quinta-feira, 1 de maio de 2008


JOSÉ GONZÁLEZ
Teatro Sá da Bandeira, 30 de Abril de 2008

Surpreendente a lotação quase esgotada do velhinho Sá da Bandeira! Razões diversas estarão na base do “fenómeno” e que o patrocínio de uma operadora de telemóvel certamente ajuda a explicar. Desde o início, o fanatismo de alguns dos presentes pareceu-nos exagerado mas que o próprio concerto e a postura talentosa de Gonzalez haveriam de deitar por terra. A música fala por si e ainda bem. Não há bajulações balofas ao público ou discursos de circunstância, mas um simples descorrer de canções. Sozinho ou com a ajuda de um percurssionista e de uma subtil voz feminina, os temas surgem seguros, perfeitos. Em quase uma hora e meia, experimentamos ao vivo alguns dos arrepios induzidos pelos brilhantes arranjos, pela forma de tocar guitarra a fazer lembrar o intocável Drake e a voz cristalina que José Gonzalez emprega nos seus discos. O tríptico ”Down the Line”, “Heartbeats” e “Crosses”, tocado de uma assentada, foi particularmente memorável e continua por explicar a porque é que a cover de “Heartbeats” nos provoca sempre uma agradável paralesia emocional! Simplesmente lindo! Versões ainda de “Teardrop” dos Massive Attack e de “Small Town Boy” dos Bronski Beat, já no final! Faltaram os Joy Divison e a Kylie Minogue. Em “Cycling Trivalities”, momento supremo de composição e beleza, carimba-se definitivamente a distinção de um concerto marcante e de merecida consagração de um músico já “familiar” e insubstituível para muitas almas. Prova-o o contacto imediato com alguns fãs em plena Rua Passos Manuel, onde afavelmente se desfez em simpatia e autógrafos. Ao fundo, o neon de um musical inconsequente brilhava na fachada do Rivoli, resumindo uma noite ganhadora e vibrante – música no coração...

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