Sem que nos preocupemos sequer com as explicações, há uma certa transcendência que emana da música do americano William Tyler. Seja dos arranjos, do virtuosismo ou dos ares de Nashville, o aparente e simples abuso de pegar na guitarra eléctrica para nos seduzir com instrumentais fora de moda acaba numa saudável virtude que mestres como Ry Cooder ou até Norberto Lobo insistiram e insistem em praticar para gáudio de sensores auditivos descomplexados. O próximo álbum a sair em Janeiro tem o nome de "Goes West" e resulta da migração ocidental de Tyler para Los Angeles onde a casa Zebulon, ela própria "imigrada" de Brooklyn em 2017, passou a ser o santuário de todas as colaborações e partilhas/residências artísticas. A incubação de um novo trabalho com a participação da talentosa Meg Duffy (Hand Habbits) que se pode, desde já, comprovar no mais recente registo video de um dos originais, recebeu ainda a ajuda de Bill Frisell, do baixista Brad Cook, do baterista Griffin Goldsmith (Dawes) ou do teclista e conterrâneo James Wallace mas onde Tyler se agarrou unicamente a um tipo de guitarra, a acústica, para se "limpar" de distracções laterais, aditivos líquidos ou electricidades dinâmicas. Solicita-se, já agora, uma sensorial aproximação oriental que perdemos há dois anos e que urge experimentar a três dimensões sem mais demoras.
Sem comentários:
Enviar um comentário