terça-feira, 31 de outubro de 2017
MACKAY & WALKER, SEGUNDA TENTATIVA!
A amizade entre Bill MacKay e Ryley Walker, que tem a cidade de Chicago como terreno fertilizador, deu um primeiro fruto sonoro num disco onde o fingerpicking das guitarras assumia o comando da viagem. Entre baladas, blues e algumas trips psicadélicas, o álbum de 2015 chamado "Land of Planty" passou um pouco ao lado mas a dupla decidiu insistir na receita e, assim, um novo trabalho saiu já pela Drag City este mês de Outubro e do qual não se deve perder o rasto. Aqui ficam dois exemplos saídos de "SpiderBeetleBee", uma prova instrumental plena de tradição e talento.
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
domingo, 29 de outubro de 2017
MARK EITZEL, Auditório de Espinho, 28 de Outubro de 2017
De regresso ao local do crime três anos depois, Mark Eitzel tem em Espinho um porto de abrigo notoriamente acolhedor e, certamente, inspirador. Recinto cheio e imaculado, público conhecedor e afável, praia, sol e gastronomia, incluindo as bebidas, de eleição, configurando talvez um dos poucos locais no mundo de teor tão perfeito e onde o artista se sinta "tão lá de casa" e preparado para que a sua música cumpra os desígnios certeiros de agrado, emoção e partilha. As canções foram, muitas delas, do novo e brilhante "Hey Mr. Ferryman" mas, claro, houve clássicos dos tempos dos American Music Club, principalmente a trilogia imprescindível reservada para os encores - "Blue and Grey Shirt", "Western Sky" e "Firefly". Não faltou, obviamente, a dose de sarcasmo e auto-comiseração obrigatórios em apartes, tiradas e gestos desconcertantes e humorísticos mas que por vezes roçam o incómodo e o indizível e que nos conduzem, sem o querermos, à risota sobre assuntos sérios como a morte, a doença ou a dependência, algo a que nos fomos, mal ou bem, habituando de forma inconsciente ao longo dos anos nos inúmeros concertos a que religiosamente nunca quisemos falhar. Não faltou, também, algum desacerto na afinação e entrosamento da guitarra com o restante trio instrumental, mas este é, desde sempre, um daqueles clássicos factos que Eitzel ignora e que só tem desculpa na intensidade e tensão com que se entrega ao espectáculo. Não faltou, mais uma vez, o vozeirão que engrossa e fermenta cada canção e que é, por si, só uma dádiva de rareza fina que continua a agarrar-nos, sem contemplações, a cada momento de cada serão como o de ontem. Cá o esperamos da próxima vez como se fosse a primeira...
domingo, 22 de outubro de 2017
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
PROTOMARTYR, IRRESISTÍVEIS!
Lembramos bem a surpresa de ver e ouvir os norte-americanos Protomartyr em plena noite do Primavera Sound portuense do ano passado, uns impressionantes quarenta e cinco minutos de rudeza e força sonora fora de moda para alguns, mas cuja validade, para a maioria absorvente, deixou marcas. No novo álbum, o quarto, que saiu em Setembro sob o nome de "Relatives In Descent" não há surpresas quanto à receita escolhida - chamam-lhe sempre pós-punk - mas o paladar e consistência são agora, como alguém fez notar, ainda mais entranhantes! Pena que a futura digressão europeia de Novembro não chegue até cá. Para quem cresceu, como nós e por exemplo, com os The Sound ou os The Wedding Present, não há forma de resistir...
Por falar nos The Wedding Present, o mítico disco de estreia "George Best" foi regravado sob o comando do mago Steve Albini em 2008, ficou a marinar à espera dos retoques até 2012 e surge agora em pleno passados trinta anos para continuar a bater forte!
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
NICK GARRIE, CELEBREMOS!
Os sinais dados nos últimos tempos têm agora confirmação - há um novo álbum de Nick Garrie chamado "The Moon & The Village" a sair em Novembro na Tapete Records, casa com sede na Alemanha e um exemplar melting pot artístico. O disco está, em partes pequenas, disponível para fruição aqui abaixo e nele estão incluídas pelo menos duas canções que o artista tinha feito sair em anos transactos - é o caso de "My Dear One" e "Got You In My Mind" - tendo ficado de fora uma outra entretanto registada de nome "Lone Ranger In The Sky". Ainda a suspirar com o excelente concerto que Garrie trouxe até aos Maus Hábitos em 2014, fica a nota da sua próxima passagem a 2 de Novembro pela cidade de Vic na agora tão badalada Catalunha, um regresso a Espanha depois de ter dado um concerto para alguns sortudos nas Grutas de San Josep (Castellón) em Julho. É o que se pode chamar a verdadeira Nick cave...
terça-feira, 10 de outubro de 2017
11 ANOS DE TOQUES!
UM SÓ KISS!
O duo californiano Kisses pode passar despercebido, mas aqui na casa sente-se há muito a sua falta. O último discos de originais já têm três anos e o gostoso sabor de bombons sonoros com este recheio ou ainda este, aumenta a salivação e consequente saudade. Mas a espera parece, em parte, ter terminado. O vocalista e principal mentor Jesse Kivel, sem sabermos sequer se a banda é coisa do passado ou se está em pousio criativo, avançou para um EP a solo a que chamou "Content" e que, segundo o próprio, aborda a lado errado de ter trinta anos (!) numa homenagem cruzada a Donald Fegan e Bob James (!!). O melhor é ouvir.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
PVC - PORTO VINIL CIRCUITO #20
Em plena Rua de Santa Catarina, mesmo em frente ao Café Majestic, abriu em 1956 a Arnaldo Trindade e Cª Lda, casa onde se misturava, na altura e como era tradição, a venda de electrodomésticos e discos das principais editoras europeias e até da mítica Motown americana. Mas o empresário que deu nome à empresa, nascido em pleno Bonfim, tinha outros sonhos para o negócio - a produção musical e um selo próprio que agregasse artistas nacionais e assim, desde cedo, a Orfeu haveria de fazer história no panorama da edição em Portugal.
A lendária editora teve este ano direito a uma excelente exposição retrospectiva que decorreu até ao início de Setembro na Casa do Design em Matosinhos e onde, para além do destaque óbvio aos muitos artistas que por lá registaram as suas composições, foram homenageados uma série de designers ou fotógrafos que contribuíram para a afirmação e consistência do selo da Orfeu visível nas capas dos muitos discos editados. Pena que da mostra não tenha resultado um catálogo notoriamente obrigatório...
O envelope que acima reproduzimos talvez tenha o dedo de algum desses "gráficos" saídos da Faculdade de Belas Artes da cidade, concebido a pedido do empresário visionário em plenos finais dos anos cinquenta já que o disquinho que estava lá dentro quando o adquirimos esquecido numa loja de amontoados diversos em plena Rua do Almada data precisamente de 1959 e é um raro EP de Carl Dobkins Jr. onde estão pérolas do rockabilly como "Lucky Devil" ou "Class Ring"!
O lindo prédio é hoje ocupado ao nível da rua por mais uma seta avançada do império espanhol Inditex com uma solução moderna de recuperação, no mínimo, questionável, mas, pelo menos, o restante edificado apresenta-se vistoso e com uma brancura luminosa que contrasta com a negritude de muitos dos prédios vizinhos. O local, onde a Orfeu se manteve aparentemente até 1983, mereceria, por tudo isto, mais atenção patrimonial e talvez um dia alguém se lembre de lá afixar uma placa evocativa que prestigie uma história mítica e, principalmente, faça justiça eterna ao seu promotor e mentor Arnaldo Trindade!
Arnaldo Trindade & C.ª. L.da, Rua Santa Catarina, 117, Porto |
Arnaldo Trindade & C.ª. L.da, Rua Santa Catarina, 117, Porto |
sábado, 7 de outubro de 2017
PHENOMENAL HANDCLAP BAND, FENOMENAL!
Já lá vai tanto tempo que, muito sinceramente, tínhamos os Phenomenal Handclap Band dados como extintos! O colectivo americano, que em 2010 fez furor numa noite quente de verão em pleno relvado do C.C. Vila Flor em Guimarães, regressa, aparentemente, em formato duo: faz-se notar a presença de um dos seus principais impulsionadores, o luso-ascendente Daniel Collás (lembram-se de uma trip maravilhosa chamada "The Journey To Serra da Estrela"?), acompanhado de nova (?) parceira tal como surgem no facebook oficial. Por aí anunciaram a saída de um single de dois temas sob alçada da Daptone Records e que é um primeiro avanço de um álbum sustentado numa campanha de apoio público concluída com êxito. Mantêm-se uma sonoridade ecléctica numa mistura sedutora de soul, funk e psicadelismo que absorve influências sem limites como fazem questão de continuar a mostrar num blog cheio de surpresas. Fenomenal!
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
DUETOS IMPROVÁVEIS #203
FIONN REGAN & THE STAVES
Euphoria (Regan)
Michelberger Music/Hotel, Hallway, Funkhaus, Berlin
Outubro de 2016
Euphoria (Regan)
Michelberger Music/Hotel, Hallway, Funkhaus, Berlin
Outubro de 2016
terça-feira, 3 de outubro de 2017
KOMMODE, MÚSICA À MODA ANTIGA!
Entre a torrente de música nova do pós-férias vai-nos escapando aqui e acolá um disco ou artista que mereceria uma outra atenção e detalhe. Aconteceu no passado, vai continuar a repetir-se no futuro e não há nada como dar pela lacuna ainda a tempo de se fazer justiça. É o caso notável do disco "Analog Dance Music" dos noruegueses Kommode, ou seja, Erik Boe, o rapaz bem comportado que com Erlend Oye forma os Kings of Convenience. O projecto paralelo, que fez há mais de uma década as primeiras partes dos Whitest Boy Alive (o outro grupo do próprio Oye) em alguns concertos, regressou em Agosto com um segundo disco irresistível. Optimismo q.b., canções solarengas imaginadas no conforto do lar com instrumentos verdadeiros e que horas em estúdio transformam, milagrosamente e sem truques, em música polida à moda antiga. Como dizia a canção, "let your hips do the talking"... simplesmente!
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
CÍCERO VIRA CAETANO!
O canal Bis do Brasil, uma plataforma por cabo de temática exclusivamente musical, dedica uma emissão semanal às versões onde artistas brasileiros são convidados a fazer a sua interpretação de clássicos da música em jeito de homenagem. Um dos últimos a ser chamado foi o jovem Cícero que, sem contemplações, se lançou a três originais de Caetano Veloso - a saber, "Baby", "Oração ao Tempo" e "Livros" - e cujo resultado é brilhante. A rendição pode ser escutada por aqui. Para matar outras saudades e enquanto não chega o disco novo, deixamos o video de "Terminal Alvorada" registado por terras lusas aquando da digressão do ano passado.
MATT JOHNSON, DA INÉRCIA AO PALCO!
A reclusão criativa escolhida por Matt Johnson, o mítico líder dos The The, parece ter chegado ao fim. Afastado por iniciativa própria da composição de novas canções, foi preciso um desafio da amiga sueca Johanna St Michaels para o despertar e agitar e, assim, no âmbito da realização de um documentário artístico, gravou um novo tema de nome "We Can't Stop What's Coming" com direito a single de vinil aquando do Record Store Day de Abril passado. Quanto ao filme "The Inertia Variations", teve já apresentações exclusivas em festivais de Gotemburgo e Edimburgo e tem novas projecções marcadas este mês em solo inglês. O documento examina a sua relação difícil com a celebridade e o insucesso, o mundo e o negócio da música ou até a política centrados no programa de rádio "Radio Cineola" lançado em 2010, um mordaz retrato da sociedade contemporânea mas também da sua intimidade emotiva. Caía bem no próximo Porto/Post/Doc...
Entretanto, aproveitando as colaborações trazidas ao referido programa e as temáticas apresentadas, irá ser lançada uma tripla colectânea com edição em vinil onde se resumem algumas das emissões e com um disco de canções exclusivas. Nomes como Thomas Feiner (de que se pode ouvir abaixo um apetitoso cheirinho no trailer), Elysian Fields ou Anna Domino reinterpretam alguns dos clássicos temas dos The The mas a oportunidade contempla outras sonoridades como a spoken word, paisagens sonoras, comentários políticos e até poesia, numa trilogia onde a voz forte e cinematográfica de Johnson se faz notar vigorosamente. As encomendas podem ser feitas a partir da próxima sexta-feira tendo Matt Johnson aproveitado para anunciar, finalmente, o regresso aos concertos já para de 2018 com espectáculos agendados em Junho num festival dinamarquês e três apresentações em salas londrinas, a Brixton Academy, o Royal Albert All e o Troxy. Dezasseis anos depois (o último espectáculo da banda tinha sido no Meltdown Festival de Londres em Junho de 2002 e que teve curadoria de David Bowie) e quase trinta sobre a passagem mítica pelo demolido Pavilhão das Antas, os The The vão voltar a subir aos palcos. Um sorriso incerto?
Subscrever:
Mensagens (Atom)