segunda-feira, 10 de outubro de 2022

AZYMUTH, Auditório de Espinho, 8 de Outubro de 2022

O trio brasileiro Azymuth funciona, bombando, há quase cinquenta anos pelo gosto e virtude numa prática que se assumiu como jazz mas onde o funk, o disco e alguma electrónica se mesclam num género de swing tropical. A energia da sua música não tem, por isso, qualquer prazo de validade ou recinto apropriado para alargar sorrisos e multiplicar prazeres, um espírito que ao vivo é imediatamente transmissível e contagiante tal como foi rapidamente notório no auditório espinhense. 

Mesmo que o som da bateria de Ivan Conti nos tenha parecido um pouco alto e demasiado "chapado", o serão foi de entusiasmo contido na primeira meia hora mas que acabaria depois por soltar-se muito à custa da destreza das teclas incríveis de Kiko Continentino, da perícia do mestre "Mamão" Conti e do baixo de Moyses Dos Santos, um contributo recente que permitiu a substituição do baixista fundador Alex Malheiros, ausente por doença desta digressão. 

O alinhamento deu alguma primazia ao último disco "Fenix" mas alargou-se a outras das tantas pedradas que a banda foi gravando desde 1973 ao lado do amigo Marcos Valle - com quem estiveram em digressão por Lisboa em 2018 (por sinal, Valle toca no Porto no final do corrente mês!) - e outros cúmplices interessados nesta fusão imparável de ritmo e cosmometria. A inebriante versão de "500 Miles High" de Chick Corea que apresentaram e gravaram é a prova mais séria dessa levitação... 

O balanço consequente só perto do final haveria de merecer alguma dança colectiva, que foi pena não se ter mantido e espalhado, mas o triunfo destes boogie-cariocas renascidos, entoado em coro colectivo e ovação de pé, teria em "Jazz Carnival" o merecido epílogo incontido de vibração, diríamos, azimutal e bem medida. Valeu! 

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