Haverá sonhos impossíveis que se concretizam? Pois, ontem foi um desses dias em que o que aconteceu à nossa frente parecia fantasia, mas não era, era mesmo verdade. Passar de um palco para outro sem dificuldade e ver, de seguida, alguns dos nossos artistas favoritos é um daqueles suspirados acasos que esta(e) Primavera nos trouxe. Claro que um pouquinho de pesadelo não faz mal a ninguém e por isso os Beach House, Shellac ou os Black Lips não entraram nas contas... O sonho bom, para que conste, foi o seguinte:
Os Yo La Tengo, um trio mítico em ambiente soalheiro e descontraído, foi, como é habitual, magistral. Sóbrio mas sónico, quase pop, mas duro. Um dos temas contou com a percursão de um dos Flaming Lips enquanto o comandante Wayne Coyne assistia numa das laterais do palco a tamanha perfomance. Tal como a imensa plateia, o seu agrado foi notório.
Subida rápida a um palco mais pequeno para ver quinze minutos dos Tennis. Novamente ambiente descontraído onde a menina e o menino tenistas mostravam as suas canções para alguns curiosos como nós não darem o tempo por perdido. Pop doce, de efeito retemperador a merecer mais atenção. Uma delícia.
Descida de papo cheio para um dos palcos maiores onde Rufus Wainwright e a sua banda já estavam prontos. O solzinho vindo do mar fez o seu efeito e Rufus não se conteve nos elogios ao local, à cidade ou às nossas já famosas livrarias e mostrou-se bem disposto e em forma principalmente nalgumas tiradas políticas a propósito da Grécia ou de Mitt Romney... Muitas canções do novo álbum "Out Of The Game" mas tempo para sozinho, ao piano, partir corações em "Art Teacher" ou "Halelujha" mesmo no final. A banda completemente remodelada, conta agora com Teddy Thompson, filho de Richard e Linda Thompson, casal histórico da folk inglesa e que mostrou o seu bom berço em diversas ocasiões. Um Rufus mais gordinho mas sempre vintage no que interessa, a música.
Quanto ao Flaming Lips, outra coisa não seria de esperar - farra, animação e muita, muita distracção no bom sentido. Papelinhos, fumarada, sirenes, balões, jovens dançarinas e dançarinos recrutados por aí (de onde?), bola gigante com Coyne a calcorrear o público, ou seja, o circo completo habitual que já se tornou indispensável. Mas há a música que continua moderna, actual, de efeito rápido e certeiro. Encore com os obrigatório "Race for The Prize" e "Do You Realize", mas para trás tinha havido já outros clássicos como um notável "Yoshimi..." em versão semi-acústica. Há quem ache um exagero, mas estes Lips sempre pautaram os seus concertos nesta vertente e a tendência é para uma cada vez maior anarquia controlada. Resulta e de que maneira!
Ufa! Agora os Wilco... O que dizer de tão perafinado espectáculo? Que Tweedy e companhia estão cada vez melhores? Que os seus temas são de uma consistência avassaladora e que ao vivo esta é a BANDA que todo o amante de música devia ver obrigatoriamente pelo menos uma vez durante a vida? Ao terceiro e quarto tema tinham já soado perfeitos e cintilantes um "Impossible Germany" e um "Spiders (Kidsmode)" em versão soft e o resto foi sempre de um calibre superior. Uns senhores do mundo a que prestamos, sem disfarçar e de bom grado, uma vassalagem eterna. Grande.
Os Walkmen tem já uma base de fãs notável e isso fez-se sentir na adesão e atenção com que a plateia os recebeu. Na falta do baixista efectivo, houve uma substituição de última hora por um profissional contratado naquela tarde, mas as canções saíram sem falhas. Há já uma mão cheia de hits encobertos mas o novo "Heaven" encheu-nos as medidas. Bom, mas queremos uma segunda dose numa noite só com eles.
A pista desta vez abriu um quarto-de-hora mais tarde. Às 2h15 os M83 entraram em palco e pronto, o balanço não mais parou. Impressionante a massa humana presente, a agitação na frente e os franceses boquiabertos com tamanha recepção. Seguros, potentes, são já um caso de estudo quanto ao sucesso por cá. Uma verdadeira "Reunion" triunfal.
A terceira etapa começa daqui a pouco. Esperamos "dificuldades" de escolha agora que se aproximam os quilómetros finais...
+ videos no Canal Eléctrico.
2 comentários:
Thumbs Up!!
Com a sua licença, partilhei este post e faço minhas estas palavras, pois melhor não diria.
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