INTERPOL + BLONDE REDHEAD
Coliseu de Lisboa, 07 de Novembro
Em Julho passado os Interpol, integrados numa avalanche imparável de bandas do SBSR, tinham apresentado um concerto sem falhas e imaculado. Sem devaneios ou desnortes, o relatório final tinha-os deixado atrás de momentos mais vibrantes dos LCD Soundsystem e Arcade Fire. Agora, em nome prório, com sala esgotada e em vigília, a banda afinou pelo mesmo azimute. Os acordes iniciais de “Pioneers to the falls” que abre o novo disco serviu, como em Junho, para assentar expectativas e acalmar delírios (“You fly straight into my heart / but here comes the falls...”). As diferenças, contudo, entroncaram agora num maior e deversificado setlist que abrange a totalidade da discografia ainda curta e consistente. Curiosamente é nos temas mais antigos que a parte de trás da plateia e galerias mais efusivamente reage já que é aí onde, notoriamente, os admiradores de longa data se concentram: “Stella...”, “Narc”, “Obstacle 1”, “Evil”, “Slow hands”, “Not even jail” e (ufa, finalmente...) “Cmere” funcionam agora, em versão ao vivo, como água fresca para a matar a sede que foi crescendo ao longo de tão prolongada espera. No oposto, os temas mais recentes parecem prontamente reconhecidos e cantados por um público mais jovem situado, em extâse, na frente do palco. Estará o novo disco ainda “atravessado” para uma boa parte dos fãs? Será esse disco mais fraco que os primeiros? Ao vivo, notam-se, sem dúvida, algumas diferenças, já que, sem rodeios, os temas novos apresentam algum deficit de Interpolaridade... No entanto, o tom aveludado e típico dos Interpol de que tanto gostamos, esteve sempre lá, com uma banda em entrega absoluta, desde a potente bateria de Fogarino, às guitarras em esticanço do irrequieto Kessler, aquela voz (nem sempre, infelizmente, nítida) de Paul Banks e um dos baixos mais cool rock de sempre, em pose, de Carlos Dengler! Tal como afirmamos aquando do SBSR se é “isto” que os Interpol valem é, então, muito. Faltou, no entanto, em ambas as oportunidades, aquele click diferencial que ao vivo ainda não aconteceu e que permite transformar um bom concerto num momento memorável e inesquecível.
Na primeira parte tocaram os Blonde Redhead, trio expressamente convidado para abrir a digressão europeia dos Interpol e que tem em “23” um dos discos do ano, facto aliás elogiado em palco por Paul Banks. Bem recebidos e com inúmeros conhecedores presentes, a actuação, apesar de curta aguçou o apetite para, em nome próprio, saciarem, um dia, uma curiosa e crescente plateia de admiradores. Kazu Makino, a irrequieta e sensual vocalista, tem uma voz inconfundível de tradição 4AD, embora alguns dos temas tenham sido cantados pelo guitarrista Pace, um dos irmãos. Faltou o “Dr. Strangeluv” mas acabaram em grande com o já clássico “23”. Queremos mais!
1 comentário:
Eu também queria mais de Blonde Redhead, alone e por aqui a Norte!
:) Bjocas
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