segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

BILL CALLAHAN, Casa da Música, 23 de Fevereiro de 2014

Foto: Blitz














Recordamos bem as passagens de Bill Callahan, ainda sob o desígnio de Smog, pela gruta do Mercedes em 2003, pelo Teatro Circo em 2008 ou em Vigo passados dois anos. De todas as vezes o músico deixou a música fluir, resguardando-se na sua timidez e algum laconismo, fazendo sobressair a mestria da composição e da lírica em que a sua inconfundível voz tudo arrebatou! Ver uma plateia enorme como a da sala principal da Casa da Música perfeitamente concentrada para o ouvir, deixando todos os temas finar até ao limite para bater palmas, respeitando os silêncios como poucas vezes acontece, só pode ser sinal de reverência. E essa reverência natural é uma merecida homenagem a um artista enorme que soube, álbum após álbum, fazer da sua carreira um exemplo notável de reinvenção, qualidade e, mais que tudo, genialidade. Será difícil escolher um momento alto deste recital maravilhoso que Callahan trouxe até ao Porto, mas juntar no mesmo alinhamento "Dress Sexy at My Funeral", "Too Many Birds" ou, já no encore, o grande "Rock Bottom Raiser" dará direito a que este seja, desde já e ao fim de dois meses, o melhor concerto de 2014! Claro que houve muito "Dream River", cheio de grandes canções como "Winter Road", "Small Plane" ou a pérola de duas faces que é "Seagull" onde vagueia um dos melhores light riffs dos últimos anos. Faltou algo mais de "Sometimes I Wish We Were Eagle" mas, com uma banda trio deste calibre, a aposta no prolongamento instrumental de muitos dos temas sob a criativa projecção de algumas imagens no ecrã de fundo, fez da sala uma imensa galáxia da qual não apetece nunca conhecer o fim. Fabuloso!              

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