As muitas as vezes que nos encontramos com o Norberto Lobo foram sempre gratificantes. Em festas ao ar livre, com a ajuda dos Tigrala, ao lado do saudoso Naná de Vasconcelos ou em qualquer outra ocasião a expectativa acaba sempre em alta pela incerteza do que vamos ouvir e do que vamos aprender e sorver. Mas é no escuro do Passos Manuel que a experiência da sua música encontra a toca perfeita, um efeito longínquo que tem já mais de uma década e que ontem acabou por se repetir de forma maravilhosa. De propósito, sentámo-nos perto ou até no mesmo lugar de então, o que não esquecemos de fazer também em 2012 durante o único Mexefest portuense, um ritual que se repete em cima do palco onde a única cadeira parece ser a mesma e o jogo mínimo de luz inalterado para que a penumbra permita a concentração e, já agora, o sonho. Mudou a guitarra que agora é eléctrica, mudou o amplificador emprestado pelo amigo Peixe e o Norberto já precisa de óculos como quase todos os que o acompanham desde o início. Mantêm-se aquela timidez em nos agradecer a presença já quase no final e um jeito inigualável de sacar continuamente de uma guitarra momentos de beleza únicos, uma tensão absorvente de efeito viajante que nos harmoniza e acalma como um bálsamo revigorante espalhado na hora certa. Hummm...
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