quinta-feira, 8 de novembro de 2007


RUFUS WAINWRIGHT
Coliseu de Lisboa, 6 de Novembro

Desde a solitária e atribulada estreia em Vilar de Mouros em 2003 que temos acompanhado a totalidade das prestações ao vivo de Rufus Wainwright em Portugal: actuações a solo na Aula Magna de Lisboa (2004), a curta primeira parte dos Keane no Coliseu lisboeta (é verdade... Março de 2005) e o concerto no Coliseu do Porto (um mês depois) com banda e muita festa! As oportunidades de, ao vivo, testar o talento de Rufus patente em todos os discos já editados não pode (não deve) ser deixada ao acaso! O concerto de terça-feira em Lisboa serviu para, mais uma vez, confirmar o óbvio, mas o músico continua, felizmente, a supreender tudo e todos. Rodeado por excelentes músicos, que vão de um novo trio de metais polivalente à enorme e já habitual bateria de Matt Johnson (com um cv impressionante, vide banda de Jeff Buckley com que gravou o eterno “Grace” e seguinte, até Rickee Lee Jones), Rufus continua sempre a ser o centro das atenções. O alinhamento mistura temas de todos os discos que, na primeira parte, passam pelo novo “Sanssouci” e por “Cigarettes & Chocolate Milk” e “Art Teatcher”, cantados de forma arrepiante (levitante?) só ao piano. Depois do intervalo (sim, Rufus tem sempre que mudar de roupa...), em trajes tiroleses, o músico conta histórias, piadas (“My god, is this another Lisbon earthquake?” aquando da pateada habitual do público) e convida a sua professora de ioga para cantar/declamar a parte de spoken word do tema “Between my Legs”, já que não houve nenhum corajoso português que tivesse respondido ao desafio lançado (nós por aqui bem demos o toque...)! Oportunidade ainda para, todos, cantarmos os parabéns a Matt Johnson com direito a velas e bolo em palco! Os três temas do espectáculo retrospectivo de Judy Garland em 1961 no Cornegie Hall, são mais um dos momentos da noite e que, brevemente, poderemos devidamente ver e ouvir em DVD. Verdadeira surpresa a interpretação impressionante e sem amplificação de “Macushla”, uma canção tradicional irlandesa, com um simples acompanhamento de metais, que todo o Coliseu ouviu/sentiu em silêncio sepulcral. Em ritmo marcado pelo público, “Beautiful Child” serviu de despedida faseada da totalidade dos músicos, mas novas surpresas se adivinhavam! De roupão branco, o encore leva Rufus a convidar a mãe Kate, para, ao piano, o acompanhar em “Somewhere Over the Raibow” e ainda no raro “Barcelona”, tema do primeiro disco que nunca tinhamos ouvido ao vivo! Respira-se fundo e “Poses”, ao piano, ainda mais acelera o ritmo cardíaco...O finale prometido está perto! Rufus pinta os lábios, calça saltos altos, tira o roupão e à la Liza Minelli com chapéu de côco, rodeado dos elementos da banda em coreografia pândega, interpreta de forma brilhante um tema (qual? anyone...) cabaret! De volta aos originais,“Gay Messiah” leva o artista à apoteose! Já de luzes acesas, do som ambiente do Coliseu surge o lendário Frank Sinatra a cantar “Fly me to the moon (in other words)” e, damos connosco a pensar, que outra lenda, esta bem viva, esteve ali bem perto de todos nós, durante quase duas horas e meia com os pés bem assentes na terra! Para que não restem dúvidas, Rufus Wainwiright é um dos maiores músicos/compositor e intérprete da actualidade e, com 34 anos, tudo continua em aberto. Vamos esperar pela prometida e original ópera...

2 comentários:

José Miguel Neves disse...

Para o DN é concerto do ano:
http://dn.sapo.pt/2007/11/08/artes/o_trovador_mostrou_e_uma_estrela.html

Hug The DJ disse...

Foi sim senhor! :)

(é uma princesa bem linda, mesmo quando não investe no salto alto e batom... )

C.