(RE)VISTO # 14
JAMES BROWN – SOUL SURVIVOR
Directed by Jeremy Marre
Universal Music Operations, DVD, 2003/2004
O final do ano de 2006 ficou marcado pelo desaparecimento de James Brown aos 76 anos, mas mesmo morto as polémicas continuaram. O folhetim do seu funeral e o actual diferendo relativo ao seu testamento, provam que o seu nome atrai polémica. Este documentário, com narração do próprio músico (ou alguém em vez dele), traça o percurso sinuoso desde a infância até ao seu último casamento. A marcante solidão aquando menino, abandonado pela mãe, não o impediu de querer ser alguém, como confessava aos amigos. E foi através da música, principalmente inspirado pelo gospel e discursos de igreja, que essa ambição se concretizou. Vamos vendo Brown na actualidade (2003?) a passear pelos lugares e edifícios dessa meninice, rodando, acompanhado pela mulher e flha, numa enorme limusina, visitando os velhos amigos e dando autógrafos... Recordam-se jogos de baseball, intrigas e roubos – “I was a Robin Hood” - mas mesmo preso é no coro de gospel da prisão que agarra a vida. Os primeiros êxitos como “Please, please me” ou “Try me” haveriam de o fazer reencontrar com a mãe e o mítico disco “Live at The Apolo” daria a partida para a consagração. A actuação no Ed Sullivan Show em 1956 com o eterno “I Feel Good” levariam o seu nome e sua música imparavelmente a toda a América. Desde logo se mostrou um businees man: comprou rádios, fundou a sua editora e até selos com a sua imagem vendeu! Claro que a chave do sucesso estava na música ritmada e sedutora a que hoje chamamos funk e que ao vivo não deixava ninguém indiferente, brancos ou negros! As convulsões políticas e a guerra do Vietnam acarreteram problemas legais e perseguições. A raiva transparece para a música e o tema “Say it Loud – I’m black and I’m proud” vira-lhe as costas de muitos admiradores brancos. Os anos 70, com o advento do disco sound, arrasariam a sua fonte de sustento – os espectáculos ao vivo. As rádios acabam por fechar, o fisco não perdoa e os célebres problemas familiares começam então a ser comuns: o abandono da mulher, o roubo das filhas, a morte do filho Teddy Brown, a droga e o álcool. Os anos 80 marcam a sua decadência total e a prisão é o destino. O chamado Godfather of Soul, o King of Soul teria então, na recuperação e inspiração que o hip hop realizou e realiza da sua música, o último dos reconhecimentos. É por isso também, como nota Chuck D no filme, o King of Hip Hop. Excelente e feliz documentário sobre uma lenda com mais de cinquenta discos e oitocentas canções gravadas a que muitos chamam Deus e como ele egocentricamente afirmava, sem rodeios, “I’m (was) the best”. Está dito e, hummmm, “I feel good”!
JAMES BROWN – SOUL SURVIVOR
Directed by Jeremy Marre
Universal Music Operations, DVD, 2003/2004
O final do ano de 2006 ficou marcado pelo desaparecimento de James Brown aos 76 anos, mas mesmo morto as polémicas continuaram. O folhetim do seu funeral e o actual diferendo relativo ao seu testamento, provam que o seu nome atrai polémica. Este documentário, com narração do próprio músico (ou alguém em vez dele), traça o percurso sinuoso desde a infância até ao seu último casamento. A marcante solidão aquando menino, abandonado pela mãe, não o impediu de querer ser alguém, como confessava aos amigos. E foi através da música, principalmente inspirado pelo gospel e discursos de igreja, que essa ambição se concretizou. Vamos vendo Brown na actualidade (2003?) a passear pelos lugares e edifícios dessa meninice, rodando, acompanhado pela mulher e flha, numa enorme limusina, visitando os velhos amigos e dando autógrafos... Recordam-se jogos de baseball, intrigas e roubos – “I was a Robin Hood” - mas mesmo preso é no coro de gospel da prisão que agarra a vida. Os primeiros êxitos como “Please, please me” ou “Try me” haveriam de o fazer reencontrar com a mãe e o mítico disco “Live at The Apolo” daria a partida para a consagração. A actuação no Ed Sullivan Show em 1956 com o eterno “I Feel Good” levariam o seu nome e sua música imparavelmente a toda a América. Desde logo se mostrou um businees man: comprou rádios, fundou a sua editora e até selos com a sua imagem vendeu! Claro que a chave do sucesso estava na música ritmada e sedutora a que hoje chamamos funk e que ao vivo não deixava ninguém indiferente, brancos ou negros! As convulsões políticas e a guerra do Vietnam acarreteram problemas legais e perseguições. A raiva transparece para a música e o tema “Say it Loud – I’m black and I’m proud” vira-lhe as costas de muitos admiradores brancos. Os anos 70, com o advento do disco sound, arrasariam a sua fonte de sustento – os espectáculos ao vivo. As rádios acabam por fechar, o fisco não perdoa e os célebres problemas familiares começam então a ser comuns: o abandono da mulher, o roubo das filhas, a morte do filho Teddy Brown, a droga e o álcool. Os anos 80 marcam a sua decadência total e a prisão é o destino. O chamado Godfather of Soul, o King of Soul teria então, na recuperação e inspiração que o hip hop realizou e realiza da sua música, o último dos reconhecimentos. É por isso também, como nota Chuck D no filme, o King of Hip Hop. Excelente e feliz documentário sobre uma lenda com mais de cinquenta discos e oitocentas canções gravadas a que muitos chamam Deus e como ele egocentricamente afirmava, sem rodeios, “I’m (was) the best”. Está dito e, hummmm, “I feel good”!
Sem comentários:
Enviar um comentário