O fenómeno meteórico chamado Benjamin Clementine pode ter diversas e intrincadas explicações em que o mundo da música é felizmente fértil e a que habitualmente se associam uma série de faits-divers inconsequentes. Pode (não) ser a cor da pele, o corte do cabelo, o banco alto onde senta em frente ao piano, a fatiota simples sobre a pele, uma tal Nina Simone no masculino, os pés descalços ou uma história do desgraçadinho de rua que agora é capa de revista e merecidamente premiado e reconhecido. Tudo isto, meus amigos, se desvanece quando a essência principal actua sobre uma sala imponente e esgotada como certamente aconteceu já nos espectáculos também lotados de Braga ou Aveiro e vai tornar a acontecer em Lisboa e Faro. Essa essência tem um nome: autenticidade... da timidez da fala, da calma na postura mas, principalmente, da voz e das líricas que o piano vai rodeando sem contemplações e que nos encolhe na cadeira e na alma enquanto nos vamos questionando "como é possível?". Num desses momentos de aperto, quando um tom de piano introduz a frase "Betty came on her way" e uma das maiores canções da história da música popular chamada "River Man", que Nick Drake escreveu em Cambridge há mais de 45 anos, se vai de surpresa entranhando, a noite no nosso caso podia acabar logo ali! Se as queixas no alinhamento recaem no "esquecimento" de "London", a verdade é que, com a ajuda de Alexis Brossard na bateria, o arrebatamento unânime do concerto de ontem é simplesmente o resultado de uma persistência em acreditar na vida, na dele e, já agora, na de todos nós, quando, alto e bom som, insiste em lembrar-nos "I dream, I smile, I walk, I cry" durante "I Won't Complain". Acreditem, apesar de tudo, a vida é mesmo bela. Obrigado pela lembrança Benjamin!
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
BENJAMIN CLEMENTINE, Casa da Música, Porto, 25 de Novembro de 2015
O fenómeno meteórico chamado Benjamin Clementine pode ter diversas e intrincadas explicações em que o mundo da música é felizmente fértil e a que habitualmente se associam uma série de faits-divers inconsequentes. Pode (não) ser a cor da pele, o corte do cabelo, o banco alto onde senta em frente ao piano, a fatiota simples sobre a pele, uma tal Nina Simone no masculino, os pés descalços ou uma história do desgraçadinho de rua que agora é capa de revista e merecidamente premiado e reconhecido. Tudo isto, meus amigos, se desvanece quando a essência principal actua sobre uma sala imponente e esgotada como certamente aconteceu já nos espectáculos também lotados de Braga ou Aveiro e vai tornar a acontecer em Lisboa e Faro. Essa essência tem um nome: autenticidade... da timidez da fala, da calma na postura mas, principalmente, da voz e das líricas que o piano vai rodeando sem contemplações e que nos encolhe na cadeira e na alma enquanto nos vamos questionando "como é possível?". Num desses momentos de aperto, quando um tom de piano introduz a frase "Betty came on her way" e uma das maiores canções da história da música popular chamada "River Man", que Nick Drake escreveu em Cambridge há mais de 45 anos, se vai de surpresa entranhando, a noite no nosso caso podia acabar logo ali! Se as queixas no alinhamento recaem no "esquecimento" de "London", a verdade é que, com a ajuda de Alexis Brossard na bateria, o arrebatamento unânime do concerto de ontem é simplesmente o resultado de uma persistência em acreditar na vida, na dele e, já agora, na de todos nós, quando, alto e bom som, insiste em lembrar-nos "I dream, I smile, I walk, I cry" durante "I Won't Complain". Acreditem, apesar de tudo, a vida é mesmo bela. Obrigado pela lembrança Benjamin!
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1 comentário:
Lindo concerto! (e lindo o teu texto)
Beijo
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