terça-feira, 19 de julho de 2011

(RE)LIDO #34


















WHITE BYCICLES
MAKING MUSIC IN 1960s
de Joe Boyd. London: Serpent's Tail, 2006
A indústria da música teve nos anos sessenta uma das suas mais importantes e decisivas décadas. O autor deste livro viveu esses anos como poucos, movimentando-se, principalmente, entre Los Angeles e Londres, experimentando, nesse meio, diversas funções associadas aos músicos, aos concertos, às digressões ou discos: manager, agente, produtor, rodie, técnico de som, dono de editoras (Hannibal Records), etc. de gente como Muddy Waters, Dylan, Fairport Convention, Pink Floyd, Incredible String Band, R.E.M. ou Nick Drake. Com este curriculum não faltavam, obviamente, histórias para contar ou confissões para fazer, o que torna as quase 300 páginas do relato um apetitoso menu para devorar rapidamente por quem se interessa pela história da música popular ocidental. Episódios como os do Newport Festival de 1965 (foto da capa) em que Dylan ligou a guitarra eléctrica, é aqui esmiuçado de forma quase satírica e lúcida, em registo detalhado e minucioso que a sua presença em palco, como técnico de som, permitiu documentar. A descoberta dos Pink Floyd, a produção dos primeiros temas, a azáfama do mítico clube londrino UFO ,de que foi um dos fundadores, são outros dos fortes atractivos da obra, numa visão diferente da sociedade inglesa pelos olhos de um emigrante bem instalado de origem norte-americana. Rivalidades, euforias, desilusões, vícios e passos em falso aparecem por aqui de forma natural e informal, mas também ao jeito de arrependimento, particularmente na malograda história do talentoso mas abandonado Nick Drake. Um livro magnífico, que devia merecer réplicas por estas bandas, onde há, certamente, alguns radialistas, produtores ou editores com muito para revelar.



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