos de teclados, bateria ou guitarra eléctrica sem que a aparente incompatibilidade belisque hábitos ou modas e desde que o resultado final se afigure persuasivo e verdadeiramente moderno. 

Para sobrepor a tamanha instrumentação escolhem-se, por vezes, histórias e temáticas inofensivas como o namoro, a praxe ou o tempo mas vincam-se propositadamente aforismos ou metáforas urgentes sobre a injustiça, a pobreza ou a ganância sem fim. Pelas vozes tão diferentes mas envolventes de Edgar Valente e Gil Dionísio, o verdadeiro líder por aclamação, a estreia nada inocente de sábado à noite no principal e cimeiro espaço de concertos portuense teve na plateia sentada um plenário de todas as idades interessado na provocação em formato cantado. O guião da assembleia assentou em "Bem Bonda", segundo disco editado este ano que tem no título uma curiosa expressão beirã de variado significado mas que ali reforça a intensidade de um grito incontido - "já chega"! 

Para ajudar no engrossar do eco esteve o Coro dos Anjos, ele próprio presente no registo original ocorrido em 2019 e 2020, e no qual se unem jovens activistas convictos da necessidade da acção artística como forma de bater o pé. Pena que o conforto das cadeiras tenha funcionado como inibidor de uma libertação implícita a algumas das peças apresentadas - "A Noiva" ou "A Festa do Medo do Gaiteiro", por exemplo - mas que, mesmo assim, não impediu redobrada força nos aplausos ou repetidas e impulsivas ovações em (bater o) pé. Alguém ainda bradou "bem bonda estar sentado" mas só à última se esqueceram os assentos ou licenças.   

Tivemos, pois, uma endiabrada Criatura agigantada pela proximidade e entusiasmo proporcionados por uma música que é tão nossa como de ninguém mas que nos reboca para uma urgência comum em trilhar outros caminhos solidários e de mudança. Mesmo que momentâneas, que as quase duas horas do encontro sirvam para lembrar que o tal "acordar" interventivo pode e deve começar numa sala de concertos com direito, neste caso, a prolongamento espontâneo no exterior já com a porta da Casa devidamente corrida. Como sentenciado por VHMãe: "Que filha da mãe de colectivo brilhante."!

domingo, 5 de dezembro de 2021

PEDRO GONÇALVES (1970-2021)















O anunciado epílogo dos Dead Combo carregava escondido um negrume que não cabia numa simples formalidade. A doença do contrabaixista Pedro Gonçalves foi adiando o adeus aos palcos do duo de Lisboa mas o seu agravamento impediu o desígnio merecido mas talvez desnecessário. 

Tínhamos, há muito, pelos Combo um profundo respeito e admiração que nos habituamos a cultivar ao vivo onde Gonçalves assumia, sempre modesto e discreto, papel determinante e invisível. Lembramos bem uma noite animada por Serralves e de um projecto abortada que os juntou a Alexandre Soares e Ana Deus - uns tais Clube dos Nadadores de Inverno - onde se mostrou bem activo e contente. Pedro Gonçalves faleceu ontem cedo demais. Paz!  

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

MEU AMIGO CHARLIE BROWN!
















A 9 de Dezembro de 1965 a televisão americana emitiu um episódio de Natal da série de desenhos animados Charlie Brown que se tornou lendário. A popular vinheta "Peanuts" da autoria de Charles M. Shultz ganhou vida natalícia e banda sonora a cargo de Vince Guaraldi, músico de jazz californiano que se tornaria famoso pelos trechos e versões que concebeu, nomeadamente, os depois populares "Linus And Lucy" e "Christmas Time Is Here" incluídos no vinil então editado ao lado de outras nove peças registadas em formato de trio. 

Passaram mais de sessenta anos mas este é um daqueles álbuns sem tempo que se tornou um dos mais vendidos discos de jazz de sempre, só ultrapassado pelo incontornável "Kind of Blue" de Miles Davis mas que, na proximidade da chegada do Pai Natal, reaparece cada ano para conquistar novos admiradores, tendo já atingido a cifra de 4 vezes disco de platina, o que nos E.U.A. corresponderá a quatro milhões de rodelas/cd's! 

Atenta, a Craft Recordings disponibiliza por estes dias uma reedição em vinil premente, peças de colecção limitadas em cores e embalagens diferenciadas. É só escolher. Para os inadaptados à época mas que gostam da música, aqui ficam duas tiradas para espairecer: 

“I know nobody likes me. Why do we have to have a holiday season to emphasize it?”  Charlie Brown 

“Look, Charlie, let’s face it. We all know that Christmas is a big commercial racket. It’s run by a big eastern syndicate, you know.” Linus Van Pelt



 

NOME: ANAÏS MITCHELL . PROFISSÃO: FEITICEIRA





















Apesar da carreira já longa contabilizada em meia dúzia de álbuns, só nos últimos anos recebemos o encanto de Anaïs Mitchell. A sua voz fez-se notar límpida e irresistível no colectivo 37d03d promovido pelos irmãos Dessner dos The National e Bon Iver/Justin Vernon e alongou-se ao trio Bonny Light Horseman ao lado de Josh Kaufman e Eric D. para um grande álbum homónimo editado em 2020

Mais recentemente, são suas as melhores participações noutro ajuntamento de nome Big Red Machine que não é mais que a formalização em disco da colaboração dos manos Dessner e Vernon e que no corrente ano publicou um segundo álbum ("How Long Do You Think It's Gonna Last?") onde Mitchell (en)canta em três canções: "Latter Days", "Phoenix" e "New Auburn", uma maravilha para ouvir ali abaixo. 

Aproveitando todas estas conexões e parcerias, está para breve o regresso a um trabalho, literalmente, em nome próprio, o que já não acontecia desde 2012. Participam, entre outros, Vernon, Kaufman, Aaron Dessner, JT Bates, baterista nos referidos Big Red Machine e Thomas Bartlett, todos reunidos nos Dreamland Recording Studios de Woodstock (Nova Iorque) depois de semanas de ensaios e experiências à distância traduzidas num género de "uma canção por dia" em modo de estímulo simultâneo. O resultado, pelos dois pedaços já conhecidos, será deslumbrante. Um feitiço...