segunda-feira, 30 de novembro de 2015
WILD NOTHING, ACABOU O POUSIO!
Ao fim de três anos de pousio, o génio de Jack Tatum que comanda os Wild Nothing tem data marcada de término com a edição de Fevereiro de "Life of Pause" via Bella Union. Gravada entre Estocolmo e Los Angeles com o produtor Tom Monahan, com referências no curriculum como Devendra Banhart ou Vetiver, são já conhecidos dois singles simultâneos que provam uma reinvenção que, a pedido de várias famílias, não se pretende drástica. Aqui ficam, então, as primeiras provas.
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
BENJAMIN CLEMENTINE, Casa da Música, Porto, 25 de Novembro de 2015
O fenómeno meteórico chamado Benjamin Clementine pode ter diversas e intrincadas explicações em que o mundo da música é felizmente fértil e a que habitualmente se associam uma série de faits-divers inconsequentes. Pode (não) ser a cor da pele, o corte do cabelo, o banco alto onde senta em frente ao piano, a fatiota simples sobre a pele, uma tal Nina Simone no masculino, os pés descalços ou uma história do desgraçadinho de rua que agora é capa de revista e merecidamente premiado e reconhecido. Tudo isto, meus amigos, se desvanece quando a essência principal actua sobre uma sala imponente e esgotada como certamente aconteceu já nos espectáculos também lotados de Braga ou Aveiro e vai tornar a acontecer em Lisboa e Faro. Essa essência tem um nome: autenticidade... da timidez da fala, da calma na postura mas, principalmente, da voz e das líricas que o piano vai rodeando sem contemplações e que nos encolhe na cadeira e na alma enquanto nos vamos questionando "como é possível?". Num desses momentos de aperto, quando um tom de piano introduz a frase "Betty came on her way" e uma das maiores canções da história da música popular chamada "River Man", que Nick Drake escreveu em Cambridge há mais de 45 anos, se vai de surpresa entranhando, a noite no nosso caso podia acabar logo ali! Se as queixas no alinhamento recaem no "esquecimento" de "London", a verdade é que, com a ajuda de Alexis Brossard na bateria, o arrebatamento unânime do concerto de ontem é simplesmente o resultado de uma persistência em acreditar na vida, na dele e, já agora, na de todos nós, quando, alto e bom som, insiste em lembrar-nos "I dream, I smile, I walk, I cry" durante "I Won't Complain". Acreditem, apesar de tudo, a vida é mesmo bela. Obrigado pela lembrança Benjamin!
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
BEACH HOUSE, Teatro Sá da Bandeira, Porto, 24 de Novembro de 2015
Um concerto ao vivo dos Beach House é e sempre será um momento especial. No nosso caso, já experimentamos uma primeira fila do Vila Flor vimaranense (2010), a frente de palco do Hard Club (2013) e escapamos propositadamente à enchente impraticável da tenda do Primavera Sound portuense (2012) por sentirmos que, lá está, o espaço inadequado tolheria de forma irremediável a tal especialidade da sua música. Ontem, na procura do melhor lugar, entrando e saindo dos camarotes e balcões do velhinho Sá da Bandeira, acabamos por não resistir à tentação de, desta vez, nos sentarmos de forma privilegiada sobre a beleza de uma plateia esgotada de um teatro centenário que assentava, previsivelmente, como o melhor dos palcos para as canções da banda. A opção acabou por ser mais que acertada. À bruma e à espessura rugosa das canções, novas e velhas, juntou-se um jogo de luz imparável que alia uma soturnidade e um brilhantismo aparentemente incompatíveis mas que os Beach House sempre souberam usar a seu grande favor. Se lhe adicionarmos um alinhamento quase sem mácula (ok, faltou o "Astronaut"), um som enorme e uma rouquidão de Victoria Legrand que todos seduz (mais aquele abanar do cabelo...), facilmente se percebe que o término da digressão culminou de forma apoteótica no coração do Porto, cidade que desde 2008 sempre recebeu de braços abertos o duo de Baltimore, facto que Legrand fez questão de frisar antes do inquietante "Irene" com que finaram o serão com a ajuda do guitarrista Daniel Wong. Esse carinho nitidamente correspondido poderá não ter já muito espaço para crescer mas, como se provou ontem, será eternamente especial... e aconchegante!
terça-feira, 24 de novembro de 2015
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
LOWER DENS, GNRation, Braga, 22 de Novembro de 2015
No fim de tarde de ontem, para aqueles que andaram pelas matinées de Domingo pelo Porto em plenos anos 80 entre o Lá Lá Lá e o Griffons, certamente que não foi difícil avivar as memórias desses tempos em plena sala bracarense. Ambiente escuro, geração crescida na sua maioria e uma sala quase cheia perfeitamente ciente do que ia ouvir - um pop negro sem rodeios a la Siouxie ou The Sound, precisamente exemplos de grandes bandas que faziam do tal roteiro portuense um caso sério de devoção. O "efeito" dos Lower Dens rapidamente foi visível no indispensável abanar cabeças e fecho dos olhos de muitos a que era impossível resistir, por exemplo, numa sequência do calibre de "To Die In L.A.", "Your Heart Still Beating" e "Electric Current"! Mesmo sem o principal guitarrista, ausente da digressão por razões familiares, o trio manteve sempre um nível alto mas foi o hipnotismo e a voz imensa de Jana Hunter que se revelou irresistível mesmo na "velhinha" e magnificamente gingona "Batman", canção que saltou fora do primeiro álbum para uma rodela pequena de vinil. Em fim de digressão e sem encores banais, porque o avião não espera, houve tempo para uma surpreendente versão de "Maneater, um daqueles momentos saborosos a culminar muitas horas de estrada. Prometeram voltar na Primavera... talvez aquela junto ao mar portuense.
(concerto na íntegra em HugTheDj)
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
RICHARD HAWLEY, IMPRESCINDÍVEL!
O hábito de acumular todos e quaisquer sete polegadas de vinil que o mestre Richard Hawley insiste em editar, tem para a semana mais um exemplar prometido de aquisição imprescindível e obrigatória. Still want them...
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
BOWIE, A ESTRELA NEGRA!
O novo disco de David Bowie chama-se, como sabido, "Blackstar", sai dia 8 de Janeiro e tem o Tony Visconti na mesa de mistura. Soa e vê-se assim... a negro!
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
terça-feira, 17 de novembro de 2015
JENS LEKMAN, O MÃOS-LARGAS!
O corrente ano começou para Jens Lekman com um desafio difícil - compor e gravar uma canção por semana, projecto a que chamou "Postcards" que vai cumprindo rigorosamente. Em setembro passado com a ajuda da GIBCA-Bienal de Arte Contemporânea de Gotemburgo e não contente com a aventura, juntou-lhe uma extensão provocatória em que convidada todos, fãs incluídos, a enviar uma história sobre amor, medo ou segredos que ele, depois de devidamente escolhida a partir de entrevistas com os autores, converteria em canções sob o título de "Ghost Writing". As submissões decorreram até ao dia 28 de Outubro e, incrível, após um dia inteiro recolhido no estúdio com a ajuda de músicos amigos, já há resultados! O melhor disto tudo é que, quer os tais postais (já são 43!) e uma meia dúzia destas novas canções, estão disponíveis na totalidade para download gratuito no soundcloud do verdadeiro artista!
FAROL #120
A digressão de quatro datas e cidades que as manas Pega Monstro e o B Fachada têm agendada para o final desta semana foram conveniente antecipadas e fortalecidas com a gravação de um EP de quatro versões ao desafio registadas num só dia de estúdio. Está tudo à mão de um preçário, que pode ser inexistente, e de uma caixa de correio. Carrega!
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
SOMETIMES I WISH WE ARE AN EAGLE!
I used to be darker, than I got lighter, then i got dark again.
Paz... era só preciso paz!
Paz... era só preciso paz!
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
JEFF BUCKLEY, A HISTÓRIA INTERMINÁVEL!
Desde a sua prematura morte em 1997 o legado de Jeff Buckley tem sido revolto das mais diversas formas e feitios, somando-se compilações ditas especiais e outras jogadas de cerco a supostas gravações e canções inéditas com o beneplácito da mãe e tutora patrimonial Mary Gilbert... Desta vez, contudo, o embrulho até que é bastante primoroso: na busca de material para a comemoração dos vinte anos do álbum "Grace" evocado em 2014, apareceram (?) nos arquivos da Sony Music uns registos de 1993 há muito dados como perdidos conhecidos como "Addabbo sessions" em referência, supostamente, ao produtor Steve Addabbo que ajudou Buckley a crescer artisticamente, seja lá o que isso quer dizer! Assim, para Março está prometida a edição, via Columbia/Legacy, de "You And I", um disco de gravações a solo de uma intimidade classificada como de "singular sensibilidade" e onde se destacam dois temas originais ("Grace" no seu primeiro take e "Dream Of you And I", supostamente inédita) e oito versões de lendas como Bob Dylan, Led Zepplin, The Smiths ou Sly & The Familly Stone. Wait and see... the never ending story!
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
CASS McCOMBS ANTOLÓGICO
Na última década, para além de ter editado oficialmente sete discos compridos, Cass McCombs largou uma série de canções em singles de vinil, colectâneas diversas ou rebuscados ficheiros online que a Domino decidiu agora compilar seriamente - A Folk Set Aparat - Rarities, B-Sides & Space Junk, Etc. tem data de saída marcada para 11 de Dezembro e das 19 canções incluídas, cinco são completamente inéditas. Aqui fica a deliciosa "Evangeline", tema de um split-single com os Meat Puppets lançado em Outubro de 2014.
DUETOS IMPROVÁVEIS #196
TINDERSTICKS & LHASA DE SELA
Hey Lucinda (Tindersticks)
Gravado em 2009 e a incluir no álbum "The Waiting Room" (Janeiro de 2016)
Video realizado por Joe King & Rosie Pedlow, 2015
Hey Lucinda (Tindersticks)
Gravado em 2009 e a incluir no álbum "The Waiting Room" (Janeiro de 2016)
Video realizado por Joe King & Rosie Pedlow, 2015
terça-feira, 10 de novembro de 2015
DANIEL JOHNSTON, FICÇÃO E REALIDADE
No passado sábado Los Angeles assistiu à estreia de "Hi, How Are You Daniel Johnston?", uma psicadélica curta metragem dirigida por Gabriel Sunday que joga entre a ficção e a realidade do mundo maravilhoso de Daniel Jonhston, principalmente o que inspirou o mítico disco "Hi, How Are You" de 1983. Para o efeito conta com a participação do próprio Jonhston e também da cantora Soko no papel de Laurie, um amor antigo mas perdido... A banda sonora recorre à orquestração das canções originais do artista e ainda a uma inédita versão de "Some Things Last A Long Time" na voz de Lana Del Rey. Um projecto tentador só possível como resultado feliz de uma campanha de recolha de fundos no valor de 57.000 dólares para a qual contribuíram mais de 600 apoiantes e que, como tal, terão a oportunidade de ver a curta-metragem por antecipação já amanhã. Certamente um documento inspirador e inseparável do filme "Daniel Johnston, A Loucura de um Génio" de 2006.
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
NICK GARRIE, NOVA PÉROLA!
Vai fazer um ano que Nick Garrie aterrou no Porto ao lado dos Beautify Junkyards para um concerto entre amigos. Prometeu continuar a escrever novas canções e, enquanto puder, a apresentá-las a novos e velhos públicos a solo ou com uma banda amiga. Temos então e desde aí pelo menos dois novos temas: "Lone Ranger In The Sky" lançado digitalmente em Julho passado e agora uma nova pérola de nome "Got You In My Mind", ambas a servir, quem sabe, de rampa de lançamento para um novo álbum. Não falhando a tal promessa, Garrie integra o fabuloso cartaz do Festival Le Guess Who? que se realiza ainda este mês em Utrecht na Holanda no segmento "Cabinet Of Curosities", uma curadoria fantástica de Jacco Gardner. Invejável...
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
(RE)VISTO #63
VASHTI BUNYAN - FROM HERE TO BEFORE
de Kieran Evans, CC Films, 2008
Aproveitando o facto do filme estar disponível desde Maio no Youtube e seguindo a sugestão do amigo Hugthedj, não havia como perder a oportunidade de confirmar a lenda. Para quem esteve no memorável concerto de sábado passado certamente ouviu a história de uma viagem da cidade para as montanhas numa caravana, ao lado do namorado, de um cão e um cavalo, à procura... O resto, mesmo parecendo fantasia, cabe tudo neste magnífico documento de amor pelo mundo onde vivemos e onde a música é só uma ínfima parte de uma grandiosidade sempre difícil de perceber. Depois de visto, só temos é que dar graças por termos tido a sorte de ouvir de viva voz parte substancial desta jornada em forma de canções. A procura de Vashti Bunyan, essa ainda não acabou! Sacrilégio não ver.
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
GET WELL SOON, É SÓ AMOR!
Está anunciado para final de Janeiro de 2016 o quarto disco do projecto alemão Get Well Soon, uma luxuriante aventura sonora da responsabilidade única do multi-instrumentista e compositor Konstantin Gropper. Chama-se simplesmente "Love", conta com onze novas canções super-pop mas haverá uma versão luxuosa do disco a que se acrescentam mais cinco temas. O primeiro avanço de nome "It's Love" confirma a veia sempre inspirada de Gropper e tem já video apelativo com a participação do mítico actor germânico Udo Kier, presença habitual em inúmeras películas vampirescas e não só, de "Blood for Dracula" de Andy Warhol até "Blade" passando por "Nymphomanic" de Lars Von Trier e até ao lado de Madonna...
terça-feira, 3 de novembro de 2015
IRON & WINE, Casa da Música, 2 de Novembro de 2015
Uma espera de treze anos pela estreia de Sam Beam em salas portuguesas é um pecado inexplicável. O nome artístico de Iron & Wine há muito que merecia uma noite como a de ontem numa sala imponente e plena de público conhecedor e ávido das suas canções. Copo de vinho na mão, barba e cabelo em fase de (mais) crescimento, Sam cedo mostrou boa disposição, lançando desde logo um "o que querem ouvir?" num português risível mas desafiador. Seguiram-se quase vinte pérolas em forma de canção, intercalando duas guitarra de afinação diferenciada (supostamente, uma para temas alegres a outra para coisas mais tristes, ou seja, quase todos...) a que emprestou a sua confortante e segura voz bem distinta no silêncio da sala em transe emocional. Admirou-se com este respeito e bom comportamento "shhhhhh" - confessou a satisfação inimaginável de atravessar todo o Atlântico para tocar para pessoas que não conhece em lugares grandiosos - e, quase sempre, cumpriu os pedidos do público sequioso. Da lista em construção aleatória e apesar de sugeridas, falharam algumas "perdições sonoras" como o "Godless Brother in Love", o "Sunset Soon Forgotten", o "Lovesong of The Buzzard" ou a magistral e imbatível versão de "Love Vigilantes" dos saudosos New Order. Tamanhos "pecados" ficam por isso a aguardar um regresso que se impõe naturalmente, mas o serão permitiu comprovar Sam Beam como uma brilhante alma encarnada em forma de músico - bastava o inesquecível "Flightless Bird, American Mouth" quase acapella que encerrou o concerto para o confirmar. Admirável!
(grande video cortesia Hugthedj)
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
JUST PLAY IT, SAM!
Atendendo à imensidão de canções que gostaríamos que Sam Beam aka Iron & Wine tocasse logo mais à noite na Casa da Música, qualquer setlist se afigura atraente embora seja bom que o "Tree By The River" não seja esquecido... e já agora que haja algures hipótese de comprar o sete polegadas com versões de Neil Young e dos Four Tops que fazem parte do segundo volume de arquivos a editar em breve. Era só!
domingo, 1 de novembro de 2015
VASHTI BUNYAN, Culturgest Porto, 31 de Outubro de 2015
O cartaz que anunciava sala esgotada era, sem dúvida, um bom prenúncio. Como nós, muitos esperaram demasiado tempo por Vashti Bunyan e esta era uma oportunidade dourada para finalmente lhe prestar ao vivo uma merecida vénia. Tudo aquilo que queríamos, no fundo, aconteceu: uma selecção requintada de canções sem data de validade, um som magnífico e até uma intimidade desejada e informal que o aconchego da sala, apesar dos mármores, acabou por favorecer. Sem focos ou luzes dirigidas, a penumbra permitiu fechar os olhos mais facilmente tal como o cúmplice Gareth Dickson o fez em todas as canções, realçando a beleza dos temas, a sinceridade de muitas das histórias introdutórias, a suavidade da voz ou os acordes simples e geniais de uma artista preciosa e que, mesmo involuntariamente, carrega aos ombros um encantamento mítico de amor pela música e pela vida. "Just another love to give and a diamond day" (en)cantou ela e nós, fechando mais uma vez os olhos, nunca vamos esquecer este dia de diamante... puro e lapidar!
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