No ténis de Serralves, que apesar da canícula, se compôs numa preenchida plateia, foi com essa renovada inovação que o trio se impôs aos poucos, conjugando uma percussão escondida, quase imperceptível, com uma majestosa incisão do contrabaixo em desafio constante com o saxofone alto. Nos temas escolhidos, na sua totalidade da autoria de Rasmussen, à invulgar estrutura da composição somou-se um género de vendaval expressivo bem distante do delicado e harmonioso groove do jazz clássico, linhas curvas replectas de detalhes e texturas inesperadas e rugosas a que foi preciso estar atento e desperto. Um matriz diferente e arriscada mas a que o público satisfeito, sem rodeios ou tiques de intolerância, aderiu de bom grado.
terça-feira, 12 de julho de 2022
METTE RASMUSSEN TRIO NORTH, Jazz no Parque, Serralves, Porto, 9 de Julho de 2022
A paragem que o tempo pandémico impôs ao frenesim e aos hábitos de muitos artistas serviu, em muitos dos casos, para aquilo que podemos chamar uma actualização. Para Mette Rasmussen, jovem dinamarquesa a residir na Noruega, os dias de isolamento aceleraram um estudo intensivo da música neoclássica e as suas derivações para o novo jazz a merecer projecto novo a que chamou Trio North e que se segue ao anterior Trio Riot, onde vincados riffs rock se estreitavam pela improvisação do seu saxofone. Agora, ao lado dos lendários contrabaixista Ingebrigt Håker Flaten e baterista Olaf Olsen, não se esqueceram essas raizes free e até noise, mas aprimorou-se uma maior sistematização da composição de reivindicação e inspiração ecológica, donde ressalta menos risco mas se acentua uma notória subtileza.
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