Ao norte-americano Steve Gunn coube, no entanto, algo de inclassificável (narrativa visual meditativa?) da autoria de Stan Brakhage (1933-2003), um experimentador nato de formatos e técnicas que incluíam colagem de fitas, sobre-exposição do filme, repetições insistentes ou até pintura da película. Os seus quatro "Visions in Meditation" (1989-1990), que pairam sobre exteriores de paisagem colorida aumentada nos pormenores, nos significados ou sensibilidades, são, por isso, um terreno irresistível e instável para o alastrar de sonoridades também elas inauditas mas a merecer recorte e testagem prévias.
Notou-se, assim, um cuidado de Gunn em juntar aos acordes de guitarra eléctrica ou acústica uma base firme de loops para tentar manter o espectador fixado ao ecrã enquanto manobrava alguns dos botões e dedilhava, em doses mínimas, as cordas, mas o adiantado da hora e, diga-se, algum vazio sonífero das imagens, pôs-nos a maior parte do tempo de olhos fechados a fruir da cogitação ambiental do fundo sonoro, o que se mostrou, às escuras, uma experiência imersiva bem conseguida e retemperadora. Apeteceu concluir: imagens para quê?
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