O estilo de Charlie Watts atrás da bateria dos The Rolling Stones era um dos mitos vivos da história do rock. Discreto e recatado, a sua fidelidade à banda mostrou-se essencial no serenar de atritos, protagonismos e birras arreliadoras e onde a sua exigente percussão se assumiu sempre vital, tal como na última canção "Living In the Heart of Love", um inesperado inédito da dupla Jagger/Richards com quarenta anos. Primeiro, um riff característico e, depois, aquela bateria... Peace!
Dos Big Thief não são permitidos desperdícios. Novo, velho ou reciclado, o material tem sempre energia assegurada tal como acontece com as duas canções surgidas esta semana - "Little Things" foi registada em Outubro de 2020 em Topanga, California, enquanto "Sparrow", do mesmo ano, tem proveniência de origem nas montanhas de Catskills, Nova Iorque, ambas produzidas pelo baterista da banda James Krivchenia.
A pureza, essa, continua limpa!
Como é hoje virtualmente costumeiro, tropeçamos nos Moontype há uns meses sob alçada da irritante máxima "quem ouve isto deve ouvir aquilo". A canção, involuntária, chamava-se "When Will I Learn" e ondulava numa pop arrojada a que se sobrepunha uma voz dissonante mas de notória sinceridade e juventude a justificar uma repetição atenta. O contágio ficou, assim, a pairar...
Resumindo, o disco de estreia "Bodies of Water" que saiu em Abril passado tem tido insistência justificada em passeios de bicicleta e (pouca) praia matinal e pertence a um trio com base em Chicago, Illinois, liderado pela tal voz de Margareth McCarthy. Um contágio surpresa que se espera duradouro.
Quando em Março passado demos conta da chegada do novo álbum "Cavalgade" dos ingleses Black Midi prevíamos, sem dificuldades, um estrondo sonoro à maneira. O disco é mesmo isso, um repositório de estilos onde a diversidade cabe em cada canção na medida certa de acelerações, travagens e arranques espantosos e no qual uma delas se destaca pela surpresa.
Já nessa altura aguçamos a curiosidade sobre "Marlene Dietrich" alinhado que estava em segundo lugar logo a seguir ao potente single de apresentação "John L". A recompensa é de uma beleza enternecedora. Ao melhor estilo de Arthur Lee e Bryan Maclean dos eternos Love e de toada quase bossa nova, os Black Midi talharam uma das canções do ano e uma homenagem ao anjo Dietrich que deveria merecer uma arrojado video em tons de azul... Para ouvir sem contar as vezes!