terça-feira, 15 de julho de 2025

BILL CALLAHAN, Casa da Música, Porto, 11 de Julho de 2025

Sim. Talvez a sala da Casa da Música seja demasiado grande. Talvez a acústica continue a desmerecer a beleza da arquitectura. Talvez o raio das cadeiras continuem, sem remédio, desconfortáveis. Talvez, para a maioria presente, a comparência seja só (mais) um momento de entretenimento e curiosidade. Talvez os que continuam a sair a meio, como em 2014, irão voltar da próxima vez. A aprendizagem implica erro. 

Não. Ir a um concerto de Bill Callahan requer sacrifícios, intuição, calma e muito respeito. Ele até que, em demasia, se fez sentir no silêncio entre canções, no cuidado em não subverter, ui, as regras de captação de imagens, ou no resguardo cauteloso da plateia em não entrar em diálogos com o artista que ele não aprecia confianças (está por testar). 

Sim. Do que ali se estava à espera era de ouvir canções. Das melhores que o indie americano se parece ter esquecido de valorizar, mesmo que sem ajudas de outros músicos, já que, na apresentação self-made, Callahan tratou de usar os pés para fazer soar um bombo e uns pratos, auxiliares subtis que, mesmo assim, arranharam qb a sofrível propagação sonora do espaço. "Coyote", "Say Valley Maker", "Natural Information" ou "Too Many Birds", logo a seguir a um dos poucos pedidos do público, deveriam motivar candidatura a património imaterial, o que obrigaria a um anexo especial só para "Let's Move to the Country", o único encore escolhido e a que faltaria juntar o monumental e esquecido "Dress Sexy At My Funeral". 

Não. Desistir não nos assiste. Sozinho, acompanhado, na imensidão de um relvado, no conforto de uma boa sala, no jardim lá de casa (isso é que era...), será sempre um pecado ficar sentado no sofá logo que o homem, agora pai, nos faz a cortesia de uma visita de estado, de estado de alma. A de sexta-feira foi, uma vez mais, mater!

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