São famosos e reputados quase todos os serviços públicos ingleses à custa de uma clientela exigente e habituada a produtos de qualidade extrema. Seria pois um crime de lesa-majestade deixar passar em claro a passagem dos Public Service Broadcasting pela cidade, uma milagrosa dose dupla no corrente ano depois da atribulada e abençoada estreia no Parque da Cidade o que por si só constituiu uma saborosa e invulgar dádiva. A banda do sul de Londres, que emite desde 2009, é (era) um dos segredos mais bem guardados de uma tradição pop britânica que ali a electrónica a uma veia melodiosa que tanto aposta nos samples como no nervosismo de um baixo e até de um banjo para, através da música, homenagear aventuras épicas, viagens trágicas, personagens lendárias, eventos desportivos ou lutas de classes em imagens em permanente projecção durante os concertos, um costume antigo aplicado aos videos originalmente realizados para as canções mas que se tornaram uma imagem de marca de um projecto atraente e de subtil inteligência instrumental.
O último dos concertos da corrente digressão europeia foi, assim, um género de reencontro privado almejado desde Junho passado onde a banda assumiu em toda a sua plenitude as capacidades de agitação e partilha para uma plateia amiga e ávida de confraternização animada. O trio rapidamente se impôs pela notável facilidade de entrosamento e comunicação que privilegiou um alinhamento salpicado nos três álbuns já editados mas sem excluir extras como um enorme "Elfstedentocht Part Two", um dos três fabulosos temas escritos para homenagear em 2013 uma prova de patins de gelo na Holanda... Houve direito a clássicos agitadores como "Korolev", "Spitfire", "Go!" e "Gagarin" que haveria literalmente de aparecer aos saltos já no encore. O eloquente final fez-se ao som de "Everest", um pico obviamente escolhido a dedo para não mais esquecermos esta viagem sonora e visual de extrema competência e a merecer ovação generalizada e radiante.
Um serviço público de excelência!
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